Em Israel, fui visitar Jaffa (ou Jafa), considerada uma das mais antigas cidades portuárias do mundo. Desde 1950 que Jaffa faz parte de Telavive e tem tours grátis para descobrir o centro histórico, cheio de histórias. Sabiam que o nome Jaffa em hebraico significa “bela”?
A cerca de 55 quilómetros de Jerusalém, Jaffa é uma cidade importante para o Cristianismo. É um porto natural ao qual estão ligadas várias lendas e histórias. Uma delas é do profeta Jonas que, segundo a Bíblia, saiu daqui para Társis, no seu barco, e foi engolido por um peixe gigante (uns dizem que foi uma baleia…).
A minha visita começou na Torre do Relógio, edifício que simbolizou em tempos a modernidade porque as pessoas tinham de saber as horas para algo importante e novo para a cidade: o comboio. Foi mandado construir pelos habitantes da cidade e das aldeias da Judeia para marcar o vigésimo aniversário do reinado do Sultão Abdulhamid II. A primeira pedra foi lançada em 1900 e a construção foi terminada entre 1902 e 1903.
No tour passámos pela mesquita e pela fonte do século XIX que trazem o passado árabe e mostram o ecletismo da cidade que cresceu muito com os imigrantes judeus. Ao subirmos o monte, com vista para o mar e praias de Telavive, a partir de um anfiteatro natural, temos em frente a Igreja Católica de São Pedro.
Num Jardim Hapisga, no topo do monte, está uma réplica do portão da altura de Ramsés II (século XIII a.C.) e que atesta a antiguidade de Jaffa. O Portão Egípcio é um dos portões monumentais que foram descobertos e que provam que Jaffa esteve sob domínio egípcio durante quase 300 anos, muito devido ao seu estratégico porto.
Descemos uma escadas, a partir desse portão, por baixo de arcos, e estamos no (muito bem recuperado) centro histórico de Jaffa, entre galerias de arte e quadros pendurados nas ruas. Descemos as escadarias de Jaffa Antiga e paramos num barzinho para uma fresca limonada com menta e para trincar algo, uma vez que estava perto a hora de almoço.
Sempre a descer as escadarias de Old Jaffa, chegámos à parede otomana e ao mundialmente conhecido porto. Depois do cerco de Napoleão, em Jaffa, a parede foi desmantelada e os materiais foram usados para construir o porto, ao mesmo tempo que colocaram escadas para se chegar mais facilmente aos barcos.
O primeiro farol foi construído no topo de Jaffa, em 1860, junto do Mosteiro Grego Ortodoxo. Era simplesmente construído de madeira. O atual farol foi construído pelos britânicos em 1936.
Durante a visita, passámos pela casa de Simão, que era curtidor de peles, e onde o apóstolo Pedro esteve hospedado. A casa não é visitáveis e, aliás, pareceu-me que estava abandonada. A este local liga-se a história de Tabita, ressuscitada, e a visão de Pedro para comer animais “não limpos”, passando assim dos mandamentos judeus para os cristãos. É considerado um ponto importante para o Cristianismo, aparecendo como uma religião separada do Judaísmo.
Finalmente chegamos ao porto, não muito amplo, mas recheado de pequenas embarcações. Um grupo de crianças lança-se à água, para valentes mergulhos, numa tarde quente de agosto. E, mais à frente, um senhor ensina duas crianças a pescar. Daqui se avistam as praias de Telavive que estão com os areais cheios de veraneantes.
A Michal Lieberman foi a minha guia do free tour e recomendo. Ela também faz tours privados (em inglês). Contactos: orvani.ml@gmail.com / Instagram: @michallieberman
Apesar de o tour ser grátis (cerca de duas horas com explicações históricas e muito interessantes, feito por uma local) há uma sugestão de bonificação/gorjeta: cerca de 50 shekel (cerca de 13€), mas a maior parte dos turistas deu 25.