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Publicado em Maio 18, 2020

Vamos mudar o mundo? Textos da aula 4 do Workshop Online de Escrita para Blogues

Workshop de Escrita

16 – SARAJEVO: UM MANIFESTO DE CORAGEM DEPOIS DA GUERRA

Acabar com a fome no mundo. Combater as alterações climáticas. Promover a igualdade de géneros. Se gostava que estas ideias se tornassem realidade? Sem dúvida. Se faço por isso? Nem sempre. A capacidade de sonhar alto da mente humana é impressionante, tal como a sua capacidade de se resignar dois minutos depois. Não vou mentir: não tenho grandes planos de me associar a movimentos feministas, de mudar regimes alimentares ou de alterar por completo os meus hábitos de consumo. Se for para mudar o mundo, que seja pelas palavras.

Há menos de um ano, enquanto deambulava nas ruas carregadas de história de Sarajevo, decidi fazer uma free tour pela cidade. O guia, um rapaz com os seus vinte e poucos anos, introduzia-nos, de forma sorridente, os vários cantos da cidade: apontava para superfícies danificadas que a guerra tinha causado nos edifícios, mostrava representações vermelhas espalhadas pela calçada (uma analogia ao sangue das vítimas), identificava as dezenas de lápides que se erguiam quase de forma desapercebia por entre as lojas e as casas que ocupavam as ruelas estreitas da capital. Também ele tinha sentido na pele o terror, o medo e a angústia de passar quase quatro anos fechado em casa enquanto o pai percorria os túneis silenciosos que se escondiam por detrás do cerco de Sarajevo para trazer mantimentos para a família. Não foram as horas de pesquisa no Google antes de ir à Bósnia, enquanto planeava a viagem, que fizeram com que este conflito mexesse comigo. Foi a história deste rapaz.

Viajar tem essa capacidade: dá-nos acesso privilegiado à realidade dos locais; faz-nos lembrar aquilo que qualquer manual de história sempre nos fez esquecer. A bagagem que trazemos é sempre maior do que aquela que carregamos. Naquele dia, levei uma chapada de realidade. Enquanto subia à fortaleza amarela no final da tour, o miradouro mais alto da cidade, não me deparei apenas com o maior cemitério urbano que alguma vez vira. Percebi finalmente a capacidade de resiliência de um povo que consegue, dia após dia, encontrar a força necessária para curar muitas das feridas que ainda tem para sarar.

Autor: IG

17 – NINGUÉM DÁ NADA A NINGUÉM… A NÃO SER NO VIETNAME!

Vietname, Dezembro de 2019. Estava há dois dias no continente Asiático; pela primeira vez fora da Europa, quando passei a maior vergonha da minha vida. Foi um grande abanão logo no início de uma das melhores viagens que fiz até agora. Sabem a célebre frase “ninguém dá nada a ninguém”? Pois bem, não é bem assim…

Tínhamos reservado pelo Booking um cruzeiro de uma noite na Baia de Halong. Quando íamos a caminho para apanhar o cruzeiro recebemos uma mensagem de uma funcionária com quem já tínhamos falado no whatsapp a dizer que o nosso barco tinha sofrido uma inundação e que nos íam mudar para outro, um dos mais recentes barcos da frota, cujas fotos pareciam realmente um sonho: cama gigante com imensas almofadas, com uma janela enorme que deixava a baía entrar no quarto; mesas com comida que já nos estava a fazer crescer água na boca… Tudo parecia demasiado bom, até porque este novo barco custava o dobro do que tínhamos pago pelo outro e não íamos pagar mais nada. Quando chegamos à doca da companhia e nos mandam entrar num barco pequeníssimo que tinha apenas bancos desconfortáveis à nossa espera, enquanto todos os outros à nossa volta eram barcos luxuosos de cruzeiro, o sentimento do “fomos bem enganados” tomou conta de nós. De tal forma que o meu namorado e dois dos nossos amigos acabaram por ir perguntar ao gerente se era aquele o nosso barco! Ele mandou-os sentar e enquanto decidíamos se saíamos o barco arrancou e decidiu por nós. Já nos imaginávamos levados para alto-mar, vendidos a piratas, quando parámos, em plena baía, junto de um barco gigante, lindo e de fazer inveja a qualquer celebridade. Quando o gerente olha para nós a rir e diz “este é o vosso barco” empedernimos os cinco a olhar para ele, para a tripulação sorridente que nos recebia e para o barco…

