Na cidade de Nazaré (Natsrat em hebraico), em Israel, há todo um novo despertar. Não que se tenha modernizado muito: manteve o seu aspeto rústico, mas fez crescer os negócios em seu redor e manteve um ambiente tranquilo. Durante muitos anos Nazaré esteve votada ao abandono. De tal forma que, diziam que era a cidade tinha sido dada, de mãos beijadas, a bandidos. Mas, agora, surge renovada, com uma maior aposta no turismo e em lojas bonitas e convidativas. Mais calma que Telavive, Nazaré é uma excelente cidade para se descobrir a pé e também ponto de partida para fazer alguns tours.
A cidade de Nazaré tem vindo a ser renovada e as paredes antigas estão a ser tapadas, para as proteger, com algo muito semelhante às pedras antigas e seculares. Esta é considerada a cidade-berço do Cristianismo, onde o Arcanjo Gabriel deu a notícia a Maria que estava grávida e iria ser a mãe do Filho de Deus. Foi neste local que Jesus passou a sia infância e juventude. Uma cidade rica em fé e religião, mas também em história e arqueologia.
O nome desta pequena aldeia correu o mundo e tornou-se local de peregrinação. O que leva à construção da primeira igreja da cidade: a Igreja/Basílica da Anunciação. Hoje, sendo Nazaré a maior cidade árabe em Israel tem dezenas de igrejas, mesquitas e sinagogas. Ao lado da Anunciação (no local onde terá sido a casa de Jesus) está a Igreja de São José, onde se diz que José teria a sua carpintaria.
A guia Nour foi a primeira pessoa a apresentar-me à cidade num free tour a partir do hostel Fauzi Azar by Abraham, onde fiquei alojada.
Passámos por lojas modernas, com produtos de designers – algumas cheiram mesmo a pintadas de novo – e outras mais clássicas como a senhora dos bordados, na loja que tem vista para um antigo poço. A uns metros abaixo conseguimos ver o que era o caminho de há muitos séculos. Nas cidades, onde se constrói sempre por cima do que já existiu, há toda uma história debaixo dos nossos pés.
A poucos metros do hostel, descobrirmos a loja da Ghada (Ghada’s Corner), onde a anfitriã nos conta uma mão cheia de histórias e do seu trabalho e impacto na renovação do centro de Nazaré. Há aqui artesanato local e também de comércio justo, bolsas feitas por mulheres que vivem em aldeias tradicionais, assim como cerâmicas e têxteis.
Passámos o o antigo mercado de Nazaré, onde muitas portas são verdes (a cor do Islão) e onde ainda cheira a madeira trabalhada. “Qual era a profissão do pai de Jesus?”, pergunta a guia, enquanto nos mostra os carpinteiros que ainda existem, com o emprego ameaçado pelas grandes empresas de mobiliário. “Hoje em dia já quase só fazem caixões, a mobilia compra-se toda no Ikea”, diz-nos a guia.
Entrámos na loja de especiarias El Babour, onde os cheiros inebriam. Há muitas por onde escolher e é-me difícil decidir as que vou trazer. A zaatar é muito típica na cozinha israelita e é uma mistura de temperos, como tomilho, oregãos, alecrim, coentros e outros.
A meio da viagem pelo centro histórico, tomo consciência de onde estou. Só estava há poucas horas em Nazaré e comecei a perceber que… aquele local, com o qual tinha sonhado, se tinha tornado realidade. Por favor, belisquem-me! Estou mesmo na terra de Jesus? Onde tudo aconteceu?
Em Nazaré há um entendimento religioso que, dizem-me, dá a esta terra uma paz que se queria para o resto do mundo, uma vez que é a maior cidade árabe de Israel. Tanto se ouvem os sinos a tocar a rebate, ao domingo de manhã, como se ouvem as variadas chamadas do muezin para as orações dos muçulmanos.
Passo pela mesquita e uns metros abaixo está a Basílica da Anunciação. No local está uma gruta que faria parte da casa de Maria e o local onde o Arcanjo Gabriel apareceu para dar a notícia de que iria ser a mãe do Filho de Deus.
Em tudo o que existe aqui se vê a vida de Jesus. As ruas por onde terá corrido e brincado enquanto criança, o Poço de Maria, do qual Maria e Jesus terão bebido água. Ali perto está também a Igreja Grega ortodoxa e a sinagoga onde Jesus orou. Existem cerca de 30 igrejas católicas em Nazaré.
Depois do tour, que passou também pelo café mais antigo de Nazaré, voltei ao mercado para sentir o vibrar dos vendedores. Há carne pendurada no exterior, frutas, roupas, louça, tachos e panelas, brinquedos, e mais abaixo encontro inúmeras pastelarias com os doces típicos.
O Cafe Abu Salem é o café mais antigo de Nazaré! Antigamente, só os homens entravam e vinham cá para jogar… e mais de 100 anos depois de abrir as portas… continua na mesma família, na terceira geração!
Quando ainda não existiam redes sociais, este era o ponto de encontro de todos e de várias religiões. E o que serve? Bebidas típicas, como o café, ou chás com canela e nozes esmagadas, ou o chá de hibisco com água quente, ou o chá frio de romã que é ótimo!
ONDE DORMIR EM NAZARÉ, ISRAEL
Em Nazaré, estive alojada no Fauzi Azar by Abraham, que dispõe de quartos privados, familiares e dormitórios. Fiquei num dormitório feminino, bem na cidade antiga de Nazaré, num edifício acolhedor, que tem mais de 200 anos de história. A localização é perfeita – a vista sobre a cidade é incrível – e o ambiente também. Leia mais.
Em Nazaré, Israel, fui experimentar dois restaurantes ao jantar, que gostaria de sugerir porque foram boas experiências. Ao almoço costumava passar em padarias e comia algo simples, até porque comprava para levar comigo nos tours.
Junto do Poço de Maria (onde a Virgem Maria ia buscar água quando morava em Nazaré), está o restaurante Bayat. Tem uma esplanada grande junto do poço e tem uma lista variada com pratos típicos israelitas e cozinha internacional. Gostei bastante da comida e do ambiente também. Também experimentei o Alreda Restaurante (mais informação aqui).