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Publicado em Abril 27, 2020

Vamos falar de saudade? Textos da aula nº1 do Workshop Online de Escrita para Blogues

Workshop de Escrita

30 – AQUELA LEMBRANÇA

Quando tudo à tua volta se transforma, o que resta são meros fragmentos de pequenas lembranças…
E é aí… Que encontras a doce visitante saudade…
Como um vento a bater leve no rosto… e uma calma a hipnotizar… entro dentro do seu barco… onde te encontro e me transmites este doce sussurrar…
Perdi-te rotina… perdi-te… alguns momentos…
A tua cauda movimentando-se em forma de olá assim que abria a porta da vida…
Onde tu corres, saltando até que eu te agarre, para receber aquela festa que reclamas a todos qua a tua doce vista consegue avistar…
Agora neste compasso de espera até que a liberdade chegar… tenho na alma a esperança que um dia iremos libertar… Toda esta ânsia que o medo teima em calcar…
Até lá admiro-te nesta distância enquanto a saudade me habitar…
E porquê te venero com versos e pensar?
Porque eu sei que quando tudo passar … e eu te alcançar tu vais ser mais uma vez … e vais recomeçar… com esse focinho fofo vais fazer de tudo para lançar essa meiga festa nesse pêlo e querer repousar com a calma de uma alfa me vais convidar…
Todo o teu tempo leal como nunca ninguém me julgar!!!
E essa é a doce fonte que todo o ser tenta encontrar a paz sem julgamentos e o incondicional encontrar… Pela floresta corres sem te esmerares, encontras a doce lótus e logo teimas em domar… por entre cheiros e corridas… brilhas nesse brilhar …
Nossa alfa Luna muito tem a ensinar, com tantas mudanças e nunca tenta em falhar aproveita os momentos como se nunca lhe fosse faltar…
Grata por esse amor que não falha em voltar…

Autor: Fya Miranda De Oliveira

31 – VIVER A SAUDADE

Viver a saudade em tempos de pandemia e isolamento social, faz parte. Estranho seria se assim não fosse. Mas até que ponto somos capazes de suportar essa saudade? Saudades de ti, saudades até de mim- aquilo que fui e que agora não sou. Saudades do pai, da mãe, avô, avó, primos, primas, amigos, amigas. Saudade, ponto. Sem género, número e como sempre sem forma. Mas que se sente e tanto.

Esperamos ansiosamente pelas trocas de olhares, os encontros esperados e os inesperados… o recomeço da vida que deixámos para trás.
Parámos no tempo em prol do bem comum e do nosso próprio bem- vicissitudes da vida, não é verdade? Resta-nos agora agarrarmo-nos à saudade que em tons de esperança nos diz que vai tudo correr bem, que tudo isto não passa de uma aprendizagem de vida que assenta no saber estar em prol do outro, do mundo e de tudo o que nos rodeia e que tantas vezes é menosprezado.
Resta-nos esperar e acreditar que num futuro próximo saudamos com saudade aqueles que mais gostamos.
Até lá, vivo a saudade.

Autor: Adriana Cunha

32 – CHAMA-SE ROTINA!

Se há cerca de dois meses me ouvissem dizer que iria sentir falta da azáfama do meu do
dia a dia, pensariam certamente que estaria louca. Eu própria duvidaria da minha sanidade
mental. Quem me conhece sabe o quanto me custa acordar cedo, com o despertar
estridente do alarme do telemóvel. As minhas manhãs são custosas e com muito mau
humor. Quem convive comigo sabe que faço tudo a correr e que nem o pequeno almoço
tomo em casa. Levo-o comigo e só o como quando chego ao escritório. Apanho o metro,
sempre cheio. Cada vez mais cheio, ao ponto de estabelecer um contacto físico demasiado
próximo com pessoas que não conheço. Depois das oito, ou mais, horas de trabalho
regresso a casa num metro, quem sabe mais cheio ainda do que o da manhã. Os dias
costumavam passar com o desejo a sexta-feira chegasse, para haver uma quebra para ter
mais tempo de fazer coisas diferentes. Mas agora, em tempos de pandemia, quem diria que
o final da semana já não me alegra assim tanto.

