O que comprar nos Souks em Marraquexe, Marrocos

Em Marraquexe, Marrocos, a vida nos souks parece-nos sempre igual. Abrem as tendas/lojas, fecham-nas para as orações, e tentam ao máximo vender (alguns impingir) tudo aos turistas que por lá passam. Historicamente, o comércio é uma das principais atividades da cidade de Marraquexe. Se antes era mais prata e ouro que se vendia, assim como os tapetes, atualmente são os artigos em pele, latão e vestuário que mais saída têm, assim como as especiarias e a cestaria também. Mas não só! Vejam aqui, neste texto, as fotografias do que pode comprar em Marrocos.

Atenção: os Souks de Marraquexe são muito propícios a que se perca. São autênticos labirintos, com ruas estreitas e que parecem todas iguais. A internet é barata e as aplicações com mapas são, hoje em dia, a melhor ajuda dos turistas. Também há várias indicações para o ponto central: a praça Djemaa el Fna, para que se situe. É natural que pelo caminho, alguém lhe indique um caminho errado só para o levar à sua roupa. Não leve a mal… é assim que se fazem muitos negócios em Marrocos. E é uma forma de chamar a atenção dos turistas.

Se não tiver mapa nem internet, uma boa forma é tentar percorrer sempre a mesma rua – um bom ponto de partida é a Praça Djemaa el Fna – tendo sempre em mente por onde veio e depois é só voltar para trás. Também pode perguntar aos locais e negociantes. Nem todos estão à espera que se perca. E se estiver mesmo aflito vão até ajuda-lo de boa vontade e sem estar à espera de recompensa.

E se lhe disserem que existem lojas melhores e que vos levam até lá, etc, é porque ganham comissões com isso. Se isso vai encarecer o que vai comprar… Nunca saberá, porque fazer negócio por aqui depende de muitas variantes. Se somos o primeiro cliente ou o último, se ainda não vendeu nada naquele dia e acede a fazer um preço bom. Se vai puxar pelo preço porque está à espera que você negoceie…

Já perdi a conta das vezes que perguntei o preço de mala de pele e vou tendo sempre preços diferentes. E também o “mas este é diferente” ou um “não vais encontrar nem melhor nem igual por aí”. A verdade é que poderá encontrar melhor e igual, mas depende do tempo e paciência que tenha para procurar. O segredo é achar o que é um preço justo ou não. Um euro para nós pode não fazer grande diferença, mas para eles faz e pode representar o almoço ou jantar daquele dia.

Tenha também em atenção que há diferentes blocos dentro dos Souks (aka mercados): as partes onde estão os artesãos a fazerem tudo à mão ou as lojas que foram comprar aqueles artesãos. Poderá pensar que ir comprar à fonte terá melhores preços. É o pensamento lógico. Mas, como disse, depende muito do vendedor, da altura do dia, etc. Negociar é também, em si mesmo, uma tradição e por isso nunca deixe de negociar. Por preços justos, lembre-se!

Apesar de serem um local muito turístico, é nos souks que os habitantes locais também fazem as suas compras: tem frutos secos, produtos alimentares e de higiene à venda. Além das roupas, seja de marca (contrafação) ou os trajes tradicionais e as babouches. Quase consegue ser difícil já encontrar as chichas, para fumar o tabaco, que eram o símbolo de compras. Continuam a ser os pufs de pele, ou tecido, e as babouches, assim como as malas de pele – que agora assumem modelos modernos.

Por norma, as lojas são minúsculas e só têm um pequeno quadrado onde está o comerciante, com tudo o que vende à sua volta (como o da fotografia cima). Quando se ouve a chamada para a oração, muitos vão rezar, mas a maior parte fica na loja. Quem sair para a mesquita deixa um pau, ou corda, a impedir a entrada na loja, como se fosse um “Volto Já”. O próprio vizinho dessa loja dirá “o meu colega foi à mesquita e vem já”. Costumam demorar entre 5 e 10 minutos, por isso, se quiser mesmo algo que viu, basta esperar um pouco.

