Escrever ©StartupStockPhotos Pixabay
Publicado em Maio 4, 2020

Se pudesse voltar ao passado… o exercício da aula 2 do Workshop Online de Escrita para Blogues

Workshop de Escrita

Se voltasses ao passado… que conselhos darias a ti próprio enquanto criança/adolescente? Foi este o tema para o lançamento do 2º exercício do Workshop Online de Escrita para Blogues (nível 1) do Viaje Comigo. O resultado pode ser lido nos textos abaixo, da autoria de todos os participantes desta atividade. Alguns preferiram manter o anomimato, por isso, alguns textos mantêm somente as iniciais como assinatura. Estão aqui publicados, consoante a ordem de chegada ao meu e-mail. Parabéns a todos!

TÍTULOS DOS TEXTOS SOBRE A VIAGEM AO PASSADO

1 – O reflexo da infância, SJ
2 – Se eu soubesse o que sei hoje…, Vanessa Rodrigues
3 – Um diário não se reescreve, Sara A.
4 – A carta que veio do futuro, Catarina Silva
5 – Shangri-lá, Sandra Yonekura
6 – De Mim, Para Mim, Adriana Cunha
7 – A sabedoria dos dias de hoje, Dália Cavaco
8 – Voltar ao passado? O eu do futuro diz “não, obrigada!”, Maria Correia
9 – Voltei ao passado e falei comigo (sem hipnose), Ana Catarina Santana
10 – Então e se pudéssemos voltar atrás?, KP
11 – Quando a Mente desafia o Passado, IG
12 – Come antes uma peça de fruta que te faz melhor, rapaz…, Vítor Rodrigues
13 – Viagem no Tempo, Maria Saraiva
14 – Vida – Uma Aprendizagem, LS
15 – Voltar ao passado? O eu do futuro diz “não, obrigada!”, Maria Correia
16 – Vai onde te leva o coração, Pedro Moita
17 – Uma equação de sucesso, Pedro Rocha
18 – O tempo não volta, mas há vontade de lá voltar?, Cidália Alves
19 – Querido eu – ou um guia de sobrevivência de mim para mim, Cláudia Duarte
20 – Não percas tempo, a viagem já começou!, Sofia Martins
21 – Miúda, estou orgulhosa do teu percurso!, CR
22 – Scroll down: regresso ao passado, ZT
23 – Conselhos capilares em tempos de quarentena, TG
24 – Viagem à infância, Sandra Antunes
25 – O passado na busca dos sonhos, Marisa Heliodoro
26 – Tu, criança: ouve o teu coração!, Rui Castro
27 – Uma nova história (ou vida), porque não?, Pedro Domingues
28 – Da Inocência à Rebeldia, Carmen Silva
29 – Se eu soubesse o que sei hoje, Diogo MF
30 – Serão os super-heróis a nossa maior desilusão? Ou os nossos pais?, CDM
31 – Vou ali e já venho – Uma viagem na máquina do tempo, JPF
32 – As viagens saudáveis em criança/adolescente, PP
33 – Consulta de uma vida, Carolina Salgueiro
34 – Exames nacionais e candidaturas, a quanto obrigam…, Ana Margarida Fernandes
35 – Não tenhas medo, Liliana Sousa
36 – Voltar ao passado: a viagem que não faz parte dos meus planos, Soraia Peixoto

1 – O REFLEXO DA INFÂNCIA

Será a infância a base de tudo aquilo que somos? Sem dúvida! Lembro-me de ser uma criança muito sorridente. A minha mãe contava que quando íamos na rua, eu sorria para todos, os olhos até brilhavam. Ainda hoje me diz: “Filha, tu fazes a festa sozinha!”. É verdade! A infância fez de mim, o que sou hoje, resiliente e otimista em superar os desafios que a vida prega. Não têm sido poucos… nem fáceis. Mas, continuo a sorrir, a melhor forma de os superar.

