Foto: www_slon_pics © Pixabay Foto: www_slon_pics © Pixabay
Publicado em Abril 14, 2020

O meu diário de quarentena… ou como a escrita pode ser libertadora

Covid-19/ Workshop de Escrita

Pode a escrita ajudar-nos a ultrapassar tempos mais complicados? Acho que sim! E, por isso mesmo, comecei a escrever um diário da minha quarentena para deitar (quase) tudo cá para fora. Em 2020, a palavra “quarentena” passou a ter um outro significado para todos nós (confinamento e distanciamento social também). Primeiro, quarentena significava 14 dias, depois passou a um mês, depois um mês e meio and so on… Um significado que nunca mais, nenhum de nós no mundo inteiro, se esquecerá tão cedo. Ainda aguardando o dia em que todo este processo/ pesadelo/ teste/ provação (escolham o que mais acharem adequado) vai acabar/passar, esperamos ansiosamente para caminharmos para a nova fase em que vamos ter novamente a liberdade de andar na rua!

Think Positive - Foto: ShonEjai©Pixabay

Think Positive – Foto: ShonEjai©Pixabay

Entretanto, há que manter uma certa lucidez – nem que seja simplesmente para não pensarem que estamos a ensandecer, Ahahahahaha – que, muitas vezes, só se consegue escrevendo e soltando os mais cómicos e negros pensamentos. Está tudo bem em sentirmos que perdemos o controlo de tudo até porque, de facto, perdemos! E está certo não sabermos o que vamos fazer daqui para a frente. Tentemos manter a calma e esperar por dias melhores e vermos de forma mais clara quais as alternativas que temos pela frente.

Smile - Foto: athree23©Pixabay

Smile! – Foto: athree23©Pixabay

Vejo muitas vezes a escrita como uma saída de nós mesmos, para análise do que pensamos e sentimos e, por isso, escrever pode mesmo tornar-se uma catarse fundamental para muita gente. Daí ter criado um workshop online de escrita para blogues, que servirá sobretudo para que muitos consigam escrever o que sentem.

Entretanto, decidi criar o meu próprio diário de quarentena que, um dia, servirá para me lembrar quão loucos foram estes tempos. Se tiverem paciência para ler o que me vai pela cabeça – e pronto, também dou uma ou duas dicas giras e úteis pelo meio – deixem-me avisar-vos que a lista, de dias em quarentena, começa pelo último dia. Ou seja, para verem a evolução de uma quarentena, têm de ir ao final do texto e fazer scroll up.

Também vou acrescentando links de coisas que leio, podcasts e vídeos. Alguns de espiritualidade, outros de desenvolvimento pessoal, outros de trabalho, outros de feminismo, sexualidade… e outros só parvos – que também são muito necessários para nos rirmos um bocado.

A VIDA TAL COMO ELA É

Deixem-me só dizer-vos que esta é a quarta vez que fico abruptamente sem emprego. A primeira vez, que aconteceu, eu tinha acabado de comprar casa! Tau! Aprender a viver com um subsídio de desemprego, foi das melhores lições para aprender a fazer-me à vida.

Na segunda vez despediram-me numa reunião informal, do género “por falar nisso, já não precisamos dos teus serviços”; a terceira vez terá sido por e-mail, quando eu me tinha despedido de um emprego para ficar com aquele a tempo inteiro; belo pontapé no rabo, não foi? E se vos dissesse que passado um mês estava a fazer este site?

Às vezes, o que precisámos é mesmo de um belo pontapé no rabo para irmos fazer o que realmente gostamos. Às vezes, andamos um passo para trás (às vezes, parecem 10 km para trás) para depois conseguirmos andar para a frente.

E agora este, em que, estando eu ligada a trabalhos em viagens, fico sem poder viajar. Quarta vez sem emprego. De todas as vezes que isso me aconteceu tive de me reinventar. E sei que há muita dor e frustração neste processo. E um sentimento de injustiça muito grande. Porquê eu? Eu até era um ótimo funcionário! Não tenham medo de sentir isso. É tudo normal. E é normal sentirmo-nos uma merda e na merda! Mas, saibam que o primeiro passo é não ter medo de trabalhar em diferentes áreas; depois, ter vontade de aprender mais; e saber que nós próprios temos capacidades escondidas que são-nos reveladas em situações de aperto. Tanta gente criou o seu próprio emprego a partir de situações assim. Pode não ser hoje, pode não ser no próximo mês, mas hão-de vir novas oportunidades.

Lembrem-se de quantas vezes disseram mal do vosso patrão, sem nunca pensarem que eram vocês quem estava mal. Vocês é que não gostavam do que faziam; ou o vosso trabalho não era reconhecido; ou recebiam pouco… Entretanto, deixamo-nos estar, porque a mudança dói. Custa bastante. Por isso, deixamo-nos ficar, porque é mais confortável. E vem aquele sentimento de que “já custa sair da cama para ir trabalhar”. Vejam o “pontapé no rabo” como uma oportunidade (agora, pareço o Passos Coelho a falar, mas é um facto…), para procurarem algo que vos complete mais. Uma vez uma colega blogger disse-me: “Estava farta de trabalhar para que meu o patrão concretizasse os seus sonhos. Agora, trabalho para concretizar os meus”.

Não vos quero iludir e não me iludo também. Estes vão ser tempos difíceis para todas as economias (menos para a China, pelo visto), seja a pessoal ou empresarial. Mas, estamos no mesmo barco e há que olhar de forma pragmática para o futuro!

Resta-me dizer-vos que esta é a quarta vez que estou sem emprego, mas também tenho de vos dizer que, entretanto, já me despedi três vezes. É isso! Quando começamos a saber o que queremos, o caminho vai-se abrindo. Boa sorte para todos!

Sonha grande e faz acontecer! Foto: geralt ©Pixabay

Sonha grande e faz acontecer! Foto: geralt ©Pixabay

Também aproveitei esta época de quarentena para saber mais e desenvolver potencialidades e descobrir mais sobre a minha pessoa e decidi fazer o meu mapa astral com a Iris. Aconselho-vos!

