Desbloquear a escrita - Foto: ©Free-Photos Pixabay
Publicado em Julho 2, 2020

Escrever em cadeia – Nível 2 do Workshop Online de Escrita para Blogues

Workshop de Escrita

4 – Etapa de uma (Des)Humanidade! – Somos a Humanidade do Amor

Nestes dias com mais tempo disponível devido à pandemia mundial vejo-me a refletir olhando ao acaso, o movimento das pessoas e a sua relação, umas amistosas, outras mais agressivas e às vezes até mesmo violenta mas apesar de não ser o que se quer, sempre é melhor, ou menos danosa, do que a indiferença. Essa corta-me o coração, embora eu própria tenha que vestir essa capa, para salvaguarda.

Aqui a fome sente-se no físico, no olhar, nos gestos, são muitos e em todas as esquinas, não importa a idade e, a esperança desvanece-se!
Todas as vezes que ligas a televisão levas um banho integral do desamor que paira sobre a nossa sociedade, é só desgraças, são as notícias do Covid-19 que ainda pairam no ar, os cunhados que se matam, os incêndios que começam, etc e tal.

Não dá, desligo a TV e consulto as redes sociais à procura de algo melhor e deparo-me com o caso absolutamente desumano de G. Floyd. Recordo outro desaparecimento de uma actor brasileiro dizendo que a humanidade não deu certo! Tem razão, infelizmente! Porque cargas d’água, no início do III Milénio ainda nos catalogamos por cores, raças ou credos? Não deveríamos ter evoluído?

Vamos ao espaço, fazemos tantas conquistas e depois, matamos em nome da raça, em nome do amor? Mas será que é mesmo amor o que nos move ou um sentimento de superioridade, de posse, indiferentes aos sentimentos do Outro?

Amor! Uma palavra pequena, tão forte e rica, tão desperdiçada, mal cuidada, fútil…

SOMOS A HUMANIDADE DO AMOR

No entanto é nessa mesma palavra que vamos buscar a esperança que nos faz avançar e acreditar que tudo vai melhorar. Somos a humanidade do amor. Esse é o nosso foco, o nosso alimento.

É certo que quando enfrentamos atitudes que não entendemos isso nos deixa num estado de descrença que nos paralisa e nos torna inúteis, mas será que há falta de amor ou aquilo que mais nos chega é apenas o resultado das atitudes menos nobres da sociedade? Não teremos nós a tendência de espreitar essas notícias numa tentativa de compreender o inexplicável?

Quando ando em viagem não dou por toda esta negatividade que nos entra “casa adentro”, a toda a hora, quer seja pela televisão quer seja pela internet. Mudar o foco, sair e encarar o mundo na rua torna tudo mais leve, principalmente quando estamos de férias e descontraídos. Isso quer dizer que vemos o mundo com os olhos que queremos e se procurarmos exemplos de gratidão, solidariedade, amizade e amor, eles estão por todo o lado.

Quero acreditar que no final o bem ganha ao mal e que há mais pessoas boas do que más. A humanidade não está perdida, antes pelo contrário é no amor onde todos nos apoiamos na hora do aperto.

Se puséssemos uns óculos mágicos que refletissem as cores que pairam no ar e o amor fosse cor de laranja e o ódio cinzento, então todos os dias seriam um constante pôr do sol e os nossos sorrisos não se apagariam.
Somos a humanidade do amor, pois é essa a nossa essência!

Autor: Maria do Céu Saraiva e Ana Martins

5 – O amor é assim… pelo menos para mim – Um pouco de amor próprio por dia, não sabe o bem que lhe fazia

Amor. Uma palavra tão simples e com tanto conteúdo. O amor pode ser sentido de muitas formas. Amor de mãe e pai. Amor pela família. Amor no sentido romântico. Amor pelos amigos. Amor por nós próprios. Amor pela vida. Amor a um hobbie, uma tarefa, uma profissão.

Todas as formas de amor são válidas e não existe nenhum guia que nos ensine a amar o que quer que seja. Muitos procuram um amor como os da televisão, os amores perdidos que aparecem nas telenovelas e nos filmes.

Vivemos toda a nossa vida obcecados com o amor perfeito e à procura de um parceiro que nos faça sentir essa perfeição. Se vimos na televisão que é assim, é porque deve mesmo ser assim. E assim vamos passando a vida, em encontros e desencontros com outros que procuram o mesmo que nós. Nunca encontrando a perfeição. Um não serve porque é chato. O outro não pode ser porque não gostamos do corte de cabelo. Este também não porque não tem horários certos. E vai continuando a lista, nunca estando contentes.

Até que… Pânico instalado! Pandemia mundial. O que é se aprende com isto? Que o amor é como aqueles esquemas em pirâmide que prometem ganhar um euromilhões em dois meses. Até que eu me ame a mim, nunca ninguém será perfeito. Há que solidificar o primeiro degrau para se começar a subir sem cair.

Percebemos que, mais do que estar com alguém, temos de amar estar connosco. Até porque passamos a vida acompanhados por nós próprios, mais vale apreciar a companhia.

