Foi durante o Caminho Português de Santiago que passei e fiquei uma noite em Redondela. Esta cidade da Galiza, na província de Pontevedra, é atravessada pelo Caminho de Santiago de Compostela e normalmente é feita daqui a ligação ao centro de Pontevedra, considerada uma das principais cidades do Caminho da Costa.
É na margem esquerda da ria de Vigo, frente à enseada de São Simão (onde está a mística ilha com o mesmo nome) que Redondela se situa, a cerca de 12 Km a nordeste de Vigo. Se na parte da ria sobressai o verde dos montes, toda a imagem da cidade é marcada pelas grandes pontes que a atravessam em altura. Os chamados Viadutos, construídos no século XIX, estão classificados como Bem de Interesse Cultural, desde 1978, e é por causa deles que Redondela é conhecida como: a Vila dos Viadutos.
Aviso: eu só fiz duas etapas do Caminho Português de Santiago, ligando Vigo a Redondela e, depois, Redondela a Pontevedra. Esta minha “pequena” caminhada fez parte do projeto Maridando no Camiño, que pretende dar a conhecer os lugares e atividades locais, por onde passam os Caminhos de Santiago.
Passei apenas meio dia no centro de Redondela, o que dá efetivamente para descansar do Caminho de Santiago, explorar o centro e, claro, aproveitar para provar as deliciosas tapas espanholas. Mas, antes de explorar a cidade, estive a fazer uma das rotas da Amarturmar – Turismo Marinero, que dá a conhecer as atividades profissionais da ria de Vigo, como a apanha da amêijoa, por exemplo. Mas tem outras rotas para os viajantes arregaçarem as mangas e experimentarem – veja aqui. Depois de passar a manhã com as Mariscadoras (assim se chamma as mulheres que andam na apanha da amêijoa), no porto de Cesantes, e fui almoçar a um restaurante muito especial, com uma vista magnífica: o Regato.
Neste restaurante O Regato, com decoração interessante, a ementa vai mudando todas as semanas e também os ingredientes mudam consoante as estações do ano. E se o cozinheiro é um viajante incansável, isso reflete-se no menu onde há pratos de inspiração de vários países: Índia, Marrocos, Malásia, etc… culturas que estão espelhadas nas criações que nos vêm parar à mesa. A vista, essa, é também um trunfo deste local: a olhar a enseada e a ilha de São Simão.
Depois de almoçar, fui pousar a mala ao alojamento e conhecer o centro de Redondela. Pela parte mais antiga vai descobrir, no meio de prédios altos, antigos espigueiros. No centro histórico, atravessado pelo Caminho de Santiago – há sempre peregrinos a passarem a todos os minutos – descubra a Fonte de Santiago, assim como a Igreja Paroquial de Santiago (datada do século XVI, mas com várias reconstruções por cima).
Ao fazer o Caminho vai também reparar na quantidade de cruzeiros que se encontram, até porque eram eles que indicavam o percurso aos peregrinos, que vão para Santiago de Compostela, antes de existirem símbolos da concha e as setas amarelas a dizerem para onde temos de ir.
Tínhamos prevista uma visita ao Museo de Rande, mas o mesmo estava com uma montagem de exposição e não o conseguimos fazer. Fomos diretos ao centro de Redondela, primeiro para ir buscar a chave do apartamento onde ficámos alojados, para descansarmos um pouco e sairmos para conhecer Redondela. Pelas ruas do centro histórico descobrimos a Igreja, espigueiros antigos, jardins viçosos e as várias pontes que atravessam, em altura, a cidade.
O nosso alojamento (o Cruceiro: um apartamento com dois quartos, sala e cozinha) fica precisamente na estrada por onde passa o Caminho de Santiago… são vários os peregrinos que passam pela nossa entrada, a pé ou de bicicleta. Percebe-se que há uma vontade de se renovar Redondela, mas ainda há muito por fazer, principalmente porque a principal rua para peregrinos tem poucos pontos para paragem. Existem alguns cafés, muito acolhedores, mas tem de se fazer o desvio da rua do Caminho.
Pela noite, perguntámos a alguém que passava na rua “É daqui? Sim?, diga-nos um sítio para tapear, muito tradicional”. Casa Mucha foi a resposta direta e ainda bem, porque já tínhamos visto que era um dos locais sugeridos. E foi uma aposta ganha. Tudo comida excelente: provámos os calamares, os ovos rotos e, depois, o bolo da casa, para adoçar a boca.
De manhã, antes de sair de Redondela, tomei um pequeno-almoço de campeã, com uma fatia enorme de tortilla (estava deliciosa!) no La Barraca de Freddy e estavam lá muitos peregrinos a fazer o mesmo. De manhã cedo, partimos para Pontevedra e uns quilómetros à frente atravessámos a ponte Sampaio (a meio da ponte começa o município de Pontevedra) e começámos um ziguezaguear de ruas, por entre espigueiros, a subir durante largos minutos… até entrarmos numa zona de floresta. Bom Caminho – leia a minha experiência das duas etapas aqui!
– Está à procura de alojamentos para a sua viagem? Pesquise aqui