E quando se sentirem em baixo… vejam este vídeo. Prometo que vos vai dar uma nova perspetiva:

DIÁRIO DE UMA QUARENTENA

(bom, nada de piadas com o facto de eu ter 44 anos e poder ser o Diário de uma Quarentona, ok?)

Nota: também serve este diário de agenda, uma vez que vou colocando aqui vídeos e atividades que quero assistir (há tanto para ver e ouvir online, que perco-me!)

– 40 dias em Quarentena, dia 28 de abril de 2020

Cheguei ao fim da verdadeira quarentena… A partir de segunda-feira, vamos tentar reabilitar a economia nacional, reabilitar a economia familiar, reabilitarmo-nos psicologicamente e, sobretudo, espero que possamos apoiar os mais desfavorecidos que ficaram ainda mais fragilizados com tudo isto.

Com todos os cuidados que o vírus ainda nos exige, vamos aos poucos tentando ajudar o comércio mais tradicional e todos aqueles negócios que estiveram fechados neste último mês e que precisam de facturar, contratar de novo mais funcionários e devolver muitos dos empregos entretanto perdidos.

Continuo a fazer voluntariado na Hope Porto a ajudar a separar roupa que foi doada (muita!), a entregar cabazes a famílias carenciadas e a distribuir comida e roupa aos sem-abrigo. Há cada vez mais gente em situações muito difíceis.

Sei que aprendemos muita coisa com tudo isto, ainda vamos aprender mais… mas também vamos esquecer muitas das lições em breve… que mantenhamos em mente que somos sempre mais fortes quando nos apoiamos uns aos outros. Muita força para todos!

– 39 dias em Quarentena, dia 27 de abril de 2020

Estou a um dia de fazer, de facto, a verdadeira quarentena… 40 dias!! Pronto, não foi seguida, confesso-vos. Primeiro fiquei 15 dias non stop em casa – amigos e família traziam-me a comida, porque eu tinha vindo de fora; depois, decidi ir até aos 21 dias em casa, antes de ter contacto (mesmo que a três metros de alguém) com quem quer que fosse – dizia-se que o vírus podia ter uma incubação maior e só se manifestar mais tarde.
E, depois, aos pouquinhos fui abrindo o leque de coisas que acho seguro fazer: fazer compras; não tenho cão, mas preciso de fazer caminhadas, senão viro uma bola em casa; e fui visitar a família, ficando ao longe.

Para memória futura:
Há uns dias saiu o estudo que diz que 30% dos infectados contraiu o vírus em casa, o que significa que tinham pessoas a trabalhar (digo eu) e saíam todos os dias.

Outro estudo, mais curioso, e que quero deixar aqui para a posteridade, é este: no meio de uma pandemia, houve uma mortalidade maior. Normal, dizemos nós. Mas, o estudo indica que “Entre 16 de março, quando Portugal registou a primeira morte por Covid-19, e o dia 14 de abril registaram-se mais 1.255 mortes em Portugal do que seria de esperar, tendo por base a mortalidade média diária da última década”. “49% foi devido à Covid-19, restantes 51% morreram por causa de outras doenças.”

– 38 dias em Quarentena, dia 26 de abril de 2020

Falta uma semana para começarmos a ter alguma liberdade de movimentos e para terminar este Estado de Emergência. Vamos estar limitados na mesma, mas alguma coisa vai mudar e só isso já é bom, não é?… E, então, estamos com medo ou ansiosos? Sinto que muitos estão com receio por sairmos todos para a rua e outros ansiosos porque “há que andar para a frente”…
Posso ficar entre os dois?
Eu vou continuar a trabalhar a partir de casa…

– 37 dias em Quarentena, dia 25 de abril de 2020

25 de Abril, sempre!!! Fascismo nunca mais!

Nunca imaginamos que íamos ter um 25 de abril assim… fechados em casa, a vermos a nossa liberdade limitada.

John Kieran - Viaje Comigo ©Canva

Frases inspiradoras sobre livros – John Kieran – Viaje Comigo ©Canva

– 36 dias em Quarentena, dia 24 de abril de 2020

Hoje, vou dar a minha primeira aula online do Workshop de Escrita para Blogues. E um direto no YouTube (o meu primeiro direto nesta rede). Se acham que só os alunos estão a aprender, desenganem-se! Todos aprendemos com todos 😀

Amanhã, vamos “celebrar” o 25 de Abril “todos” metidos em casa… Desde a Revolução de 74 que a nossa liberdade não era tão limitada. Para a semana, por ser um fim de semana prolongado (para quem?!?!), com o 1º de maio, vamos ter as mesmas restrições da Páscoa, ou seja, não podemos viajar para fora do concelho onde vivemos. Mas, quando é que isto acaba???

– 35 dias em Quarentena, dia 23 de abril de 2020

Hoje, deu-me saudades de ir a um restaurante. De que têm saudades, vocês? Não estou a falar de saudades das pessoas, estou a falar de coisas que fazíamos antes da Covid-19. Por exemplo, ir a um restaurante, dizerem-me:
– Que vai ser menina?
– Queria uma alheira
– Queria ou quer? Ehehe! – diz o empregado brincalhão –
Com ovo ou sem ovo estrelado?.
– Com! Quero o autêntico AVC num prato!
E eu rir-me e o empregado rir-se. Que parvoíce ter saudades disso…
E comer aquilo e saber-me pela vida e ficar enjoada o dia inteiro com o óleo que aquilo trouxe. Ahhhh (suspiro) que saudades de ficar com uma overdose de óleo. E não me venham cá dizer para pedir take-away, que não é a mesma coisa.

– 34 dias em Quarentena, dia 22 de abril de 2020

Cada vez vejo menos notícias, porque elas não reflectem todo o mundo que existe lá fora. São números de casos, mortes, infectados, recuperados… o mundo parou pelo Covid-19 porque não sabíamos o que fazer melhor, mas o mundo não pode estar tão parado assim muito mais tempo. “se não morremos do vírus, morremos de fome”, já ouvi dizer.

Fui fazer o meu segundo dia de voluntariado com a Hope Porto e há casos desesperantes… escrevi o texto abaixo, nas redes sociais, e quem quiser ajudar contacte diretamente o grupo.

