Visitar Loulé, Algarve

No Algarve, se começarmos a viagem pelo centro da cidade de Loulé, ficámos com o olhar retido no Mercado Municipal. E ao passear pelo centro histórico, junto do Castelo, ainda se ouve o bater do cobre nas oficinas dos caldeireiros. Ao espreitar por entre as ruelas vê, no cimo do monte, o Santuário de Nossa Senhora da Piedade (Mãe Soberana), onde tem lugar a sua maior festa religiosa. Conhecem Loulé?

A tradição e a cultura estão bem vivas no concelho de Loulé: uma área muito diversificada onde se encontra a Quinta do Lago, mas onde também fui encontrar a produção de medronho e da empreita, aldeias tradicionais e a preservação da sua rica gastronomia. O concelho atravessa as três zonas do Algarve: o litoral o Barrocal e a serra. Loulé é cidade desde 1988 e é o maior concelho do Algarve, que vai do mar à serra.
É aqui, neste concelho, que estão situados os locais mais “premium” do Algarve como o Vale do Lobo, a Quinta do Lago, Vilamoura e diversos campos de golfe.
A beira-mar (com cerca de 13,5Km de extensão) compreende as praias de Vilamoura, Quarteira, Forte Novo, Almargem, Loulé Velho, Vale do Lobo, Garrão Poente, Garrão Nascente, Ancão e Praia da Quinta do Lago.

A cidade de Loulé fica a 16 Km do aeroporto internacional de Faro. Al’Ulyà foi o nome que os árabes deram a Loulé, que terá sido fundada no século XII e onde, durante a Idade Média, terão vivido diferentes culturas dos árabes, judeus e cristãos. Os banhos islâmicos são um dos locais que mostram a antiguidade de diversas civilizações nesta região. Segundo os anais da História, Loulé foi conquistada aos Mouros em 1249, durante o reinado de D. Afonso III, e recebeu o foral em 1266. Em 1291, foi o rei D. Dinis quem instituiu a única Feira Medieval Algarvia.

Se falarmos do concelho de Loulé, com 11 freguesias (é o maior concelho do Algarve), conseguimos ter uma panóplia de aldeias tradicionais e uma terra que vai da serra do Caldeirão ao oceano Atlântico.
Aldeias e tradições: Alte (empreita, esparto e brinquedos de madeira), Ameixial, Salir (empreita), Benafim (cadeiras de tábua), Tôr e Querença (cestaria e bonecas de trapos)

O QUE VISITAR NA CIDADE DE LOULÉ

No alto do monte avista-se o edifício do Santuário de Nossa Senhora da Piedade (também chamada da Mãe Soberana, nome igualmente dado à imagem que é do século XVI, e tem uma coroa de ouro), que diz ter a maior festa religiosa (do culto Mariano) no sul do país. É na Páscoa que a imagem da Mãe Soberana é carregada, em passo acelerado, pela encosta acima até chegar ao santuário.

MERCADO MUNICIPAL DE LOULÉ
Considerada a mais marcante obra arquitectónica do concelho na primeira década do século XX. Com um estilo neo-árabe e gosto romântico com quatro pavilhões e quatro portões. Foi inaugurado em 1908, tendo sido já remodelado várias vezes.
Ao sábado, em seu redor, e na avenida principal vêm os produtores vender os produtos frescos (e não só), em barraquinhas montadas para o efeito. No interior do mercado vale a pena pelo peixe e marisco fresco, também tem talhos, flores e artesanato. Mas ao sábado de manhã a agitação do mercado toma conta da cidade e é mesmo algo que vos aconselho a experiência – e sobretudo comprar os produtos. Vim carregada com os frutos secos, por exemplo.

CASTELO
O Castelo de Loulé foi construído durante a ocupação islâmica, que começou em 751, e tomado pelas forças cristãs no final do século XIII. Aí sofreu várias remodelações e obras de ampliação, embora ainda se mantenham vestígios da estrutura original. Classificado como Monumento Nacional, desde 1924, o castelo ainda mantém intactas algumas das torres e lanços de muralhas com alguns séculos de História. Poe ser visitado.

BICAS VELHAS
Por detrás desta fonte, chamada de Bicas Velhas, vão surgir banhos islâmicos, que estão neste momento em obras.

RIBEIRA DO CADOIÇO
Local preferido dos instagramers, a Ribeira do Cadoiço é uma pequena cascata no meio da cidade. Por umas ruas, muito perto do centro da cidade de Loulé, está uma cascata que parece que entrámos num oásis. Mas, não é mais do que isso! Eheheh! No Verão, a água ganhar uma cor verde claro, e no inverno, se chover, a quantidade de água é tão grande que nem conseguimos nos aproximar da (pequena) queda de água. Vejam a diferença nas fotos!

PATRIMÓNIO A DESCOBRIR
– Arco do Convento da Graça
– Igreja de São Francisco
– Igreja Matriz de São Clemente (neste local já existiu uma mesquita)
– Cruzeiro da Igreja da Misericórdia
– Convento do Espírito Santo / Galeria de Arte
– Igreja de Nossa Senhora da Conceição
– Ermida de Nossa Senhora do Pilar

NATUREZA
O Parque Natural da Ria Formosa abrange o concelho de Loulé. E, para mim, é um dos locais mais bonitos do Algarve.