Cresci numa família pequena, conservadora e unida. Com uma base de valores, imprescindíveis. Honestidade, respeito pelo próximo, educação. Todos me foram transmitidos desde a infância. Em casa, na escola, inclusive pelos amigos. Tive sempre facilidade em fazer amigos, ainda hoje, mesmo aqueles que fiz no infantário, continuam presentes. Na adolescência tive os meus devaneios, a temeridade própria de uma adolescente. Não dei muitas dores de cabeça aos meus pais, acho eu! Se compararmos aos dias de hoje, até fui uma adolescente muito “soft”. O meu pai dizia-me “Maioridade, só aos vinte e um”. A mentalidade era bastante diferente. Não tínhamos a liberdade nem era tão precoce como a que os nossos filhos, hoje têm.

Poderia ter sido mais persistente e focada? Talvez. A natação, por exemplo, eu gostava tanto, e tinha jeito, até o meu físico ajudava, esguia, alta, deslizava bem na água. Quando o professor sugeriu a competição, achei que não seria o caminho. Pergunto-me se fui eu que tomei essa decisão ou os meus pais. Não me recordo.
Fica a sensação de que poderia ter feito mais… Provavelmente, sim! Haveria algo, na minha infância, se eu voltasse ao passado que mudava? Não! Se tivesse feito algo diferente, hoje, não seria a pessoa que sou. Importante é conhecermo-nos e aceitarmo-nos como somos. A perfeição não existe. Podemos sim, melhorar as nossas imperfeições, fazer com que sejam menos imperfeitas. Hoje, sou sem dúvida o reflexo da minha infância. E sou feliz assim!

Autor: SJ

2 – SE EU SOUBESSE O QUE SEI HOJE…

Quem não se lembra de ouvir os adultos dizer “se eu soubesse o que sei hoje e tivesse 20 anos…”? Na altura encolhíamos os ombros e pensávamos “que chatos” mas agora que somos nós os adultos também nós gostaríamos de fazer um throwback. Eu, pessoalmente, talvez aos meus 18 anos.

Quando era pequena passava horas a brincar ao Telejornal com a minha prima. Éramos as pivôs do jornal da tarde e fazíamo-lo de uma forma muito convincente enquanto líamos o Teletexto. Cresci, deixámos de brincar, deixei de ser pivô mas quando preenchi a ficha de candidatura da Faculdade em que coloquei como primeira opção Ciências Farmacêuticas coloquei em última Ciências da Comunicação. Hoje em dia sou farmacêutica, gosto muito do que faço, mas acho que gostaria de dizer à Vanessa dos 18 anos para considerar mais o seu desiderato de ser jornalista. “Vanessa, nunca brincaste aos médicos, brincavas muito aos jornalistas, gostavas de escrever e sempre gostaste de “roubar” a máquina fotográfica do pai para tirar fotos (já na altura artísticas!). Aos 26 anos adoras viajar (queres reformar-te aos 50 anos para o poderes fazer à vontade) e gostas ainda mais de tirar fotografias. Não achas que darias uma boa jornalista? Mas atenção, escolhas o que escolheres, a tua primeira candidatura à Faculdade terá de ser igual. Podes optar por ser Jornalista mais vais ter de começar primeiro na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa no mesmo ano, exatamente. Queres saber porquê? Porque é lá que vais encontrar o teu companheiro de viagens e não só… ”

A vida é feita de escolhas, tal como aquele filme do Black Mirror, em que uma escolha influencia a seguinte e cada uma delas altera completamente o caminho a seguir e ainda mais o desfecho do filme. À medida que vamos percorrendo este caminho vamos querendo alterar algumas escolhas, outras nem por isso. Outras, com o passar do tempo, vão-nos parecendo cada vez mais acertadas.

