Susana Ribeiro no ABC Digital 2020
Publicado em Maio 26, 2020

Susana Ribeiro, do Viaje Comigo, no ABC Digital com Workshop de Jornalismo de Viagens

Recortes de Imprensa/ Workshops

No próximo dia 28 de maio de 2020, Susana Ribeiro, do Viaje Comigo, vai participar no evento (online) ABC Digital: À Distância de um clique, cujo tema deste ano é”JOVENS EMPREENDEDORES NO MUNDO DIGITAL”. A jornalista, autora deste site de viagens, vai dar uma aula de Jornalismo de Viagens, a todos os que se inscreverem. Será dia 28 de maio, às 14h30.

ABC Digital 2020

ABC Digital 2020

O que é o evento ABC Digital?

O ABC Digital vai já na sua 3ª edição e reúne profissionais e estudantes de comunicação digital para partilhar ideias, tendências e boas práticas. A edição deste ano é 100% online e está organizada em 3 dias, com diversos oradores.

Qual é o tema?
O tema este ano é JOVENS EMPREENDEDORES NO MUNDO DIGITAL.

QUEM É SUSANA RIBEIRO?

SUSANA RIBEIRO – A EXPLORADORA

O passaporte da Susana Ribeiro é invejável. Ela, que é já uma veterana no mundo jornalístico, atualmente dedica-se a escrever sobre viagens. Mais recentemente aventurou-se a promover workshops online de escrita para bloggers que queiram explorar o mundo e saber as melhores coordenadas para um texto eficaz.
Viajou já pelos corredores do jornal O Comércio do Porto, fez parte da equipa do Jornal de Notícias, da Evasões e da Time Out Porto. Mas o seu passaporte profissional conta ainda com mais carimbos. Embarcou em tantos projetos que é quase impossível enumerá-los todos aqui! Passou por rádios e colaborou em programas de televisão, como o programa What’s Up – Olhar a Moda – fazendo reportagem e locução. Hoje em dia, dedica-se a tempo inteiro ao Viaje Comigo, blog de viagens que fundou em 2013 e que soma já vários prémios, como o de Melhor Blogue de Viagens Profissional (2017), atribuído pelo Blogger Travel Awards. Além disso, podemos viajar com ela porque é líder de viagem na agência Leva-me.”

Em que dias vai acontecer?
27 de maio – Palestras
28 de maio – Workshops, às 14h30, com Susana Ribeiro
29 de maio – Partilha de experiências/projetos

Susana Ribeiro no ABC Digital 2020

Susana Ribeiro no ABC Digital 2020

É tudo gratuito?
Sim, é TUDO totalmente gratuito, com transmissão em direto no Facebook do ABC Digital. Para os workshops, tens de te inscrever para garantires o teu lugar e teres acesso ao link da plataforma Zoom.

Onde me posso inscrever?
No nosso Website.

Onde vai ser transmitido?
27 e 29 de maio – Em direto da nossa página do Facebook do ABC Digital.

28 de maio – Via zoom mas apenas disponível para inscritos.

Posso fazer questões aos convidados?

Sim. Todas as questões sobre o tema discutido deverão ser colocadas “na caixa de comentários e perguntas” da transmissão em direto no facebook da página do ABC Digital e serão respondidas logo que possível.
Se queres mais respostas, visita o nosso website e INSCREVE-TE!

Instagram ABC Digital

QUEM ORGANIZA
O ABC Digital está de volta para a sua 3ª edição!
Organizado pelos alunos do Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração (ISCIA), este evento terá lugar nos dias 27, 28 e 29 de maio com o tema: “Jovens Empreendedores no Mundo Digital”.
Contamos com momentos de workshops, palestras e diálogos com o público, apresentados por convidados com projetos de sucesso.
Mantendo as boas práticas e cumprimento do isolamento social, em 2020 afirmamo-nos como um evento 100% digital, à distância de um clique!

QUEM SOMOS
Somos os alunos do 1º ano do CTeSP de Comunicação Digital do ISCIA. Temos como ambição fazer-vos chegar ao evento mais dinâmico em que poderão participar, a partir do vosso computador, tablet ou telemóvel. O ISCIA continua a apostar em nós para a organização deste evento e nós permanecemos com o mesmo empenho para partilhar com o nosso público o impacto que os jovens têm atualmente na era digital e, nomeadamente, os projetos que realizam.

