Durante a minha viagem pela África do Sul, decidi alugar um carro e fui visitar o Reino do Lesoto e a Suazilândia (agora, Eswatini). Entrei pelo Golden Gate Nacional Park, mesmo na fronteira (Caledonspoort), percorrendo infinitos quilómetros de montes e vales lindíssimos.
São tantas as paisagens lindas que nem dá para dizer que tínhamos muitos objetivos ou expectativas nesta viagem. Sabíamos que chamavam ao Lesoto o Reino dos Céus e penso que isso até as fotografias conseguem dar a perceber o porquê. O objetivo era simplesmente desfrutar e visitar uma série de pontos de natureza, visitando as terras por onde passássemos. É um país lindo!
Em todos os pontos de fronteira, temos de sair do carro, comprar um visto, assinar uns papéis e mostrar os passaportes. Facilita termos passaporte europeu e nunca fizeram muitas perguntas. “Estão em turismo? Sim”. Toca a andar. Pagamos o visto/taxa de entrada por carro. E lá fomos, sem planear muito, sem correrias. Mas sabíamos que só tínhamos dois dias, porque depois tínhamos compromissos no Parque Kruger, na África do Sul.
A caminho já do Lesoto, dormimos em Harrismith, atravessamos o Golden Gate Nacional Park, passamos – e paramos – para visitar a Basotho Cultural Village, que mantém as construções tradicionais – com o conforto dos nossos dias – e as aluga a turistas. E a seguir, paramos em Clarens para almoço.
Ora, esta terra foi uma surpresa, porque é daqueles lugares que parece que o tempo só melhorou. Chamam-lhe a Suíça da África do sul, porque no meio das montanhas surge esta localidade super organizada – e muito virada para o turismo também – cheia de restaurantes e lojas especiais.
Tudo isto antes de entrarmos no Lesoto! A primeira paragem neste novo país foi em Butha Buthe, um frenesim de cidade, com muitas crianças e jovens a caminharem pela beira da estrada – na saída das escolas e à ida para casa. Ficamos aqui alojados no pacato Aloe Lodge.
Um conselho: tentem marcar com a antecedência possível os alojamentos. Não sabíamos bem quantos quilómetros íamos fazer de carro, por dia, então ao almoço estipulávamos até onde iríamos – não queríamos conduzir à noite, porque apanhamos um susto com camiões, que achamos que não íamos estar aqui para contar a história – e aí marcávamos o alojamento.
Aconteceu o alojamento estar cheio e não haver mais possibilidades. O Lesoto não é um grande destino turístico e, por isso, não existem muitos alojamentos. Outra coisa é… durante o dia, ou estamos a conduzir e a aproveitar a paisagem, ou estamos a olhar para um telemóvel a escolher alojamento. Eu prefiro a primeira hipótese, mas às vezes não dá!
Por isso, fiquei com esta anotação nos cadernos de viagem: “antes da barragem, há camas em Ha Lejone“. Assim, já ficam a saber! 😀
Fomos à barragem e voltamos para trás para a cascata. Viramos à direita para Thaba Theka, que era para onde o gps mandava. Na estrada principal, há muitas crianças e jovens de mochila às costas: passamos pela Universidade Nacional do Lesoto e por um lugar que se chama Roma.
E se tivéssemos dificuldade em perceber que era o nome da capita italiana, dá para perceber que os locais levam isso a “sério” e até brincam: há um Vaticano Car Wash e um Vaticano Fast Food.
Em Ramabanta – cidade no oeste do Lesoto, localizado a sudeste da capital Maseru e a noroeste do pico de 3.096 metros de Thaba Putsoa – há um santuário mariano a dizer Fátima.
Ficamos no Maluti Stay Lodge a descansar e, de manhã cedo, partimos para o único local que escolhemos verdadeiramente visitar: a magnífica cascata Maletsunyane.
NÃO ESQUECER
*Já sabes que podes comprar artigos da marca ©Viaje Comigo? Com inúmeros artigos de viagem! 😀*
E podes seguir a loja no Instagram também ViajeComigo.Store
*
– Está à procura de outros alojamentos para a viagem? Pesquise e reserve aqui
*
COMPRA DE VOOS: Para comprar os voos da viagem, clique aqui
*
– Precisa de um e-Sim para a viagem? Compre aqui online e obtenha 5% desconto com o cupão ViajeComigo – para ficar sempre contactável em viagem.