“Olá!
Não serve esta mensagem para vos deixar deprimidos, mas simplesmente para vos dar conta da situação que muitas vezes não é mostrada.
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Quem quiser ajudar, pode enviar mensagem privada à Hope Porto na página deles
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Como já vos disse estou a ajudar um grupo de cidadãos, da Hope Porto, que decidiu ajudar famílias que estão em situações muito graves.
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Resumindo:
– Ficaram sem emprego
– Alguns ficaram sem dinheiro para a renda e tiveram de sair
– Alguns estão 3 e 4 pessoas num quarto alugado, sem condições básicas
– Normalmente não têm qualquer apoio familiar
– Há crianças que só tinham refeições boas quando estavam na escola… desde que as escolas fecharam… imaginem…
– As associações conhecidas que ajudam estão com dezenas de novos pedidos diários…
– Ontem, na entrega de um cabaz, ouvi um “Em 48 anos de vida nunca imaginei pedir nada”, de uma senhora que fazia limpezas e os patrões têm medo que ela, passo a citar, “leve o vírus para a casa deles”
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– Há empresas que, aproveitando-se do desespero das pessoas, recrutam 4 pessoas a trabalhar 3 dias para o mesmo cargo. Não lhes pagam nada!! Nem transporte, nem alimentação e, no fim dos 3 dias, escolhem apenas 1.
– Nas ruas, na entrega de comida, o número de pessoas aumenta semana a semana.
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Caros colegas jornalistas, há muito para denunciar. A televisão tem 18 horas de entretenimento e pelo menos 4h de noticiários deveriam servir para algo mais importante do que os vídeos que os “famosos” fazem.
Há tanto para divulgar, lutar, tantas vozes que nunca são ouvidas…
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Bem hajam!

– 33 dias em Quarentena, dia 21 de abril de 2020

O meu primeiro workshop foi lançado ontem! Nem acredito que lancei um workshop… totalmente idealizado por mim. E tenho já participantes super aplicados, que já enviaram o primeiro exercício!
Bravo!

Para memória futura: o caso mais próximo de Covid-19 que tive foi da tia de uma amiga minha. Tinha problemas respiratórios. Fez várias chamadas para o Saúde 24 e disseram-lhe para não sair de casa. Passados uns dias, a dor aumentava e foi ao Centro de Saúde, onde a medicaram para dores nos rins, porque dizia que lhe doíam as costas.
Passaram dias, e as dores no corpo eram maiores e alastraram. O Centro de Saúde encaminhou-a para o hospital. Disseram que estava com uma pneumonia grave e tiveram de lhe induzir o coma. Assim, ficou durante uns dias até lhe fazerem o exame e saberem que era Covid-19 positivo.
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Acabou de sair do hospital, depois de quase três semanas internada. Está bem e em casa.
Em casa, as pessoas com quem vive, filha, neta e marido, nunca… repito… nunca tiveram qualquer sintoma, nem nunca ficaram doentes. Todos negativo. Moral da história: todos assintomáticos ou imunes?

PS – já consigo olhar para as fotografias das últimas viagens. Até agora, dava-me um nó na garganta, sempre que pensava em escrever sobre viagens. O tempo cura tudo. Menos a Covid-19.

E quem não tem casa? Free-Photos ©Pixabay

E quem não tem casa? – Free-Photos ©Pixabay

– 32 dias em Quarentena, dia 20 de abril de 2020

Só para dizer que há dias em que nem vontade de vir escrever o diário tenho…

Notas para o futuro “Para a próxima quarentena” (que-ela-nunca-exista-mas-se-existir-já-fica)
– Arranjar uma casa com jardim, piscina, e à beira-mar
– Fazer quarentena com alguém que goste de cozinhar (6 vezes por semana algo saudável e uma vez por semana doces e comidas para ficar a dormir o dia todo)

Desculpem, mas se é para sonhar, que seja em grande!

– 31 dias em Quarentena, dia 19 de abril de 2020

Nova confissão: criei uma certa resistência ao “vai ficar tudo bem”…

Eu sei que é para mantermos a esperança, para dar uma visão de futuro e principalmente para deixar as crianças tranquilas. Compreendo isso! Mas, é algo que não consigo dizer… não consigo verbalizar. E sinto-me mal sempre que ouço alguém dizer isso, principalmente na televisão. Porque, todos sabemos que não vai ficar tudo bem. Não vai ficar tudo bem, para muita (muita!) gente.
Mas, pronto, como em tudo na vida, e como dizem os portugueses “cá vamos andando”…

No domingo à noite, páro o que estiver a fazer para ver o “Isto é Gozar com Quem Trabalha”, que chegou a ser, durante um episódio, o “Isto é Gozar com Quem TeleTrabalha”, o que foi ainda mais genial.
O Ricardo Araújo Pereira – que é o mais parecido que temos com o Trevor Noah – e a equipa, que escreve para ele, são geniais. Não dá para fazerem isto diariamente?

– 30 dias em Quarentena, dia 18 de abril de 2020

Hoje, o meu dia foi dedicado à Hope Porto. Um grupo de cidadãos, amigos, que se juntou para ajudar famílias carenciadas, que ficaram sem emprego, e estão a ficar sem comida.

Fui ajudar na organização do material de doações e, depois, ajudar na entrega de roupas aos sem-abrigos, assim como kits de comida (sande, fruta, água, etc).
Quem quiser fazer doações e saber como pode ajudar contacte-me pelo geral@viajecomigo.com

Durante a entrega de roupa, perguntava se queriam cachecóis, pois as noites ainda esta frias.
Eu: – Quer um cachecol?
Sem abrigo: – Não, obrigado. Cachecóis, graças a Deus, tenho. Deixe ficar para outros que precisem.

Moral: lembrem-se disto quando forem açambarcar comida e bens para os supermercados…

– 29 dias em Quarentena, dia 17 de abril de 2020

Acho que ainda não falei aqui da minha rede preferida em quarentena: o Tik Tok. Era mesmo o que precisávamos: uma rede com gente divertida e criativa, preparada para dançar e fazer palhaçadas, para começamos o dia a rir. A minha conta, aqui.

Sabem aquela loiça especial, para momentos especiais, que fica guardado no armário uma eternidade? Passei a usá-la todos os dias! O momento é agora.

