Desbloquear a escrita - Foto: ©Free-Photos Pixabay
Publicado em Julho 2, 2020

Escrever em cadeia – Nível 2 do Workshop Online de Escrita para Blogues

Workshop de Escrita

Entre os vários exercícios do Nível 2 do Workshop Online de Escrita para Blogues, do Viaje Comigo, destacou-se o da escrita em cadeia. Dei dois temas para os participantes escolherem e escreverem: Amor e Televisão. Curiosamente foi metade-metade; metade escolheu um tema e metade escolheu o outro. O que significa que todos tiveram de abordar os dois temas, seja no texto inicial ou na continuação de outro!

Assim, na terceira semana do workshop, troquei os textos (aos que escreveram sobre Amor atribuí os textos de Televisão e vice-versa) e tiveram de continuar os textos escritos pelos colegas. Ora, eu sabia que era um grande desafio continuar algo que foi começado por outra pessoa… mas o nível de empenho e criatividade foi grande e aqui está o trabalho por eles realizado.

1 – Últimas notícias! – Há um vírus que mata a vida sem vida!, Susana Júlio e Sara Almeida
2 – Viajar sem sair do sofá – Onde nos leva a televisão, Dália Cavaco e Vanessa Rodrigues
3 – Televisão, aquele quadradinho mágico – O quadradinho mágico ou a lâmpada de Aladino, Cláudia Ramalho e ZT
4 – Etapa de uma (Des)Humanidade! – Somos a Humanidade do Amor, Maria do Céu Saraiva e Ana Martins
5 – O amor é assim… pelo menos para mim – Um pouco de amor próprio por dia, não sabe o bem que lhe fazia, Ana Santana e Ana Margarida Fernandes
6 – Considerações sobre o Amor – Um encontro inspirador, Sara Almeida e Susana Júlio
7 – Amor, a força motriz que transforma o mundo – Amor é sempre preciso mais Amor, Vanessa Rodrigues e Dália Cavaco
8 – As estações do Amor – As Estações da Vida, Ana Martins e Maria do Céu Saraiva
9 – Etapas de uma (Des)Humanidade! – Usar as palavras, simples! Dar a mão será fácil?, Maria do Céu Saraiva e Cidália Alves
10 – La vie en rose – Uma nova oportunidade, ZT e Cláudia Ramalho
11 – Televisão: má influência ou a melhor companheira para a solidão? – Televisão: metáfora de uma vida, Ana Margarida Fernandes e Ana Santana

TEXTOS EM CADEIA – ESCRITA CRIATIVA

1 – Últimas notícias! – Há um vírus que mata a vida sem vida!

“Boa noite. Já há mais de 100 pessoas infectadas com o coronavirus, em Portugal. Duplicou o número de casos suspeitos, em apenas 24 horas, o governo decretou estado de alerta”.

Televisão ligada. Fica em casa. Stay Safe. Sexta-feira, 13 de março, 2020. Provavelmente, o último dia de liberdade para muitos de nós. Naquele que se imaginava um ano auspicioso, subitamente esmoreceu.

Ficará marcado como o ano da pandemia Covid-19. O mundo parou. Confinados a permanecer em casa, outrora o nosso refúgio, agora a nossa única opção! Longe de tudo e de todos.

Nunca a televisão nos foi tão próxima, como nestes últimos dois meses e meio. Ligada a toda a hora, de preferência em canais informativos, não havia outro tema, só se falava deste vírus (palavra sem sinónimo) que rapidamente se propaga e sofre mutações. Teve origem em Wuhan, na China.

A necessidade e curiosidade de estar informado ao minuto, do que se passava em Portugal e no resto do mundo. A constante atualização de dados sobre infetados, mortes e recuperados, levou-nos a estar em frente a um ecrã, elo com o mundo.

Esgotamos filmes e séries. Se antes o tempo era escasso, agora o desafio era ocupa-lo. Horas, dias, talvez meses…. Restava esperar e aguardar.

A televisão foi o meio de informação, de distração e até de aprendizagem. Sim! Voltamos ao passado, e no canal memória começaram aulas para os miúdos, com o Estudo em casa. Do básico ao 3º ciclo. Alguma vez nos passaria, na mais remota ideia, voltar à telescola?
Uma certeza podemos ter, nada é definitivo. A qualquer momento tudo pode mudar!

