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Publicado em Maio 18, 2020

Vamos mudar o mundo? Textos da aula 4 do Workshop Online de Escrita para Blogues

Workshop de Escrita

11 – ATÉ AO DIA QUE PRECISAMOS DELES

Acreditas que cada um de nós pode fazer a diferença? Eu acredito. E não precisamos de ser super-heróis. Basta um pequeno gesto, uma forma diferente de olhar. Existem tantas pessoas que nos inspiram mais ou menos conhecidas. Aquelas que diariamente fazem parte da nossa vida, nem que seja só por uma fase. Vou partilhar convosco a minha experiência. Como aprendi a valorizar uma profissão que não é devidamente reconhecida: os Enfermeiros. Desvalorizados… até ao dia que precisamos deles! Descobri isso da pior forma: quando a minha filha iniciou a quimioterapia.

Estávamos no fim de outubro, tocamos à campainha da Oncologia Pediátrica. Quem nos abriu a porta? Um enfermeiro do serviço, com um sorriso de quem quer tranquilizar mais uma família que ainda nem conseguiu digerir o diagnóstico e já vai iniciar a luta contra o mesmo. Pousamos as nossas coisas. E, logo de seguida, o enfermeiro diz: “venham comigo papás, vou mostrar-vos o serviço”. Começamos pela sala dos pais, acolhedora, em tons de verde seco, com o mínimo essencial, frigorifico, micro-ondas, televisão, sofá e uma mesa com duas cadeiras. Seguem-se os quartos, alinhados à esquerda até ao fundo do corredor. Nem todos do mesmo tamanho, em cada quarto, uma cama, um pequeno armário, casa de banho, televisão e uma poltrona. Passamos pelo gabinete médico e, no fundo do corredor, a copa e a sala dos enfermeiros, com monitores de todos os quartos. Passam-se os dias… e eles sempre presentes. Esclarecem-nos dúvidas e minimizam o nosso sentimento de impotência. Com as crianças é uma brincadeira pegada, mesmo com adolescentes que passam o tempo a dormir. Explicaram-me: “É normal mamã. Assim passa mais rápido”.

Os enfermeiros, hauridos pelas experiências de vida que acompanham, nem todas elas com finais felizes. E nós, passamos ao lado de toda esta dedicação porque vimos de julgamentos pré-concebidos. Mas… um dia precisamos deles! E, nesse dia, são heróis! Já são os meus!

Autor: SJ

12 – VERDE, AMARELO E AZUL… SERÁ ASSIM TÃO DIFÍCIL DE CUMPRIR?

Atualmente, vivemos em total desequilíbrio com o nosso planeta. Vocês já o sabem e não estou a acrescentar nada de novo. Os combustíveis fósseis são levados à exaustão, os gases poluentes, presentes na atmosfera, aumentam dia após dia, os buracos na camada de ozono tornam-se maiores, o efeito de estufa começa a ser abrasador e o degelo uma consequência mortífera. Mas será que estamos conscientes disto? Que a nossa espécie está a colocar em risco a vida num planeta? Eu não…

A verdade é esta e quero muito fazer para mudar. Mas até onde vai esta força? Porque dizê-lo da boca para fora é fácil. Meio egoísta, custa-me olhar para um futuro, aliás para o presente, arruinado, triste, onde os animais em vias de extinção gritam “SOCORRO”, os oceanos apelam à limpeza, as árvores lutam para nos dar vida. Qual foi a minha resposta, perguntam. Qual é o meu papel no meio disto tudo? Hoje, afirmo com toda a certeza, há esperança! Hoje, percebi que eu tenho uma função importante. Hoje, cabe-me começar por três simples cores: o verde, amarelo e o azul. Parece fácil, não é? A resiliência gera mudança e eu devo isso ao planeta. Hoje, vou começar a reciclar, será que chega? Sim e já é tarde. Vou optar por uma economia circular, por reutilizar os resíduos que, antigamente, deitava fora. Para me deslocar vou andar mais de transportes públicos, para me manter em forma vou transformar os garrafões de água de plástico em alteres, vou regar mais vezes a minha horta e fazê-la crescer bem e saudável.

Podemos pensar que, num mundo com quase oito bilhões de pessoas, acabamos por ser insignificantes. Digo isto porque pensava assim. Com o passar do tempo apercebi-me do quão errado é esta ideia. Já se imaginaram num mundo em que toda a gente recicla? Os resíduos não teriam de ir para os oceanos, não teriam de ser queimados e não poluiriam o ar que respiramos, novas formas de vida surgiriam e o equilíbrio que um dia existiu, voltaria em paz. Hoje, as cores amarelo, verde e azul irão ser as minhas melhores amigas.

Autor: Pedro Rocha

13 – MUDAR O MUNDO EM SILÊNCIO

Mudar o mundo? A ideia chega a atemorizar, tanto pela sua dimensão, como pela capacidade de nos tornar infinitamente pequenos! É, de facto, uma obra gigantesca, mas uma obra feita por gente minúscula: todos nós. Acredito que tomar consciência de que somos parte ativa dessa mudança e de que ela acontece diariamente é o princípio para a compreensão do conceito. É entender que um simples gesto é o bastante para fazer a diferença no outro e poder propagar-se. É perceber que atitudes silenciosas de seres tão pequenos, como nós, num planeta tão imenso, como o nosso, conseguem gerar enormes mudanças no futuro. Quando esta consciência passar do plano individual para o plano coletivo, aí sim, o mundo nunca mais será o mesmo!