Confissão de OCD: tenho uma prateleira cheia de produtos de higiene para acabar. Dá uma certa satisfação em terminar e espremer as embalagens. Sou a única?

Vida online:

Às 15h00 tem lugar o WEBINAR WSAVA (World Small Animal Veterinary Association) subordinado ao tema “COVID-19 e os Animais de Companhia – o que sabemos hoje”.
A videoconferência, que terá a duração de uma hora e será disponibilizada de forma gratuita a nível mundial, tem por objetivo a partilha da informação mais recente sobre a Covid-19 e fornecer conselhos sobre como gerir a prática clínica durante este período desafiante. A transmissão será em direto e em inglês, no canal YouTube da WSAVA e ficará disponível a posteriori.

Coisas que despertam a atenção:
Concurso de fotografia, a quem interessar.

– 28 dias em Quarentena, dia 16 de abril de 2020

Um dia inteiro a fazer um trabalho “invisível”. Finalmente o Workshop de Escrita está “on”! Enviar emails para as dezenas de interessados: check!

A todas aquelas pessoas que diziam que gostavam de ter a minha profissão… se quiserem, podemos trocar agora! 😀
Ahahahahhahah! Estou a brincar! Nem agora, nem nunca, mudaria!

Deve haver algum estudo qualquer sobre as pessoas solteiras em quarentena, não? Se souberem, partilhem comigo.

Entretanto, se não forem mulheres esqueçam esta mensagem… não, peço desculpa, retiro o que disse: a mensagem é para homens e mulheres. 😀
“A potência de estar entre mulheres durante o isolamento”. Há algum tempo que sigo a Prazerela: “um espaço dedicado às mulheres e aos seus prazeres. Um núcleo de sexualidade positiva e bem estar da mulher”.

Amanhã, dia 17, vai dar a última aula ao vivo, às 20h (hora de São Paulo, Brasil). “A aula mais desejada foi sobre autoestimulação e vibradores. Então, se você ainda não assistiu essa aula e tem interesse em aprender mais sobre rituais de autocuidado envolvendo toques genitais e muito prazer”.

E “estamos disponibilizando gratuitamente o nosso mini curso sobre as principais DIFICULDADES PARA CHEGAR AO ORGASMO”. São dicas para as mulheres, mas acho que todos os homens deviam ver também. Têm três aulas para assistirem: Aula 1 + Aula 2 + Aula 3.

De nada, musas! 😀

– 27 dias em Quarentena, dia 15 de abril de 2020

Amanhã, faz quatro semanas que estou em casa. Os dias de trabalho têm sido bastante parecidos com o que já fazia antes. Conteúdos para o meu site e conteúdos para outros sites onde colaboro, por isso, digamos que a quarentena não é assim tão diferente do meu dia-a-dia, quando estou em casa a trabalhar.

No entanto… diferente é ter, todos os dias, de lutar com as notificações que tenho da minha agenda: voo de Marraquexe; estadia em Marrocos; voo para Tanzânia; são punhaladas no coração sempre que me “saltam” as notificações das viagens que ia ter por estes dias. Estou a adiar viagens, algumas já para 2021, porque vou perder a época para as fazer este ano. Para as outras mantenho alguma esperança… O meu conselho – já publicado neste texto – é que, se puderem, não cancelem as viagens mas tentem remarcar ou adiar.

“Primeiro, cada um vai ter de olhar para a sua própria situação financeira e, depois, perceber que o cancelamento de viagens pode levar ao desemprego de milhares (milhões) de pessoas, a nível mundial, e acabar com a sobrevivência de muitas empresas ligadas ao setor do turismo, desde os hotéis, aos aviões, transportes, restaurantes, etc.” – Leia mais aqui.

– 26 dias em Quarentena, dia 14 de abril de 2020

Hoje, aprendi que é possível passar três horas em telefonemas e videochamadas.
O que vou falando com amigos? Dizemos palavrões variados associados ao vírus… Acabamos a rir e a falar do quanto temos saudades de abraçar alguém.

Tenho aprendido a fazer tapioca. Ah e tal mas isso é tão fácil, dizem vocês! Já tinha tentado mas tinha ficado uma bela porcaria. A primeira queimou, a segunda ficou presa na frigideira, a terceira quebrou quando a dobrei… Agora sim, está digna de ser apresentada ao mundo! Para a próxima fotografo!

E acabei o dia a rir que nem uma perdida a ver o filme “Minha Vida em Marte”:

– 25 dias em Quarentena, dia 13 de abril de 2020

Ahhhhh, as segundas-feiras. Desde que trabalho como freelancer, em casa, ou a viajar, não interessa muito que dia da semana se está a viver. Deixei de ter a angústia domingo à noite, do início da semana, da segunda-feira… mas também deixei de saber quando há feriados e a importância de se ter um domingo. No entanto, tive de me adaptar aos outros empregos e para contactar com empresas tenho de esperar pela segunda-feira para o fazer… a não ser que seja segunda de Páscoa, e metade do mundo esteja confinado em casa… e também metade do mundo não sabe muito bem que dia da semana é…

Entretanto, uma amiga, que percebeu a minha frustração em não conseguir arrancar com novos projetos, decidiu enviar-me um link do New York Times que diz “Pare de tentar ser produtivo. A internet quer que você acredite que você não está a fazer o suficiente com todo esse “tempo extra” que tem agora. Mas ficar em casa e atender às necessidades básicas já é suficiente”.

Uma boa semana para todos!

– 24 dias em Quarentena, dia 12 de abril de 2020

Dia de Pásoa! Passei o dia a arrumar fotografias, a pendurar quadros e a ver filmes.
Aula de Tai Chi e alongamentos pela manhã, porque tenho uma dor no pescoço que me está a matar. Desculpem pai, mãe e irmãos…. hoje, é do meu osteopata que sinto mais saudades.

Alô, pessoas que vivem sozinhas… Tenho uma dica para vocês, que tem resultado para mim! Tenho jantado todos os dias com amigos! A sério!
Ligamos a videochamada no WhatsApp e pousamos o telefone e jantamos, enquanto pomos a conversa em dia. São os melhores momentos que guardo da minha quarentena.

– 23 dias em Quarentena, dia 11 de abril de 2020

As compras passaram a ser o momento alto dos nossos dias. Saímos de casa e fazemos algo de útil, nem que seja simplesmente para nos alimentarmos de forma correta.

