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Publicado em Abril 27, 2020

Vamos falar de saudade? Textos da aula nº1 do Workshop Online de Escrita para Blogues

Workshop de Escrita

22 – VIBE DO MOMENTO ☆ SAUDADE ☆

Neste tempo sem tempo em que não sabemos o tempo que iremos manter-nos na quarenta que estamos nós a vibrar…

Saudade??

☆ O que nos desperta este sentimento?
☆ Porquê que o sentimos?
☆ O que nos faz vibrar hoje esse sentimento ?

Olhar para dentro e observar o que nos desperta, será medo, perda, frustação, tristeza, um sentimento descontrolado sustentado num talvez indeterminado que nos impede de viver, expressar, sentir experienciar o momento, arrastando-nos a um presente que vibra na memória do passado, que por esse misto de emoções se torna saudade e não uma verdade…

Será que isso reflete a nossa dificuldade de viver o momento atual, remetendo-nos num presente que vibra no passado impossibilitando um futuro melhor??

Hoje , esta pandemia traz a saudade de tudo que não fizemos e lamentamos, mas talvez seja essa a consciência que precisamos mudar, sair da saudade e construir e usufruir do momento atual, influenciando o Futuro , substituindo a saudade por Liberdade de novas e reais emoções.

Vale a pena pensar nisso.

Autor: CS

23 – OS DOIS LADOS DA SAUDADE

Confesso que há um lado meu que vive em saudade naturalmente! Saudades de histórias, de pessoas, de sensações, de lugares, cheiros… e até saudades de coisas que ainda não vivi mas que imagino e que sinto que se vão concretizar…. Enfim … Eu e a saudades andamos de mãos dadas.

Quando era criança, costumava imaginar lugares que ainda viria a conhecer, pessoas, cenários. Eu fazia grandes histórias à volta do que ainda viria à minha vida! Acho que agora, ao final destes anos, e nesta atual consciência, consigo perceber que por vezes a minha saudade futurista permite-me fugir um pouco da realidade atual. Há quem fuja do presente, lembrando o passado e momentos vividos, e eu, além de recordar os bons momentos passados ainda dou um salto ao futuro, o que me leva a pensar e enquanto escrevo este texto, se eu não fujo demasiado do momento presente.
Prefiro não pensar muito no assunto, acreditando que vivo o presente de forma plena e que esta saudade passada e futura me permitem continuar, sempre com a certeza que o melhor ainda está para vir! Traz-me esperança em novas histórias e novas sensações!

O presente e o passado é como embarcar num avião, para um determinado destino, em que a meio da viagem tu já não podes pedir para o avião voltar a trás. O segredo é viver esta viagem intensamente, saborear os bons momentos, para que mais à frente estes momentos se transformem em saudade e te inspirem a VIVER mais e mais.

Autor: SA

24 – E POR FALAR DE SAUDADES

Saudades da primeira viagem… de uma mochila amarela de armação que, logo no primeiro dia, em Paris, se desarmou. Dos duches da pousada da juventude de Paris, com tempo controlado e com a água a escaldar (e que obviamente não se podia regular). De dormir no comboio para poupar dinheiro. Da Luíza com que comecei e acabei a viagem, mas que perdi pelo meio. De ter 23 anos e sair da península pela primeira vez. De não saber se conseguia passar 25 dias a viajar sozinho e aguentar…

Saudades de ver 10 países num mês (ver, porque conhecer é outra coisa). Das sandes de camarão que me ofereceram em Oslo, porque Oslo é caro e as norueguesas tinham pena de um pobre português que viajava sem muito dinheiro. De poder ter escrito um guia sobre os McDonald’s da Europa no meu regresso. De ouvir falar francês com sotaque do Norte de Portugal na Suíça. De ouvir falar português em todos os 10 países, na verdade.

Saudades porquê? Foi há 32 anos, a primeira de muitas viagens em solitário… Mudou para sempre a minha forma de ver o mundo e abriu portas que um português no fim dos anos 80 não tinha tanta facilidade em abrir… Hoje conheço mais de 70 países, passei quase metade da vida a viver no estrangeiro, tenho centenas de histórias para contar e vivi milhares de dias maravilhosos, de Oslo à península Antártica e da ilha de Páscoa às Molucas. Saudades de quê? A vida faz-se de viver dia a dia e cada dia até ao último é uma fantástica descoberta…

Autor: Pedro Moita

25 – A JÚLIA, A MONGÓLIA E EU

Ontem estive na conversar com o Obelix, começamos pelo inultrapassável tema destes dias, que estava completamente fora do nosso imaginário, acabamos por beber uns copos da sua poção mágica e ficamos um pouco tocados. Talvez seja esse o caminho, eu pelo menos senti o meu sistema imunitário mais forte !

A estória das viagens e aventuras voltou a atormentar a minha pessoa quando o efeito da poção passou. Tenho saudades demasiado grandes em desbravar caminhos pelo ar, voar com o vento, estar mercê dos elementos naturais ultrapassa a imaginação, e uma das minhas grandes paixões é voar. Viajar até tenho medo, vou com a Júlia, faço a Europa, Mongólia (aquelas planícies, safa!) uma perninha na China pode ser uma grande viagem. Hoje, viajar é uma forma de estar, uma moda, e ainda bem. É ir e escolher o que mais gostamos de ver, amanhã uma maçã reineta, hoje um piano de cauda.