Missão
Partilhar com o público interessado a crescente relevância do mundo digital no quotidiano, bem como estratégias, dicas e experiências de jovens que desenvolvem projetos nesta vertente.

Visão
Facultar a aprendizagem de novas metodologias do ramo do digital, partilhar experiências de jovens empreendedores e valorizar a importância dos meios digitais.

PROGRAMA

27 de maio – Talks: no primeiro dia, teremos palestras únicas para oferecer e que serão dinamizadas por especialistas da área da comunicação digital, do audiovisual e da criatividade. Eles irão dizer-te em primeira mão o que significa ser um jovem empreendedor no mundo digital e como ser bem sucedido. Queres saber mais? Só por ser para ti: um dos nossos oradores vai ser um premiado diretor criativo de publicidade e que conta já com vários Cannes Lions Festival. Schhh!!!

28 de maio – Workshops: no segundo dia, vamos oferecer-te várias experiências, com workshops exclusivos na área da criatividade, fotografia e vídeo que ampliarão o teu conhecimento sobre a área do digital. Vais aprender a escrever de forma mais eficiente para o online, adaptar imagens para o ambiente web, e viver muitas outras surpresas para inspirar a tua criatividade.

29 de maio – Exchange: no último dia, terás a oportunidade de partilhar os teus projetos online com os nossos especialistas da área da comunicação digital, proporcionando-te uma imersão no mundo profissional e a reflexão sobre os sucessos, as falhas, as dificuldades e os desafios sentidos pelos jovens empreendedores na sua carreira.

ABC Digital 2020

ABC Digital 2020

TEXTOS DE ALUNOS FEITOS DURANTE O WORKSHOP ONLINE NO ABC DIGITAL

1 – VIAGEM À ILHA TERCEIRA

Caro leitor,
Hoje trago-lhe uma imensidão de mar, de mar português, aquando do mês de agosto de 2019. Estou a falar-lhe da Ilha Terceira, nos Açores! Esta viagem surgiu como uma surpresa da minha mãe com a ideia de ambas descansarmos do barulho das típicas cidades movimentadas.

Estava na minha cidade natal, em Aveiro, ainda a disfrutar de um verão citadino quando chegou a hora de ir para o aeroporto do porto para levantar voo até à Ilha Terceira. Arranquei às 6h30 da manhã e cheguei por volta das 9h a este lugar. Estava a chover torrencialmente. As ilhas portuguesas são conhecidas pelo seu clima tropical e os Açores não fugiram à regra. Por volta do 12h já estava um calor imenso. Esta situação repetiu-se todos os dias em que lá estive, tinha todas as estações do ano num só dia!

Estava vestida com roupas dedicadas à temperatura amena… Mas obviamente ansiosa por vestir todos os biquinis que trazia na mala. Instalei-me na casa alugada na companhia da minha mãe e fomos diretas à praia mais próxima, em Porto Judeu. Dirigimo-nos em seguida à melhor praia do mundo – as Escaleiras – a praia que recomendo e que me vem sempre à memória cada vez que penso neste lugar.

Todos os dias a comida vinha fresca. O sabor de todas as refeições era diferente daquilo a que estamos habituados. O peixe vinha diretamente do mar desta ilha e não havia sensação igual.

Todas as noites ia dormir ao som das ondas a baterem nos muros, sem o som de um único meio de transporte, paz total. Mas, se quisesse um pouco de agitação bastava ir até à Praia da Vitória, que era presenteada com as festas de verão típicas desta região – ​Festas da Praia​. Com muitas barraquinhas de comidinhas tradicionais – as lapas, as cracas, até a conhecida alcatra (destaque da Terceira) e todo o marisco possível, vindo do mar para o qual eu olhava todos os dias da minha viagem.
E o queijo. Nunca esquecer o queijo desta ilha!

Autora: Ana Rita Silva

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2 –  23.03.2018

A última grande viagem que fiz, pelo menos que me lembre, foi a Espanha. Estávamos a iniciar o 2º período, do 9º ano, e já só queríamos a nossa viagem de finalistas. Haviam dois destinos em mente: Salamanca e Santiago de Compostela. Mas só podíamos escolher um. Fomos a votos e Santiago venceu… E ainda bem, porque era mesmo o que eu queria!

