Desde sempre conheço as fitas do Senhor do Bonfim, mas foi só agora, quando visitei Salvador, na Bahia (Brasil) que percebi de onde vem esta tradição e todas as suas curiosidades. Além de ser um souvenir, a fita é um símbolo de fé; cada cor representa algo diferente; e o tamanho está relacionado com uma estátua que foi levada de Portugal para o Brasil. Sabiam disso?
Igreja Basílica do Senhor do Bonfim – Salvador – Brasil © Viaje Comigo
Fitas Senhor do Bonfim – Foto: Gadini © Pixabay
Reza a história que a fita original terá sido criada em 1809, desapareceu durante alguma décadas e voltou a surgir mais tarde. A chamada “medida do Bonfim” significa que a fita deverá medir uns exatos 47cm de comprimento. Porquê? Porque é a medida do braço direito da estátua de Jesus Cristo, Senhor do Bonfim, – desde o coração à mão, disseram-me – que está no altar da Igreja.
Igreja Basílica do Senhor do Bonfim – Salvador – Brasil © Viaje Comigo
Igreja Basílica do Senhor do Bonfim – Salvador – Brasil © Viaje Comigo
Diz-se que os primeiros registos das fitas, e quem as terá criado, terá sido o tesoureiro da Devoção de Nosso Senhor do Bonfim, para conseguir dinheiro para a igreja.
Igreja Basílica do Senhor do Bonfim – Salvador – Brasil © Viaje Comigo
A maior curiosidade é que a estátua foi feita em Setúbal, em Portugal, no século XVIII. No início, a fita era feita em seda, com o nome do santo bordado à mão, e era usada como colar, no pescoço, pendurando também medalhas de santinhos – e servia como pagamento de promessas.
Com o passar do tempo, do pescoço a fita passou para o pulso (ou tornozelo) e, hoje em dia, é algo que qualquer pessoa que visite o Bonfim traz. Pelo menos uma é certo, mas a maior parte leva de recordação e para oferecer a amigos e familiares.
Igreja Basílica do Senhor do Bonfim – Salvador – Brasil © Viaje Comigo
Igreja Basílica do Senhor do Bonfim – Salvador – Brasil © Viaje Comigo
Em redor da Igreja do Senhor do Bonfim, em Salvador, estão dezenas de vendedores e também existem inúmeras lojas a venderem os molhos de pulseiras. Cada molho tem as variadas cores atribuídas a um pedido e a um Orixá também.
Cores para cada Orixá
– Verde (escuro ou claro): Oxóssi
– Azul claro: Iemanjá
– Amarelo: Oxum
– Azul escuro: Ogum
– Colorido ou rosa: Ibeji (erê) e Oxumarê
– Branco: Oxalá
– Roxo: Nanã
– Preta com letras vermelhas: Exu e Pombajira
– Preta com letras brancas: Omolu
– Vermelha: Iansã
– Vermelha com letras brancas: Xangô
– Verde com letras brancas: Oçânhim
Fitas Senhor do Bonfim Caio Tavares © Pixabay
COMO USAR AS FITAS SENHOR DO BONFIM
– Dar duas voltas
– Fazer três nós
– Fazer um pedido por cada nó
– A fita deve desgastar-se e ao romper serão atendidos os pedidos…
– Pode comprar, mas se a fita foi oferecida ainda melhor! Dizem que assim os pedidos terão maior impacto. Fé! É tudo fé!
Igreja Basílica do Senhor do Bonfim – Salvador – Brasil © Viaje Comigo
Fitas Senhor do Bonfim – Foto: ferreiracleber © Pixabay
SIGNIFICADO DAS CORES DAS FITAS DO BONFIM
BRANCO – Significa paz, sabedoria, pureza e calma.
VERMELHO – Significa paixão, amor, desejo e energia.
VERDE – Significa vigor, juventude, natureza, frescor e esperança.
VERDE ESCURO – Está associado ao masculino, com virilidade e grandeza.
AMARELO – Significa riqueza, sabedoria, prosperidade, energia.
LARANJA – Significa sorte para as conquistas, quer pessoais quer profissionais. Significa movimento e espontaneidade.
AZUL – Significa segurança, tranquilidade, harmonia e saúde.
ROSA – Significa amor, beleza, saúde, sensualidade e também romantismo.
ROSA CLARO – Está associada ao feminino: carinho, ternura, suavidade, delicadeza e compaixão.
Igreja Basílica do Senhor do Bonfim – Salvador – Brasil © Viaje Comigo
Igreja Basílica do Senhor do Bonfim – Salvador – Brasil © Viaje Comigo
IGREJA NOSSO SENHOR DO BONFIM
É uma das igrejas mais conhecidas – se não a mais conhecida – da Bahia e a sua construção começou entre 1745 e 1746 e ficou inteiramente finalizada em 1772. É um monumento protegido desde 1985 e é um dos maiores centros de fé para os baianos.
Lá se encontram imagens que vieram expressamente de Portugal para a Bahia como o Senhor do Bonfim e a de Nossa Senhora da Guia – foram trazidas pelo capitão da marinha Portuguesa Theodozio Rodrigues de Faro, em 1745. Este teria feito uma promessa que, se sobrevivesse à travessia do Atlântico, traria a imagem para o Brasil (uma réplica do santo que teria na sua terra-natal, Setúbal).
Uma das maiores festas desta igreja é a Lavagem do Bonfim. Que já acontece há mais de dois séculos e sempre na segunda quinta-feira de janeiro. A fita é colocada na vedação em redor da igreja, por isso, poderá lá ver muitos milhares de fitas, de todas as cores.
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Igreja Basílica do Senhor do Bonfim – Salvador – Brasil © Viaje Comigo
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Igreja Basílica do Senhor do Bonfim – Salvador – Brasil © Viaje Comigo
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