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Publicado em Maio 18, 2020

Vamos mudar o mundo? Textos da aula 4 do Workshop Online de Escrita para Blogues

Workshop de Escrita

E chegamos ao 4º exercício do I Workshop Online de Escrita para Blogues do Viaje Comigo. Já há um mês que vamos explorando as capacidades de escrita, com temas que nem sempre são fáceis de serem abordados. Aliás, todos os participantes disseram que este foi o tema mais difícil. Que tiveram dificuldades em se inspirar e criar algo que respondesse ao meu desafio. Mas o resultado dos textos parece-me bastante bom!

O que abordamos esta semana? “O que gostavas de fazer para mudar o mundo? O que está ao teu alcance, mas ainda não o puseste em prática? O que queres fazer a curto prazo? E a longo prazo? Acreditas que cada um de nós pode fazer a diferença? Há alguma história/situação que te tenha feito “descer à Terra”? Alguma “chapada” ou ensinamento que gostasses de partilhar?”

As respostas a estas questões – do 4º exercício do Workshop Online de Escrita para Blogues, do Viaje Comigo – surgiram em cerca de três dezenas de textos, que falaram de desejos, de atitudes, de preconceitos, de tentarmos ser melhores pessoas, de valores humanos, de querermos todos um mundo melhor e o que todos podemos ser a mudança. Todos fazemos a diferença. E o resultado está nos textos, abaixo publicados, que são da autoria dos participantes desta atividade. Alguns preferiram manter o anomimato, por isso, alguns textos mantêm somente as iniciais como assinatura. Estão aqui publicados, consoante a ordem de chegada ao meu e-mail. Parabéns a todos!

TÍTULOS DOS TEXTOS SOBRE “VAMOS MUDAR O MUNDO”/strong>

1 – Sonhos que fariam a diferença no (meu) mundo, SP
2 – Mudar o mundo: uma pessoa de cada vez, Dália Cavaco
3 – Vamos mundar o mundo?, Cláudia Duarte
4 – Passinho a passinho, todos somos a Super-Mulher!, Ana Catarina Santana
5 – Bateram-me à porta e roubaram-me…o preconceito!, Sara A.
6 – Fazer o bem não importa a quem, Sandra Yonekura
7 – Queres uma cerveja? Então e um copo de vinho? Preferes água?, Katherina Pereira
8 – Nova vida, novas experiências, novos desafios, Sofia Martins
9 – Um mundo a renascer?, Maria do Céu Saraiva
10 – Ficamos sem chão e agora?, Cidália Alves
11 – Até ao dia que precisamos deles, SJ
12 – Verde, amarelo e azul… será assim tão difícil de cumprir?, Pedro Rocha
13 – Mudar o mundo em silêncio, Rui Castro
14 – Um pequeno passo do homem, uma pegada no Mundo, LS
15 – A mão que não deixa cair, Catarina Silva
16 – Sarajevo: um manifesto de coragem depois da guerra, IG
17 – Ninguém dá nada a ninguém… A não ser no Vietname!, Vanessa Rodrigues
18 – O sonho de fazer voluntariado, Marisa Heliodoro
19 – Adeus mundo velho; olá mundo novo!, TG
20 – Voluntariado, um sonho à espera de ser concretizado, Ana Margarida Fernandes
21 – À procura da grande beleza, Pedro Moita
22 – Um arroto que mudou o mundo, ZT
23 – A (Tentar) Mudar o Mundo, Adriana Cunha
24 – All we need is words, Liliana Sousa
25 – Viver Livre, Pedro Domingues
26 – Ter boa vontade não basta, Cláudia Ramalho
27 – A arte de aperfeiçoamento, Carolina Salgueiro
28 – Um mundo Ideal, Sandra Antunes

1 – SONHOS QUE FARIAM A DIFERENÇA NO (MEU) MUNDO

Todos nós sonhamos. Uns mais, outros menos. E há sonhos que podemos, facilmente, colocar em prática. Outros nem tanto. Independentemente do que idealizamos ser, fazer ou ter, o importante é que seja por nós – não por mais ninguém. Eu, comunicadora nata de profissão, tenho algo pendente na minha vida que espero, um dia, ter a audácia de concretizar. Estão a ler os desabafos de alguém que sempre sonhou ser Psicóloga forense.
E perguntam vocês “como é que uma Psicóloga forense pode mudar o mundo?”. Eu respondo: “O mundo talvez possa não mudar, mas o meu mundo faria mais sentido”. Teria mais essência. Mais verdade. Mais realização a nível profissional e, sobretudo, pessoal. É um sonho de menina, comprovado pelos resultados dos testes psicotécnicos no secundário. E porque não fui para Psicologia? Porque falhei. Falhei na média necessária e não tive coragem de dar um passo atrás e voltar a tentar. Por medo do que fossem dizer, pela pressão familiar e porque podia falhar novamente. Desde cedo, lidei de perto com situações que facilmente levariam à justiça: violência infantil, violência doméstica, burlas e homicídio. Na altura destes acontecimentos pensei: “Tem de haver algo que possa fazer para que isto não aconteça a outras pessoas”. E esta era (ou irá ser) a minha impressão digital neste mundo desumano que está, cada vez mais, uma lazeira. Nunca é tarde para tentar e sei que tenho cinco anos pela frente, se quero lá chegar. Mas também sei que não basta querer, porque não nasci num berço de ouro e há sempre despesas com que a vida gosta de nos congratular. “Enquanto há vida, há esperança”. E sonhar ainda me é permitido!
Está para chegar o meu momento. O momento de não fraquejar e ir em frente, sem medos do passado. Acredito que farei a diferença na vida de alguém. E, por ventura, na falta de justiça que prevalece e nos entra todos os dias sem aparente travão.