Estou a escrever porque gostava de encontrar a minha moda, o meu estilo de viajar e de contar as minhas estórias, já tenho algumas pistas e alguma logística, a Júlia (a minha autocaravana) e a minha asa (Ana Bela) vou fazer pequenas viagens como um treino, agora não, estamos nos dias do distanciamento, viagens só pelo meu interior.

Autor: Paulo O.

26 – À BUSCA DE SAUDADES

Saudade… que palavra tão simples, mas que carrega um peso tão grande… O peso da vida, das recordações, das emoções e sentimentos, do amor, da mudança.

Neste tempo, que nos deve obrigar a refletir, sinto saudade de me sentir livre. No início deste ano embarquei numa aventura sozinho à procura deste sentimento. Encontrei-o. Perdi-me numa das ilhas do Cambodja, quase sem ninguém. Era eu, a comunidade local, a natureza e os seus animais, o céu e o mar, e que mar era aquele… caminhava pela praia, pisava a areia fina, tão branca como a neve, admirava a água cristalina e ouvia o barulho das árvores inquietas com o soprar do vento. Fiz uma caminhada de 10 quilómetros a pé para chegar a este paraíso, a estrada era de terra, cor de barro, a única da ilha. Tratei a natureza por tu e senti um equilíbrio enorme. Estava sozinho e sentia-me livre, com o poder de ser quem eu quisesse.

Resta-me a saudade e que bem que ela me faz! Fortalece-me e ajuda-me a moldar quem eu quero ser, no fundo uma pessoa cheia de recordações e saudades.

Autor: Pedro Rocha

27 – SAUDADES EM TEMPO DE CORONA

Hoje acordei com saudades. Saudades dos meus, que ainda cá andam, como os que já partiram. Os que estão mais perto e os que se encontram mais longe. Certo é dizer que esta situação veio dar uma nova perspectiva da palavra saudade. Antes, dizíamos com muita facilidade, mas só hoje temos mesmo noção do peso da palavra. Os abraços, cheiros, gargalhadas, piadas secretas ou até os gestos. Agora só mesmo virtualmente, mas não tem o mesmo sabor…

Apenas quatro semanas separam as minis na esplanada pelo confinar de casa. Quatro semanas que se parecem mais como quatro meses, se estivermos constantemente a pensar no tempo. Parece uma prisão. É uma prisão estarmos em casa. A luz ao fundo do túnel vem em formato de video chamada, parece agora até que damos mais atenção aos nossos.

Impressiona o que dantes dávamos como garantido, ser-nos retirado de um dia para o outro. Pediam-nos para irmos para a rua, aproveitar a natureza e agora temos de fazer o contrário. O virtual, que tanto era bloqueador de relações, hoje é a ferramenta necessária…

Auto: KP

28 – A TAL SAUDADE

No fim de semana passado dizia à minha amiga Paula, “tenho saudades de sair”. Estive o dia todo entediada, a arrastar-me pela casa como um zombie a ver series “em barda”. Provavelmente a origem destas emoções deve-se à “tal” saudade, saudade de coisas simples que na correria do nosso dia a dia nos esquecemos de valorizar e que quase sempre damos como garantidas.

Parece que esse tal vírus “estrangeiro” nos veio mostrar que afinal não estão. Veio enaltecer a palavra saudade, saudade de um abraço, de um passeio livre de espírito, até uma patuscada com amigos.
Já não bastava o fado dar uma conotação tão densa à palavra, agora ainda veio o covid acalcar ainda mais a pobre expressão. Eu pessoalmente prefiro dar-lhe uma conotação mais positiva, mencionando-a com um sorriso, transportando-me pela memória até algo prazeroso que ficou lá atrás.

Em tempos de quarentena estamos a viver a saudade física como nunca, no entanto, os meios para a colmatar também são, hoje em dia, os mais amplos possíveis, dando a possibilidade de diminuir a saudade visual à distância de um clique, dando uma falsa sensação de saudade saciada. Assim que este período acabar, espero que os abraços que daremos aos nosso pais reflitam a dimensão desta saudade dilatada no tempo, para que tão cedo não precisemos de sentir SAUDADE.

Autor: CR

29 – MEMÓRIA DA SAUDADE E SAUDADE DA MEMÓRIA

A minha saudade é dor e felicidade, é o reflexo de memórias. Memórias da minha infância e a única pessoa de quem ainda sinto saudade, a minha avó.

Morreu há cerca de 22 anos, mas ainda consigo fechar os olhos e imaginá-la e até senti-la. As rugas, o sorriso sem dentes, a pele áspera do trabalho no campo. Sinto saudades de coisas que na altura nem gostava, e que agora parecem ser o melhor do mundo, como lavar a roupa à mão no tanque comunitário, ou encerar os móveis na véspera da Páscoa. Tantos cheiros que me deixam saudade.

São as memórias que me trazem saudade. Relembro o acordar cedo em dias de frio, ouvindo o crepitar da lareira e o cheiro do café. Era a primeira a acordar e juntava-me à minha avó no banco junto à lareira, enquanto ela mexia o café. Tinha sempre histórias para contar, mas também tínhamos momentos de silêncio, apenas com os sons da aldeia. Esses momentos de timidez e de necessidade da ausência de barulho, que ela bem compreendia, sem ser preciso falar. Sem me aperceber, ela era a minha pessoa, e será para sempre o meu anjo da guarda.

Eterna saudade.

Autor: Liliana Ferreira de Sousa

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