Durante dois dias, fui visitar a bonita cidade de Cracóvia, na Polónia, que tem o centro histórico classificado como Património Cultural da UNESCO. Há um certo encantamento em Cracóvia, uma cidade cultural e um ambiente jovem fomentado pelas universidades (mais de 200 mil universitários moram aqui). Se Varsóvia foi totalmente destruída na II Guerra Mundial, Cracóvia conseguiu escapar a esse fatal desígnio, mantendo os originais edifícios históricos e uma Cidade Velha cheia de carisma. Veja o vídeo:
Fui visitar Varsóvia e Cracóvia, a partir de Lisboa, num voo da TAP, direto para a capital polaca. Depois, de Varsóvia, fui de comboio para Cracóvia. Fui em outubro, o que significa que apanhei algum frio e alguma chuva. Mas, basta ir preparada para o frio para, mesmo assim, desfrutar muito do ambiente histórico desta encantadora cidade, que já foi capital da Polónia.
A partir de Cracóvia, fui visitar as Minas de Sal de Wieliczka e os campos de concentração de Auschwitz-Birkenau – são os dois locais mais visitados da Polónia, o primeiro com 1,6 milhões de visitantes, por ano, e Auschwitz com mais de 2 milhões/ano.
A Praça do Mercado é o coração da cidade, de onde partem muitas das visitas guiadas, para conhecer as diferentes áreas de Cracóvia. Da muralha que rodeava toda a Cidade Antiga já pouco sobra: começou a ser construída no final do século XIII, com 39 torres e um fosso para impedir os ataques mas, quando deixou de ter as funções de proteção, retiraram-na, construindo o Parque Planty, que rodeia a cidade, ao longo de vários quilómetros. Hoje em dia, existem uns 200 metros de muralha para serem visitados (na rua Pijarska, 30-547). O Planty ocupa 21 hectares e 8 Km de longitude.
Claramente, esta é a cidade de um Papa muito conhecido: por isso não se admire se vir imagens e estátuas de Karol Wojtyla, João Paulo II, por todo o lado. O Papa nasceu eu Wadowice, perto de Cracóvia, mas foi aqui que estudou e viveu grande parte da sua vida.
RESTAURANTES: ONDE COMER EM CRACÓVIA
Em Cracóvia, fui experimentar vários restaurantes tradicionais com a típica gastronomia da Polónia. Os que conheci estão todos situados no centro histórico de Cracóvia mas, além dos que vou sugerir, existem muitos mais (e num deles fiz um workshop de pierogi, algo bastante tradicional). Cracóvia é uma cidade muito turística, universitária e onde muitos estudantes de Erasmus vivem… por isso, tem muita vida e é uma cidade muito jovem e animada. Leia mais sobre os restaurantes que experimentei em Cracóvia.
HOTÉIS: ONDE DORMIR EM CRACÓVIA
Em Cracóvia, o ideal é ficar alojado num dos hotéis, ou outro tipo de alojamento, perto do centro histórico onde, além de ser bonito, pode fazer todas as visitas a pé. É uma delícia caminhar pelas ruas desta cidade, por isso, mesmo que não fique nas famosas praças, ou frente ao Castelo Wawel, poderá ficar a cerca de 500 metros, que já serão simplesmente alguns minutos de caminhada para chegar às lojas, cafés, restaurantes e toda a animação do centro desta cidade histórica.
Fiquei alojada no Golden Tulip Krakow City Center, um hotel de quatro estrelas, simples (mas com um excelente pequeno-almoço!) com tudo o que é necessário para descansar dos seus passeios. É também bem situado, a cinco minutos a pé do centro histórico. Leia mais sobre hotéis em Cracóvia.
AS ZONAS DE CRACÓVIA
– Stare Miasto / Cidade Antiga
O parque Planty rodeia o que é a Cidade Antiga de Cracóvia: um parque circular que foi construído no lugar onde existiu a muralha medieval. No centro histórico tem monumentos – a Praça do Mercado, igrejas e o Castelo Wawel – para visitar, lojas, restaurantes e os tradicionais cafés e esplanadas.
– Kazimierz
Considerada o centro de cultura judaica viveu tempos conturbados, durante a guerra, quando viu a maior parte dos seus habitantes a ser levada para o gueto de Podgorze (que ficava do outro lado do rio, através da ponte Bernatek). Curiosamente foi depois das gravações de “A Lista de Schindler” que começou a sua recuperação sendo, hoje em dia, uma das áreas mais populares de Cracóvia. Aqui, encontra sete sinagogas e o Museu Judeu Galicia.
– Nowa Huta
Fica a 10 Km a Leste do centro de Cracóvia e foi construída durante a época comunista, com o modelo soviético. Aliás, Nova Huta significa “nova planta”. Começou a ser construída em 1949 e chegaram a viver aqui 100 mil pessoas. Há tours que dão a conhecer a História desta zona.
