Sabem aquela mania de dizermos que conhecemos a nossa idade como a palma da nossa mão? Foi desde que comecei a escrever mais sobre a minha própria cidade, o Porto, que percebi que havia ainda muito por conhecer! Nesta cidade, onde tantos episódios marcantes da História de Portugal aconteceram, existem ainda muitos locais e curiosidades que os próprios portuenses desconhecem. Não poderei dizer que são segredos que estão guardados a sete chaves, mas posso afirmar que muitos habitantes locais desconhecem algumas destas curiosidades. Vamos descobrir alguns dos “segredos” da cidade do Porto? Quais destas curiosidades também não conheciam?
O Porto é uma das cidades com mais História, que conheço. Ah, esperem, não posso dizer isto, sou totalmente parcial… porque nunca vou aceitar que existe cidade mais bonita, histórica, interessante, etc. que a minha! O Porto tem amor dentro dela, tem paixão e garra. Algo que tem vindo a mostrar durante séculos de existência e que não tem nada a ver com futebol. Portanto, caros leitores e leitoras, coloquem sempre o que vos digo em perspetiva: sou uma apaixonada pela minha cidade! E qual a cidade que eu conheço melhor? A minha. A Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto.
Sabem porque se chama Invicta (que quer dizer Invencível)? E porque somos apelidados de tripeiros? E porque há umas ruínas, numa estação de metro, que se chamam de “Mijavelhas”? Ok, ok, provavelmente essas curiosidades já saberão, mas será que conhecem assim tão bem o Porto?
Para começar, sabe qual é o santo padroeiro da cidade? A maior parte, poderá dizer que é São João, uma vez que a maior festa da cidade é a ele dedicada, mas a padroeira da cidade é… a Nossa Senhora da Vandoma!
– ONDE DORMIR NA CIDADE DO PORTO –
Uma lista de hotéis e alojamentos em vários locais da cidade do Porto. Todos experimentados e, por isso, sugeridos aqui no Viaje Comigo. Boas viagens!
Sabiam que o Parque da Cidade do Porto – que tem mais de 80 hectares – é o maior parque urbano do país e o único na Europa com frente marítima? Agora que têm aqui algo como desbloqueador de conversa… vamos passear!
Quantos portuenses ainda não terão subido à Torre dos Clérigos? E quantos nunca fizeram o passeio de barco rabelo? São várias as empresas que transportam passageiros, rio acima e rio abaixo. E mesmo que embarque num dos passeios mais curtos, levado na correnteza do Douro, vai poder apreciar uma beleza inigualável… navegando até à foz do rio, atravessando por debaixo das seis pontes, é sempre um passeio bonito! Aproveite para sair do lado de Gaia, ou atravessar a ponte a pé, e ir até uma das caves de Vinho do Porto.
– Roteiro de dois dias na cidade do Porto –
Se pretender ficar pela Ribeira (classificada como Património Cultural da Humanidade pela UNESCO, desde 1996) aponto-lhe um local que passará despercebido à maior parte dos visitantes: as Alminhas. Um baixo relevo, em bronze, de 1897, que serve de homenagem aos que aqui faleceram, com a queda da Ponte das Barcas (1908) – caiu com o peso das pessoas que fugiam das tropas francesas. Uma curiosidade, do tempo em que a realidade era retratada sem haver redes sociais ou fotografia: existe um quadro na Igreja das Taipas que é a reprodução do que terá acontecido nesse fatídico dia de 29 de março de 1809. O infeliz episódio levou a que uma nova ponte fosse construída no lugar daquela e ao lado surgiu a de Luiz I. (imagem mais abaixo)
E recordarmos os Elétricos da cidade? Sabia que foi na cidade do Porto que circulou o primeiro carro elétrico da Península Ibérica, em 1895? Inaugurou com a abertura da Linha da Restauração, entre o Carmo e a Trindade, que era a coqueluche, na altura. Hoje, pode ver esses veículos centenários expostos no Museu do Carro Elétrico – além dos que fazem os passeios (muito turísticos) entre a Batalha e o Passeio Alegre.
