O concelho de Castro Marim, no Algarve – no sul de Portugal, e muito perto de Espanha – é um misto do melhor de dois mundos: tem praias maravilhosas, de extenso areal, e também um lado rural, repleto de tradições e ambiente de serra. A sua História está intimamente ligada às salinas e à resiliência de um povo, que ainda se nota nos dias de hoje.
Castro Marim é um local de eleição para os veraneantes que procuram um local mais recatado, mas também no outono/inverno tem muitos encantos. A Praia Verde (tal como Cabeço e Alagoa) estão envolvidas pelos pinhais o que faz do caminho para as praias um passeio bastante agradável.
A gastronomia é também um motivo de orgulho pela qualidade e diversidade de pratos. Peixes para grelhar, como douradas e robalos, do sapal os caranguejos, do rio a tainha e a muge. A carne de porco é também um dos pratos mais procurados. Nos doces, as filhós e o bolo de massa do Azinhal.
A história de Castro Marim, como a da maior parte do sul de Portugal, está conectada a séculos de invasões e ocupações pelos Mouros. Até que, em 1242, Afonso III recupera a terra que, na altura, seria uma ilha – segundo estudos geológicos. Da ocupação ficaram vestígios fenícios e romanos, como o atual castelo.
Durante muito tempo, serviu de local de transação de metais até basear o seu sustento na pesca, agricultura, construção de barcos e na produção de sal.
Aliás, a produção de sal continua a ser uma das bases deste município sendo Salmarim a flor de sal local, plantada no interior da Reserva Natural do Sapal. Saiba mais aqui.
O engenho levou à exploração das salinas para vários propósitos, como por exemplo, um Spa! Fui experimentar o Spa Salino Água Mãe, e fiz tratamentos nas salinas, onde relaxei com vista para o castelo de Castro Marim.
E, há pouco tempo, fui conhecer algumas das tradições do concelho de Castro Marim. Comecei por ir visitar a Queijaria do Azinhal, onde é feita a produção do queijo fresco de cabra algarvia – normalmente, são feitos 700 queijos por dia.
A cabra de raça algarvia é característica do Algarve e no concelho de Castro Marim tem grande expressão. O queijo fresco é, aqui, confecionado de modo tradicional. O fabrico é feito com o cardo, cuja utilização vem do tempo dos romanos. O queijo apenas leca o leite de cabra, o sal marinho de Castro Marim e o cardo. Esta planta, de crescimento espontâneo, tem durante os meses de junho e julho recolhidas as flores, que depois são secas e usadas como coagulante do leite (infusão de cardo).
No meio do Azinhal, “perdi-me” com as doçuras da pastelaria A Prova, que é um ponto obrigatório de passagem e onde é possível experimentar alguns dos doces regionais. Também foi no Azinhal que fui conhecer dois ilustres habitantes que perpetuam tradições ancestrais: a Renda de Bilros, com a Conceição Rodrigues, e a cestaria com cana com o Diamantino Romeirinha.
E foi na aldeia das Furnazinhas que voltei a “mergulhar” no interior algarvio. Uma aldeia meio “perdida” onde ainda existem artesãos prontos a passar o conhecimento. Encontrei o mestre António Gomes Perez, 76 anos, que continua a trabalhar a cana para fazer cestaria. Já não trabalha como antigamente, claro, mas já tem gente mais nova, a morar na aldeia, que quer aprender e a perpetuar esta tradição. Com este estava, Manuel Gomes, de 80 anos, que fez questão de me mostrar como se tratavam tratavam os fios. E ainda me mostraram também como se extraíam os fios da piteira (cacto) para fazer rodas, por exemplo. Os antigos já tinham inventado tudo, não era? 😀
Durante esse passeio de dois dias por Alcoutim fui descobrir também Odeleite. A visita a começou num ponto ótimo com uma visita muito bonita sobre a barragem e a provar os pratos regionais – no restaurante Bela Vista (o nome não é por acaso, como podem perceber). Ali ao lado, a uns 2 minutos de carro, está um miradouro espetacular para fazer a fotografia da lagoa da barragem de Odeleite.
Depois fui fazer um passeio junto da ribeira de Odeleite que me levaria até à foz, caso não anoitecesse tão cedo no inverno. E, no final do dia, fui conhecer a história da Casa de Odeleite.
Que mais pode fazer em Castro Marim? Bem, todos os anos, em agosto, ocorre a Feira Medieval com desfiles, comércio e muitas atividades!
O QUE VISITAR EM CASTRO MARIM?
Castelo de Castro Marim
O Castelo velho estima-se que seja de origem muçulmana, uma vez que esta terra foi ocupada pelos Mouros até ao século XIII. Este, está situado no topo do monte, por claras motivações bélicas da época, e está envolvido por uma cerca muralhada. Com o passar dos tempos, o castelo foi adaptado às novas técnicas de guerra, visível na instalação de canhões.
As muralhas envolvem também a Igreja da Misericórdia, também conhecida como Ermida ou Capela de São Sebastião.
Revelim de Santo António
Esta fortificação militar do século XVII, sito no topo da rocha do zambujal, acomoda um moinho tradicional, a Ermida de Santo António e o Centro de Interpretação do Território, com vista sobre o Rio Guadiana e o Sapal de Castro Marim.