– Podgorze
Do outro lado da ponte, atravessando o rio, está Podgorze: onde estava o antigo gueto judeu de Cracóvia, criado a 3 de março de 1941. É aqui que está a instalação de cadeiras no centro da Praça Bohaterów: era o local onde selecionavam os judeus para irem para os campos de concentração. O monumento das cadeiras é uma homenagem (diz-se que foi largamente paga por Roman Polanski, cineasta que aqui viveu em criança) para recordar o facto dos judeus terem de tirar os seus pertences de casa e atravessarem este local com móveis. Chama-se a Praça dos Heróis do Gueto.
Numa das esquinas dessa praça está a (muito provavelmente) mais famosa farmácia de Cracóvia, uma vez que se diz que ajudou muitos judeus, contra a proibição dos alemães, ao passar mensagens para o gueto e ajudando doentes. A Farmácia da Águia tem ainda recordações desses tempo e, em 1967, fechou tendo aberto como museu.
Aqui perto está a Fábrica de Oskar Schindler. Quem já leu sobre ou viu o fime “A Lista de Schindler”, de Steven Spielberg, já sabe mais ou menos ao que vai. E o contexto histórico pode ser duro, muito duro até – de se ler, de ver as fotografias – mas Schindler foi a salvação de muitas pessoas que estavam nos campos de concentração. No exterior do edifício, a cobrir as janelas, estão as fotografias daqueles que passaram por esta fábrica e que foram salvos dos campos de extermínio. A ocupação nazi aconteceu entre 1939 e 1945. Pode saber mais no texto completo sobre a visita à Fábrica de Schindler e veja o vídeo:
DESCOBRIR A CIDADE DE CRACÓVIA
As visitas começam quase sempre no centro da cidade que é obrigatoriamente a Rynek Główny (Praça Principal / Praça do Mercado) onde pode visitar o Mercado, a Basílica de Santa Maria e a Torre, rodeados de cafés, bares e restaurantes. É sempre um animado local, tanto de dia como de noite.
Mas, o Castelo de Wawel, situado na colina com o mesmo nome, é muito certamente um dos monumentos mais importantes, onde já morou parte da realeza polaca e símbolo de Cracóvia como capital do país. Merece visita obrigatória (guarde, pelo menos, uma manhã inteira para o conhecer), descobrindo o castelo, a Catedral e subindo à sua torre. É um edifício majestoso que se ergue na parte alta da cidade. Saiba mais sobre o Castelo de Wawel neste post.
Percorra a rua Grodzka, uma das principais (e a mais antiga) de Cracóvia, com muitas lojas, restaurantes e cafés com esplanadas montadas, mesmo no inverno. Também vai encontrar muito património arquitetónico como a Igreja de Santo André e a Igreja de São Pedro e São Paulo, por exemplo. É uma boa rua para se fazer a pé e depois cruzar com a rua Kanonicza, a caminho do Castelo de Wawel.
Na minha visita, a passagem pelo bairro judeu veio depois de ir ao antigo gueto e à Fábrica de Oskar Schindler. O bairro judeu é, hoje em dia, também um local com muita vida, repleto de bares e restaurantes. Por isso, poderá acabar um dos dias de visitas por lá.
Vai ver a imagem de um Dragão, com barriga, em imensas peças de merchandising, espalhadas pela cidade. De onde vem essa ligação com o animal mitológico? No Castelo de Wawel vai encontrar a Caverna do Dragão, que envolve uma lenda nacional: a do dragão que vivia nesta caverna que fica junto ao rio Vístula, onde está a estátua do animal mitológico. Segundo essa lenda, o Dragão gostava da filha do rei e o monarca, para o afastar, declarou que aquele que vencesse o Dragão casava com ela. Veio um sapateiro que lhe deu enxofre e quando o Dragão bebeu água do rio… explodiu! E o sapateiro casou com a princesa!
E sair à noite em Cracóvia? São tantos os bares que é difícil escolher um, mas nas duas noites fui a um dos mais tradicionais: Pijalnia Wódki i Piwa. Um balcão corrido, outros junto das paredes, que estão forradas a jornais antigos, onde servem copos de shots. O que provei? O Mad Dog que junta vodka, tabasco e xarope de framboesa. Forte mas bom! Também tem comida tradicional se quiser petiscar.
O QUE VISITAR EM CRACÓVIA
– Castelo Real de Wawel
Se há monumento que mostre a grandiosidade de Cracóvia – que foi capital antes de Varsóvia – é o Castelo Real de Wawel onde de recato viveram reis desta nação. E aqui está também a magnífica Catedral. Leia mais sobre o Castelo de Wawel.
– Praça do Mercado (Rynek Glowny)
É coração da cidade! Claro que será o ponto mais turístico e, por isso, os preços dos restaurantes e bares poderão ser mais elevados, mas também é a área mais animada, tanto de dia como de noite. Experimentei dois restaurantes aqui e voltaria pelo menos a um deles, que adorei. No meio da praça costumam estar vendedores de flores e nos feriados e festas a praça enche-se ainda com maior animação.
