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Publicado em Maio 18, 2020

Vamos mudar o mundo? Textos da aula 4 do Workshop Online de Escrita para Blogues

Workshop de Escrita

6 – FAZER O BEM NÃO IMPORTA A QUEM

Em tempos de Covid-19 em algum momento, nos indagamos: a humanidade sairá melhor ou pior desta pandemia? Podemos e estamos fazendo algo positivo, construtivo ou caridoso pelo próximo? O mundo ainda tem jeito? Questões filosóficas ou religiosas à parte, creio que é possível mudar o mundo de um ser, seja este humano ou animal. Pois transformar o mundo todo é utopia, ilusão ou apenas para os muito sonhadores, delirantes ou políticos com sua demagogia que nos enoja e exaure. Vinda de uma família onde a caridade por mínima que fosse era exemplo comum desde a infância, com distribuição de alimentos, roupas e remédios para os carentes morando no Brasil, um dos campeões em desigualdade social, ajudar o próximo não me é algo estranho…a saber, não sou nenhuma santa, mártir ou heroína.

Devo dizer no entanto que a causa que mais me motiva é a favor dos animais de rua. Novamente num país onde falta o mínimo necessário para subsistência de pessoas, o que se dirá dos animais!! Desde a infância convivi com cães recolhidos das ruas e sei dos seus dramas… o abandono pelos mais fúteis e descabidos motivos, até a crueldade abismal de animais resgatados do sadismo de seus tutores. Há momentos que me fizeram perder a fé no ser humano, e que só confirmaram que o Homem é realmente o mais perigoso predador da Natureza. Além de participar colaborando com a causa animal das mais variadas formas, seja de modo financeiro ou com trabalho voluntário, tentando diminuir o sofrimento dos animais domésticos ou silvestres, que buscam uma chance, tenho uma vontade imensa de participar de algum projeto que envolva animais na África!

Quem como eu, já fez algum safári e teve a emoção indescritível de ver estes magníficos animais em seu habitat, como deve ser, não pode ser indiferente ao seu destino! Colaboro financeiramente com um santuário de elefantes no Quênia, mas espero num futuro próximo ser voluntária em algum projeto que resgate e proteja estes e outros animais selvagens fantásticos em vias de extinção! Espero poder realizar em breve este projeto que é além de uma causa pessoal, um sonho que anseio realizar.

Autor: Sandra Yonekura

7 – QUERES UMA CERVEJA? ENTÃO E UM COPO DE VINHO? PREFERES ÁGUA?

Esta semana apareceu-me várias memórias no Facebook sobre aquela viagem a Marrocos. Parece que foi ontem que sai pela primeira vez do velho continente, mas não, já faz 6 anos…
Podia dizer que o que mais me marcou foi o calor infernal daquele mês de Maio, os cheiros da Medina ou todos os animais presentes na Djemaa el Fna, mas estaria vos a mentir. O que mais me marcou foi mesmo a hospitalidade, o “à vontade” que eles tiveram comigo.

Numa das noites regressávamos ao alojamento no meio da Medina – eu, o meu homem e a minha prima – quando num canto de um talho vi uma televisão, a dar o Sevilha-Benfica. Isso mesmo, estava a dar a Final da Liga Europa da UEFA e um grupo de homens estava a ver. Eu, mulher, com apreensão, cheguei-me mais perto do talho, enquanto a minha prima fugia para o alojamento, com receio de algum contacto com aqueles homens. O meu príncipe consorte ficou comigo, não fosse preciso. Quando aquele grupo de homens viram que eu estava a aproximar-me, meteram conversa. Perguntaram de que clube era, “Benfica” respondi entre dentes, com medo da interação. E arrependi-me de seguida, não porque estava rodeada de marroquinos, mas sim porque estavam todos a torcer pelo Sevilha. O que aconteceu a seguir, só visto – lá estava eu, miúda, europeia, no meio daqueles homens todos, a torcer pelo meu clube, a gritar para uma televisão velha, no meio daquela carne toda pendurado do talho, enquanto eles nos ofereciam a sua hospitalidade – e algumas bebidas. Escusado será dizer que o Sevilha ganhou, e fui gozada até à Riad.

O que eu quero dizer é: a memória que ficou ao fim deste tempo todo sou eu, a esbracejar no meio de um grupo de Marroquinos, enquanto eu via o meu Benfica a perder. E se eu tivesse tido a mesma reação que a minha prima, e tivesse fugido para o quarto com medo de interagir? Não é para isso que no fundo viajamos?

Autor: Katherina Pereira

8 – NOVA VIDA, NOVAS EXPERIÊNCIAS, NOVOS DESAFIOS

Há momentos que nos marcam e aquele foi o meu. Já viajávamos há umas horas quando o carro se despistou e tivemos um acidente. Naquele segundo, a minha vida mudou para sempre pois a consequência foi uma paraplegia que me deixou numa cadeira de rodas. Todos os dias acontecem acidentes que marcam e definem o rumo de vidas e a minha mudou ali. Os dias que se seguiram foram de angústia e muito sofrimento. Foram meses de revolta e adaptação. Foram anos de diferença, de obstáculos e de luta até que decidi fazer disso a minha bandeira.

