Porque o Algarve tem muitos encantos também no outono e inverno, em finais de 2020 comecei uma viagem de uma semana pelas tradições, gastronomia, património e história de três concelhos da região algarvia: Castro Marim, Alcoutim e Loulé. Já conhecem?
TRÊS ROTEIROS PARA SEGUIR NO ALGARVE:
– Castro Marim: das salinas à gastronomia
– Alcoutim: da cana ao Guadiana
– Loulé: da praia, pelo medronho e até às aldeias
CASTRO MARIM
O concelho de Castro Marim tem o melhor de dois mundos: praias maravilhosas e um lado rural repleto de tradições. Comecemos pelas salinas. Mesmo que o spa esteja fechado – sim, existe um spa, na época mais quente, onde pode banhar-se, aproveitando as propriedades terapêuticas que as águas têm – é interessante visitar as ancestrais salinas castro marinenses.
Se não estiver tempo para ir a banhos… sugiro uma outra vista: para o lago formado pela barragem de Odeleite. É um dos pontos panorâmicos que não deve perder. E também há caminhadas que se podem fazer, no meio de um ambiente rural, que dão a conhecer a ribeira de Odeleite.
Mas, voltando a falar das salinas, e de Castro Marim, o castelo é o ponto alto que lhe pode dar uma vista panorâmica sobre os retângulos de sal e sobre a Reserva Natural do Sapal.
O artesanato também ainda está bem vivo neste concelho, ainda que os artesãos tenham poucos aprendizes a seguirem-lhes os passos. Das rendas de bilros à cestaria com cana há, nas aldeias do Azinhal e das Furnazinhas, mestres que fazem o trabalhos incríveis de artesanato, usando apenas as suas mãos e o seu talento. Na gastronomia, vai ouvir estas sugestões várias vezes: prove a enguia frita ou o ensopado de borrego!
ALCOUTIM
Em Alcoutim, começámos com a vista do castelo que abrange as margens do Guadiana, as terras da vizinha Espanha, e nos deixa embevecidos pela beleza deste Portugal, que nos mostra o interior algarvio. E se quiser fazer a atividade de passar um dia co um pastor? Também pode!
Um passeio de barco pelo rio, faz-nos recordar a história local marcada pelo contrabando, na altura do Estado Novo. Há inúmeras estátuas, no centro da vila, que fazem recordar essas vidas: a dos contrabandeavam e a dos que tentavam impedir os contrabandistas.
Todos os anos, o Festival Fronteira (habitualmente no mês de março) recorda essas históricas, que marcaram profundamente a terra e as gentes. São muitas as histórias, passadas de boca em boca, desses tempos idos.
Dentro do castelo vão ver uma instalação artística –como se fosse um “túnel do contrabando” – feita a partir da cana, um dos materiais locais usados para peças de artesanato, mas também construções. E o que comer? O ensopado de borrego é um dos pratos típicos desta região, assim como as migas ou o javali estufado, por exemplo.
LOULÉ
E, se mesmo fora do verão gosta de ir à praia, Loulé consegue unir também amplos areais e muita tradição. No centro da cidade, vá visitar o Mercado Municipal – onde vendem peixe e marisco fresco, frutos e legumes, algum artesanato e não deve perder, ao sábado de manhã, as barraquinhas no exterior com os produtores locais – e perca-se pelas ruas do centro histórico onde ainda se ouve o bater no cobre, som que vem das oficinas dos caldeireiros.
Neste concelho, onde estão inseridas os luxuosos empreendimentos da Quinta do Lago, Vale do Lobo e Vilamoura e muitos campos de golfe, é também aqui que ainda encontramos artesãos que continuam a trabalhar a empreita, o esparto e a produzir medronho.
E, num concelho tão amplo – que atravessa as três áreas do Algarve: o litoral, o Barrocal e a serra – podemos pôr os pés nas águas do Atlântico, mas também podemos fazer caminhadas nos montes.
E a aldeia de Alte merece, por si só, uma visita demorada, com direito a passeio pelas suas ruas estreitas que acolhe as casas tradicionais algarvias.
Na aldeia de Sarnadas faça uma paragem para provar as iguarias do restaurante Rosmaninho como o Jantarinho de milhos, ou as carnes de caça como javali, cabrito, etc. E também aqui perto pode conhecer um dos locais onde se faz aguardente de medronho.
Perto do centro, no alto do monte, em Loulé, atente no edifício do Santuário de Nossa Senhora da Piedade onde, na Páscoa (fora de tempos de pandemia) tem lugar uma enorme procissão, com a imagem da Mãe Soberana. Dizem ser a maior festa religiosa, do culto Mariano, no sul de Portugal.
O castelo de Loulé também merece uma visita e é lá perto que encontra várias oficinas de artesãos – a dos caldeireiros, do barro, assim como da empreita, que usa as folhas de palma para criar artesanato.
E, para terminar, uma visita a um mundo diferente de Loulé… às minas de sal-gema. São uma autêntica cidade de sal que se “esconde” por baixo das ruas, onde podemos ver o interior da Terra e formações geológicas com mais de 230 milhões de anos. E estão abertas ao público!