Escrever ©StartupStockPhotos Pixabay
Publicado em Maio 4, 2020

Se pudesse voltar ao passado… o exercício da aula 2 do Workshop Online de Escrita para Blogues

Workshop de Escrita

20 – NÃO PERCAS TEMPO, A VIAGEM JÁ COMEÇOU

Voltei! Tenho tanta coisa para te contar que nem sei por onde começar. Estás a iniciar a viagem da tua vida e estás no bom caminho, mas preciso de te dizer para fazeres tudo a
dobrar. Dobra as idas a festas e à praia, dobra o convívio com amigos e os almoços de família, dobra os passeios de bicicleta e as horas a dançar. Não deixes de fazer nada do que te dá prazer e insiste naquilo que te preenche. E se aquilo que te preenche hoje não é o mesmo que amanhã, muda sem vergonhas e sem medos. Não ligues ao julgamento dos outros pois sempre que o fazem estão a esconder-se atrás dele.

Lamento ter que te dizer que, por vezes, não vai ser fácil. Vais chorar, vais desiludir-te e revoltar-te. Vais ver-te sem rumo e até sem chão! Mas, aquilo que te vai fragilizar vai ser, também, o que te vai tornar mais forte. Desafia-te a ver beleza em tudo, já que, mesmo no escuro, a nossa mente consegue ver a luz mais intensa e brilhante de todas. Experimenta, vais ver que consegues!

A boa notícia é que resiliência vai ser o teu nome próprio, o teu apelido e ainda a tua alcunha! Sim, vais desenvolver essa capacidade como ninguém e seguir o teu caminho em frente. Por isso, “prego a fundo” e não percas tempo naquilo que não interessa, foca-te no que é importante e diverte-te muito!

Autor: Sofia Martins

21 – MIÚDA, ESTOU ORGULHOSA DO TEU PERCURSO!

Se voltasse ao passado olhava nos olhos daquela miúda sem grandes sonhos ou confiança em si e nas suas capacidades e diria: limpa a poeira, ergue-te porque irei ter um grande orgulho na tua resiliência e capacidade de não desistires do que desejas.

Bem, neste caso a palavra resiliência não representa uma vida cheia de dramas e desgraças que tive de superar, ao estilo novela mexicana, longe disso. Mas representa os obstáculos necessários para que eu tivesse escolhido entre vivê-los ou ultrapassá-los. Cresci com a noção de “somos pequenos, temos de nos sujeitar”, “não sonhes muito para que depois não doa”, frases feitas que hoje em dia acho muito válidas face à vida, oportunidades e educação que os
meus progenitores tiveram. Hoje em dia não julgo e entendo. No entanto percebi que eu não tinha de continuar com esse padrão, respeito-o, mas não o quero para mim. Essa decisão não é um ato isolado, mas sim um caminho de aprendizagem ao longo das nossas vivências.
Aprender a fazer melhores escolhas e tentar as vezes que forem necessárias até se atingir o equilíbrio desejado. É assim que se cresce. Com esta escolha, passei a ter um lema “sonhar não paga imposto”, quando sonho com algo, não é apenas um sonho, é um objetivo que terá de vir com a força de vontade necessária para o alcançar, pois sei que chegará.

Os objetivos mais importantes que quero atingir não tem a ver com questões materiais, mas sim em ultrapassar as minhas próprias limitações, este texto é exemplo disso mesmo, QUERO ultrapassar o bloqueio da escrita. São metas que quase sempre tem a ver com sair fora da zona de conforto e evoluir enquanto pessoa.

Assim, se voltasse atrás não mudava nada do que vivi, pois isso faz de mim o que sou hoje, no entanto daria é uma palavra de incentivo àquela miúda, dar-lhe-ia conforto, um “vai correr tudo bem” porque tu tens dentro de ti uma força que neste momento desconheces.

Autor: CR

22 – SCROLL DOWN: REGRESSO AO PASSADO

Se eu pudesse fazer scroll down na cronologia da minha vida e voltar ao passado, que conselhos daria à versão primitiva de mim própria? Qual é o melhor conselho que se pode dar a uma criança ou a um adolescente? E com que desiderato? Viver mais e melhor? Ser mais feliz e ter sucesso na vida, seja o que isso for?