Autor: SP

2 – MUDAR O MUNDO: UMA PESSOA DE CADA VEZ

O mundo está a mudar e nós podemos mudar com ele. Quem nunca pensou que o mundo poderia ser um local melhor se todos fossem mais amigos, mais solidários, mais corretos? Se todos pensassem mais no próximo? Eu sinto isso e muitas vezes revolta-me o que vejo a acontecer há minha volta. Acredito que, se todos se lembrassem que a nossa liberdade termina quando começa a do próximo, as coisas poderiam ser bem diferentes.

Os portugueses são, na sua maioria, pessoas solidárias. Particularmente em situações prementes. Viu-se nos incêndios de 2017, com a criação de contas e distribuição de bens essenciais. Viu-se agora nesta maldita pandemia, com a criação de caixas solidárias onde se podem deixar alimentos para quem mais precisa. Mas depois temos aqueles que criam essas caixas e julgam quem pede/tira por não ter um aspeto de pessoa que precisa. Aconteceu a semana passada no grupo da Caixa Solidária, que existe no facebook. Um rapaz, com uma mochila às costas, foi “apanhado” a tirar alimentos de várias caixas solidárias dispersas pelo local onde mora. Foi escrutinado na rede social. Isso levou-o a deixar uma carta numa das caixas, a explicar os motivos (desemprego e filhos pequenos) pelos quais tirou alimentos. E agradeceu quem deixou alimentos nas caixas, para que ele pudesse alimentar a sua família de quatro. Depois disto algumas pessoas ainda se mostraram mais empáticas com ele e com o verdadeiro motivo destas caixas, pedindo-lhe que as contactasse. Há já quem organize grupos para poder ajudar mais “rapazes de mochila às costas”. Assim se vê a solidariedade das pessoas que muito ou pouco possam ter. E assim também levamos chapadas sem mão.

Onde moro também existem caixas solidárias. Eu também já lá fui deixar comer. E também vi logo de seguida alguém a tirar o que lá deixei. E irei novamente. Não me cabe a mim julgar quem tira se posso ajudar quem precisa. Não podemos julgar o livro pela capa e não nos devemos esquecer que podemos estar a fazer a diferença na vida de alguém.

Autor: Dália Cavaco

3 – VAMOS MUDAR O MUNDO?

Lombok, Indonésia, Outubro de 2017. Estou numa praia paradisíaca, uma baía de águas mornas e cristalinas rodeada por pequenos montes verdejantes. Dou um mergulho rápido e, como já é hora de almoço, sento-me num dos bancos de madeira do bar da praia a degustar um caril de gambas com água de côco. Depois do almoço, volto para o areal na esperança de entrar novamente na água mas o que vejo deixa-me sem palavras. O cenário outrora idílico tinha-se transformado num mar de plásticos. No lado esquerdo da praia desaguava um ribeiro que passava pela cidade e, talvez por ter chovido havia pouco tempo, todo o lixo lá despejado estava agora a correr rapidamente em direcção ao mar. Foi a primeira vez que me deparei com tamanha poluição num sítio aparentemente tão pristino.

Depois desta visão, passei ainda por pelo menos mais duas situações semelhantes, uma no desfiladeiro de Wadi Shawka, nos EAU, e outra nas estradas que percorrem o interior da Turquia – locais que deveriam ser intocados mas que se encontravam contaminados pelo lixo deixado pelo ser humano. É assim que está o mundo, desde a nossa rua até aos lugares mais remotos. Ver estes cenários, con-tudo, não me faz perder a esperança de um dia viver num planeta limpo. Pelo con-trário, faz-me abrir os olhos e compreender o quão premente é alterarmos a nossa forma de vida, pois disso depende a nossa subsistência e a preservação dos ecos-sistemas da Terra. Com o crescimento desenfreado da população mundial, a gestão do lixo é um problema cada vez maior. Apanhar o lixo espalhado já não chega, é preciso mudar mentalidades e hábitos!

Estou confiante de que cada um de nós pode fazer a diferença. Reduzir o consumo, reutilizar embalagens, preferir produtos avulso ou com invólucros mais ecológicos, tudo isto faz diferença. E porque não apostar no cultivo de vegetais e ervas aromáticas (quando possível) ou na produção de alimentos e produtos que possam facilmente ser feitos em casa? Mais ainda, é preciso alertar grandes empresas para que mudem a forma como os produtos chegam ao consumidor e apostem na reutilização de embalagens. Vamos tentar alterar os nossos hábitos e consciencializar os que estão a nossa volta para que também o façam. Hoje mudo eu, amanhã mudas tu. Quando dermos por nós, o mundo está mudado. Vamos a isso?

