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Publicado em Maio 4, 2020

Se pudesse voltar ao passado… o exercício da aula 2 do Workshop Online de Escrita para Blogues

Workshop de Escrita

29 – SE EU SOUBESSE O QUE SEI HOJE

O que eu mudava no passado se soubesse o que sei hoje?
Não mudava rigorosamente nada, porque ser uma criança adolescente ou um adolescente adulto, quando chegasse a adulto entrava num período de Lazeira. Somos a descendência de quem nos educou e em adulto temos o direito de fazer o mesmo com os nossos filhos. Educá-los da melhor maneira para serem bem sucedidos e que não lhes falte nada, quer dizer, se faltar um bocado de energia em criança se calhar facilita a convivência. Na adolescência se a porta do armário abrir um bocado mais cedo também podia ser melhor.

Na minha vida foi cada coisa a seu tempo, em criança brincava com carrinhos, fascinava-me os carros telecomandados e as corridas que fazia com o meu irmão no corredor de casa dos meus pais, as pistas eram no soalho antigo separado por linhas tortas entre as tábuas.
A partida era sempre no quarto e a meta na lareira da sala sempre acompanhada do sermão do meu pai para desamparamos a loja.
Porque é que quando ouvíamos isto automaticamente a pista passava para a volta ao sofá onde estavam precisamente os nossos pais?? Porque éramos crianças e precisávamos de atenção, e de quem era a ideia de chatear os pais? Eu juro a pés juntos que não era minha, a ideia foi do meu irmão, Ele também jura a pés juntos que a ideia foi minha. Estava o caldo entornado e o meu Pai passado.
Na adolescência, lembro-me das primeiras saídas para ir ter com o meus amigos, só podia sair com o cão, vivíamos numa zona mais perigosa da cidade onde havia assaltos frequentes, na verdade sentia-me o adolescente mais seguro da cidade junto do canídeo. Ele já fazia parte do grupo de amigos, entrava nas brincadeiras como se fosse um de nós. Era de rir…
A partir de um certo momento já só pensava em ser adulto, os cinemas, as saídas à noite, fumar às escondidas, beber uns copos e namorar era o sonho da adolescência

Agora em adulto só queria voltar atrás porque todas essas fases tinham uma emoção. É mesmo assim, a vida tem 5 capítulos, quando somos bebés só queremos leite e dormir, quando somos crianças só queremos brincar, quando somos adolescentes só queremos ser adultos, quando somos adultos só queremos ser adolescentes e quando chegamos à velhice aposto que queremos voltar à casa de partida.

Autor: Diogo MF

30 – SERÃO OS SUPER-HERÓIS A NOSSA MAIOR DESILUSÂO? OU OS NOSSOS PAIS?

Quando se é pequenino, os pais são os nossos super-heróis, e que grandes super-heróis! Mas com a chegada da idade adulta, a capa vermelha do super-homem e as luvas radioactivas do homem-aranha podem pregar-nos uma partida. Que bom que seria voltar à casa de partida, voltar à criancice! Poderem-me explicar que afinal os super-heróis nem sempre ganham ou que talvez nem existam… Será que teria sido uma desilusão?

Agora que cheguei à idade adulta, não me parece! Pais são seres humanos como todos os outros e não, não são super-heróis. Amam, protegem, brincam, fazem coisas boas e más. Também nos magoam. Magoam-nos porque durante anos se deixam passar por super-heróis. Enormes e poderosos, protegem-nos com as suas grandes capas e amparam-nos com as suas mãos radioactivas. Dão-nos uma falsa sensação de equilíbrio perfeito. Mas será que não nos descomplicariam a vida se nos educassem desprovidos de super-poderes? A mim ter-me-iam evitado uma panóplia de desilusões.

O meu chão tremeu no dia em que os meus pais despiram a capa assemelhando-se à chegada de um vilão numa série de banda desenhada. Senti um violento abanão! Perdi o balanço, senti as paredes abaterem-se abruptamente sobre mim e o solo mover-se como areia movediça. Senti-me sozinha, apoderada por um medo e inquietação terríficos sem ninguém para me proteger ou amparar. Afinal, os meus pais não eram perfeitos. Também falhavam e desiludiam. Mas que raio pensava eu: “Mãe, Pai, podiam ter optado por só desiludir os outros e não a mim, se me tivessem explicado logo no início que afinal não eram super-heróis… “ .

