A cidade do Porto tem mar e rio, com a companhia do Douro e do oceano Atlântico. Durante alguns anos, as pedras ocuparam a maior parte do espaço nas praias do Porto mas, aos poucos, a areia foi reposta e, hoje em dia, os areais são muito mais convidativos, para os banhos de sol e de mar. E não é só no verão! Durante todo o ano há muitas razões para os passeios à beira-mar.
Sendo eu uma pessoa que nasceu no Porto (e onde vivo), mas cresceu em Vila Nova de Gaia, junto da praia, não posso dizer que as praias do Porto são óptimas. Estaria a mentir… porque as de Gaia são muito mais espaçosas, com muito mais areal, etc. Não todas, claro, mas a maior parte. Além de que a beira-mar de Gaia é muito maior.
No entanto, as praias do Porto têm um encanto único. A proximidade das casas da Foz do Douro, faz com que não se perca o contacto com os habitantes locais. E a beira-mar portuense é também um lugar que guarda muitas histórias, com fortes e castelos, que desvendam um “outro” Porto – descubram mais ao lerem abaixo as descrições de cada praia e as suas “estórias”. As praias começam junto da foz do rio Douro e estendem-se até depois do Castelo do Queijo, tendo “nascido” aí mais uma praia que faz fronteira com Matosinhos.
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Se pretende fazer um passeio e conhecer as praias do Porto, basta começar numa das pontas. Poderá começar junto à foz do rio Douro, no jardim do Passeio Alegre, onde tem a esplanada e o mini-golfe, ou junto do Edifício Transparente, na fronteira com Matosinhos. Quase todas as praias têm o seu bar/restaurante e esplanada e a escolha não é fácil. Nota: para quem tem crianças, junto do areal da Praia do Homem do Leme, há um enorme parque infantil.
Quem vem da foz do Douro, o primeiro areal a aparecer é a Praia das Pastoras, junto do chamado Molhe de Felgueiras e Farolim de Felgueiras (datado de 1886), depois surge a Praia do Carneiro, seguida pela praia do Ourigo. Vem a seguir a Praia dos Ingleses, a Praia da Luz, a Praia de Gondarém, a Praia do Molhe, a Praia do Homem do Leme, a Praia do Castelo do Queijo e a Praia Internacional, junto do Edifício Transparente- e que surgiu após as obras que remodelaram toda aquela marginal, na fronteira com Matosinhos, e que é a extensão do Parque da Cidade do Porto. Muitas destas praias têm galardões como o selo de Qualidade da Água, Bandeira de Ouro ou Bandeira Azul. Também muitas estão equipadas com duches, à saída do areal, nem que seja para tirar a areia dos pés e têm casas de banho nas áreas concessionadas.
Poderá fazer todo o percurso pela avenidas (Brasil e Montevideu), junto da estrada ou, então, junto do mar, passando por todas as praias e esplanadas. Se no verão as praias enchem, também nos fins de semana de sol, durante todo o ano, este é o lugar onde muitos vêm fazer o seu passeio familiar e/ou romântico. Durante o verão, no areal, é normal que encontre o senhor (ou senhora) que vende batata frita, pipoca ou a língua da sogra. Aliás, vai ouvi-lo ao longe com o pregão “Olhá pipoca e batatinha!”
Também muito típica destas praias é a famosa nortada, ou seja, os ventos fortes do norte. Mas, os locais ja estão tão habituados e basta um guarda-vento, bem espetado na areia, para não se sentir ponta de vento.
PRAIAS DA CIDADE DO PORTO
1 – PRAIA DAS PASTORAS
Como chegar: STCP – Bus 500
A Praia das Pastoras fica junto do rio Douro, entre o Molhe de Felgueiras (onde está o Farolim de Felgueiras) e pelo Molhe Norte, ou seja, fica bastante protegida das famosas nortadas. Aqui ao lado, está o Forte de São João da Foz do Douro (também chamado de Castelo da Foz). E o porquê do nome da praia? Diz-se que, num passado mais rural da cidade, e mais particularmente desta área, as pastoras traziam os animais para comerem, aqui, as ervas junto do mar.
2 – PRAIA DO CARNEIRO
Como chegar: STCP – Bus 500
A Praia do Carneiro, com cerca de 187 metros de extensão do areal, fica frente ao Forte de São João da Foz do Douro (também apelidado de Castelo da Foz, construído no século XVI e ampliado no XVII, para proteger a barra do Douro) e logo a seguir ao Molhe de Felgueiras, onde está o Farolim de Felgueiras (datado de 1886).
Esta e a Praia dos Ingleses, que fica mais à frente, eram a coqueluche dos areais no século XIX. O seu nome vem de uma história que, lenda ou não, fala de como estas praias serviam de pastoreio para animais. Diz-se que um dos carneiros se terá perdido e que ficou eternizado no topo do Chalé Suíço, que está no jardim do Passeio Alegre.
3 – PRAIA DO OURIGO
Como chegar: STCP – 1M, STCP – 204, STCP – 500
A Praia do Ourigo tem uma extensão de cerca de 130 metros e é ladeada por rochas. No passado, era esta a praia escolhida pelos romeiros, que vinham à praia para tomarem o banho santo – que afastaria medos e curava maleitas como a gaguez, a gota ou a epilepsia.