Após semanas e semanas de papeladas, autorizações, e uma data de imprevistos, tínhamos, finalmente, tudo marcado ao pormenor com horários a cumprir. Partimos a caminho de Espanha no dia 23 de março de 2018, sexta-feira. Era cedo. Tínhamos de estar à porta da escola, sem atrasos, às 06:45h. A professora de Moral, responsável por toda a viagem, fez a contagem dos alunos vezes e vezes sem conta, dentro e fora do autocarro. As malas estavam arrumadas e nós, 3 turmas de 9º ano e uma de 12º, nunca mais víamos a hora de arrancar. Apesar de sermos imensos, apenas um autocarro chegou para nós. Nesse autocarro, com horas e horas de viagem, cantávamos até chegar à exaustão.

Fizemos várias paragens, a mais longa delas em Galiza. Parámos num hotel que servia café ao público… Lembro-me de ser caro e de ter as casas de banho mais chiques que alguma vez vi! Também em Galiza, parámos numa nascente linda de morrer, magnífica… Mas infelizmente não deu para aproveitar, começou a chover torrencialmente!

Eram perto de 17:30h quando chegamos ao hotel, já em Santiago. O hotel era lindo. Simples, mas lindo! Até entrarmos propriamente em Espanha, sei que fizemos várias paragens… Mesmo muitas! Mas eu já só queria Santiago, então não dava grande importância ao resto.

Fomos muito bem recebidos, mas avisaram-nos logo do barulho. Só a nossa visita estava a ocupar uma grande parte do hotel, porque… sim, era um hotel pequeno. À noite, ao jantar, lembro-me de repetir aquele creme de cenoura maravilhoso. Assim como também me lembro de estar uma equipa de futebol espanhola a meter-se comigo e com as minhas amigas. Morremos de vergonha, mas entramos no mesmo jogo. Claro que não passou de uns sorrisos, mas foi engraçado… E eles eram giros! A primeira noite pouco ou nada dormimos… ansiosos para o dia seguinte.

Estávamos a uns passinhos da Catedral de Santiago de Compostela. No sábado, dia 24, fomos bastante cedo, e organizados por grupos, visitá-la. Era tão cedo e já só se via turistas na rua. Mesmo ao lado da catedral havia as barraquinhas a vender camisolas com o símbolo típico de Santiago e eu, claro, não podia vir embora sem uma. Todos os espanhóis com quem falamos eram bastante sociáveis, principalmente os destas barraquinhas e pequenas lojinhas.

Sei que esse segundo dia foi bastante preenchido, mas não tenho mais recordações de algo específico, mas sem dúvida que aconselho a toda a gente que possa, que visite Santiago. Para além de ser uma cidade linda, é também bastante conhecida pela peregrinação.

Na noite de sábado, infelizmente, tivemos que preparar as nossas coisas para partir no dia seguinte, domingo dia 25. Chegámos a Coimbra, mais propriamente à escola, pouco depois das 20h. Mas antes disso, ainda em Santiago, visitámos vários coisas, mas lembro-me particularmente de uma fábrica, penso eu, de queijos e enchidos. Eu, doida como eu sou por queijo, fartei-me de comer.

Quando o autocarro se aproximava da escola, lembro-me da nossa professora chorar e chorar e de lhe batermos palmas. Pois, tanto nós 9º ano como o 12º, estávamos prestes a deixar a escola que nos acolheu durante anos a fio. Acabámos por chorar quase todos!

À medida que nos íamos aproximando, íamos vendo cada vez mais carros de pais à nossa espera… estávamos exaustos, mas tão felizes! Saímos do autocarro, demos um grande abraço de grupo e despedimo-nos com garra para voltarmos à escola no 3º período, preparados para enfrentarmos os últimos meses na nossa segunda casa.

Autora: Tatiana Machado

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3 – Viagem a Bordéus/Bordeaux

Saí da minha casa, em Aveiro, com a minha mãe na madrugada do dia 6 de Fevereiro em direção ao aeroporto do Porto. Foi uma viagem atribulada na qual surgiu um momento de pânico causado pelo excessivo trânsito na entrada do Porto pois eram cerca de 9h da manhã numa quinta feira, ou seja, pessoas a deslocarem-se para os trabalhos.