São 40 mil metros quadrados de espaço, o que a faz ser a maior praça medieval da Europa. Foi construída em 1257 e durante a ocupação nazi teve o nome de Adolf Hitler Platz.
Em seu redor, para visitar, tem o Mercado dos Tecidos, a Basílica de Santa Maria, a Torre da Antiga Câmara e a pequena Igreja de São Adalberto (do século X) no centro.
– Torre (da antiga Câmara Municipal)
Construída no século XIV, a Torre tem 75 metros de altura e fica na parte Oeste da Praça do Mercado. Depois da demolição da antiga câmara, só a torre sobreviveu. É possível visitar, mas saiba desde já que tem 110 degraus para subir.
– Igreja de Santa Maria (Kosciol Mariacki)
Está a ouvir a tocar um trompete? Foi das coisas mais pitorescas que já assisti! Datada do século XIV, a igreja fica no centro da Praça do Mercado e merece uma visita ao interior, que é muito bonito, com um retábulo de madeira do século XV e com 12 metros de altura, que dizem ser o maior da Europa. Tem como curiosidade o facto de ter duas torres de diferentes alturas. A torre mais alta, com uma coroa no topo, servia para mostrar se as portas da cidade estavam abertas ou fechadas, em caso de incêndio ou ataques.
E é daqui que sai o som do trompete a cada hora. Tradição que vem de uma história da cidade: um trompetista que foi morto quando alertava os habitantes da invasão de Cracóvia. No verão, pode subir à torre e ter a vista da cidade.
– Mercado dos Tecidos
Bem no centro da Praça do Mercado está este mercado – do século XIX – que hoje em dia é bastante turístico – com objectos típicos da Polónia, mas também muito merchandising que se vê em todo o lado.
– Basílica de São Francisco de Assis
Esta era uma das igrejas favoritas de João Paulo II, mesmo antes de se tornar Papa. Datada de 1269, foi construída para os monges franciscanos, que vinham de Praga, e é uma das igrejas mais antigas de Cracóvia.
– Collegium Maius / Colégio Maior
Cracóvia é uma cidade universitária secular e este local (Colégio Maior) é o edifício universitário mais antigo da Polónia. Sabe quem estudou aqui? Nicolau Copérnico.
Datado do século XV (1400), o edifício apresenta arquitetura gótica. Aqui, pode visitar o Museu da Universidade Jagellonia, onde estão expostos objetos ligados à Astronomia, Cartografia, Física e Química. Se o relógio do pátio estiver a funcionar, fique para ver as figuras de madeira a “dançarem” ao som de uma música, a cada duas horas.
– Muralha e Barbacã
Fazia parte da grande muralha que existiu como forma de proteção da cidade. A Barbacã foi construída em 1499 e está rodeada por um fosso. Existe um bilhete conjunto de visita ao pedaço de muralha que ainda existe e à Barbacã.
– Basílica da Santa Trindade
Tem uma arquitetura semelhante à Catedral de Varsóvia – datada do século XVII – e é conhecida como a Igreja dos Dominicanos.
– Igreja de Santo André
Construída entre 1079 e 1098 consegue-se ver a sua antiguidade no traço que lhe foi dado e na pedra mais clara. Façam lá as contas… e vejam quão antiga é! Tem uma arquitetura românica, de caráter defensivo e religioso. Foi remodelada no século XVIII.
– Igreja de São Pedro e São Paulo
Dizem os habitantes, na brincadeira, que a igreja era pequena demais para tantos santos e que foi por isso colocaram os Apóstolos à porta. As estátuas dos 12 Apóstolos são visíveis ao longe e, na verdade, é o mais impressionante nesta igreja, ainda que mereça uma visita ao interior. Foi construída entre 1597 e 1619.
OUTROS LOCAIS A VISITAR, SE TIVER MAIS TEMPO POR CRACÓVIA:
– Rynek Undergournd (debaixo da Praça do Mercado está uma rota pelos postos do mercado medieval que aqui funcionou)
– Quartel General da Gestapo
– Farmácia da Água
– Museu Polaco de Aviação
– Museu Czartoryski
– Galeria de Arte Polaca do Século XIX
– Museu de Engenharia Urbana
– Museu Etnográfico
– Museu Judeu Galícia
– Sede principal do Museu Nacional
– Museu Arqueológico
– Palácio das Artes
– Igreja de Nowa Huta (nome do antigo bairro socialista de Cracóvia) é a Igreja de Nossa Senhora Rainha da Polónia, conhecida como Arka Pana
SINAGOGAS DE CRACÓVIA
– Sinagoga Tempel
– Sinagoga de Isaac
– Sinagoga Kupa
– Sinagoga Wysoka
– Velha Sinagoga (Stara Boznica)
– Sinagoga Remuh