Voei para Nantes, em França, a partir do Porto, pela companhia transavia.com. Em pouco mais de uma hora e meia estamos no destino. Nantes é a capital de Loire-Atlantique, na região francesa do Pays de la Loire. Como foi capital da Bretanha ainda mantém heranças desse domínio. É o caso do imponente Castelo dos Duques da Bretanha, de portas abertas em pleno centro histórico.
Nantes foi apelidada de “Veneza do Oeste” por causa dos canais provenientes dos três rios que a rodeiam: Loire, Erdre e Sèvre Nantaise. Existem ilhas no meio da cidade, rodeadas pelos rios e canais que, outrora, serviam para os barcos fazerem os seus negócios. Da história da cidade faz parte o facto de ter sido um dos importantes postos europeus para o tráfico de escravos.
Mas Nantes é, atualmente, uma verdadeira cidade artística. Foi aqui que nasceu Julio Verne, em 1828, e tem várias referências à sua pessoa. Tem o Museu Julio Verne, pinturas nas paredes da rua com o seu nome e as Máquinas da Ilha de Nantes são inspiradas no seu universo aventureiro, descrito nos seus livros. A cidade foi, aliás, escolhida por muitos escritores para viver, que aqui encontravam a sua inspiração. Foi o caso de Stendhal e de André Breton, por exemplo.
Era na Île de Nantes onde, até aos anos 70, estavam situados os estaleiros navais. Depois de a construção de navios ter ido para outra região, o local ficou ao abandono. Em 2001, a cidade decidiu fazer ali um projeto onde os edifícios abandonados deram lugar a prédio de arquitetura moderna, restaurantes, bares, lojas ligadas ao turismo e também às galerias onde são feitas e onde funcionam Les Machines de L’Île.
Antes de mais, fique com esta informação preciosa: existe uma linha verde que passa junto da maior parte dos pontos turísticos da cidade. Ou seja, quase nem vai precisar de mapa.
É só seguir a linha verde (atenção: tem 15 quilómetros) e ir apreciando o que lhe surge à frente. Não é por acaso que Nantes já foi eleita como a cidade mais cultural e “mais feliz” de França. Em 2013, foi também eleita Capital Verde da Europa. Precisam de mais motivos para lá irem?
O QUE VISITAR
– Castelo dos Duques da Bretanha: vale a pena uma visita em redor do castelo, datado do século XV, e pode ainda visitar (no seu interior) o Museu de História de Nantes. Foi aqui que viveu Francisco II e a filha, a duquesa Ana, que viria a casar com Rei Carlos VIII e assim garantia o território bretão anexado à França.
– Catedral de Nantes: demorou quase 500 anos a ser construída. Também apelidada de Catedral de S. Pedro e S. Paulo, acolhe o túmulo de François II e Marguerite de Foix. Tem inclusive umas escadas para que possa apreciar a obra do túmulo de cima.
– Passage Pomeray: estava em obras de reconstrução quando lá fui. É uma galeria, decorada com estátuas, que une a Rue Santeuil e a Rue de la Fosse. O projeto, da autoria de Louis Pommeraye, foi criado entre 1840 e 1843. Em 1976 foi classificado como monumento histórico.
– Memorial da Abolição da Escravatura: um percurso que não deixa ninguém indiferente. São 2 mil placas que recordam os barcos que traziam escravos para a Europa, através do porto de Nantes.
– Torre Bretanha: diz-se, meio na brincadeira ( e meio a sério), que é daqui que se tem a melhor vista sobre Nantes. E não o dizem simplesmente porque estamos a 144 metros do solo (32 andares), com vista panorâmica. Dizem-no sobretudo porque, daqui, não se vê esta torre, que de bonita não tem nada. É o maior edifício da cidade e destaca-se de qualquer ponto, mas… é bastante feia. No seu último andar tem vista para todo o lado e ainda está um bar – Le Nid, ou seja, O Ninho onde o sofá é uma cegonha e os bancos pequenos ovos – onde pode tomar uma bebida à noite.
Outros locais a visitar:
– Notre Dame de Bon Port
– Teatro Graslin
– Museu de Júlio Verne e estátua de Santa Ana
– Planetário
– Museu Naval Maillé-Brezé: é o maior museu naval flutuante de França.
– Museu das Belas Artes
– Museu de História Natural
PASSEAR
Pode parecer um cliché, mas tem mesmo de caminhar pelas ruelas de Nantes para ficar a conhecer esta cidade. As esplanadas estão sempre cheias. Há convívio a todas as horas e o comércio tradicional preenche as ruas com muita gente.
– Vá conhecer o projeto de Les Machines de L’Île: o elefante gigante e o Carrossel dos Mundos Marinhos. O Viaje Comigo esteve lá e conta toda a experiência aqui.
– Parques e jardins: Jardin des Plantes, Île de Versailles, Parc du Grand Blottereau, Parc de la Roseraie e Jardin des Fonderies.
– Estuário de Nantes – Saint Nazaire: passeie por este caminho artístico, no estuário do Loire, que cobre 60 km das margens do rio. Pode ir de bicicleta ou de barco. Veja a serpente de 120 metros de comprimento no mar e o barco “meio derretido”, que são alguns dos exemplos das 29 instalações artísticas que vai encontrar.
– A cidade divide-se em diversos quarteirões e todos têm o seu encanto, mas o de Graslin destaca-se pela sua teatralidade. É aqui que está o teatro, com uma enorme praça, e do outro lado o famoso restaurante La Cigale, aberto desde 1895 e considerado monumento histórico. Faz parte deste quarteirão a Passage Pommeraye, vários museus e a Basílica de S. Nicolau.