Como não nos tínhamos lembrado desse pormenor estávamos ainda no trânsito quando faltavam apenas dois minutos para as portas de embarque fecharem. Foi, sem dúvida, um início de viagem muito atribulado. Mas, felizmente, conseguimos chegar às portas de embarque a tempo porque os voos estavam um pouco atrasados. (Aleluia!!!)
O destino surgiu por acaso. A Ryanair tinha a viagem low cost para Bordéus/Bordeaux, em França. Fomos as duas nesta aventura de 6 a 10 de Fevereiro, estava a usar umas calças pretas, uma t-shirt branca e dois casacos! Quando chegámos a Bordeax estava frio, céu limpo mas frio, já dentro do avião, tive de tirar os dois casacos porque estava muito calor.

Durante 3 dos 4 dias que estive lá estava a acontecer uma espécie de feira de “promoções” no centro da cidade, o que obviamente fez com que eu passasse alguns minutos a observar as promoções e acabei por trazer alguma roupa de marca que estava muito mais barata lá! (Mas foi pouca! Não pensem que também estive a perder muito tempo da minha viagem com compras!)

Quando chegámos do aeroporto, no centro da cidade, fizemos uma visita histórica pela cidade, GRATUITA, e que foi sem dúvida das coisas que mais gostei de fazer nos dias em Bordéus. Olhei logo, com a primeira visita, de forma muito mais informada do que um simples turista que chega ao destino e observa edifícios ou estátuas… Eu fiquei a saber a história da cidade, o objetivo das estátuas que lá estavam na cidade, informações sobre mais locais para visitar, entre muitas outras coisas!

É uma cidade pequena mas bastante acolhedora.Foi um pouco difícil de me entender com a língua porque nunca tive quaisquer ensinamentos da língua francesa. Então, ou me desenrasquei com o Inglês, ou pedi à minha mãe para me traduzir ou então simplesmente ficava corada e com vontade de fugir. Fui quase sempre comer ao McDonald´s ou comprava comida nos supermercados, porque realmente tentar falar com eles, se não entendiam inglês, era tentativa escusada.

Não fui para a viagem com as expectativas muito elevadas porque nunca tinha ouvido falar do destino mas foi sem dúvida uma viagem incrível e muito surpreendente.

Conheci imensos sítios nesta viagem! Quando tinha a ideia de que era um destino que eu achava que não tinha nada para ver… Pois fiquem sabendo que realmente é um grande destino e com MUITA, MUITA história para conhecer!
E com isto, termino aconselhando toda a gente a visitar a grande cidade de Bordéus que tanto tem para oferecer e visitar!
OBRIGADA BORDÉUS/BORDEAUX

Autora: Catarina Rocha

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4 – Góis a minha vila do coração

Neste momento, se pudesse iria exatamente para a última viagem que fiz, no verão de 2019. Ia dar um mergulho nas águas transparentes da praia fluvial da Peneda, em Góis, Coimbra. Já vou para este destino desde que me conheço e por muito que conheça outros locais, nenhum me faz sentir tanto em casa como este.

Estávamos a 27 de julho de 2019, os meus pais e a minha irmã já estavam em Góis. Mas eu tive que ficar em nossa casa, em Aveiro. Tinha uns compromissos a terminar antes de ir de férias. Por isso só passado uns dias fiz as minhas malas e preparei-me para sair.

Era para ir de comboio até Coimbra, mas os meus pais preferiram vir-me buscar a casa. Fizemos a viagem de carro até Coimbra. Fui a viagem inteira a apreciar a vista pela janela do carro. Pelo meio ia brincando com a Constança, a minha irmãzinha.

Quando chegamos a Coimbra, fizemos uma pausa para ir almoçar. Já era tarde e decidimos ir almoçar hambúrguer no prato, no Fórum Coimbra. Mal pensava eu que seria a ultima vez que iria consumir carne. Pois após este almoço comecei a sentir-me muito mal disposta. E daí seguiram-se alguns dias de um mau estar como eu nunca tinha sentido. Passei dias sem comer e só a vomitar. Imaginem… nem à praia fui.

Com tudo isto e já anteriormente tinha essa vontade, decidi que a partir daquele dia não ia consumir mais carne.
Esquecendo este episodio menos agradável, seguiram se dias fantásticos. Em Góis também estavam lá os meus tios e primos, é o destino preferido da família. Vamos sempre todos os anos.