Ermida de Santo António
Na Ermida sobressaem os altares barrocos e um retábulo retratando os milagres de Santo António.
Igreja Matriz
A Igreja Matriz, também conhecida como Igreja da Nossa Senhora dos Mártires, surgiu no século XVIII para albergar a crescente população local. Destaca-se o majestoso zimbório e os retábulos do estilo neoclássico.
Forte de São Sebastião
A construção foi a mando do rei D. João IV, em 1641, no contexto das Guerras da Restauração com Espanha. Tornou-se, devido à sua posição fronteiriça, na praça militar mais importante do Algarve.
Ermida de São Sebastião
A Ermida (ou Capela) de São Sebastião, está inserida no Forte de São Sebastião. Terá sido erigida na mesma altura do forte, também por ordem de D. João IV. O seu exterior é modesto, mas o interior revela-se bastante ornamentado com retábulos em tábua do século XVII e imagens do século XVIII.
Mercado Municipal de Castro Marim
Desde 1950 que este local fornece verduras, fruta e peixe para toda a Vila. Depois de algumas renovações ampliou as suas funções e transformou-se num ponto turístico-cultural que estimula a arte e os produtos locais. Está aberto todos os dias, das 09h30 às 13h00, e das
14h30 às 18h00.
Na sua passagem por Castro Marim, faça o Centro Histórico a pé para conhecer a energia do município. Visite também as Barragens de Odeleite e Beliche, pois o cenário vale a pena.
Se é praia que busca, a Praia Verde, Cabeço e Alagoa têm um extenso areal que lhe permite relaxar mesmo nos dias de maior rebuliço.
Muito perto, mas já em Espanha (em Huelva) tem a Isla Cristina e as conhecidas praias. Em Huelva, fiquei no Islantilla Golf Resort.
RESTAURANTES: ONDE COMER EM CASTRO MARIM
Em Castro Marim, mais precisamente na Aroeira, em Altura, o D. Rodrigo é um dos típicos restaurantes regionais. As especialidades são o cozido à portuguesa, o arroz de lingueirão, o arroz de polvo, o arroz de marisco, o bife de atum em cebolada, as bochechas de porco preto estufado, o Pernil de porco preto assado no forno e o Cozido de grão. Entre as entradas pode contar com presunto, tomate com alho, queijo fresco, conquilhas, amêijoas, camarão grelhado ou cozido, e biqueirão alimado. Uma delícia! Contactos: +351 961275212 ou 966142426.
O Restaurante Bela Vista já indica onde está pelo nome: com vista para a barragem de Odeleite. Que bem que comi por lá! As entradas com salpicão, presunto, queijo e a experimentar dois pratos muito tradicionais como as enguias fritas e o ensopado de borrego. As doses são grandes e à sobremesa veio um pijama, ou seja, com um bocado de cada bolo regional. E todos tinham bom aspeto, desde a torta de laranja, alfarroba, figo, amêndoa, etc.
Também experimentei o restaurante o Camponês onde provei o guisado de javali e cogumelos. Este espaço fica precisamente do outro lado da estrada do Bela Vista.
Em Monte Gordo, o hotel The Prime Energize tem dois restaurantes: um no edifício principal (na mesma sala onde se servem os pequeno-almoços) e o outro junto da praia, o Beach Club – os dois com as criações gastronómicas do chef Chakkal. Uma verdadeira viagem gastronómica uma vez que o chef junta as suas experiências internacionais ao que é tradicional no Algarve. Leia mais.
ALOJAMENTO: ONDE DORMIR EM CASTRO MARIM
Já estive em três alojamentos, no concelho de Castro Marim:
– Em Monte Gordo, o The Prime Energize
No Sotavento algarvio, a apenas 400 metros da praia de Monte Gordo, no Algarve, está o The Prime Energize, um hotel de quatro estrelas que proporciona experiências diferentes e especiais aos seus hóspedes. Fiquei hospedada numa suite gigante, com vista de mar, ao lado da piscina exterior, e experimentei ambos os restaurantes do hotel: um no edifício principal (na mesma sala onde se servem os pequeno-almoços) e o outro junto da praia, o Beach Club – os dois com as criações gastronómicas do chef Chakkal. Leia mais. Também fui visitar as Salinas de Castro Marim (Spa Salino Água Mãe).
– Na Praia Verde, está o Praia Verde Boutique Hotel – fui lá há muitos anos e estará diferente, mas ficam com uma ideia de um lugar muito bonito, que é a Praia Verde.
– Em Castro Marim, num ambiente rural – na Fazenda S. Bartolomeu, em 40 hectares de terra – está o Companhia das Culturas – Ecodesign & Spa Hotel. Aqui, todos os quartos são diferentes e a decoração é algo que é levado muito a sério neste alojamento, trazendo elementos naturais para dentro dos espaços. Há muita madeira, pedra natural e obras de arte em quase todo o lado. Duas coisas importantes: tem provavelmente o único hammam do Algarve e não existem televisões. Como diz no próprio nome é um ecodesign, sustentável e orgânico. Leia mais.
E perto da Companhia das Culturas – a uns cinco minutos a pé! – está o café-restaurante Pão Quente. Tem pratos do dia, mesmo à noite, a preços bastante acessíveis.