Mais do que nunca, uso a máxima de “não ir com fome fazer compras”. É que estar tanto tempo em casa, faz com que a roupa comece a ficar apertada. Certamente alguns cientistas estudarão essa causa-efeito aprofundadamente… eu andei uma semana a fugir aos chocolates e amêndoas de Páscoa.

Mas, a ida às compras é também uma luta com a nossa sanidade mental. Gel desinfectante? Sim! Luvas? Sim! Máscara? Sim! Estamos prontos. E, depois, no supermercado olhamos de lado e caminhámos mais rápido quando nos cruzamos com alguém no mesmo corredor. Entretanto, já levei a mão à cara, depois de andar a empurrar o carrinho das compras, umas 50 vezes sem me sequer lembrar. E a comichão no nariz que dá sempre que não podemos coçar?

Agora eu corro… nunca gostei de correr na vida, mas desde que essa causa-efeito começou a produzir efeito nas coxas comecei a correr. Não se assustem. Foram só dois dias. Já desisti.

– 22 dias em Quarentena, dia 10 de abril de 2020

Começar o dia com aula de ioga e meditação. Depois reflexão com uma mandala… é começar o dia comum chapada na cara. Quais as áreas da vossa vida que estão mais preenchidas e quais as que têm de ser mais trabalhadas?

Cada “tema” da vida está classificado de 1 a 10. Vou-vos deixar aqui a informação para quem queira fazer o mesmo exercício que fiz… O objetivo é perceberem quais as competências que podem usar para melhorar as que estão mais em baixo.

Tenho dezenas de textos para escrever, mas a vontade tem faltado…. por outro lado, os vidros da casa nunca brilharam tanto.
Socorro… a minha flatmate decidiu fazer um bolo e um pão. Comi um quarto do bolo como jantar…

Olho todos os dias para as garrafas de vinho e penso, “tenho de começar a beber isto”, mas ainda tenho a esperança que vou poder usá-los para brindes de liberdade.

Tenho visto alguns vídeos da Beatriz Gosta no Instagram e outros do Bruno Nogueira. São as melhores noites da semana. Isto para dizer que, sempre que vejo a Beatriz vou à garrafeira… um copinho de vinho do Porto para a acompanhar no serão.

– 21 dias em Quarentena, dia 09 de abril de 2020

Dia totalmente dedicado à preparação do workshop online de escrita para blogs. Sinto que não fiz mais nada, mas juro que tirei o pijama e comi. Comi muito, aliás.

Foto: kaboompics ©Pixabay

Foto: kaboompics ©Pixabay

– 20 dias em Quarentena, dia 08 de abril de 2020

Li algures que a Banca ia emprestar dinheiro de forma desinteressada ao Governo.
Pensei primeiro que era daquelas piadas do dia 1 de abril e pensei lá andam eles a brincar com coisas sérias. Fui ver e era dia 7 de abril. Afinal não é piada.

A partir de hoje, à meia-noite, entram em vigor as novas medidas de contenção do vírus. Antes da sexta-feira de Páscoa, ninguém pode sair do seu concelho. Vejo as fotografias dos supermercados e está “tudo” nas compras para reunir a família à mesa.

Enquanto o meu vizinho solta os acordes de “Toda a noite, toda a noite” (porque é que na internet as outras pessoas têm vizinhos que sabem de facto tocar música e eu não?).

Há dias – recordo que estamos no início de abril – cancelaram as festividades de São João. Confesso que sei o porquê… porque o dinheiro está todo a ser canalizado para o combate ao vírus… Mas, por este andar, o meu vizinho vai dar grande festa aqui no quintal dele. Ou então este é o seu modo de dizer S. João é quando um homem quiser.

– 19 dias em Quarentena, dia 07 de abril de 2020

Levanto-me e faço a aula de yoga, online, com amigas.

Diz-me a professora-amiga: “Ó preguiçosa, bem vi que não fizeste dois exercícios”. Pois não… estava com vontade zero de fazer a aula e alguns exercícios (ela diz que foram dois, eu até acho que foram mais) não fiz. Mas, sinto-me bem por ter tirado o pijama e ter posto o fato de treino e ter feito parte da aula. E isso é que conta.

– 18 dias em Quarentena, dia 06 de abril de 2020

Meti as mãos ao trabalho: estou a preparar o workshop de escrita com os leitores; a responder a e-mails (a pandemia vai acabar e ainda vou estar a responder a e-mails, desculpem!); e estou às turras com alguma tecnologia.

Já não tenho mais nada que arrumar – há sempre algo, eu sei, mas hoje nada me puxa…
À noite, vou espreitar os canais de viagens do Instagram e sinto uma saudades gigantesca de fazer planos de viagens… respirar fundo e segue…

– 17 dias em Quarentena, dia 05 de abril de 2020

O meu pai faz anos e não posso estar com a família. Fizemos uma video chamada de quase duas horas, a falar de tudo e de nada. Tchin tchin… parabéns! Enquanto tivermos saúde está tudo bem.

Ouvido num podcast: temos muita facilidade em dar graças por tudo o que de bom nos acontece, mas esquecemo-nos de o fazer quando algo de mau nos acontece. Porque, na verdade, é no mau que está o desafio e a mudança. É no mau que choramos, batemos o pé, deprimimos e depois arrancamos e avançamos. Em vez de ficarmos retidos na tristeza – que também tem de existir, mas temos de avançar – devemos perguntar-nos “o que posso aprender com isto?”. O que tenho de mudar?

– 16 dias em Quarentena, dia 04 de abril de 2020

Hoje não me apetece escrever nada. Pouso a caneta e o computador e vou fazer limpezas. Limpar os móveis da cozinha, destralhar ainda mais… Hoje, se o mundo não tivesse virado do avesso, estaria com um grupo a fazer o tour de Marrocos.

Bem sei que já devia ter ultrapassado esta angústia de ver um ano planeado, cheio de viagens (e, para mim, cheio de viagens não são férias, é trabalho, são experiências e são sonhos por concretizar) e tudo vazio… Eu sei, eu sei, isto há-de dar a volta…

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Home – Foto: Alexas_Fotos ©Pixabay

– 15 dias em Quarentena, 03 de abril de 2020

Hoje fui comprar areia para os gatos… o sol estava lindo e, numa altura normal, iria até à beira-mar. Está um daqueles dias de primavera lindos que mereciam um jantar e sushi ali na Foz… mas, vou para casa.