Temos sempre várias atividades para fazer. Como passeios pelas praias fluviais da vila, idas ao rio Ceira, explorar as praias e zonas mais desertas. E claro os passeios depois de jantar à beira rio e os concertos à noite na esplanada do bar da praia, “A Fazenda da Avó Tomázia”. Não esquecendo a atividade que mais gosto de fazer no rio, andar de canoa. No bar da praia da Peneda, podemos alugar canoas para andar no rio.

Passando para a “barriguinha”, que sei que é a parte que todos mais gostamos. Em Góis tudo é maravilhoso. Desde as pizzas em forno de lenha na “Encosta da Seara”, o fantástico papo seco, os croissants, as bolachinhas…. ai essas bolachas que tenho tantas saudades, na pastelaria “Kentidoce” tudo é ótimo, e claro não esquecendo do peixinho grelhado e do frango de churrasco para quem aprecia, no restaurante “Beira Rio”.

Agosto é o mês das festas da vila e também da concentração motard. Para quem não gosta de confusão, recomendo a escolher outro mês para visitar Góis. Lembro também que, se for no verão, deve preparar-se para altas temperaturas, já se escolher o inverno, não se esqueça que faz muito frio na serra.

Em Góis podemos ficar a pernoitar na Residencial Casa Santo António, espaço muito acolhedor e familiar. Mas, os mais aventureiros podem sempre ficar no parque de campismo, a acampar ou nos bungalows.
Mais poderia contar sobre esta vila que tenho tanto carinho. Arrisco-me a dizer que me sinto mais em casa lá, do que realmente em Aveiro, a minha cidade natal.

Autora: Tatiana Grave

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5 – Andando em “espinhos”

Abro os olhos e encaro o teto acima de mim, no meu estado meio a dormir meio acordada, ouço a Mylo a dizer qualquer coisa sobre nos atrasar. Confesso que só me apetece puxar o cobertor por cima da cabeça e voltar a dormir. Minha preguiça, que cada dia se faz mais presente, está ativa. Decido levantar-me e terminar o meu miserável dilema. Afinal, tinha eu prometido, há dois dias, que iria com ela apanhar um pouco de ar fresco, sair de casa e da quarentena, por mais que isso não seja muito aconselhável.

Estávamos atrasadas afinal!

Enquanto corríamos para a estação de Aveiro, eu me preocupava se as minha adoráveis botas pretas, estavam bem e se iriam me perdoar por tal tratamento. A Mylo, ao meu lado, estava cada vez ansiosa por perdermos o comboio. Eu não me importava!

Esbaforidas, chegamos à estação. Por mais que quiséssemos nos enganar, não tinha mais nenhum comboio para o Porto nos próximos 30 minutos. Observo atentamente enquanto decido se é seguro ou não sentar-me no banco público da estação. Talvez algum filho do corona mãe andasse por aí a passear. Desviando o olhar do banco, cada vez mais suspeito aos meus olhos, observo a Mylo. Ela é minha amiga, mas a ansiedade que observo nos dedos dela, freneticamente a teclar enviando mensagens a explicar que só tinha comboio às 17:45, me causa angústia.

Sentada com as pernas cruzadas no banco, que eu ainda suspeito, ela está ainda ao telefone, agora numa chamada. O vinco na testa mostra que ela está chateada por estar atrasada. Enquanto isso, as lentes do meu óculos de sol me transportam ainda mais para uma realidade paralela a esta, onde penso em tudo e nada ao mesmo tempo. Me distraio com um movimento no canto do olho, e vejo que é um senhor que ficou às voltas, desde que chegamos, a decidir em qual banco iria se sentar. Talvez também achasse-os suspeitos como eu. Ele se senta à nossa frente e observa-nos de forma nada discreta, só me passa um pensamento a mente:
– Mais um psicopata!