Autor: Cláudia Duarte

4 – PASSINHO A PASSINHO, TODOS SOMOS A SUPER-MULHER!

Ser a melhor versão de nós próprios, é uma opção. Com pequenos passos e pequenas mudanças, todos podemos mudar o mundo e fazer dele um espaço melhor. Solidariedade, apoio, suporte e consciência, é tudo o que precisamos. Melhorar o mundo não significa dar a volta ao globo a distribuir refeições a cada pessoa que necessita. Nem implica voar e coser a camada do ozono. Se fores sempre o melhor de ti e conseguires ajudar nem que seja uma pessoa, já estás a melhorar o mundo.

Sempre tive ideias muito fixas. Sempre soube o que queria para mim. O meu mais profundo desiderato, foi sempre ajudar o outro. Na hora de definir um percurso profissional, não houve dúvida. Saúde tinha de ser o meu caminho. Formei-me em Terapia da Fala e, todos os dias, o meu trabalho é ajudar alguém. Uma recém mamã que duvida das suas capacidades porque o filho não é capaz de mamar. Explico o processo de sucção, ensino-lhe a posição adequada e vejo o brilho nos olhos; já está, conseguiu. Se mudei o mundo inteiro? Não. Mas a vida daquela mãe, naquele momento, mudei. Uma criança com autismo que se sente perdida porque não se consegue expressar. Uma mãe perdida porque não consegue comunicar com o filho. Com muito trabalho e dedicação, aquele rapazinho conseguiu dizer por cartões que ama a mãe, que tem fome, que tem medo. Naquela família, já se comunica, já se percebem e já se entendem. Se mudei o mundo inteiro? Não. Mas a vida daquela família, eu mudei.

Não precisamos nem vamos conseguir mudar o mundo inteiro, eu quero, juro que quero. Quero vestir uma capa e abraçar o mundo. Enquanto isso não for possível, faço o máximo que consigo com tudo o que posso. Seja o vizinho, seja a família que me procura. Fazer o bem é uma opção, e, enquanto eu conseguir, escolho sempre ser a minha melhor versão e melhorar o mundo à minha volta, mesmo que não seja o globo inteiro. Por agora, enquanto a minha capa de super-mulher não chega, visto a minha bata e saio todos os dias.

Autor: Ana Catarina Santana

5 – BATERAM-ME À PORTA E ROUBARAM-ME… O PRECONCEITO!

Acredito que anda sempre um anjinho comigo. E um diabinho também! Este pode assumir diversas formas, mas naquele dia, o diabrete mascarou-se de preconceito. Espreitou pelo meu ombro, saltou para o meu cérebro e criou uma série com sinapses de maus pensamentos.

Era segunda-feira. A agenda estava cheia de marcações. Tinha tudo para ser um dia normal de trabalho; chegar cedo, preparar-me internamente para escutar os pacientes, mas assim que cheguei ao consultório constatei que me tinha esquecido das chaves. Puxa! Fui até casa para as ir buscar, não encontrei, mas não havia problema, fui procurar as chaves suplentes. De novo carro, estacionar, consultório, consultas, até que alguém toca a campainha. Pensei que seria o cliente seguinte; os mais zelosos não gostam de fazer ninguém esperar. Abri a porta e vi um homem, meia-idade, rosto encardido e enrugado demais para a idade que eu imaginava que teria. A roupa estava larga e os sapatos também lhe saíam dos pés. A sua respiração ofegante vinha acompanhada pelo cheiro a álcool. Mas os seus olhos eram vivos e o sorriso desdentado era sincero. Perguntei se o podia ajudar. Confesso que estava à espera que me pedisse dinheiro, mas ele tirou do bolso algo que me surpreendeu: as minhas chaves!

Explicou-me que no sábado tinha percorrido todos os escritórios para pedir, e que viu as minhas chaves na fechadura. Foi neste instante que o diabrete entrou em ação e instalou a dúvida: será que ele me roubou? Tinha tanto dinheiro lá dentro, na gaveta do móvel castanho! Ele deve ter percebido pela minha expressão que os meus pensamentos não eram nobres e logo me tranquilizou: fique descansada menina, guardei as chaves comigo para ninguém a roubar! E foi aqui que o meu anjinho assumiu a liderança! Que vergonha! Assumi, por um eterno segundo, que aquele pobre senhor me tinha levado dinheiro, quando na verdade tinha sido meu protetor. Fui à tal gaveta e retirei uma boa quantia, que jamais pagaria a sua boa ação nem a injustiça do meu julgamento. Ele ficou comovido, não estava habituado a ser recompensado, e foi embora feliz com o coração leve, deixando-me um ónus pesado na alma. Mas aquelas chaves abriram o meu coração. Os anjos nem sempre se vestem de branco!

Autor: Sara A.

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