Ela disse: vou viajar… e foi! Frases que só mulheres-viajantes vão compreender

E um dia ela disse: vou viajar… E foi! Sozinha ou não, o Viaje Comigo nasceu para incentivar outros (e principalmente mulheres, como eu) a viajarem mais. A perderem medos, a enfrentarem outras culturas, a conhecerem outros cantos do globo e a verem o mundo com outros olhos. Hoje é dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Um dia tão importante que marca a luta por direitos iguais e que em tantos lugares do mundo ainda estão longe de se tornar realidade. Na verdade, quase em todos os países, não é? Incluindo o nosso. Tão longe que estamos disso. E como se reflete isso no mundo das viagens? Reflete-se em todo o lado, porque não no das viagens? Consegui que 13 das minhas amigas viajantes deixassem os seus depoimentos aqui. Por favor, leiam até ao fim… vale mesmo a pena! Espero que vos inspirem, tal como nos inspiram a nós! Boas viagens!

Não pretende ser este texto polémico, mas é possível que toque em alguma feridas… quantas vezes nos perguntam: mas não tens medo de ir sozinha?; como nos devemos vestir nesse país?; e quantas vezes temos de apressar o passo, e olhar para trás, para ver se ninguém nos vem a seguir com intenções maldosas. Ou então… “foste para esse país, estavas mesmo a pedir para que isso te acontecesse”…

Na verdade, mulheres a viajarem sozinhas é algo que ainda assusta muitas sociedades. Como se fizéssemos algo que é fora do normal. Por isso, viajarmos, sozinhas ou em grupos, é tido como um ato feminista, de resistência e de empoderamento. Com as nossas viagens, estamos a dizer a todas as mulheres – e principalmente a formar mentes mais novas – que o podem e devem fazer, sem medos. Sem medos de serem julgadas, sem medo de represálias e só assumindo que têm tanto direito de o fazerem como qualquer homem.

Estamos no século XXI, mas já perdi a conta das vezes que perguntam se não tenho medo de ir sozinha para certos países. Aqui, vos digo: às vezes tenho mais medo de ir para certos lugares em Portugal, do que nos outros países. Não penso nisso a cada minuto, mas tento resguardar-me do que possa correr mal. E a verdade é que depois de começarmos, não conseguimos parar de nos imaginarmos sozinhas noutras paragens e noutras aventuras.

Já escrevi alguns textos, e dei algumas entrevistas, onde dizia que não gostava de viajar sozinha. Foi algo a que fui obrigada a fazer , por esta minha profissão de jornalista de viagens, mas fui-me habituando. Agora, tanto me habituei, que adoro viajar sozinha!
É diferente! Muito diferente! Temos uma sensação de liberdade, ao mesmo tempo que somos donas e senhoras do nosso tempo, da nossa vida e de tudo o que nos rodeia.  Temos controlo. Dá-nos independência. E, sem essas vivências, eu seria certamente uma mulher bem diferente da que me tornei.

E porque conheço tantas mulheres que deixam de viajar, porque têm muitos receios, espero que o Viaje Comigo lhes dê alento para se aventurarem. Nem que seja com as viagens que organizo, para levar os leitores a viajarem mais. Vou usar várias frases conhecidas, mas que fazem aqui todo o sentido: a velha máxima de que nos arrependemos mais do que não fazemos. Viajar é aprender. A todo o minuto… a cada segundo.

E, depois, vem aquela frase “sair da zona de conforto”… Pensei, durante muito tempo, que era apenas mais uma frase feita. Mas, é a mais pura das verdades: não é preciso muito! Sairmos da nossa rotina já nos coloca com outras perspetiva e pensamentos. Saímos da “caixa” e analisamos, de facto, o que nos rodeia. Assim, saímos da zona de conforto, aquela que nos empurra para novos ensinamentos.