Mas, esta história não tem que ter um final infeliz. Pais trazem muitas coisas boas aos filhos, e os meus trouxeram-me muitas! Mas o tal bilhete de volta à casa partida teria ajudado muito na minha história de super-heróis. Resta-me ser resiliente e recuperar da minha desilusão!

Autor: CDM

31 – VOU ALI E JÁ VENHO – UMA VIAGEM NA MÁQUINA DO TEMPO

Viajando pela máquina do tempo, todo o percurso duma vida é posto à prova. A possibilidade de rever e corrigir opções e percursos feitos, a resiliência inerente a todo o processo permitirá redefinir opções e escolhas anteriormente feitas.

E se pudéssemos mudar algo? Ou mudar tudo? Não deixa ser um lugar comum dizermos que: “Se soubesse nessa altura o que sei hoje…” Os entroncamentos da vida, as opções feitas à revelia do desejo dos pais, à revelia dos ditames da época. Claro que poderia ter feito tantas opções diferentes das que fiz enquanto criança/adolescente… Mas, aonde me teriam trazido? Aqui a este sítio? A este ponto? Com todos aqueles com quem me dou?

Não meus caros, o presente vale mais do que mil interjeições, mil vontades de ter feito tudo de forma diferente. O passado está lá atrás, e cabe-me a mim a cada segundo aprender com ele e agradecer-lhe. Agradecer a todos os que me permitiram estar agora aqui. A tão desejada máquina do tempo, traz-nos na verdade de volta à realidade, a este momento a que chamamos presente e que o é só por si um belíssimo presente!

Autor: JPF

32 – AS VIAGENS SAUDÁVEIS EM CRIANÇA/ADOLESCENTE

Talvez entre os 6 e 10 anos perguntavam-me, o que queres ser quando fores grande? Sem grandes hesitações respondia – quero ser motorista de táxi – Os crescidos da altura principalmente familiares, para além dos seus sorrisos naturais e perante a minha resposta retorquiam – e engenheiro ou astronauta – A minha resposta acabava sempre na estrada azul que era a alcatifa da sala de jantar, próximo de uma reta sem fim o rodapé, onde estavam sempre estacionados os meus magníficos carrinhos. Foi o início das minhas viagens dentro de mim.

Fartei-me de viajar quando era criança/adolescente, tanta viagem acumulada, umas muito belas outras nada boas como todos nós. Demorei tempo até conseguir transformar e interiorizar tudo aquilo que aprendi nas loucas viagens imaginárias e físicas naquilo que sou hoje. Hoje alterava a minha adolescência sim, seria um desiderato magnífico, alterava a duração no mínimo para três vezes mais foi tudo muito rápido. É claro que ainda estou em construção. O que escrevi neste pequeno texto é muito generalista, um dia destes gostava de preparar uma viagem ao meu passado, vamos ver se consigo.

Acho que o turismo adquiriu uma nova estirpe, nem o Covid dá cabo dele, já não é preciso comprar bilhete de avião para ir, basta escrever para fazer turismo dentro de nós.

Autor: PP

33 – CONSULTA DE UMA VIDA

Consulta número 1345. Paciente 908. Neste mundo de distopia, como adolescente, com a fase de criança ainda recente, este indivíduo tende a ter um comportamento disfórico, numa tentativa de rebeldia tal como era normal à 100 anos, antes da terceira guerra mundial.