O resumo acima está distorcido, é redutor e até pode dar a entender que a minha vida é
miserável. Não é, asseguro-vos. Pelo meio de tudo aquilo há o convívio com os colegas,
atividades de lazer, hobbys, etc. Porém é o espelho objetivo de algo que tem um nome que
é, muitas vezes, conotado negativamente. Chama-se rotina e é dela que tenho saudades!

Autor: Maria Correia

33 – SAUDADE NÃO SABE DO QUÊ

A palavra mais portuguesa não o poderia ser mais. Não só porque nos torna especiais em sofrer, como mais ninguém no globo, mas porque quando vamos a esmiuçar, não sabemos porque a sentimos.

Como emigrante durante um período de três anos (mais um termo que
abarquei sem grande mérito para o fazer) percebi finalmente o que é ter saudade. Querer ter o que não é possível. Sentir necessidade do que foi tomado como pré-adquirido. Não é por acaso que se diz que nos tornamos mais portugueses quando vamos para fora, não porque
começamos a cantar o hino no duche, mas porque percebemos do que gostamos verdadeiramente. E o que gostamos, normalmente, é português de gema, para o bem e para o mal.

“Esta gente é fria”, “eles nem se abraçam ou olham nos olhos”… o português olha para si como um bicho de sangue a ferver, capaz de quebrar qualquer gelo social. Os “répteis” com quem dividem o país não têm capacidade para “desenrascar”, fazer qualquer coisa e ser capaz de tornar o insolúvel em oportunidade. O problema é que esta
é uma falsa saudade, porque quando estamos no país que é só nosso, não toleramos o desenrascar da outra besta latina. Quero sentir o calor, desde que o teu pelo não esfregue no meu…

Autor: Vítor Rodrigues

34 – SAUDADES DE SER PEQUENA

É incrível, como a simples noção de termos que ficar em casa isolados nos deixa inquietos.
Hoje em dia estamos tão habituados ao corre-corre do dia-a-dia, que deixamos de saber ficar
sentados a ler um livro ou a ouvir música. Ou pelo menos, deixamos de saber apreciá-lo. Sinto a mesma ansiedade latente que provavelmente outros 10 milhões de portugueses sentem,
apesar de ter a possibilidade de trabalhar a partir de casa. Quando decidiram enviar-nos para casa em regime de teletrabalho, decidi aproveitar o tempo ao máximo.

No meu dia-a-dia “normal”, saio de casa às 6h20 e regresso às 19h00. Agora, nesta fase tão
desafiante, acordo com calma, visto-me, tomo o pequeno almoço e vou passear com a minha
cadela, Haley, antes de começar a trabalhar às 8h00. Às 17h00 estou livre e tento aproveitar ao máximo. Recomecei a ler, consegui começar a passar mais tempo com a minha família e até
jardinagem consigo fazer! É o equilíbrio perfeito entre ansiedade e auto-realização. E, devo
dizer, o lado positivo está a ganhar!

Tenho saudades de ser pequena. Era alheia a tudo o que não fosse brincar ou fazer os
trabalhos de casa. Alguma criança sabe quando é dia de reunião parlamentar? Alguma criança
quer saber se é “obrigada” a ficar em casa? Não… as crianças vivem cada dia como se fosse o último. Eu lembro-me de querer que o dia nunca mais acabasse – especialmente o Domingo –
para poder brincar com a minha irmã sem fim. É essa a arma mais forte das crianças neste
momento de confinamento, e elas nem sabem que a têm. Deveríamos aprender com eles…
com sorte, alguns de nós voltarão a hobbies antigos e a dar mais valor ao tempo livre.

Autor: EH

35 – TENTATIVA DE SAUDADE

Saudade. Uma palavra tão pequena e, simultaneamente, com tão grande dimensão. Este sentimento enfatiza as lembranças e recordações agradáveis que nutrimos, realçando a solidão que por várias vezes passamos.