Mesmo que não viaje sozinha, só o facto de viajar é já algo que enriquece esse desejo de conhecer melhor o mundo e testa os nossos limites. Ao estarmos em contacto com outras culturas – que até podem nem diferir assim tanto da nossa . trazemos novas ideias e diferentes perspetivas. Arrisquemos. Saiam da bolha/redoma a que a rotina nos obriga… aventurem-se! Boas viagens!

MENSAGENS DE MULHERES-VIAJANTES INSPIRADORAS

Heloisa Righetto, Brasil/Londres
Conexão Feminista
“Ocupar espaços públicos é um ato político pra mulheres. É desafiador. Ainda nos veem como exceção, acham que não deveríamos estar “soltas no mundo” porque a sociedade nos quer “recatadas”. Portanto, pense que, ao se entregar para o mundo, você está abrindo caminho para outras mulheres.”

Madalena Vidigal, Portugal – Entre Vinhas
“Viajo sozinha sempre que posso, não por falta de companhia mas porque adoro! Fazer viagens sozinha pelo mundo tem sido das melhores descobertas da minha vida. Sobre o mundo e acima de tudo sobre mim. Descobri os meus medos e fraquezas mas também que sou destemida e forte e que todas as mulheres deviam viver esta experiência!”

Diana Miaus, Espanha – @dianamiaus
“Se algo aprendi através dos viagens foi descobrir como o mundo muda quando mudámos a forma como o olhámos. Encontrando beleza e satisfação nas pequenas coisas, nos recantos pouco comuns, sem deixar que os contratempos estraguem o dia e fazendo com que os nossos pensamentos e palavras mudem como sentimos e, assim, o que podemos alcançar. Hoje é o nosso dia, celebremos!”

Rute Obadia, Portugal – Blondie Traveler
“Se existe um bom conselho a dar é para viajarem sempre de coração aberto, prontas para fomentar laços, criar empatias e estarem abertas às diferenças culturais, porque são elas que nos enriquecem. No final de contas, viajar desconstrói-nos todas as certezas e torna-nos mais abertos aos outros, humaniza-nos!”

Liliane Cobiao, Filipinas
“Sou tão agradecida por viver nestes tempos em que as mulheres-viajantes têm as mesmas oportunidades que os homens. E por ter nascido num país onde sou livre de aproveitar todas as oportunidades que se me apresentam.”

Cláudia Beatriz, Brasil – Aprendiz de Viajante
“Seja por força das circunstâncias, por causa do trabalho ou falta de companhia, viajar sozinha nunca foi motivo para eu deixar de visitar um lugar e aprendi a curtir muito esses momentos. Não me entenda mal, eu adoro ter companhia para viajar, amo viajar com minha família, com meus filhos, meus amigos, mas acho que viajar sozinha de vez em quando é muito “terapêutico” e acho todo mundo devia experimentar pelo menos uma vez”.

Diana Bancale, Itália – In Viaggio da Sola 
Desde que comecei a viajar, quando tinha 18 anos, tive um grande sentimento de liberdade. Com as viagens, eu conseguia verdadeiramente ser eu própria e explorar os locais que eu queria. Comecei a fazê-lo sozinha e esse tipo de experiência faz-me sentir mais forte, independente e livre. Cada viagem é o equivalente a anos de descobertas e conhecimento e aprendo em cada pequena coisa que faço enquanto estou a viajar. Considero que as minhas viagens me fizeram a mulher que sou hoje.”

Inma Gregorio, Espanha – A World to Travel
Se tivesse que escolher o que mais marcou o rumo da minha vida e deu forma ao que sou hoje , sem dúvida escolheria o viajar sozinha. A vida é curta, mas se a vives como deve ser, é suficiente. Incentivo-te a fazê-lo se é que ainda não o fizeste já. Viaja e fá-lo sozinha de vez em quando. Não só descobrirás um mundo exterior, mas também o teu interior se enriquecerá. Desfruta-o!”