Como especialista na área, tento abranger o tema de forma subtil perguntando lhe “Sabes porquê que estás aqui?”. Ele limita-se a encolher os ombros. Assim, numa tentativa de interagir com este ser, pergunto diretamente “o que gostarias de ser quando cresceres, visto que não falta assim tanto tempo?”. Ele respondeu “feliz”. Confesso que fiquei constrangido, já que ele não tinha percebido a questão, o que me levou a esclarecer “ creio que não entendeste a pergunta”. Após ouvir a afirmação, com um ar sereno, acenou, sabiamente, dizendo “tu é que não entendes a vida”. Apercebi me que estava a lidar com alguém que tinha uma mentalidade completamente distinta da da sociedade, sendo punido, pois aqui a diferença é vista como algo errado. Porém, em simultâneo, sentia uma conexão com este jovem sem saber o porquê, talvez me visualizasse nele quando tinha aquela idade. Deste modo, tento abordar o tema de outra perspectiva, “o que gostarias de mudar na tua vida?”. Ele encara me, pela primeira vez nos olhos, consigo ver os seus olhos castanhos escuros e naquele momento tão intenso, ele solta uma gargalhada, perguntado, de seguida, “Para quê pensar em alterar algo, quando devemos simplesmente viver a nossa vida? O nosso tempo na Terra é curto. Deste modo, temos obrigatoriamente de o aproveitar ao máximo.” Faz uma pausa, retomando a palavra “Claro que existem coisas das quais me arrependo, é normal, somos humanos e errar é humano. Todavia, acredito que esses erros me fazem crescer enquanto pessoa, ensinando me a viver em busca da felicidade.”

Levanta-se, como se já tivesse pronto a partir, mesmo sabendo o que lhe esperava, afirmando “Sabe psicólogo, deverias ser quem conduzia esta consulta, mas acabou por ser o paciente a fazê-lo.” Deixa me ali, sozinho como se nada que eu fizesse tivesse valor, apercebendo me que, afinal, a minha vida não tem sentido. Vejo-o a afastar-se, sendo levado pelos guardas. Um rapaz tão sábio, preso num corpo de pouca idade, condenado a viver de forma revoltada, pois, nestes tempos, estamos perante um mundo de distopia.

Autor: Carolina Salgueiro

34 – EXAMES NACIONAIS E CANDIDATURAS, A QUANTO OBRIGAM…

Querida eu do passado, estou a escrever-te hoje para te revelar algo que só eu no futuro posso saber. Venho falar-te dos exames nacionais e da escolha do teu curso. Eles vão ditar o teu futuro, vão definir a pessoa que te vais tornar e vão comandar o teu tempo a partir do momento que se realizarem. Com eles, até os teus sonhos estão em causa. Está atenta ao que te vou contar e, com isto, procura escolher melhor o teu futuro e, quiçá, mudar o meu passado.

Como já te disse, ainda não sabes mas aqueles dois exames nacionais que decidiste fazer, de biologia e de química, irão decidir o teu futuro. Um futuro que tens há muito tempo pensado na tua cabeça. Que nunca questionaste porque sempre te pareceu ser o certo. Reconheço que com dezassete anos se é muito novo para serem tomadas decisões tão definitivas como estas. Para além disto, foste adjuvada pela vontade de uma mãe e de um pai que só querem ter uma filha com um bom trabalho. Tens de compreender que eles são pessoas simples, cresceram em aldeias pequenas e o seu sonho é verem-te com uma vida boa e de sucesso. Mas dinheiro e glória podem não te fazer feliz a ti e não tens de decidir com base no que eles querem. Uma profissão que te traga algum conforto financeiro pode não ser aquela que te traz felicidade. Vais ter esse desafogo mas não vais ter tempo. Porque para teres esse desafogo tens de trabalhar todo o dia, muitos dias. Irás mais à frente descobrir que o que te faz feliz são outras coisas, ver o mundo. O mundo são as pessoas e a tua vontade de as conhecer vai ser voraz. Mas não tens tempo e não sabes fazer mais nada do que aquilo que o teu trabalho altamente profissionalizante te ensinou. E depois vais ter medo porque te habituaste a ser assim e mudar é assustador. Na altura não defraudaste os teus pais e agora tens receio de os magoar. É por tudo isto que desde cedo devias ter procurado conhecer mais, saber mais, informar-te mais. Para estares mais capaz de tomar decisões por ti, consciente de que o que daí advir será porque assim quiseste.

Por isso, escolhe bem e reflete muito, pois tens mais dados agora do que aqueles que eu tive na altura. Nunca te esqueças que um par de exames e umas cruzes numa folha serão determinantes naquilo em que te tornarás e, será com isso que terás de lidar todos os dias. Apesar das vicissitudes que as tuas escolhas possam trazer, eu no futuro consigo ver que este caminho que ambas estamos a percorrer é um caminho valioso que, definitivamente, merece ser continuado.