Há um vírus que mata a vida sem vida!

Pensando bem, tudo mudou. Olhando mais além e com maior profundidade, alterações internas tiveram inicio naquela sexta-feira 13, que longe de ser um dia de azar, foi o dia no qual uma grande transformação começou a operar, a transformação do ser mais interno, mais verdadeiro de cada um.

Olho em redor e vejo de tudo. Pessoas que se consumiram com o desespero do medo da perda. Ficaram paranoicas com o animal invisível, outras com medo de não ter alimento nas prateleiras, medo de perder o namoro ou o casamento.

Mas outras encontraram a paz da quietude, a tranquilidade que existe em depositar no Universo as mudanças que não podemos alterar. Houve quem percebesse a bênção do silêncio ou até do barulho, da reaproximação da família ou dos amigos, que telefonaram e enviaram mensagens a quem não dispensavam um minuto por falta de tempo. Houve quem aprendesse a conhecer de novo os filhos, os companheiros e a si mesmos.

Diz a sabedoria hindu que o espetáculo acontece para o espectador. Nada é mau e nada é bom. Tudo contém em si mesmo a essência do sagrado e tudo tem o potencial que nós atribuímos

O vírus, existe, anda por aí. Este e milhões deles. Podemos dominar a doença, a morte ou a perda? Nem sempre, quase nunca, mas podemos alterar a vida que temos e forma como a vivemos. O pior vírus é ter uma vida sem vida.

Autores: Susana Júlio e Sara Almeida

2 – Viajar sem sair do sofá – Onde nos leva a televisão

Estou sentada no meu sofá enquanto faço zapping na televisão. Mais de 100 canais e os programas que considero interessantes contam-se pelos dedos. Aborrecida por não encontrar nada que me puxe a atenção, volto ao primeiro canal para começar nova ronda. Dou por mim a deixar ficar num filme que está a passar num dos nossos generalistas – um musical.

Embora goste de música, sou sincera, nunca liguei muito a este género de filmes. Talvez porque nunca disponibilizei tempo para os ver. Ou porque nunca me pareçam assim tão interessantes. Ao fim de uns minutos já estava presa ao ecrã e a minha cabeça começou a sonhar. Rapidamente me transportei para Nova Iorque, sem nunca lá ter estado, e imaginei-me a passear nas ruas ladeadas por arranha-céus e pessoas a correr de um lado para o outro à procura de táxis.

Claro que, uma visita à cidade que nunca dorme, não pode passar sem assistir a um espetáculo na Broadway. Acho que toda a gente que sonha em ir a Nova Iorque sonha em assistir a um destes espetáculos: os figurinos, os cenários, as histórias, os artistas ou apenas porque é o musical há mais tempo em exibição. Tudo são desculpas para assistir a algo que nos vai deixar maravilhados e com vontade de repetir (se é tão bom em televisão, imagino ao vivo).

Volto a mim e fico a ouvir o som que sai da televisão. Percebo que o final do filme se aproxima e a vontade de cantar (e viajar também) aumenta. Pego no comando, volto ao início. Recomeço a ver, com todo um plano de viagem na minha cabeça.

Onde nos leva a televisão

O filme chega ao fim, mais uma vez, e dá-me vontade de começar a ver uma terceira vez enquanto faço as malas para apanhar o avião e juntar-me às personagens que já quase considero amigas. Graças a esta caixinha mágica que é a televisão viajamos sem sair do sofá. Depois, quando efectivamente viajamos até esse sítio parece uma recordação, um reviver, e não uma primeira vez.

E os amigos que temos que moram dentro do ecrã da nossa televisão? A família com quem não podemos almoçar ao domingo mas que recebemos em casa todas as noites? Afeiçoamo-nos tanto às personagens que sofremos quando choram. Dá-nos vontade de entrar dentro da caixa mágica e contar-lhes a verdade que eles não sabem mas que nós sabemos!!! Até nos dá vontade de bater naqueles que as fazem sofrer quando nos cruzamos na rua com as pessoas que dão vida às personagens.

