Como visitar o Monte das Oliveiras, Jerusálem, Israel

Em Jerusalém, Israel, é certo que quase todos os locais que visitei estão relacionados com religiões. O Monte das Oliveiras é certamente um dos mais emblemáticos, por estar ligado aos lugares onde Jesus esteve com os seus discípulos. Além disso, a partir deste lugar, que já esteve totalmente coberto por oliveiras, a vista é magnífica… sobre o centro histórico de Jerusalém: a Cidade Santa.

Depois de fazer um tour pela Cidade Santa, pus os pés ao caminho e subi até ao Monte das Oliveiras. Se estiver muito calor… arranje boleia! A subida é íngreme! São 35 minutos sempre a subir (fiz algumas paragens pelo meio para me hidratar), até que chegámos ao topo e temos de descer um pouco para chegar ao miradouro do Monte das Oliveiras.

Em redor de todo o Monte das Oliveiras há imensas igrejas. Todas elas têm uma história ligada a Jesus e seriam precisos vários dias para ficar a conhecer tudo. Como o meu objetivo era o miradouro do Monte das Oliveiras, fui indo e parando em alguns locais. O primeiro é o Sepulcro de Maria e, ao lado, está a gruta de Getsemani, onde Jesus terá sido traído, por Judas, e foi onde o foram buscar para o levarem preso.

Mais acima, na rua que me havia de levar ao topo do monte, está um outro jardim, onde umas pedras escrevem a palavra Peace (Paz), no chão, e estão rodeadas de oliveiras. Diz-se que Jesus terá estado aqui, por diversas vezes, reunido e a confraternizar com os seus amigos e apóstolos. Chama-se Jardim de Getsêmani (que significa prensa de azeite) e é um jardim onde Jesus e os discípulos terão orado na noite anterior à crucificação. Ao lado, está a Igreja de Todas as Nações, também conhecida como Igreja da Agonia, e aqui perto está a Igreja ortodoxa Russa de Santa Maria Madalena, que sobressai ao longe com as suas torres douradas.

Depois, começa a subida. Se não fosse no mês de agosto e não estivessem mais de 30 graus… talvez não tivesse custado tanto – curioso como os táxis, a perguntarem se queria boleia, só apareceram quando já estava na descida – por isso, a meio do caminho fui fazendo algumas paragens. A rua é bastante íngreme e esgotei a minha água.

Quando cheguei ao topo, a primeira coisa que vejo é uma loja de bebidas… e não deve ser por coincidência que se chama Heaven’s Gate (Porta do Céu). Entrei lá e abri as portas dos frigoríficos para tirar uma Coca-cola (normalmente não bebo refrigerantes, mas estava a precisar de açúcar e de algo muito fresco) e deixei-me ficar um minuto a agarrar na porta e a apanhar com a frescura que dali saía.

Devia estar tão vermelha na cara, que o simpático homem da loja, abriu uma garrafa de água de propósito para me dar, um copo, antes de eu beber a Coca-cola… Devia estar com aquele ar despenteado e suado no máximo! Mas, digo-vos, sempre tive sorte, nesta viagem, com as pessoas com quem me cruzei… sempre pessoas muito simpáticas!

Eternamente agradecida àquele senhor, com quem fiquei a conversar uns minutos, saí da frescura da loja e comecei a descida para o ponto mais procurado naquele lado do monte – à esquerda vai encontrar a Igreja da Ascenção, onde se paga para entrar (5 shekel). Sentei-me um pouco numa escadaria, à frente da igreja, a acabar de beber o refrigerante, mas a vista não era a melhor.

A vista para a cidade começa a mostrar-se por detrás de casas e árvores, mas é quando começo a descer um pouco mais que vejo, do lado esquerdo, um miradouro cheio de turistas. Mas, não se apoquentem. São turistas que ficam uns minutos, tiram fotos e vão embora nos autocarros. Vão vocês com tempo… sentem-se e fiquem ali as meias horas que quiserem, simplesmente a apreciar a vista, no ponto de observação de Rehavam.

Quando lá estive, numa escadaria em forma de anfiteatro ao ar livre, estava um grupo de jovens asiáticos a cantar – imagino que músicas religiosas, apesar de não ter percebido o que diziam – virados para a Cidade Santa.

A vista, deste lado do Monte das Oliveiras, é incrível, onde sobressai o dourado da Cúpula da Rocha. Abaixo de nós está um enorme cemitério judeu, que contornei quando comecei a fazer a descida, em direção ao centro da cidade. Mas, antes, surgiu-me uma surpresa pelo caminho…

Antes de começar a descer, passando ao lado do cemitério judeu, vejo uma placa que diz “Tumba dos Profetas“. Percebo que entro numa propriedade privada, mas a curiosidade era grande e fui descendo os degraus. Lá em baixo, um senhor de cabelo branco, levanta-se com a nossa entrada e, na mão, segura já uma fina vela acesa. Não tenho tempo de dizer muita coisa, a não ser “boa tarde”, e começa de imediato a explicar-me o que ali podemos ver: “estão aqui guardadas várias tumbas de profetas: Ageu, Malaquias e Zacarias. Túmulos que foram escavados no monte há 2500 anos e 500 anos antes de Cristo”. Wow!

Mas, como assim? Achados arqueológicos numa gruta de um terreno privado? Sim!
De facto, Tamil é o proprietário da terra onde estão estas tumbas, que ficam mesmo por debaixo do cemitério judeu, Tal como o seu avô, e o seu pai, é o guardião deste importante lugar, com os túmulos dos profetas. Por cima, fica a sua casa, onde brincavam as suas netas, no dia em que fiz a visita.

Fez-me a introdução e apresenta tudo, enquanto me passa para a mão a vela que acendeu. “Pode ir dar a volta e ver os túmulos”.
Não pede dinheiro nenhum pela vela, que acabou por ser a única luz que me guiou pelos túneis. Ainda que, hoje em dia, possa usar a luz do telemóvel… fica o simbolismo de andar com a vela na mão a descobrir aqueles recantos cheios de História.

Não se pode dizer que haja muito para ver, na necrópole, que se diz que poderá existir desde o século III a.C.. São cerca de 50 tumbas escavadas nas paredes, onde os corpos eram enterrados. Mas, estar num local sagrado, com milhares de anos de História, faz-nos sentir que estamos verdadeiramente num sítio muito especial. No final, deixo umas moedas pela vela e pela dedicação de Tamil, numa caixa-mealheiro, que ali está pousada. Nunca me pediu dinheiro, mas achei simpático deixar algo.

Pergunto a Tamil se lhe posso tirar uma fotografia. Diz-me que sim e pergunto também se quer que lha envie, por e-mail. Diz-me que não, que não é preciso, que lhe tiram dezenas de fotografias todos os anos e que já foi notícia no mundo inteiro. Nota: as tumbas estão fechadas durante a hora de almoço.