Museu do Carro Eléctrico do Porto

No Porto, o Museu do Carro Eléctrico, fundado em 1992, alberga uma coleção de Carros Elétricos que faz parte da história da cidade. Já viajaram num carro elétrico? Eu lembro-me, da minha infância, andar de elétrico e de troleicarro, e esta visita foi como um regresso ao passado.

No museu pode entrar dentro dos elétricos, ver a diferença entre os modelos, ouvir histórias que fazem parte do Porto e, ainda, ver fotografias de antigamente, que mostram como o elétrico mudou a vida de muita gente. São 23 os veículos expostos. Da última vez que fui passear de elétrico filmei e fiz um vídeo com a experiência e visita ao museu. Vejam aqui:

Se, no século XVIII, o cavalo e o burro ainda eram a força que puxava os transportes, e a cidade do Porto era ainda muito dependente do rio para o negócio, só em finais do século XIX se começou a desenvolver a rede de transportes públicos. Aliás, é fácil de perceber por onde se instalaram as maiores áreas habitacionais ou seja, à volta dos locais por onde passavam os carros elétricos e, depois, os autocarros.

O carro Americano, puxado por mulas, é datado de 1870 e já era um veículo que necessitava de um caminho de ferro. Um dos exemplares está neste museu para mostrar a carruagem que fez o percurso inaugural: entre a Rua Nova da Alfândega e o Passeio Alegre, prolongando-se depois até à Foz e Matosinhos.

A evolução foi tão rápida que, em 1873, foi criada a Companhia Carris de Ferro do Porto, sendo que a tração elétrica surgiu em 1895. E há muitas histórias pelo meio que são contadas durante a visita ao museu, que vai mostrando a evolução dos veículos.

A partir da inauguração da primeira linha de elétricos, as linhas expandiram-se por toda a cidade, e concelhos vizinhos, sendo o transporte urbano mais importante desde os finais da primeira década do século XX até ao finais dos anos 50 do mesmo século.

Também muita gente ainda se recordará dos troleicarros, que começaram a circular no Porto em 1959. Mas, com o aumento do uso dos transportes era exigida cada vez mais energia e a central de Massarelos já estava na sua potência máxima. Os autocarros acabaram por ganhar terreno e substituíram os elétricos. Hoje em dia penso que deveriam voltar, principalmente por questões ecológicas, o que acham?

Aliás, o Museu do Carro Eléctrico (sim, manteve o “c” em Eléctrico) está instalado na antiga Central Termo-Elétrica de Massarelos e, num piso superior (atualmente usado para eventos), é ainda possível observar as máquinas antigas, de um projeto que foi inaugurado em 1915. Hoje em dia, ainda funciona uma subestação que alimenta as três linhas de elétrico que existem ainda do Porto Tram City Tour.

COLEÇÃO DO MUSEU DO CARRO ELÉCTRICO

São 23 os veículos expostos no Museu do Carro Eléctrico e todos eles são diferentes. O nº22, por exemplo, é o mais antigo da coleção. E o nº 163 é o chamado “carro de risca ao meio” que tem assentos laterais, com uns singulares que eram destinados às senhoras, já que eram ladeados com metal, para que as senhoras não tocassem nas pernas dos cavalheiros.

E entre as histórias que vamos ouvindo há também histórias dos bizarros acidentes que os elétricos provocaram. Um eles é recordado com o nº 163, cujo elétrico saiu dos carris e caiu no rio Douro, provocando 14 vítimas mortais. E este (que está exposto) é mesmo o veículo onde isso aconteceu. Fo retirado da água por gruas e agora pertence a este museu.

O elétrico número 100, por exemplo, é uma réplica de um dos dois carros totalmente abertos. E o nº 288, que ia até à Foz, era considerado um dos elétricos mais elegantes, uma vez que tinha os bancos de palhinha e candeeiros “tulipa”, muito bonitos, no teto.

O nº 315 é apelidado de Fumista. Conseguem perceber porquê? Porque tinha um apoio de braço, junto da janela, onde se podia fumar. O nº 500 foi o último carro a ser construído nos STCP e tinha portas automáticas. Uma revolução de modernidade, na altura!

A vagoneta nº 80 é também interessante uma vez que servia para colocar as canastras com o peixe para o transporte do mesmo, desde a lota de Matosinhos até ao centro da cidade. E não vou desvendar muito mais da visita ao museu, para terem mais surpresas quando lá forem.

Só mais uma curiosidade: em ruas muito inclinadas, o guarda-freio (condutor) tinha dificuldades em parar ou abrandar, sendo que o elétrico derrapava. Para isso não acontecer, tinha que descarregar areia nos carris. Essa areia ainda está debaixo dos bancos laterais dos elétricos, que estão mais perto do guarda-freio.

Atualmente, os elétricos são mais um transporte de turismo na cidade, com o Porto Tram City Tour. Tem três linhas diferentes: a 1 com a Linha da Marginal; a 18, com Linha da Restauração (entre Massarelos e o Carmo); e a 22, Linha da Baixa. Saiba mais sobre estes passeios de elétrico aqui.

O Museu tem também uma loja cheia de peças interessantes, além de postais, coleções de bilhetes antigos, puzzles muito giros, que mostram a cidade e os elétricos, lembranças em forma de brinquedos, etc. Há mesmo muito por onde escolher.

O Museu tem também um Serviço Educativo com visitas e atividades ajustadas para as diferentes idades.

E sabia que pode alugar um elétrico para um evento ou para um passeio de grupo? Saiba mais aqui.

INFORMAÇÕES

Museu do Carro Eléctrico
Morada: Alameda Basílio Teles, 51, 4150 – 127, Porto
Telefone: +351 226 158 185
Horário: segunda-feira, 14h00 às 18h00; terça-feira a domingo, 10h00 às 18h00.
Última admissão 30 minutos antes da hora de fecho do Museu.
Encerrado: 24 de dezembro da parte da tarde, 25 de dezembro e 1 de
janeiro todo o dia.
Preços: entre 4 e 8 euros
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