Há uns tempos que andava para fazer o meu mapa astral. Já o tinha feito há quase 20 anos. Antes de ter 30 anos e recordo-me que pouco fez sentido. Hoje, já consigo ver as transições com outros olhos.

Tenho um novo mapa astral: se procuram respostas, esqueçam… o mapa traz-nos é uma maior compreensão de quem somos, de quem poderemos ser, das nossas mais-valias e virtudes e até faz-nos ver os nossos defeitos… e digo-vos que não é uma visão nada bonita! Mas, como podemos mudar?. Um mapa astral põe-nos a pensar. Fiz o meu mapa astral com a Iris (astróloga e taróloga) e, agora, olho para ele, no meio desta pandemia, com uma visão bem mais aberta e desimpedida. Sem respostas. Não procurem respostas. Aceitemos o que temos à nossa frente e aprendamos a viver um dia de cada vez.

– 14 dias em Quarentena, 02 de abril de 2020

Duas semanas de quarentena… estou bem e até bem disposta mas… não me apetece escrever rigorosamente nada! Tenho (literalmente) centenas textos para fazer, mas preferi arrumar papéis e a deitar fora papelada do IRS desde 1999. A sério! Tinha de ser feito… tinha blocos de recibos verdes e tudo. Moral da história: agarramo-nos a papelada que é um horror. Consegui deitar fora uns 3 quilos de papéis.

– 13 dias em Quarentena, 01 de abril de 2020

Já percebi que vou ficar bastante tempo em casa e, apesar de ter a sorte de ter um jardim do prédio que posso ir de vez em quando, precisava de ter vida lá em casa.

Fui comprar umas plantas à florista aqui da rua. Tem estado fechada e queixa-se que já deu e pôs no lixo muitas flores. “Aos funerais vai pouca gente e as flores não têm tido saída. Até fechei a porta porque as pessoas não vinham… E, agora, quem quer saber de plantas?!”. “Sabe o que me dói mais… é o silêncio, sabe? A gente vem à janela, seja de noite ou de de dia, e não há barulho. Isso mexe comigo”, disse-me a florista de olhos já cheios de lágrimas.

Não gosto de ter flores coradas, em jarras, mas gosto de vasos. Trouxe três para “animarem” a sala. Há que ajudar sobretudo o pequeno comércio a aguentar-se nesta altura difícil.

– 12 dias em Quarentena, 31 de março de 2020

Hoje é “dia não”. Dia de perceber que vamos mesmo ficar mais de dois meses com os nossos movimentos limitados a casa e com sorte à nossa cidade… Cada vez morre mais gente e ainda nem chegou em larga escala a África. Temo muito por todos eles.
É aquele dia em que me podiam por numa cápsula e acordar-me daqui a 2 meses. A sério! Não engordávamos, não sofríamos com tudo isto, ninguém precisava de perder empregos, não havia tantos mortos… Um dia acordávamos e pronto… já passou. Deixem-me dizer estas parvoíces… é “dia não”.

Vejo receitas de bolos online e fico contente por não me apetecer sequer cozinhar. Deixem-me… é “dia não”. E até nem disse, nem escrevi palavrões…

– 11 dias em Quarentena, 30 de março de 2020

A cada dia que acordo fico contente por não ter nenhum dos sintomas. Durante um segundo, quando abro os olhos, parece-me um dia igual aos outros mas, no segundo seguinte, percebo que continuamos a viver este pesadelo.

Passei o dia quase todo ao telefone. Subi para a minha bicicleta estática e fui pedalando. Entre falar com os meus viajantes – que já foram comigo em tours – entrevistas de emprego e programação de próximas viagens – não se assustem, porque para já apontámos para Julho/Agosto o voltar ao ativo… mas quem sabe?… quem? Ninguém!
Quando isto acabar vou queimar a roupa toda de andar por casa. Não, não vou dar… será roupa com amargura e dor. Ninguém merece isso.

Foto: ©Jessica Lewis de Pexels

Foto: ©Jessica Lewis de Pexels

– 10 dias em Quarentena, 29 de março de 2020

Dizem-me que a partir do 11º dia de quarentena já só existe 2% de probabilidade de termos o vírus incubado… Percebo pelos números, cada vez mais, que a melhor forma de abrandarmos isto é ficarmos em casa.

Tive de ir às compras e fiquei horrorizada com a falta de máscaras e proteção para os funcionários dos supermercados…
Começo a olhar para o cabelo e estou com vontade de o cortar… em casa. Segurem-me que não vai sair coisa boa.
Não foi só hoje mas, por vezes, a ver as notícias, tenho a sensação de estar a ter um pesadelo acordada.

– 9 dias em Quarentena, 28 de março de 2020

A porta da máquina de lavar a roupa partiu-se.
Se não é Mercúrio retrógrado é o Saturno ou o caraças de qualquer problema que, agora que estou sem emprego, me faz partir o que restava da porta da máquina.

Mas, a minha colega de casa teve uma ideia inspirada na internet. No YouTube há vídeos para tudo e até para consertar (provisoriamente) uma porta da máquina de lavar a roupa. Descansem… ja vou ter roupa lavada.

– 8 dias em Quarentena, 27 de março de 2020

Saí pela primeira vez à rua, desde que cheguei do Chile. O que fui fazer?
Fui levar o lixo lá fora e dar uma volta no quarteirão. Junto aos caixotes do lixo, uma senhora vem com a filha pela mão, na outra mão, um saco que, ao longe (qual modalidade olímpica de arremesso de lixo) atira para o caixote, de forma a não se chegar a mim. A miúda dá só um passo para o lado e a mãe ordena “à minha frente para casa”.

Tentei fazer pão mas como só tinha fermento de bolos ficou uma bela porcaria. Quente ainda consegui comer algumas fatias, depois de arrefecer tornou-se uma bela arma de arremesso. Se atirasse aquilo à cabeça de alguém, tinha de levar pontos com toda a certeza.