Maria João Proença (@Joland), Portugal
“Aprendi algo crucial no momento em que me aventurei, pela primeira vez, numa viagem a solo: o nervoso miudinho inicial é normal e saudável e é importante conseguir assumi-lo e seguir em frente, mesmo assim. A recompensa é extraordinária: memórias únicas, auto-confiança reforçada e uma sensação de sermos capazes de tudo, daí em diante. Que a nossa extraordinária condição de mulher seja um motivo ainda maior para nos aventurarmos pelo mundo de cabeça erguida e coração aberto!”

Miriam Augusto, Portugal – The Wanderlust
“Sair da zona de conforto, atirar-se de cabeça no desconhecido, sem medos, sem receios. Aquilo que descobrimos sobre nós é incrivelmente surpreendente.”

Alice Teacake, Inglaterra – Teacake Travels
“Em algum universo paralelo eu sou a mulher que não seguiu a sua intuição. Sou a mulher que continua a fazer o que é esperado dela em vez de ouvir as suas próprias paixões, aspirações e objetivos na vida. Ainda digo para mim mesma que não consigo, não devia e não posso.
Mas, felizmente, estou neste universo. Um universo onde por arriscar para ir conhecer o mundo e abraçar o mundo sozinha, aprendi o quanto sou capaz. Agora sei quem sou, o que amo, o que quero e quão preciosa é uma educação fora das quatro paredes de uma sala de aula. Escolhe o teu universo e abraça-o!”

Marlene Marques, Portugal, Surfer Girl on the Move
“Quando viajo, procuro sempre respeitar a cultura local. Não são raras as vezes que, debaixo de calor tórrido, tenho que vestir umas calças, cobrir os ombros e, por vezes, até a cabeça. Posso não compreender certos rituais, posso até não concordar, mas respeito. Ali, sou eu a visitante.
Não posso deixar de recomendar também um certo nível de desconfiança quando viajamos. É sempre bom e pode prevenir algumas situações. Mas, que não seja demasiado ao ponto de não nos divertirmos ou apreciarmos momentos genuínos.”

Patrícia Schussel Gomes, Brasil / Instagram: @patchinpixels
“Quanto mais eu viajo, mais eu desejo liberdade. Pode parecer um tanto clichê quando se trata de viagens; sentir o vento no rosto, dar risada até doer, conhecer pessoas novas, entrar em um trem sem saber o destino, mudar de plano ou simplesmente não ter nenhum plano pra mudar… mas não é só dessa liberdade que eu me refiro.

Quanto mais eu viajo, mais eu desejo que as mensagens que eu recebo diariamente não sejam pra me lembrar como é difícil ter que vencer uma luta por dia pelo simples fato de ser uma mulher. Eu desejo liberdade, mas liberdade para que você possa andar por onde quiser, dar risada do que quiser, vestir o que quiser, ser linda da maneira que quiser.

Liberdade pra que você use salto alto se quiser, tenha cabelo branco se quiser, ame seu cabelo crespo se quiser, coma o que quiser, use maquiagem se quiser, admire seu corpo nu se quiser, trabalhe com o que quiser, case se quiser, tenha filhos na hora que quiser, tenha a opinião que quiser e principalmente seja feliz, sempre que quiser.

Anseio liberdade para poder sair, não apenas para o mundo, mas sair da bolha de preconceitos e verdade que nos aprisiona. Liberdade para enxergar a perfeição de cada detalhe meu que um dia me fizeram crer ser imperfeito.
Liberdade para deixar de temer meu próprio medo. Quero poder sentir medo sim, mas que seja medo de pular de uma cachoeira, medo de viajar de avião, medo de barata, medo de acordar alguém por não controlar o volume da risada, medo de não ter chocolate em casa ou de não conseguir parar de comer ele, se tiver.

Desejo um dia livre para você, mulher, que no fundo é exatamente como eu ou como aquela modelo de capa de revista: uma mulher cheia de poder que consegue conquistar tudo o que deseja pelo simples fato de ser uma mulher. Feliz dia!”