O amor que nos habita é um dos grandes trunfos para curar este mundo. Há sentimento mais pacificador e unificador que este? Não conheço. E a verdade é que podemos usá-lo sem restrições! Constatei isso recentemente, em plena época restritiva devido à pandemia, aquando da ida a um supermercado. Apercebi-me que havia uma senhora idosa no mesmo corredor que eu (na casa dos 80 anos), e de logo pensar na sua imprudente exposição. Mas desliguei. Pouco depois, alguém se aproximou dela e lhe ofereceu ajuda. Constatei, aí, que a octogenária estava com dificuldades em empurrar o pesado carrinho de compras. Posso assegurar que não se conheciam. E mais: o alguém de que falo era uma senhora com 82 anos, soube depois! Este facto arroubou-me!

O episódio que descrevo é um exemplo básico do efeito que produz uma atitude. Neste caso, a senhora que se prontificou a ajudar semeou e despertou o amor no outro: em quem se sentiu apoiado – o agradecimento ‘escrito’ na face e os mil obrigados que pronunciou demonstram-no bem -, mas também em quem a rodeava – claro que me ofereci para levar o carrinho! Mostrou, ainda, que o amor pode prevalecer sempre, impendentemente do contexto ou circunstâncias. Estas atitudes, se reiteradas e replicadas, mudam. E o mundo acabará por senti-lo.

Autor: Rui Castro

14 – UM PEQUENO PASSO DO HOMEM, UMA PEGADA NO MUNDO

Quando refletimos sobre a nossa pegada no mundo, refletimos sobre a nossa existência efémera e na única oportunidade de que dispomos de a gozar numa Terra que é de todos. É um privilégio, mas também uma responsabilidade. Quando é que esta perceção surge? Na maioria das pessoas, na infância, sob a forma de super-heróis. No meu caso, em segredo bem escondido, sob a forma de super-criança!

Era ao final da tarde que o chamamento acontecia, naquela altura em que o sol descia, passava rasante à casa da Taia, regulava a temperatura ambiente para o modo evasão, e ia-se esconder bem longe onde a minha imaginação quisesse. O cenário era sempre este, eu virada para o sol, sentada no parapeito da janela do escritório, a deixar-me levar (e elevar) pela pedra aquecida, a um estado letárgico! Num ápice, a mente já não estava lá, saía do real e inventava histórias de ficção: um dia, uma nave com extraterrestres desceria à terra e, entre toda a população, eu seria a eleita para nela embarcar, conhecer estranhos visitantes e trazer a paz! Ficava ali, em momentos de deleite nunca confessados com as amiguinhas, mas partilhados no mesmo peitoril com o gatito cúmplice da vizinha, em jeito de happy hour. Alheava-me do mundo, para o pôr às costas!

Contas feitas, não creio ter traído a minha atitude atenta e comprometida de miúda. Sobre a magnitude da minha pegada fui aprendendo a redimensionar a escala, a tornar impactantes para quem me rodeia os momentos que verdadeiramente importam e a criar a minha melhor versão. A morte do meu pai foi crucial nesta aprendizagem – O afeto e gratidão com que foi lembrado entre amigos, família, ex-colegas validou a sua existência à dimensão que é relevante. Foi como se em todos com quem ele se cruzou, ele tivesse tocado com o seu caráter, vontade genuína de ajudar o próximo, retidão, amizade inabalável, altruísmo, sentimento de justiça, deixando a sua marca. – Trouxe-me a serenidade possível face à sua perda e a serenidade necessária para reiterar o meu propósito.

Autor: LS

15 – A MÃO QUE NÃO DEIXA CAIR

São tantas as pessoas que passam por provas dolorosas, muitos estão doentes, sós, sem um lar, uma família, sem um lugar onde se abrigar e sem um amigo para o aconchegar, têm fome e não têm pão. Será sorte? Destino? Não creio… O que está claro é que cada um de nós pode fazer a diferença, ajudar, estender a mão àquele que mais precisa e ampará-lo. Existem tantas formas de o fazer, basta querermos, cá dentro, sentirmos que o momento chegou e avançarmos. Quem faz, ou já fez voluntariado, sabe sabe que ganha muito mais do que aquele que recebe a ajuda.

Durante nove anos fiz voluntariado com pessoas carenciadas e muitas em situação de sem-abrigo. Tínhamos que confecionar a alimentação e entregar ao final do dia, num espaço cedido pela Câmara Municipal. É difícil explicar o que sentimos quando abraçamos uma causa solidária, seja ela qual for, no momento em que o olhar do outro toca o nosso, e as suas palavras se transformam em poderosas lições. Aquele brilho nos olhos de quem está emocionado e agradecido pelo apoio, pelo carinho, pela palavra amiga, jamais se esquece. As palavras sentidas que brotam do coração e transformam-se em: “Que Deus a abençoe”, ajuda-nos a continuar, a chegar a mais pessoas que o necessitam, a criar laços de esperança e de coragem. Na maior parte das vezes a aproximação é difícil, não derrubamos barreiras de um dia para o outro, mas sim com dedicação. Isso é o que vai permitir os desabafos, a partilha das suas histórias de vida que são difíceis e marcantes.

No final do dia, para mim, o cansaço era apenas físico. A minha mente vinha fortalecida, em paz e repleta de amor. Sempre que alguém dá a volta e consegue arranjar um trabalho, uma casa e reconstrói a sua vida, é uma vitória vivida juntos. Mais ainda quando se oferece para nos ajudar, apoiando aqueles que ainda estão numa situação difícil… Tenho como desiderato regressar a este trabalho que me preenche. Como é bonito dar a mão e não deixar cair.

Autor: Catarina Silva

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