Como é que uma viagem pode mudar a nossa vida? O autoconhecimento adquirido em viagem é uma das melhores ferramentas que podemos obter para trabalharmos o desenvolvimento pessoal. Em cada viagem, grande ou pequena, existem múltiplas transformações no nosso dia a dia e na nossa personalidade.
Se em cada dia da nossa vida temos alterações que, aos poucos, se vão notando, numa viagem, essa mudança é mais acelerada porque estamos fora da nossa zona de conforto em permanência. Por cada momento vivido de forma mais intensa significa um maior impacto na nossa forma ver e viver a vida.
E em viagem nem tudo é lindo e maravilhoso! Viagens longas e cansativas, autocarros e voos atrasados, furos em pneus, reservas que não foram confirmadas, malas perdidas e partidas, hotéis que não se parecem nada com as fotografias da internet, comidas agressivas para os nossos estômagos, não sabermos bem as zonas mais seguras ou mais perigosas…
Há uma série de situações que nos põem em permanente alerta e que nos trazem um crescimento acelerado, principalmente quando viajamos sozinhos! É toda uma nova aprendizagem a cada dia. E quando pensamos que já aprendemos aquela lição… caímos no mesmo novamente.
Viajar sozinha implica:
– Um maior nível de alerta, sobretudo para mulheres
– E lidar com uma certa solidão, que nos abate de vez em quando
– Desenrascar-nos sozinhas
– Aprender a lidar com imprevistos de forma mais leve
– A conhecermo-nos melhor, quando estamos sozinhas
– A fazer amizades de viagem
– A confiar em estranhos
– A ajudar e ser ajudada
Autoconhecimento é sabermos que somos responsáveis pelas nossas ações e atos; assumir essa responsabilidade faz-nos perceber que tipo de pessoa somos e aquela que nos queremos tornar. Daí que o trabalho de autodesenvolvimento (e o desenvolvimento pessoal) seja tão importante.
O otimismo é sempre visto como aquele sentimento que abre mais portas em relação a tudo na vida. Mesmo que saibamos ser realistas – por exemplo, que há overbooking e os voos podem atrasar – é sendo optimista que saímos de casa a pensar que vai correr tudo bem. E vai! Mas, e se correr mal? É porque há ali uma aprendizagem para nós e sobretudo uma forma de perceber que há muito que está fora do nosso controlo. Como se diz por aí: aceita que dói menos!
Quando procuramos o desenvolvimento do autoconhecimento em viagem, isso traz-nos um certo empoderamento:
- Auto-Estima elevada pela concretização de sonhos (e destinos) em viagem.
- Liberdade: lembre-se que em muitos lugares do mundo mulheres têm os mesmos direitos que as meias que tem guardadas na gaveta. Em muitos países, muitas pessoas (homens e mulheres) não podem sair dos seus países sequer para viajar, porque os vistos são recusados de imediato. Por isso, lembre-se de sentir essa liberdade (que também durante a pandemia nos foi retirada) sempre quiser viajar. Muitos não a têm!
- Independência! Ah esse sabor maravilhoso de poder fazer o que bem lhe dá na gana durante a viagem: almoçar às 16h; acordar às 5 da manhã só porque quer ver o nascer do sol; ir dançar como se ninguém a estivesse a ver (aconselho que o façam mesmo sem ser em viagem!); sentir-se livre porque tomou o passo de viajar por esse mundo fora.
- Traz mais confiança nos passos que damos. Quando arriscamos mais do que uma vez já percebemos que a mudança assusta, mas por norma traz coisas novas e melhorias. Lembre-se que há um infinito número de oportunidades à nossa espera. Fique atento a elas. E quando tem um não… avance porque muitos sim virão! E muitos nãos também, pronto. Fazem parte da vida!
- Auto-Estima elevada por mostrarmos a nós próprias que estamos a viajar sozinhas e a “destruir” medos e preconceitos que nós próprias tínhamos.
- Ficamos mais aventureiras!
- Ganhamos mais confiança nas nossas mais-valias.
- Percebemos os nosso pontos fracos – e até defeitos – quando confrontadas com situações-limite, fora da nossa bolha e da chamada “zona de conforto”.
- Temos contacto com novas culturas e isso traz-nos uma abertura maior ao Mundo!
- O contacto com pessoas diferentes, viajantes de diferentes países, traz a maior probabilidade de encontrar pessoas mais alinhadas com os seus objetivos de vida, com os seus sonhos e até forma de ver o Mundo.
- Desconstruir preconceitos feitos acerca de países e habitantes dos mesmos: todos os temos! Sobretudo em relação à religião dos outros.
- Estar num país diferente, com idiomas diferentes também nos obriga a ter maior atenção ao que dizemos e a aprender coisas do país que nos acolheu. Isso traz maior motivação e até vontade de aprender mais!
Uma sugestão: faça uma espécie de diário de viagem. Vá relatando as peripécias que acontecem, por muito pequenas que possam parecer, ou mesmo sem importância, e tente perceber como isso mudou a forma de ver o Mundo. Sobretudo guarde os relatos de coisas que pareciam muito negativas e analise-as, no futuro, com a distância temporal necessária.
Fique atenta aos momentos em que ficou nervosa, mais periclitante. Quais foram os medos que assomaram e o que pensou depois de ter dado o primeiro passo?
Claro que é muito bonito dizer que todos crescemos durante as viagens, mas nem em todos nós isso acontece! Há quem se vire somente para si próprio e não interaja de forma aberta com os outros e, por isso, torna-se um viajante que não quer saber como podem existir formas de vida bem diferentes da nossa (e tão ou mais interessantes).
Por isso, é importante a frase de Gustave Flaubert: “Viajar torna uma pessoa modesta – vê-se como é pequeno o lugar que ocupamos no mundo”. No final de uma viagem, se nos “encontrarmos” nela… já é um bom ponto de partida para um maior autoconhecimento.
E com isso vem a gratidão. No final de uma viagem, sentimo-nos gratos pelo que vivemos. Recordamos e sentimos gratidão pela viagem que tivemos, claro, e gratidão, sobretudo, por terem um teto para onde voltar (e isso já é mais do que metade do mundo tem), para amigos e família, etc. Leia mais (sobre como voltar à rotina depois da viagem).