Desde miúda que adoro ver os filmes da saga dos Piratas das Caraíbas. Já os vi e revi várias vezes e não me canso. O sentimento é sempre o mesmo: estou em alto-mar e não no meu sofá porque acabei de me juntar à tripulação de Jack Sparrou e navegamos em direção aos confins do mundo. Com a televisão podemos ser o que quisermos sem deixarmos de ser nós mesmos. Perdemo-nos no filme mas quando chega ao fim voltamos ao conforto da nossa casa.

Tentem imaginar um mundo pré-televisão em que ainda por cima era muito mais difícil viajar fisicamente. Imaginem as viagens perdidas, os amigos que não se chegavam a conhecer, as famílias muito menos numerosas. Eu, por exemplo, naquela altura, não podia ser pirata.

A televisão é um portal mágico que nos leva onde a nossa imaginação quer, quando quer. À distância de um clique temos um mundo de possibilidades à nossa escolha, o nosso comando é como um aeroporto gigante com vários terminais. É só escolher e embarcar. Quando queremos voltamos atrás e embarcamos de novo, num novo destino. Ou então voltamos a casa, despedindo-nos dos amigos que lá moram, dentro da caixa mágica que é a nossa televisão.

Autores: Dália Cavaco e Vanessa Rodrigues

3 – Televisão, aquele quadradinho mágico – O quadradinho mágico ou a lâmpada de Aladino

A televisão acompanhou o meu crescimento e eu acompanhei o dela, enquanto eu dava os primeiros passos, ela dava-os também. Lembro-me tão bem em miúda da imagem da RTP quando a emissão estava fora do ar, aquele quadriculado branco em fundo preto, seguido de um degradé de cores com as letras “RTP” passando a mensagem de que tínhamos de aguardar, algo bom que nos ia entreter e informar, iria começar.
Para podermos saborear os desenhos animados, tínhamos primeiro de ver o TV Rural, que seca que era, ainda hoje a minha geração sabe trautear a música do genérico, é um clássico!

Enquanto a televisão Portuguesa já tinha sido pintada com cores, na minha casa ainda permanecia a preto e branco, pois ela morou lá até bastante tarde, foi uma emoção quando os meus pais a trocaram, uma Sony, tinha de ser uma marca boa para durar, a cores, sim “A CORES”, que emoção que foi, que importante que me senti, afinal de contas já quase toda a gente tinha televisão a cores e eu ainda não, já era quase adolescente.

Durante muito tempo só houve havia dois canais, mais tarde apareceu a SIC, que tal como a RTP também inicialmente a emissão não era o dia todo, e lembro-me de esperar para a emissão começar, mais uma vez já sabia a musica do genérico de cor, se me esforçar acho que ainda a sei, que memória engraçada esta, que me fez sorrir entanto escrevo este texto.

O quadradinho mágico ou a lâmpada de Aladino

Sorrio com uma certa nostalgia desse tempo, pois o quadradinho mágico de tanto crescer em magia acabou por se transformar completamente.
A televisão de hoje pouco tem a ver com a desses tempos, em que os programas tinham hora marcada. Falhar um episódio da telenovela ou da minha série preferida era perdê-lo para sempre, não havia gravações automáticas nem qualquer possibilidade de voltar o programa atrás. Ver uma série implicava esperar um dia ou uma semana pelo episódio seguinte, especular sobre o que iria acontecer, adiar outros planos para comparecer religiosamente à tão aguardada continuação.

Lembro-me dos serões em família, a assistir a séries que se prolongavam às vezes por anos. Quem se lembra do Dallas? Dava ao sábado ou ao domingo, sei que era em dia de ir a casa dos meus avós. Avós, pais, netos, às vezes tios e primos, todos, sentados onde havia lugar, as crianças no chão. Todos assistiam ao mesmo. Até os mais pequenos, a quem os mais velhos tinham que ler as legendas.
Nos intervalos, cantávamos os anúncios, que sabíamos de cor. À hora do telejornal, silêncio que ninguém pode falar.

Tão diferente de hoje, este modo de estar em frente ao ecrã. Hoje cada um tem o seu, cada um escolhe os programas que quer ver e vê-os à hora que quer.
Cada um tem hoje o seu quadradinho, mais mágico que nunca. Tal como a lâmpada de Aladino, basta desejar, logo, o que se quer ver ilumina o ecrã.

Autores: Cláudia Ramalho e ZT

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