Encarar um mundo que não está acessível a todos foi uma realidade que me surpreendeu e apanhou desprevenida. Abandonar as minhas paixões não foi opção e os obstáculos da vida tornaram-se os meus desafios. Primeiro, começaram as viagens e, com isso, veio a dificuldade em programá-las, em ir a alguns locais icónicos ou, simplesmente, sair para jantar com amigos. Aprender a dar a volta a estas questões tornou-se o meu dia-a-dia e, mais tarde, tornou-se a minha batalha.

Ao sair de casa desafio-me e desafio, também, o mundo. Tenho a certeza que a minha presença, a minha descontração e o meu otimismo despertam consciências para esta temática e levam muitas pessoas a pensar no assunto. Contribuir para um mundo acessível a todas as pessoas é a minha luta, pois é um direito que assiste a toda a gente e urge que assim seja. E, esta é uma luta por mim e por todos, pois ninguém está livre de viver uma situação como a minha, além de que, com o avançar da idade, vai-se perdendo mobilidade pelo que se torna premente colocar este assunto na ordem do dia!

Autor: Sofia Martins

9 – UM MUNDO A RENASCER?

Iniciava o ano de 2020 e de repente o mundo entrou em suspense, todos olhavam todos e sempre com suspeição… Será? O caos instalou-se, as ruas ficaram desertas, deixou de se ouvir o trânsito caótico típico das cidades, lojas fechadas, assim como os restaurantes e os bares, aqui e ali um supermercado, mas nada mais que isso! Ao longe ouvem-se sirenes. Mas o que estava a acontecer? A televisão e a rádio noticiam um novo vírus, que atordoava pessoas que nem pássaros, era vê-los caíram redondos e, muitos, ali se extinguiam. O que será de nós?

Coloco-me em retrospectiva e vejo-me miúda, em que os vizinhos eram a nossa segunda família, entravamos pelas casas adentro como se fossem nossas, em que as pessoas se cumprimentavam na rua quando passassem umas pelas outras. Como era bom que esse tempo voltasse. Amizade, camaradagem, respeito mútuo não eram só palavras bonitas do dicionário. Realmente significavam algo e era duradouro, tanto que ainda persistem nos nossos dias.
Gostaria que o Mundo voltasse a ter os valores do antigamente, onde nos espelhássemos no Outro. Conscientes que devemos mudar para não voltarmos a ser o que éramos, egoístas, só o nosso umbigo era prioridade…
Luanda é uma fonte de inspiração e não sei por onde começar, mas vamos ao mais básico, o lixo. Tento, quando vejo os catadores de lixo, saber o que procuram e sugerir alternativas, no caso do plástico, das latas e do vidro. Existem quatro restaurantes ao redor, porque não pedir-lhes para separarem o que procuram? Sim, sim madrinha, dizem-me, mas depois voltam ao mesmo. Falo com os gerentes dos restaurantes, que também são difíceis de aceitar, mas tanto bate a água na pedra que um dia fura, não é mesmo?!

Se todos nós modificarmos a nossa rua, fazendo renascer os valores para uma melhor cidadania, o Mundo, aos poucos, habitua-se e quiçá um dia poderemos todos brindar a uma nova Humanidade. Sonhadora, dizem. Sim talvez, mas o sonho comanda a Vida!

Autor: Maria do Céu Saraiva

10 – FICAMOS SEM CHÃO, E AGORA?

Fazer planos! Duas palavras que nos tempos que correm fazem eco, retornam vazias. O mundo fechou-se e a globalização adquire um único sentido! COVID19. Ficamos sem chão e agora? Pois é, sentimo-nos perdidos, desorientados, sem amanhã. O que idealizamos e projetamos ficou no limbo.
Este ditado, “há males que vem por bem” nunca me suou tão bem! Apesar, deste maléfico Sars-CoV-2 ter vindo atazanar o dia a dia também fez com que pudesse refletir sobre a vida. Abrandei o stress, a correria e a rotina.

Isto deu-me tempo para rever os meus planos, analisar em detalhe os projetos idealizados. Desde há muito tempo que abrir a porta do guarda-fatos e observar o amontoado de roupa que não visto, causa-me náuseas. O quanto gastei em coisas efémeras. Pensar no que adiei por falta de dinheiro, afinal estava transformado em peças de tecido penduradas nas cruzetas. Não falando em acessórios, pratas e outras bugigangas sem significado. Isto tem de acabar! Acreditem, não é a primeira vez que o digo. Tem sido uma incessante promessa vã! Preciso canalizar as minhas energias e dinheiro em projetos consistentes. A resiliência é inata ao ser humano. Premente a necessidade de mudança. Está na altura da desintoxicação do consumismo. Quero fazer dos meus dias marcos de obras realizadas e planos concluídos. A alma equilibrada, as emoções orientadas, e as energias mais bem encaminhadas. Ser prática, priorizar e valorizar cada dia que vivo. Fazer novas amizades e conhecer outros mundos. Isto sim, vale a pena.

Nada vai ser igual! A nova realidade que se avizinha vai ser difícil, muito trabalho terei pela frente para concretizar os meus sonhos. Fazer as malas, voar para outros destinos. Redescobrir como ser feliz e viver de um modo bem diferente! Sentar à beira mar numa praia distante e sorrir de alma plena. Num descanso profundo perguntar, valeu a pena? À memória saltam-me uns versos do poema, Mar Português, de Fernando Pessoa, “Tudo vale a pena/Se a alma não é pequena (…)”. Que mais posso querer!

Autor: Cidália Alves

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