Autor: Vanessa Rodrigues

3 – UM DIÁRIO NÃO SE REESCREVE

Naquele dia enfadonho decidi arrumar a sala da tralha. Nesse mesmo dia encontrei algo maravilhoso: os meus diários de adolescente. Senti o meu coração bater mais rapidamente na expectativa do que ia relembrar. Que descoberta inacreditável poder ver-me através daquela que fui. As arrumações teriam que esperar mais um pouco, uns anos, quem sabe, até brotar novamente essa vontade. Agora o tempo era para ler o passado. Será que ainda se escrevem diários? Devia ser obrigatório apontar as mais secretas experiências na infância, porque a alegria de as reler mais tarde é impagável. Sentei-me num caixote bafiento, encostei-me à prateleira dos livros e comecei a jornada. Deleite-me durante horas ali, naquele quartinho. A noite chegou sem avisar e só percebi que assim era porque já começava a ser impossível ler aqueles gatafunhos de teenager que escreve à pressa as emoções imaturas.

Terminei a leitura com a alma cheia. Era hora de voltar ao agora. Impossível! Apaguei a luz, sentei-me no puf antigo que a minha tia me deu há uns anos, o caixote já não era confortável, e comecei a pensar. Faria tudo igual sabendo aquilo que hoje sei? Ou mudaria alguma coisa, arriscando-me a não ser quem hoje sou? É que fui muito Feliz! Mas sim…se o tempo voltasse atrás, não teria namorado o lampinho com quem estive durante cinco anos. CINCO! Claramente não estava assim tão enamorada. Estava era cega!

Mas hoje começo a perceber que todos temos um valor que só na meia-idade se torna importante. O Tempo. O tempo só sai, esvai-se entre os dedos da vida. E eu perdi muito num relacionamento que me impossibilitou de fazer mais e diferente. Depois adormeci e sonhei muito, sonhei um sonho bom, daqueles que nos dá energia para o resto do dia. Sonhei com o rapaz do passado. Então percebi a mensagem da minha alma. Tudo foi perfeito. Se uma página daquele diário fosse rasgada ou reescrita eu seria outra pessoa. E muito agradecida fui finalmente arrumar a tralha daquele quarto.

Autor: Sara A.

4 – A CARTA QUE VEIO DO FUTURO

Acordei, levantei-me e abri a janela. Estava um bonito dia de sol, olhei para as árvores e vi alguns pássaros bem dispostos nas suas cantorias matinais, a maioria eram melros. Passei assim uns minutos a observar a natureza lá fora e, apesar dessa calmaria sentia-me estranha, insegura e até um pouco ansiosa. Parecia que o meu sexto sentido queria dizer-me alguma coisa, ou se calhar, estava apenas num daqueles dias em que precisava de uma palavra amiga, de um conselho e de um abraço apertado. Entretanto saí do meu quarto e fui até à cozinha mas de repente o som da campainha obrigou-me a mudar de direção, era o carteiro e trazia uma carta para mim.

Estava muito curiosa, queria saber quem me tinha enviado a carta. O que tinha escrito? Seria de uma amiga? Ou uma brincadeira? Olhei para o envelope e, além do selo, do meu nome e morada, não havia mais nada escrito. Que estranho, porque é que não tinha remetente? Abri a carta e reparei que no canto superior direito tinha uma data: “28 de abril de 2020”. Fiquei confusa ao ler aquilo mas acreditei tratar-se de uma brincadeira. Não era possível que alguém se tivesse esquecido que estávamos em 2004, em agosto. Continuei a ler e estava escrito:

“Para ti,
És muito importante para mim, quero dizer-te que estarei sempre contigo, independentemente do que possa acontecer, nunca me afastarei. Conheço-te bem e quero dizer-te que a vida é uma grande incerteza, todos erramos e acertamos várias vezes e tudo isto faz parte do caminho, é assim que crescemos. Cultiva o perdão, perdoa aqueles que te magoam e perdoa-te, sempre. Não te esqueças que o amor é o bem mais valioso que existe, coloca amor em tudo o que faças. Espalha o amor e nunca esperes nada em troca. Apesar das vicissitudes que possam aparecer, nunca desistas e luta sempre para alcançares os teus sonhos.
Esta é a carta que te trago, do teu futuro.”

O despertador tocou. Acordei azamboada. Não podia acreditar, tudo o que tinha vivido era apenas um sonho…

Autor: Catarina Silva

Continue a ler na próxima página 1 2 3 4 5 6 7 8
Comentários

Poderá também gostar de

Regressar ao topo