Para celebrar os 260 anos de existência, a Real Companhia Velha lança a edição numerada e limitada a 260 garrafas de vinho do Porto, com um preço de 2.750€. O Carvalhas Memories, assim se chama este néctar comemorativo, é de 1867. E a que é que sabe um vinho do Porto com 149 anos? “Sabe a história”, diz Pedro Silva Reis, atual Presidente da Junta da Administração e membro da família Silva Reis, proprietária desta vetusta companhia.
A Real Companhia Velha (RCV) foi fundada a 10 de setembro de 1756, como Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro. Completou agora 260 anos e para assinalar a efeméride lançou um singular Vinho do Porto do século XIX.
No dia da apresentação do Carvalhas Memories, aos jornalistas, foi feita uma encenação, dentro das caves de Vila Nova de Gaia, com personagens da época e música por uma harpista. Também tivemos a oportunidade de ver os documentos que Depois disso foi realizado um jantar onde foram provados vários vinhos da RCV desde o espumante a um outro vinho do Porto de 1931.
A história deste vinho do Porto remonta à vindima de 1867, na Quinta das Carvalhas, uma das mais conhecidas quintas da Real Companhia Velha. Veio o vinho, com uvas do Alto Douro, para as caves da firma Miguel de Sousa Guedes que, mais tarde, em meados do século XX, por incorporação desta empresa, foi deixado nas mãos de mestres de cave da Real Companhia Velha.
Este vinho do Porto envelheceu nas caves da Vila Nova de Gaia, em pipas da mais nobre madeira de carvalho, “até atingir a perfeição, destacando-se uma sumptuosidade aromática e uma inesquecível dimensão de prova”, indica a informação enviada pela RCV, adiantando também que o mesmo vinho “foi refrescado com uma pequena quantidade da colheita de 1900, que lhe proporcionou vigor e frescura”.
Após 149 anos de estágio (!!!) e, porque este é o ano das comemorações dos 260 anos da fundação desta Companhia Pombalina, o destino deste vinho cruza-se com a história da emblemática Real Companhia Velha.
A garrafa do Carvalhas Memories – além de ter o formato inspirado nas garrafas mais antigas da companhia – é feita com materiais portugueses, desde o cristal da Atlantis, com produção artesanal, até à rolha de transporte de cortiça, ou a rolha de serviço também de cristal. Na caixa, feita com madeira e folheada com pau-rosa, tem ainda tecido representando a indústria têxtil portuguesa.
A acompanhar a garrafa está um livrinho com a reprodução do Alvará Régio, com o selo branco da Real Companhia, numerada e assinada por Pedro Silva Reis.
A empresa foi fundada por Alvará Régio de D. José I, El-Rei de Portugal, sob os auspícios do seu Primeiro-Ministro Sebastião José de Carvalho e Mello, Conde de Oeiras e Marquês de Pombal.
A esta Majestática Companhia foi confiada a missão de estabelecer a Região Demarcada do Douro – a primeira demarcação do mundo – com o propósito de organizar o setor do vinho do Porto e conceber a regulamentação que viria a controlar a produção e o comércio do vinho do Porto.
NÚMEROS DA REAL COMPANHIA VELHA EM 2016
– 200 colaboradores
– 65% da produção destina-se ao mercado externo, assegurando a presença de vinhos do Porto e de Douro
– Exporta para 45 países
– Tem 5 quintas com um total de 550 hectares de vinhas próprias
PATRIMÓNIO HISTÓRICO – DO PASSADO AO PRESENTE
(informação da RCV)
É preciso recuar até 1678 para encontrar a primeira referência escrita ao nome Vinho do Porto, a que a Real Companhia Velha está intimamente ligada. Fruto do acaso, a “descoberta” do Vinho do Porto fica a dever-se aos ingleses radicados na Invicta, que, com o intuito de preservar os vinhos durienses durante viagens marítimas, lhes acrescentaram aguardente. A feliz descoberta dá então início a uma indústria que ao longo das primeiras décadas do século XIX cresce a um ritmo alucinante, atingindo oito mil pipas para exportação, em 1715, e dezanove mil em 1749.
A história da Real Companhia Velha está repleta de episódios que ajudam a compreender muito do que foram os séculos XVIII, XIX e XX em Portugal. Enquanto empresa-bandeira do Império Português, foi dominada por potências invasoras, como o exército napoleónico, que em 1809 requisitou os vinhos aqui produzidos para que fizessem parte da ração de combate dos seus soldados durante as Invasões Peninsulares. A resistência, liderada por Lorde Wellington, cujas tropas estavam estacionadas em Lamego, procedia da mesma forma.
Já depois da instauração da Monarquia Parlamentar e do Liberalismo Político, em 1865, e através de Alvará Régio assinado por D. Fernando, a Real Companhia Velha evoluiu de uma Companhia Majestática para passar a operar em regime de mercado livre. As décadas seguintes assinalam uma fase de forte expansão da RCV, que passa a exportar para a Escandinávia, Rússia e Brasil. Já no século XX, e depois de ter atravessado os períodos da Monarquia Parlamentar (e, antes, Absolutista), a Companhia entra na fase do regime republicano com elevadas taxas de crescimento, particularmente no período entre as duas grandes guerras mundiais.
As décadas de 60 e 70 marcam uma profunda renovação da empresa. Depois de Manuel da Silva Reis ter adquirido o controle da Real Companhia Velha, em 1960, deu-se início a um processo de renovação de equipamentos e de modernização tecnológica. A empresa foi alvo de sucessivos aumentos de capital, acompanhados pela mudança de instalações da sede e alargamento dos negócios.
Saiba mais sobre as quintas da Real Companhia Velha no Viaje Comigo – leia aqui.
INFORMAÇÕES
Caves da Real Companhia Velha
Morada: Rua Azevedo Magalhães, 314 . 4430-022 Vila Nova de Gaia
Telefone: +351 223 775 100