As Minas de Sal de Wieliczka, a uns 20 minutos do centro de Cracóvia, são o segundo local turístico mais visitado da Polónia, com 1,6 milhões de visitantes por ano. Não existem adjetivos suficientes para descrever estas minas, mas posso adiantar-vos que são deslumbrantes. Fui para lá sem ideia nenhuma do que ia ver e quando percebi que tudo era feito em sal… fiquei muito surpreendida. Vejam o vídeo:
Vamos por partes:
– A visita começa com uma descida de mais de 300 degraus de madeira, mas ao todo, na visita, descemos 800 degraus (sim, oitocentos! Quem não conseguir tem o elevador). È uma boa aula de ginástica, por isso, faça alongamentos depois :D;
– *A visita dura 2h30 (mínimo obrigatório de 1h40 e depois poderá cortar caminho se não tiver mais tempo)*;
– As minas têm 327 metros e 9 níveis de profundidade (para perceberem a grandiosidade, a Torre Eiffel caberia em altura e sobrava espaço);
– E têm mais de 3,5 Km escavados, de túneis e galerias;
– As minas são visitadas por cerca de 5 mil pessoas dia (há registo de 9 mil num dia);
– As visitas são obrigatoriamente guiadas e acompanhadas – o guia está incluído no preço de entrada.
As minas de Wieliczka foram exploradas a partir do século XIII e, desde 1978, estão classificadas como Património da Humanidade da UNESCO. As minas têm diversas capelas, com estátuas esculpidas, mas uma delas destaca-se pela sua grandiosidade: conhecida como a Catedral de Santa Cunegunda (com 54 metros de longitude), com variadas estátuas feitas em sal, que mostram cenas da vida de Cristo, da última Ceia, e uma estátua de João Paulo II. A sua acústica é considerada muito boa e celebram missas aqui ao domingo. Nunca pensei em encontrar uma capela, com altar, e candelabros numas minas de sal!
Vamos passando diversos túneis, rodeados de rocha e madeira, mas nunca senti que fosse muito fechado ou apertado. Pelo contrário. Pelo caminho encontram-se diversas estátuas relacionadas com a História de Cracóvia e da Polónia e até com as próprias minas, homenageando mineiros.
Para os visitantes mais jovens há uma ala com os (Sete) Anões (da Branca de Neve) a trabalharem alegremente na mina.
E também há estátuas de personalidades que visitaram a mina como Copérnico, Goethe, Mendeleev, João Paulo II e Bill Clinton, entre outros.
Pelo meio, há galerias com uma altura surpreendente (a mais alta tem 38 metros de altura), cenários que retratam o trabalho das minas, quando ainda estavam a ser exploradas, e sempre com a instalação de luz e a água. O que é surpreendente. Infelizmente, como em todas as escavações, a história é feita também de desastres e muita gente perdeu aqui a sua vida.
As visitas são sempre acompanhadas com guia e é bom seguirmos atentamente toda a história das minas. Uma das lendas – que inclusive é retratada com esculturas, feitas por um mineiro – conta que Santa Cunegunda, filha do rei húngaro, foi prometida ao rei da Polónia. Recusou o dote do pai, com ouro e pedras preciosas, porque considerava que representavam o sofrimento do povo. Em vez disso, pediu sal e o pai ofereceu-lhe uma mina na Transilvânia. O sal era considerado algo muito valioso – e daí terá derivado a palavra salário, uma vez que o sal poderia ser considerado pagamento. Na época medieval, diz-nos a guia, “o sal era o ouro da época”.
Naquela mina da Transilvânia, acima referida, a princesa atirou o seu anel para um poço. Já em viagem na Polónia, passando por esta região de Cracóvia, umas escavações relevaram que aqui havia muito sal. E ao começarem as escavações descobriram o anel que a princesa tinha atirado na Transilvânia. Diz-se que foi a partir daí que as minas passaram a ser exploradas e a serem feitos estes quilómetros de túneis.
Há 22 anos que as minas não funcionam com a extração, mas somente como ponto turístico. Mas, atualmente, são alugadas para inúmeros eventos desde casamentos a reuniões de negócios, concertos e outros espetáculos, como um verdadeiro palácio de congressos.
As minas estão inscritas no Livro de Recordes do Guiness – World of Records por duas situações diferentes:
– Em 2000, com o primeiro voo subterrâneo de um balão de ar quente – na Câmara de Stanislaw Staszic, com 38 metros de altura.
– E, em 1998, um salto de bungee jumping numa gruta, a 125 metros de profundidade.
A maior da visita, ou perto do final, pode almoçar no restaurante da mina. É um sítio muito agradável – a partir de cera parte esquecemos que estamos debaixo da terra, dentro de uma mina – e a comida é muito boa e os preços são bem razoáveis. Uma refeição pode ficar por 10€, por exemplo, com prato, bebida e sobremesa. Tem diversas opções, com carnes, peixes e vegetarianos. Tudo com sabores bastante caseiros.
No final da visita, vamos de elevador até à superfície- o elevador é pequenino e vai cheio – numa curta viagem. A saída é feita pela loja de recordações que tem desde sal para consumo, para cozinhar, sais de banho, até peças feitas em sal, como os tradicionais candeeiros.
*Existem várias visitas a fazer, veja no site a que melhor se adapta ao que quer saber. Eu fiz a primeira:
– Rota dos Mineiros
– Rota Turística
– Rota dos Peregrinos
– outras.
– Está à procura de hotéis para a sua viagem à Polónia? Pesquise aqui
Outras dicas:
– a temperatura das minas é quase sempre a mesma, a rondar os 14 graus, mas varia. Tanto pode estar quente num local como noutro estar mais fresco. Leve sempre um agasalho, principalmente o verão, quando está calor cá fora e mais fresco nas minas. No inverno até sabe bem ir para dentro das minas 😀
– Leve calçado confortável, para caminhar entre os túneis e descer os 800 degraus da visita.
INFORMAÇÕES
Minas de Wieliczka
Morada: Entrada Danilowicz Shaft – ul. Daniłowicza 10 – 32-020 Wieliczka, Cracóvia, Polónia
Horário: aberta todos os dias (exceto 1 de janeiro, domingo de Páscoa, 1 de novembro e 24/25 de dezembro).
De 1 de abril a 31 de outubro, das 07h30 às 19h30; 2 de novembro a 31 de março, das 08h00 às 17h00; 26 dezembro a 4 ide janeiro, 08h00 às 18h00.
Preço: a partir de 89 PNL (cerca de 20 euros) – Desconto para famílias, estudantes e menores de 4 anos têm entrada grátis. Estes preços já incluem o valor do guia.
É necessário pagar para fotografar ou filmar (cerca de 2€), mas valerá a pena.
Como chegar:
– De autocarro: o 304 parte de Cracóvia, frente à estação de comboio, e deverá sair na Wieliczka Kosciól (uma viagem de mais de 30 minutos)
– De comboio: de Cracóvia para a Wieliczka Rynek – Kopalnia (demora ceca de 20 minutos). E depois são cerca de 5 minutos a caminhar até às minas.