No último tour que fiz em Marrocos, em abril de 2022, apanhei nove dias do Ramadão. E, depois, no início de maio, acompanhei o Eid al-Fitr, pela primeira vez, em Marraquexe. É uma celebração do fim do jejum que traz dois pólos… primeiro recolhem-se em casa e as ruas ficam vazias… e depois saem todos à rua e fica quase impossível de caminhar normalmente. Originalmente, a festa era de um dia, mas agora fazem-na durante três. O que muda? Muita coisa! Eid Mubarak!
Serve este texto para vos ajudar a compreender essas mudanças, quando viajarem nessa altura para países que seguem o Islão. Eu vivi esta experiência em Marraquexe e, por isso, tudo o que aqui escrevo é com base nessa experiência e com conversas que tive com marroquinos ou estrangeiros que vivem em Marrocos. Certamente, noutros países islâmicos as tradições poderão diferir.
Já no final do Ramadão nota-se que é difícil para algumas pessoas… o jejum tira um pouco a paciência. Protestam um pouco no trânsito; ficam mais sensíveis, digamos que não os podemos julgar! Eu ficaria insuportável, com toda a certeza, sem comer, nem beber. E diz-me uma amiga, que mora em Marrocos há mais de 10 anos, que vê que lhes custa sobretudo o não fumar, por exemplo.
Mas, fico sempre admirada com os motoristas e os guia com quem trabalho nos tours. Mais do que não comerem durante o dia, imagino o esforço de não beberem água, especialmente quando apanhamos os dias mais quentes (acima dos 25 graus e tantas vezes a chegar aos 40). O jejum é para ser feito normalmente, com o dia de trabalho normal, mas há quem tire algumas folgas para não custar tanto. Mas, a maior parte fá-lo como se um dia normal se tratasse. Só ao pôr do sol se sentam de novo à mesa para comerem.
Ainda que exista um texto para explicar o Ramadão, este serve mais para mostrar como é a festa que assinala o fim do jejum: o Eid al-Fitr.
O Eid al-Fitr é literalmente a “Celebração do Fim do Jejum” e também pode significar a “Doce Celebração”. Em Marrocos, um país com 20% de diabéticos (seja pelo açúcar no chá marroquino, seja pela pastelaria que ingerem com açúcar e mel), os doces tornam a fazer parte das festas, sobretudo para os mais novos, mas a quantidade de tâmaras que é ingerida pode ser também razão para ser apelidada de “Doce Celebração”.
Na verdade, o Eid religioso é só um dia – reza a história que o primeiro Eid foi celebrado em 624, pelo profeta Maomé, em celebração de uma batalha. As festividades que marcam o fim do jejum trazem o recolhimento familiar. Assim, as ruas de Marraquexe ficam vazias, o que é um contraste sobretudo sentido na medina, onde há sempre uma grande agitação.
Não se via vivalma durante o dia… uma pessoa aqui, outra ali… mas muito poucas! Só os gatos ocupam as ruas de Marraquexe nesta altura, e alguns turistas que vêm sem saberem que quase tudo estará fechado. Inclusive, até algumas mesquitas também estavam fechadas. Suponho que só algumas ficassem abertas – porque continuam (obviamente) os chamamentos diários, para as cinco orações.
No primeiro dia do Eid, ainda estava no pequeno-almoço no Riad, onde estava alojada, e começo a ouvir uma música. Espreito do terraço e vejo dois músicos a desaparecerem na esquina, mas a música ouvia-se em todo o quarteirão. “É o Eid, os músicos vão de casa em casa, e as pessoas estão reunidas em família e dão-lhes dinheiro”, diz-me o funcionário que me estava a servir-me o típico pequeno-almoço marroquino.
Digo-lhe “Eid Mubarak”, e fica quase comovido por lhe ter desejado uma “festa feliz e abençoada”. É isso que se ouve sempre por estes dias. Celebra-se com alegria o fim do jejum e agradecem a Deus terem conseguido completar o mesmo. Nas ruas, ao final do dia, todos se cumprimentam com abraços, beijos e muitos “Eid Mubarak!”.
