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Publicado em Maio 11, 2020

Falemos de comida… textos da aula 3 do Workshop Online de Escrita para Blogues

Workshop de Escrita

27 – O TEMPERO PERFEITO PARA A ALMA!

Caminho de Santiago, maratona de inúmeras aventuras onde o teu limite é testado à passagem de cada quilômetro, de cada subida, de cada pensamento, de cada gargalhada, da mão que se estende para te ajudar a dar uma passada… tudo é vivido com muita intensidade. A refeição! Um momento alto, onde podes finalmente descansar, comer como se não houvesse amanhã e sem o medo de engordar, gozar com a amiga que fica sempre para trás. Tudo te sabe divinamente bem!

Ao recordar estes momentos é impossível não lembrar um restaurante que apareceu do nada, onde comemos a melhor refeição dos nossos dias! Um prato enorme cheio de batatas, acabadas de fritar com dois ovos estrelados por cima! Não poderia haver comida que me soubesse melhor! Era uma mistura de gula, com fome, com um sabor indiscritível, cheio de emoções à mistura, em que a água na boca crescia a cada dentada! Percebo agora, que escrever sobre comida se pode tornar um pouco pornográfico!
Continuando a caminhada pelas lembranças de “gostos & sabores”, dou um salto à minha infância! Melhor restaurante: Casa da Mãe! Palco das melhores a piores lembranças gastronómicas sem que tivéssemos a temeridade de contrariar e a possibilidade de pedir outra opção do cardápio! Famosa sopa de miolos de vaca, da autoria do meu pai. Sem dúvida, das piores experiências! Lembro-me da cor da sopa, que só de olhar para o prato me entediava.

Sem dúvida que a comida nos remete a grandes histórias que já vivemos! grandes acontecimentos da minha vida envolveram almoços, jantares, lanches, piqueniques, gelados, pizzas, bolos de chocolate, scones acabados de sair do forno….! . Mais que o meu corpo, a minha alma era nutrida! Esta conjunção perfeita de corpo e alma é que fazem sabores e cheiros ficarem para sempre gravados na nossa memória e nos nossos corações!

Autor: Sandra Antunes

28 – O PALADAR É PARA CUIDAR

A gastronomia é um dos grandes prazeres da vida e o nosso paladar é que define o que gostamos ou não. De pequenino se torce o pepino, e há coisas que eu não consigo comer desde menino: couve-flor, coração, fígado e pepino. Todos estes ficam de lado na beira do prato.

Ao longo da vida o paladar vai-se apurando, em bebés é apenas o leite, até começarmos a treinar o paladar para as papas, que ainda hoje, após uma consulta ao dentista têm bastante utilidade.
Na adolescência prezamos a gastronomia Americana e Italiana, assim que nos aproximávamos dos centros comerciais, o aroma a fast food que sai das chaminés naquelas praças alimentares abarrotar de gulosos, apela a vontade de haurir os pacotes daquela comida plastificada.

Quando amadurecemos o paladar apura-se porque o fomos educando ao longo da vida, para assim podermos disfrutar de pratos exorbitantes e até conjugá-los com um bom vinho. Um cozido à portuguesa ou um arroz de cabidela, para além da história da matança do suíno ou da ave, que afugenta os mais sensíveis e provoca o desiderato de outros são algumas das maravilhas da nossa cozinha.

Ainda mais apurado fica o paladar se disfrutarmos dessas refeições nos locais mais típicos.
Para mim a Taberna do Jardim no Penso, pequena vila pertencente a Melgaço, foi onde desfrutei dos melhores pratos tradicionais da nossa cozinha, as travessas de aço são postas na mesa a deitar por fora, não vá o Cliente queixar-se de que fica com fome, acompanhado sempre do branco ou do tinto. Para o tipo de prato o que vai melhor sem dúvida é o tinto, esta arte do Minho é servida nas málagas de porcelana que já vêm meias escurecidas dos taninos do vinho dos clientes anteriores. Escusado será dizer que ao primeiro golo os nossos dentes mudam de cor de brancos para tintos. O recomendável é não repetir estas experiências muitas vezes, porque se tivermos falta de cuidado transformamos todo o nosso lindo corpo num ónus ambulante.

Autor: Diogo MF

29 – COMER COMO UM PORTUGÊS

Será um luxo nos dias de hoje, em que a fome ainda é uma realidade no mundo, comer como um português? Relembro o nosso bacalhau que tem mais receitas que dias num ano, os enchidos tão tradicionais de regiões do interior que figuram em qualquer cozido português, a francesinha com o seu apurado e inigualável molho, o caldo verde (meu deus!), os queijos tão intensos e cremosos das nossas verdejantes serras: todos estes são exemplos de que comer bem, é algo que nós portugueses fazemos com naturalidade. Mas será um luxo?

Nós somos especialistas na arte de servir bem, com qualidade e em abundância, e creio que merecemos e devemos agir com empáfia perante todos os louvores do exterior. Eu ainda aprecio aquele aroma a sardinha assada, apesar de a ter enjoado, por a comer em exagero. E as sobremesas? Os pastéis de nata que acompanham tão bem um fim de tarde numa esplanada frente ao mar, as queijadas, o pão de ló, e aqueles ovos moles tradicionais de Aveiro, que podem rechear as tripas dessa região, e que me fazem delirar.
Eu amo comer, e comer bem. Mas sei que aquilo que para nós é tão natural e um prazer, para muitos no mundo é uma miragem. Ainda há crianças com fome, esqueléticas e a morrer por isso nos países mais pobres. Algumas nem um simples copo de água potável têm à sua disposição, e um pedaço de pão para acompanhar. Isso é justo?