Por um lado, considero que quando a saudade aparece, quando ganha forma na nossa vida ou quando passa a ter um papel importante na maneira como agimos, deve-se ao facto de, em maior parte dos casos, não darmos valor ao que nos rodeia até o perdermos. Talvez por termos uma vida tão complexa e tão atarefada, faz com que o resultado seja em raramente termos a possibilidade ou a energia necessária a fim de refletir naquilo que está à nossa volta e que nos faz realmente bem. Assim, por não conseguimos usufruir daquilo que nos faz falta, sentimos um vazio que é impossível preencher. Desta forma, a saudade dói, faz nos sofrer de uma perspectiva inexplicável na memória de manter vivo aquilo que outrora tivemos e vivenciamos.

Por outro lado, a saudade é uma prova de vivências felizes que já experimentamos. Por esse motivo, devemos para com aquilo que temos saudade tentar aprender algo acerca disso, uma vez que o passado não importa, o que importa é o que fazemos agora. Deste modo, a saudade é uma insistência em nos relembrar de todos os momentos pelos quais temos medo que sejam esquecidos.

Em síntese, não existem maneiras ou formas corretas de exprimir este sentimento, acredito apenas que devemos tentar superar todos os obstáculos que ele nos traga, sem ter medo de falhar nesta longa jornada que é a vida.

Autor: Carolina Antunes Salgueiro

36 – SAUDADE…

palavra que encerra um sentimento que não se explica, misto de emoções que afloram à pele e mexe com o nosso coração, com a nossa mente…
Saudade das brincadeiras de crianças soltas pelas ruas, alheios a tudo, nesta natureza vasta, cheia de cores, texturas e sabores, nesta África de doces recordações…

Saudade, do cheiro a terra molhada, dançar na chuva, o chilrear dos passarinhos no quintal, do som dos martrindindes (parecidos às cigarras), a brisa quente, mergulhar no mar de águas tranquilas na baía do Lobito e depois ficar a admirar o Sol a colocar-se para nascer noutro lugar…

Esses lugares longínquos que quero visitar, experienciar outras cores, outras texturas, outros sabores, alguns recriados, outros mixados, como os sons, transformando o velho em novo, dando-lhe uma nova roupagem, dando-lhe um novo nome, mais chique, chamando-o retro, vintage, sei lá!

O que sei, é que a Saudade nos traz memórias e reviver essas memórias e tornar a senti-las, vivê-las, experienciando-as, agora de uma forma diferente, mais finita, porque conhecemos o seu desfecho e sendo prazerosa ou dolorosa, remete-nos sempre ao mesmo sentimento: Saudade!

Autor: Maria Saraiva

37 – SAUDADE: ANTÍDOTO CONTRA O CONFINAMENTO?

Vivemos tempos de desafio e de mudança! A pandemia da COVID 19 obrigou-nos a comportamentos inusitados, afastou-nos de muitos, realçou outros ainda fincados em nobres valores, e sentimentos como a Saudade.

Enclausuramento, agora moda nova, não é para mim experiência única, nem longínqua. A mais recente, foi em fevereiro – 15 dias no hospital, uma espera mais que um internamento, na expectativa de regularizar indicadores hepáticos que teimavam em escalar perigosamente. A mente focada em aproveitar pela positiva a estadia – dedicando-me ao que normalmente não tenho tempo, cumprindo rotinas diárias e aceitando a situação- desacelera ansiedades, é receita já sabida.

Voltar ao lar doce lar, catalogada no grupo de risco, para novo enclausuramento, não me trouxe estranheza, sentimento de perda ou saudosismo. Pelo menos de início.
Foi na Páscoa que ela bateu forte, a saudade. Sem filtros ou Photoshop, assumiu-se sem pudor e “da casa”.
Num ápice, instalou-se na cozinha e transportou-me para outra que não a minha, mas que identifico com carinho – a da minha avó Ilda, na Beira, na minha infância.

