No Algarve, em Loulé, muito próximo do centro da cidade, a 230 metros de profundidade estão as históricas Minas de Sal-Gema. É lá que podemos ver o interior da Terra e formações geológicas com mais de 230 milhões de anos. Uma verdadeira cidade de sal “esconde-se” debaixo das ruas de Loulé, que só abriu as portas ao público, com tours, desde o ano passado. Sabe para que é usado o sal-gema?
Durante quase duas horas, fiz um percurso debaixo de terra, com uma guia que prontamente respondia a todas as minhas questões. Andamos cerca de 1,3 Km dentro da mina, conhecendo o processo de mineração, tantos os antigos (estão lá muitas máquinas antigas) como os atuais, podendo ver inclusive os mineiros a trabalhar ao vivo.
Nos tempos áureos desta mina trabalharam aqui 180 mineiros. Hoje em dia são só sete, mas quando a visitei só vi três. Dois dentro da mina e um a controlar o elevador (a chamada jaula) que nos leva e traz de dentro da mina.
Como se processa a visita das Minas de Sal-Gema:
– descemos num elevador minúsculo que, antes da pandemia, levava até 7 pessoas. Sem problema nenhum, subiu e desceu, até aos dias de hoje. Vai abanar muito, mas é bom sinal, dizem-nos. Tem de abanar, para funcionar bem.
As minas começaram a ser exploradas em 1964 e, como já disse, chegaram a ter 180 trabalhadores. Estamos na visita, a 230 metros abaixo da superfície mas, segundo os testes que foram feitos, existe sal a pelo menos mais 800 metros abaixo, ou seja, um quilómetro de sal para baixo. Colocando os túneis todos juntos teríamos 45 quilómetros de extensão. Enorme!
Se existe aqui sal, existiu aqui mar? Sim. Há 230 milhões de anos, existia a Pangeia (antes dos continentes serem como os conhecemos hoje em dia) e aqui existia Mar de Tétis. O sal vira dessa época, uma vez que esta terra estava toda coberta por mar.
PARA QUE É USADO O SAL-GEMA?
Significado “sal gema” = Sal comum fossilizado. = HALITE
in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
O sal-gema que sai destas minas não é usado na culinária. Então para que é usado?
– Usado para descongelar a neve e o gelo nas estradas
– Usado para a alimentação de animais (porque tem minerais que são bons para o crescimento de vários animais)
O sal-gema de Loulé já foi vendido para diversos países da Europa, mas com o aumento do preço do combustível e com o caro transporte os pedidos decaíram. Hoje em dia, é para o norte e centro de Portugal, e para o sul de Espanha, que mais se vende, e principalmente para colocar nas estradas, para derreter a neve e o gelo.
Ao longo da nossa visita, que vai percorrendo diversos túneis – a páginas tantas já não sabemos bem onde estamos – vamos vendo máquinas que foram ali deixadas e são, agora, quase uma espécie de peças de museu. Porquê?
Pensem primeiro: como é que as máquinas chegaram ali, se só temos um pequeno (na verdade, são dois elevadores, chamados de jaulas) elevador para descer às minas?
Sim, é isso mesmo que estão a pensar. Tudo é levado às peças e remontado lá em baixo, como se fossem Lego. Então, como algumas podem demorar meses a serem montadas, mina hora de as desmontar… vão ficando ali e, confesso, até acho que ficam bem para as visitas, para mostrarem o passado e o presente.
As roçadoras são as máquinas que usam, hoje em dia, e as explosões que eram feitas com explosivos, já não são feitas desde 1989. Só para terem uma ideia, a roçadora que podemos ver, num dos túneis, demorou quase três meses (!) a ser reconstruída lá em baixo.
As máquinas estão enferrujadas porque há muitos anos lavavam-nas com água – e água e sal juntos… igual a ferrugem, não é? – agora, na manutenção, são limpas com ar comprimido.
Sabiam que estas minas eram aconselhadas para quem tinha problemas de asma?
Os doentes vinham simplesmente à mina e ficavam ali a respirar o “ar” da sal-gema e, segundo dizem, viam-se (e sentiam-se) melhorias nos ataques de asma. Uma das pessoas que por aqui andou, um professor da Escola de Belas Artes do Porto, trazia a sua filha para tratamentos (de asma) às minas e enquanto isso deixou uma bela obra, desenhada na parede de sal, uma mãe com uma criança. Incrivelmente bonita! Mais à frente, um dos mineiros também decidiu mostrar o seu talento para esculpir a pedra.
Pelo meio da visita descobrirmos um espaço aberto que é usado como Sala de Eventos. Aqui, já foi filmado o conhecido debate televisivo “Prós e Contras”; já foi organizado um concerto com o pianista Mário Laginha; e um outro com a Cristina Branco, tendo esta fadista gravado um videoclip nas minas.
De facto, as minas têm um potencial enorme a ser desenvolvido. Antes de haver estas visitas já com horários definidos, havia esporadicamente visitas às minas. Agora, estão abertas o ano inteiro. Também saiu uma notícia, já há alguns anos, que poderia ser feito num hotel nas minas. Que experiência incrível que seria… Para já, é possível ir ver isto tudo ao vivo! Boa visita!
INFORMAÇÕES
Ponto de encontro: Parque Mina de Sal-Gema de Loulé
Rua dos Combatentes da Grande Guerra, 80, 8100-545, Loulé
Site
Telefone: +351 925 969 369
E-maiL: turismo@techsalt.pt
Horários de visitas: nos dias úteis às 9h00, às 11h00, às 14h30 e às 16h00
Chegar 15 minutos antes para preparação da visita
Duração: 2 horas
Preços: 25€/adultos; 20€ (grupos e séniores); crianças, residentes (concelho Loulé) – 15€
Leve roupa e calçado confortável.
Nota: na receção / loja pode comprar sal para levar de recrodação e pedras