Eu lembro-me com carinho da mesa farta que os meus pais sempre me proporcionaram. E de comer como se não houvesse amanhã a minha desde sempre favorita carne de borrego com batatas, cenouras e ervilhas cozidas. Tão bem que a minha avó a fazia, e que a minha mãe aprendeu a fazer. Na minha família de emigrantes foi sempre um daqueles pratos a cozinhar para reunir a família, um prato de união. Que sorte sempre tivemos por nunca nos faltar nada, que sorte não sermos aqueles povos ou habitantes da rua que ainda sofrem por não usufruir deste, que para nós, não é um luxo. Mas será?

Autor: Pedro Domingues

30 – DICAS GASTRONÓMICAS DE UMA NÓMADA VIAJANTE

“Eu acho que a comida, a cultura, as pessoas e as paisagens são absolutamente inseparáveis umas das outras”, já o nosso querido Anthony Bourdain dizia com respeito às suas inúmeras viagens. E, é isso mesmo queridos leitores. Que seriam das minhas viagens se me ficasse pela fotografia no Machu Picchu ou por sambar no Carnaval no Rio de Janeiro? Aproximar-me das cozinhas locais é a minha outra forma de abraçar a cultura do lugar. Só me entrego em plenitude a novos destinos quando me deixo levar pelos seus sabores, cheiros e aromas. Só assim consigo haurir a verdadeira essência das outras culturas. Aqui vos deixo alguns conselhos sobre as duas regiões que mais me marcaram durante os meus devaneios gastronómicos.

Itália
País de massas e pizzas extraordinárias, sugiro que experimentem o mais que consigam. Procurem aquela taberna pequenina, fora do roteiro das grandes cidades, com massas frescas preparadas na hora. Aventurem-se por caminhos atípicos como por massas de cânhamo ou limoncellos gelados embebidos em leite condensado. Deixem-se ser guiados pelas recomendações do dia, testem e apurem os vossos sentidos. Sintam os cheiros, saboreiem os ingredientes únicos daquela terra, desfrutem dos seus apaladados mas suaves condimentos.
São inúmeras as regiões de Itália, e inúmeras são as suas iguarias. Provem aquilo que é local a cada região.

México
O país vibra e a comida também. No México tudo é um festival de movimentos e sensações que se abraçam alegremente como num baile dos Mariachi. Os ingredientes base não nos são estranhos: de carnes de bovino suculentas, aos ovos fritos repousados em azeite, tomate e salsa, ao tão conhecido guacamole preparado com deliciosos abacates, às tortilhas feitas de milho que crepitam em fornos de lenha.
Deixem-se enaltecer pelos picantes sabores da terra tão apreciados pelos locais. E se picar de mais, deixem o vosso organismo ensaiar sobre tequilhas regionais.
Entreguem-se de peito e alma às gastronomias locais, não se vão arrepender.

Autor: CDM

31 – BOEUF BOURGUIGNON

“Bife quê?” Disse eu, no alto do meu puro algarvio raçado de alentejano… Quem me conhece sabe que tenho o sotaque bem carregado. “Boeuf Bourguignon”, respondeu de novo a minha prima, orgulhosa dos seus cozinhados… Pensei para mim, “estrangeirismos”, mas decidi experimentar.

Era a segunda vez que visitava os meus primos de Paris de França e decidi levar o meu mais que tudo para também ele conhecer tanto a família como a capital de la belle France. Depois de comermos macarrons, foie gras, croissants, queijos – sei lá mais o quê – tínhamos DECIDIDO que já não havia mais nada que precisássemos de provar. Estava feito, o nosso objectivo estava tratado. Até ao dia que fomos visitar a outra prima…
O cheiro sentia-se na rua – não é exagero – que nos transportava para um calor familiar, para uma refeição em que se sentam gerações de famílias à mesa, uma sensação de aconchego. Pergunto o que era – la veio a palavra estranha – mas os olhinhos do primo até brilharam quando contou que já estava há um dia a ser cozinhado, tal era o orgulho na sua façanha.
Chegou a altura de por talheres a boca: não tive palavras. Ainda hoje não tenho. Não consigo descrever o quão bom aquele prato era. Simples, saboroso e tínhamos a tal sensação de aconchego. O meu homem? Nem respirava. Parecia que não comia há séculos. Hauria o prato de uma maneira que até lá era desconhecida para mim. Raios! Atrevo-me a dizer que até era desconhecido para ele! Como é que um prato daqueles nos transmitia aquela sensação?

Seguro será dizer que saímos de lá com uma paz de espirito muito similar a meditação. Tínhamos sido conquistados pelo estômago. E ainda hoje, 5 anos depois, podemos os dois dizer com toda a certeza do mundo, que foi o melhor prato de comida que já nós passou pelos queixos…

Autor: KP

THE END

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