Depois de mais de uma hora à espera e ainda sendo alvos dos olhares do tal senhor, o comboio dá o ar da sua graça. Sei que ele chegou à hora marcada, e as atrasadas somos nós mas, eu o culpo mesmo assim. Vendo a paisagem a passar como um borrão, eu tento teimosamente acompanhá-lo com o olhar. Ouço a Milene me dizer que afinal iríamos parar em Espinho e que os nossos amigos iriam nos encontrar aí. Ao chegarmos, me encontro perdida em pensamentos sobre as coisas que eu vi e ouvi dentro do comboio. A tensão das outras pessoas quando alguma pessoa ajeitava a máscara, a desconfiança no ar num prenúncio de um espirro, a discussão entre um homem que dizia ter comprado o bilhete errado que ia em direção oposta do Comboio em que estávamos e o senhor que checava os bilhetes que o ameaçava que ia chamar a polícia, e no meio disto tudo alguma alma que ouvia música romântica a todo volume sem escuta nos mergulhando na sua sofrência. O típico “se eu estou a sofrer, todo mundo vai sofrer comigo”. Desgraça!

Voltando ao presente, vejo os nossos amigos. Nos cumprimentamos de acordo com as novas regras atuais e seguimos o nosso caminho. Meus olhos ganharam vida ao me deparar com a praia, mas também se arregalaram com a surpresa de ver tanta gente no mesmo lugar.

– Isso não era suposto estar a acontecer!
Pensei eu com o meu pensamento hipócrita porque eu também estava lá, em plena pandemia. Conforme íamos caminhando, os olhares nos seguiam, pensei mais uma vez :
– Talvez não deveria ter calçado botas. Mas eu não sabia que íamos a praia!

Voltando a conversa, tentando ser um pouco sociável e deixar o anti-social que em mim habita de lado um pouco, tento parecer normal aos olhos da pessoa com quem converso e que conheci hoje. Afinal, tinha também prometido isso e detesto quebrar promessas. Mas, me arrependo sempre de as fazer. Vá entender!
Aparentemente estou a causar boa impressão, tenho a confirmação quando vejo o Carlos a olhar de boca aberta em minha direção. Eu nem sou tão anormal assim!

Me empenhei tanto em conversar, que acho que assustei a criatura. Passei tanto tempo a ignorar as pessoas que não acho interessante, que agora elas fogem de mim. Ótimo!
Decidi então me distrair e retomar a caminhada, ao meu lado está a Mylo a falar comigo, sob o olhar atento das pessoas por quem passamos.

Eu sempre me orgulhei de ter minhas defesas sempre em alerta, mas quando mais preciso delas, se evaporam como nunca tivessem existido e fico mais vulnerável a ser cativada.
– Sim! Li “O Pequeno Príncipe”.

Todo mundo fala desses momentos como sendo mágicos mas, só me apetece sair a correr. O “coice” da maldita magia de ser cativada veio a empurrar uma bicicleta pelo guião, com lindas madeixas castanho escuro, olhos também castanhos, barba por fazer e com o peito a mostra. Tinha que ser! A beleza morena na qual se encontra o meu calcanhar de Aquiles. Tentei ver pelo lado positivo e apreciar discretamente a vista a minha frente. Mas, eu não sou nada discreta!

Meus olhares, que eu considerava ser discretos, foram notados quase que imediatamente. Eu só posso ter problemas! Para o meu espanto, vi que os retribuiu. Estava tudo pronto para começar outra conversa e dessa vez não iria assustar o coitado. Mas, isso seria comum para qualquer outra pessoa que não fosse eu!
Segui em frente toda confiante e fui… comprar gelados. Sim! Estava calor e era totalmente compreensível ir comprar gelados enquanto se troca olhares de flerte com um rapaz.

O coitado, não entendendo nada, seguiu seu caminho, às vezes virando para trás, verificando se aquilo aconteceu mesmo.
No fundo estava aliviada, notei eu enquanto comia o gelado que optei em vez do rapaz, notando que estava um poço de açúcar, e me questionando porque eu complico sempre as coisas.
Porém, eu não me dou bem com seres do sexo oposto, e só iria confundir o rapaz.

Ainda pensando nos “e se’s” da situação, segui com a Milene para mais uma sessão de tortura fotográfica, ela gosta de tirar fotos e eu sou a vítima perfeita para isso. Enquanto falava com a Mylo e dávamos risadas de vez em quando, decidimos ignorar por completo os olhares que continuavam em nossa direção. Pensei com pretensão, mais uma vez que fosse por causa das lindas e inapropriadas botas pretas que eu calçava em plena tarde ensolarada e na praia. Pensando bem, talvez fosse porque estávamos de casaco também.

Autora: Karina Rodrigues do Rosário

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