A tripulação que pensávamos que nos estava a enganar (e sim, mandámos a localização de onde estávamos aos nossos pais!) proporcionou-nos um dos melhores dos 22 dias de viagem. O barco ainda cheirava a novo, o restaurante tinha cadeiras confortáveis, mesas de madeira trabalhadas, janelas enormes que pareciam quadros com tons de azul e verde que podíamos ficar horas a apreciar. Sentimo-nos tão mal que no fim só queríamos fugir do gerente, sempre lembrando a imagem de quando nos disse, a rir, “este é o vosso barco”. Quando hoje alguém me diz “ninguém dá nada a ninguém” eu desato a rir, e vocês já percebem porquê.

Autor: Vanessa Rodrigues

18 – O SONHO DO VOLUNTARIADO

Existe diferentes formas de fazermos a diferença no mundo, na sociedade em que vivemos. Acredito que todos podemos fazer a diferença, que só depende de cada um de nós fazê-la e da importância que isso tem para nós. Podemos fazer mudanças no nosso dia a dia, no emprego, no ciclo de amigos ou no nosso bairro, só precisamos de ter vontade para o fazer. Muito mais que palavras o mundo precisa de ações e por isso irei falar sobre o voluntariado e a sua importância aos olhos de uma pessoa que quer muito ter essa experiência, eu.

Poderia falar sobre o respeito pelo outro, a importância da partilha, de responsabilidade e de outras tantas coisas, mas para mim tudo isso são deveres que temos enquanto cidadãos do mundo, pessoas que vivem em sociedade com o outro. No entanto existe outras ações que podem fazer um mundo melhor, que pode consciencializar as pessoas que nele vivem, formas de pensar e de agir, refiro-me por exemplo ao voluntariado. O Voluntariado, na minha opinião, é uma experiência enriquecedora para quem recebe bem como para as pessoas que o fazem. Admiro os voluntários que tiram do seu dia a dia tempo para estar com aqueles que precisam um pouco mais, que se sentem sós. Será certamente gratificante para os voluntários, saber que uma simples conversa, um sorriso, um abraço, ou apenas a nossa presença como uma companhia pode melhorar bastante a vida daquela pessoa. O papel do voluntariado despertou-me curiosidade depois de um grave problema de saúde de uma pessoa da minha família, onde as visitas ao hospital eram muito mais que visitas, isto é, era um momento de conversa, de conforto, de esperança, de estarmos unidos. Foi nesse momento que comecei a procurar mais sobre este tema e as diferentes opções que tinha para o fazer.

Eu ainda não fiz voluntariado, mas há muito que o quero fazer, no entanto ainda não se proporcionou. No final do ano passado coloquei esse desiderato na minha lista de resoluções para 2020, ainda não o consegui concretizar, mas quero muito até ao final deste ano conseguir realizá-lo pois devemos sempre lutar por aquilo em que acreditamos e ter atitudes que vão nesse encontro.

Autor: Marisa Heliodoro

19 – ADEUS MUNDO VELHO; OLÁ MUNDO NOVO!