*
Precisa de SEGURO DE VIAGEM? Ao ir por este link tem, como leitor do Viaje Comigo, 5% de desconto com a Heymondo! Viaje em segurança!
*
O que vai visitar? Marque as atividades online, para não perder tempo nas filas… ou ficar sem o seu lugar! Clica aqui.
*
Queres ter alojamento gratuito, em troca de Trabalho voluntário?
*
Sugerimos a Consulta do Viajante Online marcada através deste link.
*
E segue-nos no Instagram, Facebook, TikTok, Pinterest e YouTube.
Acordei antes do despertado tocar, só com o som da forte chuva que caía. E isso não são boas notícias, para quem decidiu não alugar um jipe (ficava bem mais caro do que o carro normal) e as estradas são quase todas de terra batida. Nesta altura, em algumas estradas já nem se via a terra, eram como pequenos riachos por ali fora.
Decidimos ir por gasolina antes da viagem. Pois, podíamos ficar atolados, mas sem gasolina é que não! Paramos junto do mercado abastecedor da cidade. Cá fora a bomba de gasolina e, dentro de um grande armazém, havia de tudo o que aqui se consome, como num hipermercado.
Quase toda a gente usava galochas naquele dia… menos nós! Nem casaco quente tinha… comprei uma manta, para me aquecer, caso apanhasse muita chuva no lombo. Uma manta parecida – não é igual! – com a que eles usam, como se fossem casacos.
Com as estradas “normais” (de alcatrão) já havia muitos buracos… agora cheias de água (a água corria rápido das montanhas e atravessava-se à nossa frente nas estradas)… era uma espécie de totoloto.
Será que os buracos são grandes ou pequenos?, questionávamo-nos. Isso “só” fez com que fizéssemos o percurso no dobro (ou triplo) do tempo que havíamos estipulado. Mas, porque é que não alugamos o jipe!?! Ah, já me recordo, era o dobro do preço do carro normal!
Depois de uns 40 minutos, a conduzir a 20 à hora (batemos algum recorde de paciência com certeza!), lá começamos a ver a cascata ao longe!
Havia um caminho bastante enlameado que não me atrevi a fazer… mentira! Tinha feito estes quilómetros todos e não ia até à cascata!?! Esperei que a chuva amainasse e lá fui eu.
É, sem dúvida, um dos sítios mais bonitos que já vi. E olhem que já vi muitas cascatas! Mas… estar ali completamente sozinha! Que loucura boa! E quando o sol começou a despontar ainda ficou tudo mais bonito e verde à nossa volta. O som da água a precipitar-se dali de cima é algo memorável.
Não havendo muitas construções e arquitetura para admirar no Lesoto, puxam nos guias de viagem pela barragem Katse. De facto é uma obra gigantesca, mas duvido que valha algum desvio.
Nós passamos lá perto, para seguirmos para a Suazilândia, senão provavelmente não teríamos ido. A barragem foi feita em parceria com a África do Sul e contou, na inauguração, com a presença do Rei Letsie III e o presidente Nelson Mandela. Foi inaugurada em 1996 e tem 185 metros de altura. Bastante impressionante!
Alguns Pontos de interesse no Lesoto
– Basotho Hat (Maseru): um edifício com o formato do chapéu típico que serve como como centro de artesanato e de informações turísticas.
– Grutas Kome: a 25km de Teyateyaneng, no distrito de Berea, encontra habitações, feitas de lama, nas grutas. Os habitantes destas, são os descendentes dos primeiros povos que aqui residiam. É considerado um local de Herança Cultural.
– Makoanyane Square (Maseru): no centro de Maseru tem esta grande praça, com um monumento (um avião). Em poucos metros existe o palácio real, casa do Rei Letsie III.
– Barragem Katse: no rio Malibamat’so tem esta barragem arqueada, que faz parte de um mega projeto que inclui mais 4 barragens, no meio de vegetação e vistas impressionantes. Um projeto conjunto do Lesoto com a África do Sul.