Uma temeridade natural impele-me a aceitar o repto. Entro na máquina do tempo e clico no botão que diz 1986. Medo, aí vou eu! O susto molda-me o cabelo ao gosto dos anos 80 e a palidez própria do confinamento não destoa no tom desmazelado da época. É dia 30 de abril de 1986 e estou em Coimbra, em casa. Não está ninguém, é quarta-feira. Devia ter ido diretamente para o liceu… fico. Cheira aos cigarros que o pai fumou na véspera. Espreito a cozinha, vou à sala e aos quartos. Na cozinha, uma panela com o almoço feito, embrulhada num pano para não arrefecer. Na sala, o cinzeiro cheio, um jornal e livros em cima da mesa de camilha. O tricô da mãe pousado numa cadeira. A gaiola dos periquitos, já nem me lembrava deles! Os quartos… o dos manos malcheiroso como sempre!! Entro no meu, partilhado com a minha irmã. Desarrumado. A mesa cheia de livros e cadernos, em desordenado convívio com camisolas, meias e sei lá que mais! Lembro-me do nosso esconderijo dos cigarros. Dá-me vontade de rir. Está vazio. Espreito as gavetas, não havia tanta roupa na altura… ainda era capaz de usar a saia verde, se me servisse! Não vou descrever os posters da Bravo colados na parede! O gravador, as cassetes… é muito mau gostar dos Wham!?… É mau, penso! Há música muito melhor! E, já agora: fumar faz mal, não tentes ser outra pessoa, sonhar acordada com rapazes parvos é perda de tempo, aplica-te naquilo que gostas! … e… não tires muitas fotografias com esse penteado!… Apetece-me dizer a uma menina de 14 anos que não tarda a chegar a casa!

Saio do quarto. Não, não quero alterar nada, nem vou dizer nada! Sorrio para mim e subo rapidamente ao presente. O tempo fará os ajustes.

Autor: ZT

23 – CONSELHOS CAPILARES EM TEMPOS DE QUARENTENA

Este confinamento presta-se muito a longas divagações sobre a vida, sobre o mundo, sobre o passado e sobre o futuro. E sobre cabelo! Numa longa reflexão em frente ao espelho, dei-me conta de como sou “sortudo” nesta quarentena de ter pouco cabelo e poder simplesmente passar a máquina zero de vez em quando. Mas serei mesmo? Não seria mais sortudo se tivesse muito cabelo? Mas para quê, se quando era adolescente ele só me trouxe problemas?

A verdade é que sempre tive problemas com o meu cabelo: durante toda a minha infância, sentia-me obrigado a penteá-lo muito certinho, risquinho ao meio, menino de coro. Odiava. Depois, e durante toda a minha adolescência, foi o fim do risquinho, que era totalmente inútil; nunca mais o consegui controlar nem pentear. Crescia em todas as direcções, de um lado sempre de pé, do outro acachapado. As pessoas reconheciam-me de costas e à distância pelo meu cabelo. Odiava. Não gostava da atenção, e sentia que eu era, em conjunto com outros defeitos como o excesso de peso e ser muito loquaz, basicamente, só defeitos. E depois, comecei a crescer. Pouco a pouco o cabelo enfraqueceu, exauriu-se, e finalmente caiu. Pelos 24 anos tinha umas enormes “entradas”, aos 28 já se via bem a nuca desnuda, e aos 30 comecei a rapá-lo à máquina zero. Fim da história.

Hoje empederneci e não penso mais nisso. Contra a genética não podemos lutar, é muito mais forte que nós. Só tenho pena de não ter aproveitado aquele tempo como podia e devia. Olhando-me ao espelho, tenho vontade de dizer ao meu eu de 13 anos em princípio de adolescência: “Despenteia-te à vontade! Desgrenha o cabelo! Passeia-o com orgulho, e tira proveito de cada comentário e de cada fotografia para sorrires e mostrares com a tua trunfa!”

E pensando bem, dou-me conta que este comentário se aplica no fim de contas a todos os aspectos da minha adolescência.

E vocês, que conselhos capilares me dão vocês para esta quarentena?

Autor: TG

24 – VIAGEM À INFÂNCIA

Numa viagem à minha infância e adolescência, a primeira imagem que me surge é um campo cheio de margaridas amarelas junto a casa da minha avó. Foi o palco de muitas aventuras com os meus cinco primos. O nosso mundo era simples! Correr pela terra, apanhar amoras ,descobrir os segredos de um poço antigo, tomar banhos de mangueira, piqueniques ao domingo com toda a família nos pinhais. Esta era a nossa rotina e o nosso dia-a-dia.

A vida era uma brincadeira, eramos mesmo uma família muito unida e aventureira. A minha lua e Vénus em sagitário levou-me a crer durante muito tempo, até quase à idade adulta que nos restantes sectores da minha vida tudo poderia ser levado de uma forma leve, alegre e descontraída e sempre a brincar. A escola, os mil e muitos desportos que pratiquei, mesmo
a universidade tiveram sempre uma componente de brincadeira. Tudo que exigia um grande
enfoque e dedicação, resiliência, era complicado para mim.

Agora e mais à distância desses tempos, um conselho que daria a mim mesma, seria aprofundar e dedicar-me mais a todas as tarefas que me propunha. Aquela celebre frase que a minha avó me dizia: “O saber não ocupa lugar”;. Demorei muitos anos para conseguir perceber que, afinal, fazia sentido.

Em jeito de conclusão, orgulho-me de todo o percurso e evolução que fiz até agora. Todas as
limitações que tive, todas as histórias que me permiti viver, fizeram parte da pessoa que sou
hoje. Diverti-me muito, mesmo com algumas lágrimas e medos no caminho eu fiz sempre o melhor que sabia.

Autor: Sandra Antunes

Continue a ler na próxima página 1 2 3 4 5 6 7 8
Comentários

Poderá também gostar de

Regressar ao topo