Quantas vezes desejaram mudar o mundo? Quantas resoluções de ano novo sobre um mundo melhor? Quantos planos, quantas decisões, quantos compromissos? Quantas vezes, ao longo da nossa quarentena de 2020, decidimos que depois tudo ia ser diferente, e nada voltaria a ficar igual?… Tantas e mais perguntas que eu podia colocar, e que eu me coloco como tenho a certeza que muitos de vocês também. Mas se queremos que o novo mundo que aí vem seja diferente daquele que tínhamos antes, tenhamos a coragem de pôr toda a nossa força e a nossa resiliência em tudo o que fizermos a partir de hoje:

– Aceitemos que não há mesmo nada mais importante que a nossa liberdade e a dos outros; que a justiça seja cega e justa; que a nossa opinião possa ser dada e ouvida; que o nosso vizinho possa ser o que quiser, e que não seja nem mais nem menos do que nós. Aceitemos que os extremos não têm lugar na sociedade democrática na qual vivemos. Que as notícias têm de ser fundadas, ou são simplesmente opiniões pessoais;
– Aceitemos que temos absolutamente de viver numa sociedade unida, solidária, que pode não falar a uma só voz, mas que aceita as diferenças e luta com um mesmo objectivo: a saúde, a prosperidade, e a felicidade de todos;
– Aceitemos enfim que o mundo que agora nasce tem de ser mais cuidado do que alguma vez foi, mesmo que isso nos imponha sacrifícios à vida que conhecemos do mundo velho. Que é importante pôr a saúde do nosso mundo (o único que temos), e inerentemente a nossa saúde, no centro das prioridades, e que tudo o resto gravite à sua volta.

Esta pandemia mostra-nos que um mundo velho fica para trás e não se poderá repetir. Destruímos o nosso mundo até atingir quase o ponto de não-retorno. Vimos o precipício por onde ainda podemos cair. É imperativo reiterar o lema do mundo novo que aí tem de vir: uma inegável, inevitável, e inadiável, revolução ecológica. Apenas fazendo os sacrifícios necessários que nos foram pedidos poderemos esperar fundar esse tão desejado mundo novo!

Autor: TG

20 – VOLUNTARIADO, UM SONHO À ESPERA DE SER CONCRETIZADO

Querida eu do futuro, venho falar-te de algo que poderá mudar o teu mundo. Bem sei que na tua cabeça esse emaranhado de ideias começa a ganhar forma e sentido. Ambas sabemos também que viver uma experiência de voluntariado, não só é um sonho, como também é uma possibilidade que está muito disponível. Tens a melhor das profissões para isso, adoras viajar e conhecer pessoas e, sobretudo, tens um carinho enorme em ajudar os outros. Do que estás à espera? Vais manter-te nesse desiderato?

Vamos organizar ideias e começar pelo princípio. Dos continentes que já visitámos, percebemos que em todos eles poderíamos ter feito uma grande diferença mas foi em África que sentimos um intenso chamamento, algo que não mais podia ser ignorado. Eu, agora, nada poderei fazer mas tu, a médica dentista do futuro, terás à tua disposição uma panóplia de organizações que lutam todos os dias para melhorar a saúde oral das pessoas. Não só vais melhorar o seu sorriso, como também lhes podes estar a salvar a vida e isso não tem preço, é um trabalho que é pago com gratidão. Depois poderás estar a viajar. Irás poder tagarelar com tantas mas tantas pessoas, aprender os costumes dos sítios e perceber a dinâmica dos locais que escolheres. Entrega-te a uma dessas organizações e oferece o que de melhor há em ti.

Vai, não tenhas medo de arriscar. No fundo sabes que serás mais feliz se o fizeres e sabes também que farás alguém mais feliz. Vai, porque podes estar a fazer com que as crianças do futuro tenham melhores índices de higiene oral e menos problemas sérios na cavidade oral. Distribui escovas, pastas dentífricas, ensina a escovar os dentes. As batas brancas têm poderes além fronteiras e, gostando tu tanto de conhecer o mundo, vais perceber que a tua única barreira és tu própria. Ainda não chegaste lá mas, eu no presente, consigo ver que se te entregares só um bocadinho e deres o melhor que há em ti, irás receber o melhor dos outros e ainda muito amor e carinho, em proporções muito superiores àquelas que tu ofereceste.

Autor: Ana Margarida Fernandes

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