Quando fiquei em George Town, na ilha de Penang, na Malásia, o meu hostel ficava na Love Lane que além de alojamentos é também uma rua cheia de bares e restaurantes. Era, por isso, muito fácil escolher onde comer e os preços eram sempre baixos. Se num restaurante normal podíamos pagar cerca de 3€, à noite, desciam ainda mais, já que nas barraquinhas de rua é possível comer por 1€.
Uma dica se costuma ficar doente do estômago ou intestinos irritados, quando viaja para países asiáticos: peça sempre a comida sem picante. Vão-lhe dizer que não tem picante, mas insista. A conversa será mais ou menos assim (mas em inglês):
– Boa noite, os noodles são muito picantes?
– Não! Não são picantes.
– De certeza? É que eu fico muito doente se tiver picante…. garante-me que não tem picante nem pimenta?
– Ah… pimenta tem.
– E é possível fazer sem a pimenta?
– Sim!
– Ótimo! Sem picante e sem pimenta.
(e mesmo assim, às vezes, vinha picante com grãos inteiros de pimenta! Ehehehe!)
Não faltam sítios onde comer em George Town. Tudo vai depender do que gosta e se não se importar se comer nas barraquinhas de rua vai poupar muito dinheiro. O que quero eu dizer com “importar”… Já na Tailândia, em Banguecoque, tinha comido nas bancas na rua e não havendo mesas, em muitas deles, restava-nos arranjar uma beirinha do passeio ou comer de pé.
Depois, também, a higiene. As bancas de rua têm rodas para se moverem, são pequeninas e não têm água corrente, como é óbvio. Por norma, os pratos (quase toda a louça é de plástico) são lavados numa bacia com água que está pousada no chão. E isto poderá fazer desistir muita gente da comida de rua. O melhor é nem pensar nisso e desfrutar da comida. Outro conselho: coma sempre tudo bem cozinhado, comida bem passada. Assim corre menos riscos de ficar doente.
Eu fujo dos peixes e dos mariscos nestas bancas. Como a carne se for frango frito, por exemplo, e aposto tudo nos noodles com legumes (que adoro) ou no arroz frito, nos crepes, nas omeletes, etc. Também experimentei um hambúrguer (que pedi bem passado) e que custou 1€. Trazia queijo, tomate e alface. Uma pechincha, não é?
A acompanhar bebia sempre sumos naturais de fruta. Há sempre muita oferta de fruta nas ruas. Desde sumo de cenoura, a melancia, ananás, manga, limonada, etc. é só escolher. Aqui, a água para fazer o sumo é retirada de um balde com um copo para misturar à polpa do sumo de fruta… dizem que é água “filtrada”. Nem percebi o que queriam dizer com isso, mas posso-vos dizer que bebia todos os dias e não fiquei doente.
Para pouparem nos copos e para levarmos o sumo connosco inventaram uma técnica com um simples saco plástico. Amarraram uma fitinha resistente numa das pontas do saco e enfiam a palha do outro lado para poder beber enquanto come sem ocupar as mãos.
Claro que há sumos que parece que as pessoas vão com o saco da urina na mão (ahahaha) mas, não se assustem, é só sumo!
E aí, entre a Love Lane e Chulia Street, vai encontrar diferentes propostas nas bancas, podendo variar todas as noites, quando o mercado de comida de rua está a funcionar – as bancas não estão aqui de dia. Outra coisa interessante é que mesmo quem tem espaço interior de restaurante, à noite, coloca tudo cá fora incluindo um prolongamento da cozinha e esplanada.
Quando for visitar os grafitis da Armenian Street, ou a caminho do Chew Jetty, vai passar por um local onde cheira a bolachas acabadas de fazer. Tudo tem ótimo aspeto lá dentro. Chama-se “Ming Xing Tai Pastry Shop” e existe desde 1979. Fica mesmo ao lado de um dos grafitis mais fotografados, com as duas crianças nas grades da janela a “darem-nos” a mão… e que faz parte do roteiro de Street Art de George Town.
E, por aí, vai encontrar muitas mais propostas, como a do pão em pirâmide com o frango com caril; mais bancas com doces e salgados; buffet de comida chinesa; um espaço especialista em tofu; propostas vegetarianas há muitas, também; etc. Aliás, perto de Chew Jetty tem bancas de rua com os espetos com carne, peixe, vegetais, mariscos, etc. E, se for para os lados de Little India, vai ter os restaurantes tipicamente indianos à sua espera. E mais curioso ainda são os pastéis de nata à portuguesa (mas que não nada parecidos com os nossos) mas com recheio do fruto durian.
Há também restaurantes mais chiques como o Yong Kong, em Chulia Street e cafés modernos como o The Mugshot, onde há pastelaria francesa e croissants frescos, com recheios variados . Em frente a este café, à noite, uma senhora monta a sua banca onde faz pequenos crepes. O cheirinho a massa com côco fazia uma com que a fila se formasse e alguns nem sabiam bem o que era. Perguntei a dois casais e não sabiam o que era o Apom. Estavam ali para ver e provar – custavam 0,10€/cada. Eram pequenos, então, cada pessoa levava dois. Depois fui ver e é um docinho muito tradicional no país. Quando virem Apom, provem!