Em Marraquexe, o Edi al-Fitr foi sentido durante três dias, de 2 a 4 de maio 2022. Os souks e a maior parte dos restaurantes fecharam de dia e só (alguns) abriam a meio da tarde e noite.
O que mais notei de diferente? Parecia que, de repente, todos os marroquinos fumavam!! Na segunda-feira vi filas de pessoas a comprarem cigarros avulso – em Marraquexe vão ouvir o barulho de moedas a “denunciar” quem é o vendedor de tabaco avulso – e depois faziam também filas em lojas onde o dono tem um isqueiro e todos iam lá pedir lume, para acenderem o cigarro.
Na rua, a maior parte dos homens estava de cigarro na mão. Foi algo que nunca me tinha apercebido e certamente causado pelo mês de jejum. Tal como diz a minha amiga, talvez seja mesmo o tabaco o jejum que lhes custa mais fazer. Pergunto sobre isso a um dos marroquinos que me atende num restaurante: diz-me que sim. Que o tabaco é o mais difícil de deixar durante o Ramadão: “ao resto, já estamos mais habituados”.
Apenas alguns das centenas de restaurantes da medina se mantiveram abertos nestes dias. Alguns abriam pouco antes da hora de almoço, mas a maior parte só a meio da tarde. Como haviam poucos a fazê-lo rapidamente enchiam e não me foi fácil almoçar de forma calma nesses três dias.
As confeitarias que gosto, também estiveram fechadas… e as lojas também só algumas abriram. Era lá que se concentravam todos os turistas. Segunda e terça-feira (dias 2 e 3 de maio de 2022) pouco era o comércio a funcionar dentro da medina de Marraquexe, algo que eu nunca tinha visto. Durante o Ramadão, tudo funcionou normalmente, mas a festa do Eid faz com que quase tudo esteja encerrado. Já na quarta-feira (dia 4 de maio) tudo recomeçou a funcionar.
No entanto, antes dessa acalmia – no dia antes do Eid al-Fitr – as ruas de Marraquexe estavam ao rubro. Uma espécie de São João, onde quase não se conseguia ver o chão de tanta gente que lá andava. No último dia do Ramadão, depois do sol se pôr, famílias inteiras vieram para a praça Djemaa el-Fna e para as ruas à volta. Além dos souks estarem abertos, todos os vendedores de rua (que colocam os produtos na calçada) vieram vender de tudo: roupa nova para as festas, brinquedos, malas e comida.
E por falar em comida… também nunca tinha visto tantas mini roulottes de comida na rua por aqui. Hambúrgueres a um euro, espetadas, frutas, sopas, doces… muito doces! E caixas de bolachas sortidas. É uma festa doce, portanto! Notava-se que era o dia antes de tudo fechar e todos aproveitavam para venderem os seus produtos.
Num dos finais de dia, a praça começava a ficar cheia e chega um carro repleto de merchandising da família Real e de Marrocos com bandeiras, bonés, porta-chaves, etc… Mas o que mais interessava a quem ali passava era tirar fotografias junto da fotografia do Rei e do príncipe herdeiro.
Nota curiosa: durante o Ramadão, Marraquexe fica quase deserta quando o sol se põe. Todos se recolhem para “quebrar” o jejum diário. Alguns vão para casa, outros ficam nos restaurantes e sobretudo as esplanadas ficam cheias de homens. As mulheres ficam a comer em casa e é raro ver mulheres nas esplanadas.
Sentir Marraquexe assim vazia foi algo que também nunca tinha experimentado. Por um lado, é ótimo para se passear sem confusão. Neste caso, o pôr do sol estava a acontecer às 19h00, o que significa que até às 20h00 ou 20h30 era uma acalmia nada típica de Marraquexe, ou como os meus amigos do deserto lhe chamam… a Anarquexe!
Eid Mubarak!
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