Desbloquear a escrita - Foto: ©Free-Photos Pixabay
Publicado em Julho 2, 2020

Escrever em cadeia – Nível 2 do Workshop Online de Escrita para Blogues

Workshop de Escrita

10 – La vie en rose – Uma nova oportunidade

Madalena saiu de casa, alheia ao amor que espreita ao virar da esquina. Numa mão leva os sacos grandes, de ir às compras, na outra as chaves do carro. O sol já vai alto e sente-se o calor dos primeiros dias quentes de Primavera. Sair de casa é um acontecimento raro, uma vez por semana para ir às compras e um ou outro passeio, curto, para apanhar ar.

A luz do sol, refletida no branco das casas e no cinzento claro da calçada, fere-lhe os olhos. Volta atrás para pegar nos óculos escuros. Veste umas calças de ganga largas, uma t-shirt cor de ferrugem e calça sapatilhas. A pele dos braços está descolorida e a cara descorada. Respira fundo o ar da manhã. Gosta da Primavera, do céu azul, das andorinhas e de estar na rua. Gosta que seja sábado.

O carro está estacionado no sítio do costume, em frente ao café. É branco e adivinha-se o pouco uso que tem tido pela quantidade de pó que o cobre e… pela rosa murcha pousada no para-brisas.
Madalena tirou a rosa que estava agarrada ao vidro e deitou-a para o chão, como quem sacode uma migalha do colo quando acaba de comer pão.

Só quando se sentou no carro é que pensou no engraçado da situação. Quem lhe teria deixado uma flor? Ela sabia bem quem gostaria que fosse, mas impossível, ou quase… não é o género. Um admirador secreto? Ri-se por dentro e sorri por fora. Partilha com as amigas no WhatsApp e, de sorriso nos olhos, porque a máscara lhe tapa a boca, entra no mercado.

Uma nova oportunidade

Na volta, no para-brisas um bilhete que não tinha reparado anteriormente. Lá dentro um poema com um número de telefone e assinado L.M.. Não era quem gostaria, mas não deixou de sentir um nervosismo que há muito não se permitia sentir, junto com um sorriso tímido e controlado. Nessa noite nem dormiu bem, sorria para dentro enquanto dizia a si própria “já não tens idade para isto Madalena!”. Outra parte de si, mais atrevida, respondia dizendo “que mal tem um café?”. Dormiu.
Uma semana depois, depois de escrever a mensagem e a apagar várias vezes, mandou, seja o que Deus quiser, há muito que não se permitia.

Chegou mais cedo ao encontro, escolheu a mesa do cantinho, para ser discreto. Há hora marcada, chegou uma cara que já conhecia, mas agora com uma indumentária muito mais cuidada, elegante, longe da farda que vestia todos os dias, acompanhado de uma gerbera. Era o Sr. Luís do café onde passava todos os dias.

Ele explicou-lhe que há muito tinha reparado nela, mas que era tímido e não sabia como a abordar, com ele atrás de um balcão, que deselegante, ela merecia mais. Ela ficou admirada, com tamanha delicadeza, foi o suficiente para ele lhe tocar e abrir uma frecha no seu coração fechado.

Durante seis meses travaram uma bonita amizade, ele fazia-lhe bem, ela parecia uma adolescente a combinar cinemas, jantares, caminhadas. Ele soube esperar para conquistar a sua confiança em primeiro lugar, soube esperar que o amor crescesse dentro dela e fosse ela a dar o passo, algo que aconteceu ao fim deste tempo. Estavam enamorados.!

Autores: ZT e Cláudia Ramalho

11 – Televisão: má influência ou a melhor companheira para a solidão? – Televisão: metáfora de uma vida

Passaram cerca de cem anos desde a invenção daquela que se tornou a maior e melhor companhia que a raça humana podia ter conhecido. Falo da televisão, esse electrodoméstico que transmite som e imagem de forma instantânea. A sua entrada nas nossas casas foi tão intensa que hoje em dia é quase impensável não haver uma televisão numa sala, ou até num quarto ou numa cozinha.

A televisão veio mudar as nossas vidas, trouxe cor ao nosso mundo, contrastando com os jornais monocromáticos. Trouxe também um maior número de conteúdos. A mim, pessoalmente, cativam-me os programas sobre a vida selvagem. Pude através da televisão conhecer animais e locais que não sonhava existirem.

Com o surgimento deste aparelho, surgiram as notícias 24 horas e a necessidade do jornalismo se estar sempre a reinventar, para conseguir alimentar as almas que buscam a constante novidade. Dentro da informação, existem os programas de opinião, que a par com os jornais, permitem que consigamos construiu um pensamento plural.

Mas nem todos os fenómenos foram positivos. Com a televisão chegaram alguns programas de entretenimento que, ao mesmo tempo que fazem companhia, deixam os cérebros num estado de inércia, de onde só se sai para mais programas do género.

A televisão ganhou um estatuto em cada casa, quer seja no âmbito de acompanhante, quer sirva apenas como entretém nas horas vagas. A verdade é que hoje em dia seria impossível viver sem aquele ecrã cada vez mais fino. A televisão chegou, instalou-se e provavelmente ficará para atravessar as gerações futuras. Aquilo que esperamos encontrar, hoje e sempre, é uma diversidade de temas e opiniões, para que as nossas mentes não se fechem nunca no pensamento único.

Televisão: metáfora de uma vida

Sendo a televisão esta diversidade de temas e opiniões e sendo um objeto tão presente e relevante no quotidiano de qualquer família, penso que a podemos encarar como uma metáfora para a vida.

Temos disponível e de fácil acesso, todos os conteúdos que a mente pode alcançar, contudo, cabe-nos a nós, seres humanos racionais e agentes decisores, tomar a decisão e fazer bom uso do nosso poder de escolha e selecionar quais os conteúdos que mais nos aprazem e nos apaixonam.

Como tudo na vida, existirá sempre o bom e o mau, o fácil e o difícil, o correto e o errado, no entanto, é importante não esquecer a grande heterogeneidade de gostos e personalidades e que nem todo o Homem pensa de igual forma e toma as mesmas decisões.

Acima de tudo, enquanto fã apaixonada da vida e do ecrã mágico, é importante que cada um aceite e respeite as decisões do outro. Eu, sou dona de mim, do meu tempo e dos meus apetites e sou livre de ver o canal e o programa que me apetece, sem que tal seja julgado ou seja meio desencadeador de julgamentos acerca da minha personalidade.

Todos são livres de tomar as decisões que consideram melhor para si, tendo em conta que teremos sempre de aceitar as consequências que as nossas escolham acarretam. Acima de tudo, o importante, tanto na vida como enquanto espectadores, o importante será sempre sermos felizes e fazermos bom uso dos meios que temos.

Autores: Ana Margarida Fernandes e Ana Santana

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