Se existirem dúvidas de porque é que o Vale do Arco Íris, no Atacama, no Chile, tem esse nome, mal se chega ao local as dúvidas dissipam-se. Provavelmente não é um dos passeios mais conhecidos do deserto do Atacama e talvez por isso mesmo foi um dos que mais me surpreendeu. Só pelas suas cores… o local é simplesmente cinematográfico – aliás, como todo o Atacama – e aqui perto também fui visitar um lugar com gravuras rupestres (Yerbas Buenas). Incrível, não é?
Ainda pelo caminho, numa estrada muito bonita de se percorrer, parámos para fazer fotografias a guanacos e a lamas. Apesar de parecerem iguais, os animais são diferentes – ainda que eu veja só pequenas e ligeiras diferenças. Numa das últimas paragens encontramos uma família inteira de lamas. Toda a gente ficou feliz por podermos estar a poucos metros destes amorosos animais.
Este meu passeio foi feito através da Fui Gostei Trips.
Como vos disse, é fácil de perceber porque o Valle del Arcoiris (Vale do Arco-Íris) tem esse nome: todo o vale é profuso em montes de diferentes castanhos, vermelhos, verdes e branco, chegando inclusive a chegar a alguns tons amarelados. Isso vem dos diferentes tipos de minerais que ali existem, e da sua oxidação, e que dão diferentes tonalidades ao cenário que nos surge pela frente. É uma paisagem única, de facto, com cores incríveis!
O guia era um entendido no que toca a geologia, arqueologia e antropologia, por isso, deu-nos tanta informação e também nos mostrou uns fósseis, que tem vindo a encontrar nas suas caminhadas pelo Atacama. Diz-nos que o Vale do Arco-Íris é o fruto de uma transformação, que se vem sentindo ao longo dos últimos 40 mil anos. Fizemos uma bela caminhada (de cerca de 40 minutos entre o vale) e o percurso é tão fácil, que tinha no meu grupo uma senhora com um bebé ao colo e fez tudo sem problemas e sem ajudas. PS: E o bebé dormiu o tempo quase todo!
O passeio prosseguiu depois até a Yerbas Buenas – que fica a uns 15 minutos de carro do Vale do Arco-Íris – onde estão dezenas de petróglifos, ou seja desenhos gravados em pedras. Não existem datas fixas para as mesmas, mas serão algumas pré-Incas e Atacamenhas, sociedades que aqui se fixaram nos últimos 10 mil anos, mas imagina-se que as gravuras existam desde há mais de 3.500 anos. Ou seja, os povos que aqui passavam deixavam o seu testemunho gravado nas pedras, dando a conhecer algumas das rotinas que tinham. Entre os desenhos estão várias representações de animais como lamas, raposas e até imagens ligadas à astrologia.
Yerbas Buenas fica a cerca de 45 minutos, de carro, de San Pedro de Atacama e é uma reserva à parte do Vale do Arco-Íris, que tem entrada paga. Ao longo de vários caminhos, delimitados, vamos acompanhando o guia que nos vai mostrando as gravuras nas rochas. Algumas são imediatamente visíveis, outras nem por isso e é preciso um olho clínico, mais habituado, para as descobrir facilmente.
Foi em Yerbas Buenas que parámos para fazer um pequeno-almoço, com pão recheado de pasta de guacamole, bolo muito saboroso, queijo e fiambre e bebidas quentes.
Foi um tour de uma manhã, recheada de muita história e cultura, que nos mostra como foi e é o Deserto do Atacama. E o melhor de tudo é que não é daqueles tours onde anda muita gente… estamos quase sempre sozinhos, num pequeno grupo. Perfeito!
Dicas para este tour:
– leve e coloque protetor solar;
– leve chapéu e óculos de sol;
– leve água consigo (versa de 1L), para se hidratar. Principalmente por causa da altitude. O vale está a 3.500 metros de altitude, ou seja, é mais alto que a cidade de San Pedro de Atacama, mas não senti nada. Havia dias em que me sentia tonta com a altitude e outros não. Mas só no início. Quando vim embora já estava totalmente habituada. Um dos segredos é beber muita água… algo que eu falhei nos primeiros dias porque não queria estar sempre a correr para as casas de banho, durante os tours. Erro meu, devia ter bebido muita mais água.
– Leve sempre um agasalho. O tempo pode mudar várias vezes ao dia. Frio e depois calor. Vista-se por camadas.
– Este tour ocupa normalmente uma manhã inteira e o ponto de regresso é o centro de San Pedro de Atacama. Se quiser, pode conjugar com um outro tour da parte da tarde.
– O preço do tour inclui o transporte, guia e pequeno-almoço.
Tours que fiz no Atacama:
– Vale da Lua e Vale da Morte
– Tour nas Piedras Rojas e Lagunas Altiplânicas
– De bicicleta pela Quebrada Chulacao
– O frio e o quente do Geyser El Tatio
– Flutuar na Lagoa Cejar
– As cores incríveis do Vale do Arco-Íris, no Atacama
– Porque devem ir às Lagunas Escondidas de Baltinache
– Flutuar na Lagoa Cejar
– Passeio de Balão no deserto do Atacama