E por falar em primeiro… sabia que o primeiro filme português foi realizado na rua de Santa Catarina, no Porto, em 1896, por Aurélio Paz dos Reis: “Saída do pessoal operário da Fábrica Confiança” (história, aqui)
E, agora, falando da rua de Santa Catarina, lembro-me de ser criança e ir às Galerias Palladium – que seria o que mais se parecia com um centro comercial na altura, por volta dos anos 80. É precisamente aí – atualmente com outras lojas, onde a rua cruza com Passos Manuel – que está o relógio mais emblemático da cidade. De três em três horas, quem passa fica a olhar para as figuras que saem de uma janelinha e se apresentam como personalidades representativas da cidade: Almeida Garrett, São João, Infante D. Henrique e Camilo Castelo Branco. O relógio é de 1914 e continua a funcionar: as figurinhas saem, ao som de uma música, e voltam a entrar.
E se quiser descobrir jardins secretos… a cidade tem inúmeros e todos são pródigos em histórias. Mas existe um, que por estar numa zona mais residencial, talvez não seja tão conhecido. Os Jardins da Casa da Prelada (mandada construir em 1754) tem jardins com labirintos, projetados por Nicolau Nasoni. Não são muito grandes, mas vale a pena uma visita, assim como o interior da histórica casa (só abertos de segunda a sexta-feira, infelizmente). Além disso, depois podem dizer aos vossos amigos: “aposto que não conheces este jardim!”. É muito provável que sejam poucos os que conhecem, de facto!
Ainda dentro da categoria “Jardins”, há uma casa de banho que tem de conhecer e está no meio do Jardim do Passeio Alegre. “De destacar ainda os sanitários públicos – o edifício amarelo – construídos no ano de 1910. São decorados com azulejos Arte Nova, e mantêm ainda parte das originais loiças inglesas”. Se vale a pena visitar uma casa de banho, é esta!” Leia mais.
Se tem miúdos em casa – bem, na verdade, esta dica também é para graúdos – o World of Discoveries é uma visita que é uma autêntica aula de História. E falando em História, sabia que o coração de D. Pedro está na Igreja da Lapa? Ou que é possível visitar a casa onde nasceu o Infante D. Henrique? Esta última, está situada na Ribeira do Porto e lá pode também aprender muito sobre a história da cidade.
Quantas vezes já visitou a Catedral do Porto mas nunca reparou, lá ao lado, numa fonte/bebedouro que é da autoria de Nicolau Nasoni? Pode saber aqui mais sobre a sua obra.
A casa mais antiga do Porto tem mais de 700 anos (conhecer aqui) e fica no Beco dos Redemoinhos; e a mais estreita fica literalmente entre duas igrejas: a Igreja dos Carmelitas Descalços e a Igreja do Carmo. Chamam-lhe a Casa Escondida porque realmente está bem “disfarçada” entre as duas igrejas, sendo estreita é feita em altura e tem três pisos.
E quantas vezes não conhecemos o verdadeiro nome dos locais. O Jardim do Carregal é um deles – ler acima – mas não é caso único. Passamos uma vida inteira a chamar Rotunda da Boavista, mas sabia que a mesma se chama Praça Mouzinho Albuquerque? E que o Castelo do Queijo é o Forte de Sao Fransciso Xavier?
– Sabia que o centro de fotografia está numa antiga cadeia, onde Camilo Castelo Branco esteve preso?
O Centro Português de Fotografia está no edifício da antiga Cadeia da Relação. Nesta cadeia estiveram presos nomes conhecidos como o Zé do Telhado, Ana Plácido e Camilo Castelo Branco. O escritor esteve ali detido e indiciado por crime de adultério.
– Sabia que o Museu Romântico acolheu um rei em exílio?
Esta casa, junto do Palácio de Cristal, “reconstitui uma habitação burguesa do século XIX, cujos interiores remetem ao movimento artístico e literário do romantismo. Aqui esteve instalado o exilado Carlos Alberto, rei do Piemonte e da Sardenha, até à data do seu falecimento, em 1849. E muito do seu dia-a-dia é retratado ainda com objetos, quadros e mobiliário expostos”. Leia mais, aqui.
– Umas ruínas chamadas de “Mijavelhas”?
As ruínas estão no interior da estação de metro do Campo 24 de Agosto e são o que resta de um antigo reservatório de água, construído no século XVI. O nome vem já do antigo local: chamava-se Campo de Mijavelhas – e era aqui que os aguadeiros da cidade se abasteciam. Sabe mais aqui.