– Quedas de Água de Maletsunyane: estas quedas de água, com 192 metros de altura, fazem parte do Parque Nacional de Tšehlanyane, com cenários de tirar o fôlego. è um dos locais mais bonitos do continente africano e ainda pouco explorado turisticamente.
– Vila Cultural de Thaba Bosiu Cultural: a 24Km de Maseru encontra este local histórico que assinala o berço da população Basotho. Aqui tem a vila para visitar, museu, restaurante e anfiteatro.
– Thabana Ntlenyana: é o ponto mais elevado do país e a montanha mais alta do sul do continente africano, com 3,482 metros de altitude. Ironicamente, o seu nome traduz-se como “pequena bonita montanha”.Barragem Katse (Katse Dam) – Lesoto © Viaje Comigo
Curiosidades sobre o Lesoto
– Lesoto é o único país do mundo cujo território total está acima dos 1.000 metros de altitude! Aliás, 80% do seu território está acima dos 1.800 metros de altitude. Daí ser apelidado, por muitos, como Reino do Céu.
– As suas montanhas têm a particularidade de serem mesetas, ou seja, a sua superfície elevada, formada por lava, é completamente plana!
Coisas a saber
– Posse/ consumo de droga são severamente punidos por lei.
– Informe-se antes da sua viagem se é segura a visita, pois a instabilidade política pode trazer insegurança aos locais e aos visitantes.
– Recomendam ainda as precauções habituais: não circular durante a noite e não estacionar em locais com pouca luz; não passear com objetos de valor e de preferência viajar com alguém que conheça o país.
– Como em quase todos os lugares do mundo: não deixe objetos de valor à mostra no carro.
– Se visitar as zonas mais montanhosas, prepare-se para alterações climáticas abruptas. As trovoadas são especialmente violentas.
– E mais dicas de VIAJAR PARA O LESOTO, são encontradas aqui.
A BOLEIA
Entre estas duas fotografias – a de cima e a de baixo – há uma história. Não apontei nomes, porque o que interessa aqui é o que me fez pensar. Em quê? No tempo! O tempo que vejo correr pelos ponteiros dos relógios. O tempo que (achamos nós) não aproveitamos, etc.
Estávamos já há algumas horas a fazer as estradas de terra batida, quando vemos duas pessoas mais à frente. Dirigiram-se para o meio da estrada e uma delas, aos saltos, com uma criança nas costas, mandava-nos parar. O primeiro instinto é de medo. “Pronto, é agora que nos dão uma marretada na cabeça e roubam-nos o carro e as coisas e, pronto, estamos no meio do nada…”. Já perceberam o enredo deste filme de terror. Por outro lado, bem que posso pensar nisso durante 1 segundo e depois no segundo seguinte, digo ao meu companheiro de viagem: “pára o carro”.
Antes que eu pudesse dizer algo, a mulher, que tem a criança às costas, diz-me “obrigada, obrigada” umas 30 vezes. Depois acrescenta “por favor, levem a minha amiga. Ela vai para a próxima aldeia”.
Ainda me ri, porque ela não parava de dar pulos de alegria, quando disse eu ok. Mas eu que não conseguia falar. A amiga entrou para o banco de trás e ela disse adeus. Durante a viagem fui obviamente fazendo perguntas:
– Há quanto tempo estavam ali?
– Nem sei, há algumas 3 horas.
– E se não aparecesse ninguém?
– Ia a pé, mais tarde, mas estava a conversar com a minha amiga.
O tempo… é relativo, não é? Enquanto fizemos aquela estrada cruzou-se só um carro connosco e ia no sentido oposto. Portanto, era essa a probabilidade que ela tinha de ter boleia.
No entanto, em vez de caminhar – estava tempo ameno, mas ela levava um colete quente – ficou ali à espera. Não tinha pressa. Não era muito faladora. Se calhar ia a pensar tudo o que eu tinha pensado antes… que poderíamos não ser boa gente…
De vez em quando pegava no seu telemóvel – sim, vive numa aldeia no meio do Lesoto mas tinha telemóvel e ao que tudo indica tinha internet – e ia conversando com alguém. Quando chegamos à aldeia pediu para sair e agradeceu… até um pouco secamente. Fiquei com saudades da amiga efusiva. Aposto que trazia mais histórias para contar, com essa.