Um pouco de amor próprio por dia, não sabe o bem que lhe fazia

É efectivamente verdade que a nossa busca pelo amor nos outros é talvez o objectivo principal das nossas vidas, independentemente das outras motivações que temos. Mas e o amor por nós próprios? Onde está ele?

É essencial que nos consigamos amar primeiro antes de poder amar alguém e, para isso, temos muitas vezes de saber relativizar os nossos próprios defeitos. Ou aquilo que achamos que são os nossos defeitos. Por vezes não gostamos da nossa aparência física, ou porque somos baixos, ou gordos, ou feios. Isso traz a nossa auto-estima para baixo e faz com que nos enclaustremos numa bolha, da qual é muito difícil sair. Por outro lado, também temos de saber reconhecer quando nos temos em melhor conta do que devíamos.

A imagem que temos de nós próprios é a primeira impressão que passamos ao mundo. E mesmo aquilo que são os nossos defeitos ou as nossas qualidades podem não o ser para as outras pessoas. Todos gostamos de características diferentes e, nunca nos podemos esquecer, se isso é válido para o que eu procuro nos outros, também será válido para o que os outros procuram em mim.

Nos dias que correm, há que ter cada vez menos medo de não pertencer a um determinado padrão de beleza. A beleza é todo um espectro que vai de menos infinito a mais infinito. Temos e devemos ser como queremos, sem medo de sofrer com isso.

Saber gostar do que somos sem vergonha ou desgosto faz parte de um processo de auto aceitação mas também de afirmação para com o mundo. E o mundo está pronto para nos aceitar quando nós também estivermos.
Será, portanto, o amor próprio a chave para encontrarmos o amor nos outros?

Autores: Ana Santana e Ana Margarida Fernandes

6 – Considerações sobre o Amor – Um encontro inspirador

Sentada no banco de jardim do costume, Vitória fechou os olhos e inspirou profundamente. Adorava o cheiro salgado que se soltava do mar juntamente com a relva acabada de cortar. Só mesmo este odor para a aliviar da tristeza que se instalara no seu coração desde que a relação de há tantos anos terminara.

Estava ali, naquele final de tarde de Verão, munida de um pequeno caderno muito giro que comprara numa viagem ao oriente. Sorriu. Quando o comprou decidiu que só iria lá escrever algo que fosse mesmo importante e, tantos anos depois, o caderno ainda estava em branco.

Depois de, pelos vistos ter tido uma vida tão desinteressante, pensou, estava na hora de seguir um novo rumo. A sua amiga de sempre tinha razão! Tantas lágrimas por um homem é desperdício de água. Sugeriu a Vitória que não há nada como escrever sobre aquilo que dói.

Agora, lá estava Vitória sentada no banco, com o caderno especial do oriente, pronta para colocar nele as primeiras palavras. Nada de alegre ou fantástico, como tinha previsto escrever. Iria libertar palavras de amor para se curar. Começou a escrevinhar:

“Considerações sobre o Amor:

– Ninguém morre por amor (esta era a frase preferida da sua avó, que realmente não morreu por amor mas morreu do coração)
– Quem feio ama bonito lhe parece (frase da sua mãe, repetida até à exaustão enquanto durou o namoro. Realmente, pensou Vitória, só recentemente reparara que ele era estrábico)

Um encontro inspirador:

– O amor não tem idade (era a frase que o seu avô lhe dizia para não perder a esperança, pois até ele voltou a casar aos 80 anos, com outra mulher)

Subitamente, Vitória é interpelada por um homem em passo acelerado, que num tom ofegante lhe pergunta se avistou um cão branco a passar. Vitória pousa a caneta no caderno e levanta o seu rosto, fixando o seu olhar, naqueles olhos verdes que inesperadamente a fizeram parar. Rapidamente se tentou abstrair e ao vê-lo desnorteado, prontificou-se ajudar. Andaram alguns metros, até que junto ao lago avistaram o cão. Encharcado, reconhece o dono e corre em sua direção, saltando para cima dos dois. O que os fez rir até a exaustão.

O rapaz do cão convida Vitória para um passeio no parque, junto ao lago. Vitória aceitou de imediato. Ele, curioso, pergunta-lhe o que estava ela a escrever no seu caderno. Vitória timidamente responde-lhe que eram umas simples considerações sobre o amor. Reparando no seu constrangimento, o rapaz do cão sorri pela coincidência, pois a escrita é a sua vida. Explicou-lhe que viajava pelo mundo de mota e em cada paragem, escrevia sobre esse lugar, para uma revista de viagens sobre rodas. Era algo que lhe dava tanto prazer, que nem parecia trabalho.

Vitória ficou fascinada ao ouvi-lo, pois era o seu sonho desde sempre, escrever sobre todos os lugares por onde viajara.
Foi este encontro inesperado, que inspirou Vitória a mudar o rumo da sua vida. Começou a escrever um blog sobre viagens, a fazer aquilo que mais gostava.

Autores: Sara Almeida e Susana Júlio

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