– E a partir de Nantes pode descobrir outras regiões do vale do Loire e fazer percursos de bicicleta, por exemplo. Pode também alugar carro ou usar o comboio para ir até à Bretanha. Que foi o que fizemos e contamos o nosso percurso no Viaje Comigo.
ONDE DORMIR
Experimentámos dois hotéis em Nantes e aconselhámos ambos. Pode ler tudo no Viaje Comigo, em Alojamento em Nantes.
Procura hotéis em Nantes? Pesquise aqui.
ONDE COMER / RESTAURANTES
– La Cigale: Não há volta a dar: na viagem a Nantes tem de passar aqui, nem que seja só para espreitar. Requer reserva obrigatória e o preço é sempre mais caro do que nos restantes restaurantes do centro da cidade. Mas, este local é especial. É um símbolo da Belle Époque de Nantes, classificado como monumento histórico.
La Cigale fica Place Graslin. Preço médio: pequeno-almoço: 15€; almoço: 25€; jantar: 40€
– Lieu Unique – A antiga fábrica dos biscoitos LU (Lieu Unique) tem agora um bar/restaurante, loja e uma sala de espetáculos. Pode subir à torre, muito bonita, e ter vista sobre a cidade.
– Cantina da Viagem (La Cantine du Voyage)
É um mercado e também pode comer os produtos locais e frescos neste sítio. Tem um menu diário que inclui prato, entrada e bebida por 13€.
Pela marginal do rio, ao lado do La Cantina du Voyage, tem outros restaurantes e bares. Também aqui estão 18 anéis artísticos. São obra de Daniel Buren e, à noite, iluminam-se com várias cores.
– Na Île de Nantes, frente ao Carrossel dos Mundos Marinhos, está um barco vermelho e preto que é restaurante e bar. Acabei por não experimentar, mas sugeriram-mo mais do que uma vez.
– Deliciosas Galletes: no Heb Crêperie Ken, que fica na rue de Guérande, 5, Nantes; e no Ker Breizh Creperie, rue Héronnière, 11, Nantes. Os crepes doces também eram bons em ambos.
– Restaurante Le Select, Rue du Château, 14, Nantes
Um restaurate decorado com artigos vintage no interior, com fotografias e louças antigas – a casa de banho parece ter uma instalação artística com rolos de papel higiénico e balanças antigas penduradas até ao teto – e comida bem confeccionada. Provei um famoso croque Monsieur.
EVENTOS
Nantes é considerada uma cidade cultural e tem sempre animados eventos. O Les Rendez-Vous de L’Erdre é um festival de Jazz que tive o prazer de assistir. Espetacular!
São 300 artistas a tocarem em diferentes pontos nas margens do rio, espalhados por 13 palcos. Durante quatro dias, Nantes fica a ser uma espécie de capital mundial do Jazz. As ruas enchem-se de pessoas que vão assistir aos concertos (cerca de 100 espetáculos!), dançar e há também tendas com comida e bebidas.
PASSE DE NANTES – Porque deve comprar?
Existem várias modalidades do passe: 24h, 48h e 72 horas. O Passe de Nantes, desde 17€ até 45€, dá acesso a 30 espaços culturais, passeios na cidade (com guias ou transportes turísticos, como o autocarro ou o pequeno comboio, ou ainda de barco), e transportes públicos para 1, 2 ou 3 dias, conforme a sua necessidade.
Ideia para um dia com o Passe de Nantes:
– Usar os transportes públicos para se deslocar
– Castelo dos Duques da Bretanha e Museu
– Autocarro turístico
– Visita guiada a pé, pela cidade
– Carrossel dos Mundos Marinhos
– Uma bebida no bar Le Nid, no topo da Torre Bretanha
COMPRAS
Existem inúmeras casa de comércio tradicional que se distinguem das grandes lojas que se encontram em todo o mundo. As Galerias La Fayette são a única diferença em termos de grandes lojas.
O que comprar de comer e beber: os crepes (vêm em sacos fechados, e aguentam frescos bastantes dias), a cidra, as bolachas St Michel e LU, caixinhas e latinhas, e os caramelos. Comprei na loja St Michel uma latinha vintage, cheia de bolachas, que imita uma das latas originais da marca, dos anos 50.
Sugestões de lojas
– Loja La Trinitaine em frente à Catedral de Nantes
Place Saint-Pierre 4, Nantes
– Loja L’Atelier St Michel – só com produtos St Michel
Rue de Verdun, 39, Nantes
AEROPORTO
O Aeroporto chama-se Nantes Atlantique. Ao chegar a Nantes: se chegar depois das 23h00 verifique se consegue apanhar a última navette/shuttle para o centro da cidade.
Passa de 20 em 20 minutos, e ao domingo e feriados de 30 em 30 minutos. Não funciona no dia 1 de maio. O bilhete da navette custa 7,50€. Podem achar caro (eu achei!), mas de táxi a viagem do aeroporto para o centro fica por 40€. Pode comprar o bilhete no próprio aeroporto, dentro do autocarro ou então através de uma App.
A VIAGEM
Voei para Nantes, do Porto, pela transavia.com. É uma companhia low-cost que tem voos semanais para Nantes. A companhia disponibiliza menus (bebida + sande) a partir de 7€.
É um viagem rápida do Porto-Nantes e na transavia.com conseguem-se bom preços: uma viagem pode ficar por 100€ (ida e volta) ou ainda pode conseguir 70€ (ida e volta, com promoção, 35€/cada trajeto). Se levar bagagem de porão tem de pagar por isso, mas se só levar uma mala de mão, não paga nada a mais.
A transavia.com também voa, a partir do Porto, para Paris (Orly Sud), Lyon, Amesterdão e ainda Funchal (Madeira). É uma empresa do grupo Air France-KLM.