Autor: Ana Margarida Fernandes

35 – NÃO TENHAS MEDO

Tenho 42 anos. Deparei-me com aquela doença que muitos têm e poucos reconhecem, a depressão. Após muito tempo de introspeção e psicoterapia, concluímos (eu e a psicóloga), que, um dos fatores que a desencadeou, teria sido o facto de eu ter parado de crescer, emocionalmente, na minha adolescência, pelos 16 anos. Poderia ser sinal de jovialidade, mas não era o caso. Bloqueios, imaturidade, resistência ao futuro, e tantas outras causas e consequências derivariam daí.

Precisei questionar o meu eu adolescente. Precisei falar comigo e dar-me conselhos. Alinhar a cabeça e o coração numa união desafiante. Perceber o que me estava a impedir de crescer e convencer-me a sair, a arriscar, a viver! Estava tudo tão confuso, barulhento de pensamentos. Tinha tantos receios, tanta vergonha. Faltava-me confiança e até alguma temeridade própria daquela idade. Vivia, e vivo em profunda ansiedade. É como entrar num labirinto e percorrer vários caminhos, a maior parte deles escuros, apertados. Desejei, como muitas vezes, luz e silêncio. E pensei desistir. É sempre o caminho mais fácil.

Quando finalmente me encontrei, falei comigo, olhei para mim como nunca tinha olhado. Vi-me. Tive medo, mais uma vez. Fiquei com muitas dúvidas sobre o que fazer. Mas percebi que devia apenas desabafar. Eu sou a minha melhor amiga, eu quero o melhor para mim. Tive que ser agressiva, algo que não sou. Enfrentar as minhas inseguranças e desafiá-las. Por fim compreendi-me e disse tudo o que
tinha para dizer: “Não tenhas medo, não estejas agarrada a más memórias e vivências, vive, conhece, convive, dá e recebe, aproveita o que é bom e aprende com o mau. A tua vida ainda só está a começar e tu mereces ser feliz”. O caminho não terminou. Irei regressar ao passado sempre, pois é a única forma
de me tornar adulta, mais sábia e uma pessoa melhor.

Autor: Liliana Sousa

36 – VOLTAR AO PASSADO: A VIAGEM QUE NÃO FAZ PARTE DOS MEUS PLANOS

Se me perguntarem se gostaria de voltar ao passado, a minha resposta será um redondo “não”. A minha infância não faz parte do álbum de fotografias que goste de rever, porque sei que não mudaria nada. Nem mesmo a efémera ideia de ser a menina mais sortuda do início dos anos 90.

A pequena, de caracóis farfalhudos, de olhos expressivos e de sorriso fácil, ainda persiste nos dias de hoje. Só ela sabe o quão difícil seria recordar tempos em que era uma criança ingénua, que só queria amar e ser amada. Voltar atrás seria estar no colo dele outra vez. Seria olhá-lo como se não houvesse mais ninguém no mundo, como se o meu herói fosse de carne e osso, com um bigode, também ele, farfalhudo. Voltar atrás seria pensar que ele estaria sempre a olhar por mim, como quando caía e lá estava ele, do meu lado, para me ajudar a levantar. Voltar atrás, ser novamente apenas e só uma criança, seria como olhar para mim mesma e dizer: “Não te iludas. Não te apegues, mesmo às pessoas que deveriam ser um amor para a vida toda”. À pequena, de bochechas redondas, diria para não desistir dela, porque a teimosia e resiliência vão levar-te a feitos que só tu os podes concretizar. Por ti, para saboreares o orgulho em ti própria, mesmo que já não tenhas um herói para te embalar. Porque, por vezes, os heróis passam a vilões, tal como nos livros que lias em criança.

E é por todas as lascas de vidro que perduram no inconsciente, que se pudesse voltar ao passado, não mudaria nada do que fui, do que disse e não disse, do que fiz e não fiz. Se não tivesse sido a menina de abraço fácil, de coração saltitante, não teria sido a protagonista da história do meu progenitor, como se tivesse estado sempre à minha espera. É só por e para mim, que permito que estas memórias fugazes vivam num lugar esquecido. Dizem que é bom regressar onde já se foi feliz, mas não me peçam para reviver a minha infância. O meu presente já não tem um herói, é verdade, mas agora sei quais as histórias que posso ler para adormecer.

Autor: Soraia Peixoto

THE END

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