Não abraço ninguém desde que saí do Atacama, faz hoje 10 dias. Isto mexe com uma pessoa… que gosta de abraçar!

– 7 dias em Quarentena, 26 de março de 2020

Peguei no aspirador e pus a casa a brilhar. Queria que ficasse assim sempre, senão não tenho tempo de organizar tudo o que quero no meu quarto. Mas, a casa ganha cotão e sujidade mesmo sem a gente sair à rua…

Lembrei-me que já não pegava no carro há 20 dias e podia precisar dele a qualquer momento, ou numa urgência, e a bateria – essa traiçoeira – poder não funcionar. Fui só dar uma volta de 10 minutos, pela noite. Não saí do carro. Entrei e saí da garagem. Não havia uma alma nas ruas… Tirei a roupa para lavar e desinfectei nas mãos.

– 6 dias em Quarentena, 25 de março de 2020

Passei o dia todo de pijama. Que dia é hoje? Não digas, não me interessa.
Escrevi uma notícia sobre comida e apetece-me tudo o que aparece nas fotografias: sobretudo filetes de polvo e francesinha. Quero tudo.

Seize the day - Foto: haleybossart ©Pixabay

Seize the day – Foto: haleybossart ©Pixabay

– 5 dias em Quarentena, 24 de março de 2020

Uma amiga traz-me fruta – fica a uns três metro de mim, do lado de fora da minha casa a falarmos de tudo isto… Olho para os sacos e, por um segundo, pego na madura manga e cheiro-a profundamente.
Paro e fico a olhar para a minha amiga… porra! Arregalamos as duas os olhos. Não é suposto pegar na fruta que veio do supermercado e cheirá-la profundamente, por causa do vírus! Há gestos e coisas básicas que temos de deixar de fazer e são tão difíceis de deixá-los de parte, quase como parar de respirar.

– 4 dias em Quarentena, 23 de março de 2020

Hoje foi dia para começar a pensar no formato que vou dar ao workshop de escrita para blogues que lancei no Viaje Comigo.

– Decidi escrever posts para o site que sejam de utilidade pública.
– Antes disso, olhei para os vidros da janela da sala e fui limpá-los… ficaram impecáveis.

O que li hoje? Como mulheres estão a entrar na cena DJ do México – aqui.

– Desde há um ano que sigo duas mulheres que são uma inspiração para mim e para muitos outros. Li há quase um ano o livro da Rute Caldeira e, depois disso, “juntei-me” a grupos online de meditação da Inês Gaya, mas sobretudo a grupos de reflexão. Como ela própria diz: “o meu Propósito de vida é apoiar Mulheres no seu processo de
auto-conhecimento e empoderamento para que tenham uma vida mais Real, Autêntica e Feliz.” A linguagem de ambas é a do Amor, para connosco e para com os outros. E só isso já é excelente.

Não perdendo a sua ligação à espiritualidade, até porque somos todos humanos e cheios de virtudes e defeitos, e dias bons e menos bons… houve uma frase tão certeira para estes tempos que uma delas disse há tempos, num podcast, e a outra apoiou: “A merda também é um caminho e não é um caminho de merda”. Quer dizer que o mau também faz parte da vida e temos de aceitá-lo e ver o lado bom das coisas. Faz parte do nosso caminho.

– 3 dias em Quarentena, 22 de março de 2020

Terceiro dia de quarentena, depois do meu regresso do Chile. Ainda me doem os músculos das costas e pescoço de tanto stress que passei nos últimos dias.

Os meus pais vieram trazer comida e deixaram o adeus a uns bons três metros da minha pessoa. Continuo a ouvir muito “pois, estiveste em Madrid, podes ter o vírus”. Não, pessoas, estive no aeroporto de Madrid, totalmente desinfectado e ocupado por umas 200 pessoas no máximo. É mesmo aqui, na minha cidade, que está o maior risco de eu apanhar vírus. Repito: decidi fazer a quarentena voluntária (não era ainda obrigada a fazê-la, só vai ser dentro de três dias) porque não me perdoaria se tivesse sido infectada na viagem e o passasse a alguém.

Conhecem o Sadhguru? Indiano, pensador, iogy que vale (muito) a pena ouvir:

Nos últimos anos, eu – agnóstica, graças a Deus, meio-ateia com educação católico-cristã – tenho-me voltado mais para a espiritualidade. Não uma abertura completa, porque algo me faz sempre pensar de forma muito racional, o que me faz criar algumas barreiras.

No entanto, cada vez mais – sem pensar sequer em seres divinos – compreendo que nós tentamos ser melhores pessoas. Que as relações nos fazem crescer, como seres humanos, e podem fazer exactamente o contrário… despertar em nós o pior dos seres.

Assim, nos últimos anos, tenho-me juntado a pessoas que, como eu, vão-se abrindo ao campo da espiritualidade de uma forma não fixa… ou seja, aceito que nos crie portas de entendimento para outros níveis da nossa vida.

Que aceitemos as coisas como elas são; que não queiramos controlar o que não pode ser controlado; e que tomemos as rédeas da nossa vida, pois mais ninguém o fará por nós. Normalmente, isto virá depois de tempos de indefinição, de nos perdermos, de nos interrogarmos o que damos nós aqui a a fazer, o que deverá ser a nossa missão de vida, como poderemos tornar a nossa vida algo de útil? Quando entramos em desequilíbrio, ou seja, quando a vida que temos já não nos serve, e não sabemos como mudar, é normal paralisarmos. Mudar é difícil. Aliás, é muito difícil. O mais fácil é mantermos as coisas como estão, porque mudar o que quer na nossa vida será sempre romper com a rotina, com o que está pré-estabelecido e é rumar ao desconhecido.

Neste caminho, dos meus últimos anos de vida, não posso dizer que tenha dado sempre o primeiro passo de mudar, mas situações existiram que me empurraram para fazer as mudanças, grandes ou pequenas. “Eu quero viver os meus sonhos, em vez de alimentar os meus medos” (filme Comer, Orar, Amar)

Aprendi também que estamos aqui para partilhar conhecimento, que tudo que aprendemos serve para passarmos a outros. Aprendemos e passamos. Somos todos professores uns dos outros, algo que diz Robin Sharma, autor de livros de desenvolvimento pessoal, de quem cito duas frases:

“É tão frequente as pessoas tentarem viver a vida ao contrário: passam os dias a lutar pelas coisas que as farão felizes, em lugar de terem a sabedoria necessária para compreender que a felicidade não é um lugar que se possa alcançar, mas sim um estado por nós criado”.