O frigorífico americano enorme e barulhento, com porta de fechar possante, a bancada em pedra, engalanada com cortina festiva, a bacia em barro onde se lavava a louça. Ao lado, as bilhas com água fresca que a Dona Alda equilibrava magistralmente, no seu regresso da fonte, por meio da rodilha e da destreza de anos, feita arte aos olhos de uma menina. A mesa quadrada de madeira, no centro, é protagonista.
Prepara-se o pão de ló, tão apreciado pelo senhor padre na sua visita pascal. Numa tigela amarela, redonda, em pirex, a minha avó bate à mão, os ovos com açúcar, numa
cadência energética. Ninguém a demove nem a mim. Este é momento de arroubo mágico a que eu não faltava nunca, fosse pelo seu efeito hipnotizante, fosse por aguardar o ritual que se lhe seguia: rapar a tigela e lambuzar-me com os restos da massa açucarada. Da janela, uma luz doce primaveril faz tréguas com a cortina diáfana e ilumina a cena. Memórias apaziguantes que me transportam longe em viagem conhecida.

De volta a um presente serenado, fiz cumprir a tradição e atirei-me à preparação do icónico bolo (mas com batedeira!)
Em tempos de isolamento que pedem a estranhos para ficar à porta, para mim, a saudade entrou libertadora, fez a finta ao Corona e resgatou-me do confinamento para o exterior.

Autor: LS

38 – CHAMA-SE ROTINA!

Se há cerca de dois meses me ouvissem dizer que iria sentir falta da azáfama do meu do dia a dia, pensariam certamente que estaria louca. Eu própria duvidaria da minha sanidade
mental. Quem me conhece sabe o quanto me custa acordar cedo, com o despertar estridente do alarme do telemóvel. As minhas manhãs são custosas e com muito mau humor.

Quem convive comigo sabe que faço tudo a correr e que nem o pequeno-almoço tomo em casa. Levo-o comigo e só o como quando chego ao escritório. Apanho o metro, sempre cheio. Cada vez mais cheio, ao ponto de estabelecer um contacto físico demasiado próximo com pessoas que não conheço. Depois das oito, ou mais, horas de trabalho regresso a casa num metro, quem sabe mais cheio ainda do que o da manhã. Os dias costumavam passar com o desejo a sexta-feira chegasse, para haver uma quebra para ter mais tempo de fazer coisas diferentes. Mas agora, em tempos de pandemia, quem diria que o final da semana já não me alegra assim tanto.

O resumo acima está distorcido, é redutor e até pode dar a entender que a minha vida é miserável. Não é, asseguro-vos. Pelo meio de tudo aquilo há o convívio com os colegas,
atividades de lazer, hobbys, etc. Porém é o espelho objetivo de algo que tem um nome que é, muitas vezes, conotado negativamente. Chama-se rotina e é dela que tenho saudades!

Autor: Maria Correia

39 – FALAR DE SAUDADE…

Será só saudade ou o que vivemos atualmente vai muito para lá desse sentimento? Se de repente somos obrigados a ficar em casa, se somos forçados a uma liberdade tão limitada, tão controlada, começamos a sentir falta de muito….

Para mim, entra aí a relação direta entre saudade e liberdade, precisamente no momento que em começamos a pensar nas coisas mais simples do mundo que temos todos os dias, alcançáveis com um simples estalar de dedos. Tantas banalidades, tantas coisas sem valor, que agora confinados e com estrita necessidade de estarmos recolhidos, descobrimos que afinal de banalidades não têm nada, mas sim são parte integrante do que somos, parte do que temos e fazemos.

Daqui deste ponto onde estou, percebo uma vez mais que a vida nos está a abanar e frontalmente me pede para acordar e nascer de novo para uma nova forma de ver e viver a vida. Afinal sempre é verdade, SAUDADE é uma palavra única e tão portuguesa que abraça todo um léxico de sentimentos e modos de ser, e de onde espreitamos atrás da janela pelo momento de a transformarmos em VIDA.

Autor: JPF

THE END

Máquina de escrever - Foto: Free-Photos © Pixabay

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