O que encontra nos Souks: tapetes, antiguidades, vestidos, kaftans (túnicas), lenços, cestaria (desde malas, decoração, sapatos, chapéus, etc), babouches (chinelos de couro), lanternas (que queria muito trazer uma mas não cabia na mala), cerâmicas, candeeiros de todo o tipo, comida, etc.

Habituados a terem os turistas a visitar os souks, os preços começam sempre elevados. Lembre-se que (a maior parte) dos comerciantes gosta de regatear. Mas não são todos! Alguns podem até ficar chateados com os preços baixos que se lhes propõe… Vi acontecer isso! Também se vir escrito Preço Fixo é natural que eles não baixem o preço. Mas se comprar muita coisa ao mesmo comerciante podem baixar no total

Se vir que tem ali pessoa para negociar ofereça o que achar justo e mantenha-se fiel. Pode ser que consiga bons negócios. Por norma… vencem-nos pelo cansaço 😀

Espere também motas (muitas motas!!!!) a passarem pelo meio das pessoas que estão nos souks. E burros. Os carros não entram nestas ruas, então a única forma de carregar coisas é usando os animais. Custa ver como os animais são tratados – sempre tão carregados -, mas Marrocos está a evoluir nos direitos dos animais e acredito que, em breve, deixaremos de ver isso. Além disso, poucos são os marroquinos que têm dinheiro para ter uma mota ou um carro.

O jogador de futebol

Quando visitei Marraquexe pela primeira vez (há mais de 15 anos!) faltavam apenas duas semanas para o Natal. Imaginei que era daqui que ia levar algumas prendas – mesmo que tivesse ido apenas com uma mala de mão. Como levei pouca roupa havia espaço para as carteiras de couro que tanto gosto.

Depois de tentar negociar preços de tantas carteiras, sempre que passava em passeio pelos souks, no último dia já estava a pensar que não ia levar nada… e foi então que o conhecemos.

Não tinha mais que 14 anos. Cabelo curto, rapado em parte, e o restante espetado, e vestia uma camisola do Manchester United vestida. Perguntou de onde éramos e quando dissemos “Portugal”, os seus olhos brilharam.

“Toda a gente gosta do Cristiano Ronaldo, mas eu gosto é do Nani”, diz-nos enquanto se vira e nos mostra o nome do jogador português nas costas da camisola branca e vermelha. “Até cortei o cabelo como o Nani”, e passa a mão pelo cabelo espetado, preto como o carvão.

Ele – cujo nome não vou divulgar – queria muito ser jogador de futebol, mas calhou-lhe o negócio da família: vender nos Souks. “Aqui em Marrocos, só quem tem muito dinheiro é que pode jogar nos grandes clubes. Os pais pagam para os filhos jogarem nos clubes”, diz-nos entristecido. “Quem me dera ir para Portugal e jogar lá”.

O pai está lá, sentado na frente da minúscula loja, mas nem nos dirige a palavra. Olha de lado para o filho e só fica contente quando nos vê fechar negócio. Vim carregada de carteiras mas também com a alma pequenina, a pensar nos que não podem sequer tentar concretizar os seus sonhos.

Um outro vídeo em Marraquexe que começa na Praça Djemaa el Fna e mostra os souks:

Ainda que os quadros e os tapetes sejam dos produtos mais tradicionais, as cestas têm tomado conta das lojas de Marraquexe. Todos os anos há produtos novos. Não há ninguém que possa dizer “fui a Marraquexe uma vez ou outra e tenho tudo”. Mentira. Todos os anos eles inventam algo. Este ano vi uma mala de pele com rodinhas e pega!

Mas volto ao tema  das cestas porque o que acontece é que há milhões de cestas, de vários tamanhos e feitios, e os marroquinos viram a hipótese de explorar esse negócios criativo, fazendo bordados com imagens, mensagens, o nome Marraquexe escrito ou imitando as marcas internacionais como a Chanel, por exemplo. A praça que já foi o Mercado de Escravos e depois Mercado das Especiarias… é agora uma praça quase totalmente dedicada à cestaria. Uma loucura!