“A felicidade e uma vida profundamente realizada surgem quando se dedica, de alma e coração, a utilizar as suas capacidades humanas numa causa que melhore a vida dos outros. Retirada da sua vida a tralha desnecessária, o seu verdadeiro significado tornar-se-á nítido viver por algo que não passe apenas por si. Em suma, o propósito da vida é uma vida com propósito”.

Além de Robin Sharma, sugerido pela minha amiga Ana, comecei a ler o livro da Rute Caldeira, sugerido pela amiga Sofia. Depois disso “juntei-me” a grupos online de meditação da Inês Gaya, mas sobretudo a grupos de reflexão. Como ela própria diz: “o meu Propósito de vida é apoiar Mulheres no seu processo de auto-conhecimento e empoderamento para que tenham uma vida mais Real, Autêntica e Feliz.” A linguagem de ambas é a do Amor, para connosco e para com os outros. E só isso já é excelente.

Aconselho-vos a ouvir alguns podcasts Gaya Talks.

Tudo isso fez-me ficar mais conectada comigo mesma. Não achei o meu centro rapidamente… bati muito com a cabeça nas paredes. Na verdade, eu queria mudar e várias situações me obrigaram a mudar. O que existia já não me servia e, de forma até um pouco dolorosa, fui mudando, deixando para trás coisas, pessoas, sentimentos que me prendiam e não me deixavam avançar.
Não existe uma cura para isso, nem foram só os livros ou vídeos que vi, mas são lições nos puxam à terra e nos fazem ver o que é verdadeiramente importante e que queremos. E tantas vezes queremos coisas que nos parecem impossíveis e vamos deixando de parte, de parte… até que algo na vida nos diz… “Não esperes mais! Está na hora de fazeres da tua vida algo memorável. Está na hora de seres tu próprio e não o que possam esperar de ti. Está na hora de procurares algo que te faça sentir realizado e não ter coisas que te dêem alguma satisfação momentânea”.

Os ciclos começam e terminam e, por vezes, nem nos damos conta disso. Vivemos à margem disso, numa corrida contra o tempo, a tentar ter mais tempo para quem gostamos e para o que gostamos de fazer. Está na hora de percebermos que temos esse tempo mas provavelmente está mal direcionado e mal aproveitado. Mudar hábitos nunca foi e não é fácil, mas se todos os dias fazem esforços pelos outros, não estará na hora de fazerem esse esforço por vocês próprios?

Diz um mestre indiano Sadhguru (Yogi e escritor):
“Qual é a coisa mais importante na sua vida neste momento? Você está vivo neste momento, não está? (…) o mais importante é que você está vivo. Porque você está vivo, sua família se tornou importante, seu dinheiro se tornou importante, seu país se tornou importante, muitas outras coisas se tornaram importantes, somente porque você está vivo agora, neste momento. E esta é a coisa mais importante: o facto de você estar vivo neste momento é a coisa mais importante na sua vida agora. Então… suponha… suponha que amanhã de manhã você acorda…
Você sabe, todos os dias quase 250 mil pessoas morrem no planeta, de morte natural. 250 mil pessoas morrem, mas você não. Amanhã de manhã você acorda. Ainda estou vivo? Se constatar que está vivo, você se daria um grande sorriso?”

– 2 dias em Quarentena, 21 de março de 2020

Continuar a lavar roupa. Sabem quando têm a roupa toda lavada e arrumada e as coisas não cabem nos armários e nas gavetas??

É oficial, ao segundo dia de quarentena disse para mim – como alguém que está de ressaca e jura que nunca mais vai beber álcool na vida – nunca mais compro roupa! A sério!

O que tenho de fazer?
– Cancelar tudo o que tenho de viagens nos próximos 3 meses. 2020 ia ser um grande ano de viagens, com poucas paragens em Portugal. A ironia dos meus planos… agora, estarei mais em casa do que nunca. Mas, logo que haja saudinha – assim mesmo, dito como os avós e pais – havemos de fazer outra coisa. A economia vai ficar (ou já está) uma desgraça e o meu trabalho nas viagens é obviamente afetado. Como já mudei, na área da comunicação, muitas vezes de “ramo”, talvez esteja mesmo na altura de me reinventar novamente.

Talvez esteja na altura de fazer outra coisa qualquer. É em tempos de crise que surgem os negócios mais imaginativos. É também mutas vezes, a altura em que as pessoas, depois de apanharem o pontapé no rabo do emprego antigo, aproveitam para procurar fazer o seu sonho: trabalhar noutra área ou ter o seu próprio negócio.

Ter contas para pagar no fim do mês e não ter emprego? Sim, já estive nessa situação pelo menos duas vezes. O que vos posso dizer é não desistam! Por vezes, temos de dar um passo atrás para irmos para a frente. Aceitar outro emprego menos bom, até conseguimos irmos atrás do que queremos realmente! Força!

– 1º dia em Quarentena, 20 de março de 2020

Cheguei ontem da viagem do Chile. Hoje, primeiro dia de quarentena, foi para dormir, lavar e desinfectar tudo o que trouxe da viagem e dormir.
Já falei em dormir?
O corpo já doía e não sabia. A primeira noite caí como uma pedra. A segunda fartei-me de ter pesadelos… Agora que estou em casa, sossegada é que a cabeça começou a processar tudo o que se passou. Ou talvez porque ainda estou ligada a viajantes que estão presos noutros países sinto, como se fosse meu, o seu desespero. Tento ajudá-los como posso, mas não tem sido fácil. Queria só que tivessem a sorte que eu tive.
Decidi fazer a quarentena voluntária (não era ainda obrigada a fazê-la, só vai ser dentro de quatro dias) porque não me perdoaria se tivesse sido infectada na viagem e passasse o vírus a alguém.

Emotions Foto: Alexas_Fotos ©Pixabay

Emotions Foto: Alexas_Fotos ©Pixabay

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