António Aleixo
Nasceu em Vila Real de Santo António, em 1899, e foi um dos mais populares poetas algarvios. Conhecido pelo tom irónico e sátira social, Aleixo era um homem humilde, que viveu uma vida dura, de pobreza, emigração, tragédia familiar, e doença. Teve muitos ofícios, como emigrante, e quando regressou a Portugal foi para Loulé, onde vendia cautelas e recitava as obras pelas feiras. Faleceu em 1949.

LOULÉ CRIATIVO

A sede do projeto Loulé Criativo é no Palácio Gama Lobo, que é um edifício brasonado, setecentista. Alberga o Loulé Design Lab, Espaço Conhecimento, Ofícios e Artes e dinamiza exposições, workshops, etc. O Loulé Criativo é também responsável por manter uma Rede de Oficinas com artes tradicionais algarvias e sobretudo ligadas a este concelho. E foi aí que tive o privilégio de experimentar – sem grande sucesso para a minha parte, pela falta de jeito que tenho para tal!! – a fiação manual de lãs com a Susan, da Ovelha Negra.

Assim, no centro de Loulé poderá encontrar vários espaços que preservam, e ainda se pode ver trabalhar ao vivo, artes tradicionais algarvias:

A Casa da Empreita
Um grupo de artesãos que continua a tradição da arte da empreita. Usando as folhas de palma são criados objetos antigos e modernos, usando apenas as mãos e fios das folhas da palmeira anã. Há aqui vários objetos desde os capachos de empreita, aos candeeiros, bolsas, cestos, etc.

Oficina de Cordofones
É aqui que se pode arranjar instrumentos de corda, mas também aprender a fazê-los manualmente.

Oficina do Barro
Acolhe oleiros e ceramistas onde é possível ver a trabalhar ao vivo – também é possível participar em atividades para o grande público.

Oficina de Caldeireiros
Ao longe já se ouvem as batidas e do martelar no cobre, na que era a antiga Caldeiraria Louletana. As cataplanas e candeeiros serão os objetos mais feitos mas também há lugar para inovações e até bijutaria.

Há também uma Oficina de Relojoeiro, uma vez que foi uma profissão com importância neste concelho.

MEDRONHO
E ainda fui ver como se faz a produção de medronho junto de um dos produtores mais populares: a JR Medronho.

Casa da Tita
Em Nave do Barão, no concelho de Loulé, a Casa da Tita é alojamento e também casa de workshops ligados à bolota. As raízes familiares ligam Joaquim a Nave do Barão, onde a tia Tita lhe deixou a casa onde agora recebe os visitantes. Tem diversos quartos (piscina exterior) e uma sala onde decorrem workshops onde a bolota é rainha. Fui lá fazer uma aguardente de bolota e bolachas de bolota. Nave do Barão é um lugar rural do Algarve, que é procurado por quem procura descanso e uma ligação direta à natureza.

RESTAURANTES: ONDE COMER EM LOULÉ

No centro de Loulé, está o Café Calcinha que serve também refeições. É uma réplica de um café brasileiro, com sancas de madeira brasileira, trazido para Loulé por Prazeres & Reis, em 1928. É o único exemplar de um espaço Art Déco na cidade. Primeiro, chamou-se “O Café Central” e depois, em 1929, passa a ser o Café Calcinha devido à alcunha do proprietário, José Domingos Cavaco. Durante décadas foi espaço de tertúlias, onde se discutia política, futebol ou a vida de famosos. No exterior, junto da esplanada está uma estátua que serve de homenagem ao poeta António Aleixo. Está classificado como Monumento de Interesse Municipal desde 2019.

M Lounge. Acreditem que vale a pena comer por lá: sumos naturais de frutas e vegetais; bolos caseiros; croissants, scones, pão, queijo e fiambre; panquecas; etc.

Na aldeia de Sarnadas (freguesia de Alte, concelho de Loulé), encontrámos um dos melhores espaços gastronómicos da região: o Restaurante Rosmaninho. Só abre com reserva, porque todos os seus pratos são feitos por encomenda e na hora. O “jantar” de milhos, as açordas, a cabidela, cabrito, javali no forno, etc. Tudo feito com as mãos sábias de quem conhece a gastronomia algarvia (especialmente a do interior do Algarve) como poucos. Para as sobremesas poderá experimentar o pudim de semola, com calda de frutos vermelhos, tarte de marmelo, bolo de mel e estrelas de figo. Reserva e escolha a ementa: 289 478 482

Outro restaurante que deve visitar, é o Retiro do Camponês. No Vale Judeu está um restaurante tradicional português, com comida maravilhosa. Comi lá um cabrito delicioso. As sobremesas regionais também estavam boas.

ALOJAMENTO: ONDE DORMIR EM LOULÉ

Em Loulé fiquei alojada por três vezes e conheci quatro alojamentos. O que conheci melhor foi a Loulé Coreto Guesthouse onde “morei” durante mais de uma semana. É fácil de adivinhar de onde vem o nome. Mesmo em frente, no centro da cidade de Loulé, está um coreto com uma banda permanente – as estátuas de pedra estão sempre lá, quer faça chuva ou sol. Com uma localização bem central, na avenida principal e a cerca de 300 metros do mercado de Loulé, a Guesthouse tem diversos quartos com casa de banho privada e o pequeno-almoço está incluído. É o local perfeito para, estacionar o carro, e ter tudo a poucos passos de distância. Leia mais.