Continua a ser usada na celebração de S. Bartolomeu (no final do mês de agosto) quando os participantes, vestidos com roupas de papel fazem um colorido cortejo e depois vão todos a banhos – uma tradição que remonta ao século XVI. Segundo a tradição, para afastar aquelas doenças das crianças seria necessário mergulhar três vezes os mais novos no mar… se funcionava? Isso não sei!
4 – PRAIA DOS INGLESES
Como chegar: STCP – 1M, STCP – 204, STCP – 500
Com 86 metros de areal, a Praia dos Ingleses é, como se imagina, pequena. Por cima das rochas, está uma esplanada com o mesmo nome. E são, aliás, as rochas que são bastante estudadas, já que se encontram aqui vários tipos de “rochas metamórficas (gneisses, metassedimentos e anfibolitos), de idade pré-câmbrica (mais do que 570 milhões de anos), recortados por granitos variscos, com cerca de 290 milhões de anos” (info da CMPorto).
Segundo a história, foram os britânicos que, em meados do século XIX, fizeram da ida à praia uma moda que pegou até aos dias de hoje. Saíam da cidade e iam passar uns meses na beira-mar. E a Praia dos Ingleses, ganhou esse nome porque, de facto, era especialmente frequentada por britânicos.
Ir à praia tornava-se, então, algo chique e, por isso, a burguesia começou a mostrar-se mais, junto do mar…. ainda que vestidos dos pés à cabeça (e com sombrinhas e chapéus da moda). Os banhos não eram coisa de classe alta, a não ser que fosse prescrito, mas só o ar da maresia já era como o melhor “remédio”, para ficarem com outra disposição. Ficar com a pele morena ou curtida do sol era coisa do povo e de quem trabalha nos campos. Como tudo mudou! 😀
5 – PRAIA DA LUZ
Como chegar: STCP – 1M, STCP – 200, STCP – 203, STCP – 204, STCP – 500
Dizem-me que terá menos de 70 metros de extensão no areal, mas eu acho que, de ano para ano, está a crescer mais o espaço na Praia da Luz. Está rodeada de rochas e tem um restaurante (muito bom!) e uma mega esplanada que permitem usufruir desta vista maravilhosa, mesmo nos dias de frio e chuva.
E o nome desta praia? Vem da proximidade da Rua Senhora da Luz – artéria principal da Foz do Douro – onde terá existido uma antiga capela dedicada à mãe de Deus, como invocação da Senhora da Luz. “Com a ruína da capela, a imagem Senhora da Luz passou para a Igreja Paroquial da Foz do Douro, onde ainda hoje é venerada. Entre 1761 e 1926, o Farol da Senhora da Luz serviu para guiar os pescadores e os marinheiros da pedregosa costa e não menos traiçoeira barra. Os registos históricos apontam para que este tenha sido o primeiro farol propriamente dito que existiu na costa portuguesa”. (informação daqui)
6 – PRAIA DE GONDARÉM
Como chegar: STCP – 1M, STCP – 200, STCP – 203, STCP – 500
A Praia de Gondarém tem cerca de 155 metros de extensão de areal. Conhecida durante muitos anos como Praia da Conceição (que era o nome da banheira local, ou seja, de quem cuidava das barracas, por exemplo), o nome atual é composto por “gund” que significa batalha, e “rimis” que significa descanso. Ou seja, esta área de Gondarém seria, portanto, o “descanso na batalha”.
7 – PRAIA DO MOLHE
Como chegar: STCP – 1M, STCP – 200, STCP – 202, STCP – 203, STCP – 500
Com uma extensão de areal de 168 metros, a Praia do Molhe é das poucas que tem uma estrutura de restaurantes permanente, perto do areal, que eu conheço desde sempre, por isso, já são bem antigos. E muito conhecida aqui é a bonita Pérgola da Foz, uma balaustrada de cimento, que foi construída por volta de 1930 (com projeto do conhecido António Enes Baganha), e se tornou num miradouro para o mar. Ficámos como se estivéssemos a espreitar por uma janela para a praia.
Também esta foi considerada uma praia chique e a escadaria sumptuosa (pelo menos a que dá para uma área de praia) está lá ainda para o provar. Prova de facto que, no século XIX, a Praia do Molhe era o local da moda para ir a banhos. As barracas eram, então, quase como uma segunda casa para a alta sociedade portuense.
O nome da praia vem do pontão, que avança entre o mar e protege, em parte, a zona de banhos dos ventos. O molhe é, ainda hoje, usado para os mais aventureiros saltarem e mergulharem na parte mais funda.
Durante ao verão, principalmente aos fins de semana, há animação e atividades desportivas, junto do areal.
7.a – PRAIA DO AQUÁRIO
Este local não está em nenhuma lista institucional como praia porque (penso eu…) não tem areal. No entanto, tem muitas rochas que formam pocinhas e a esplanada/bar da Praia do Aquário. E, aliás, são tantas as rochas que fizeram um passadiço que se estende quase até ao mar, elevado sobre as pedras. É um local muito bonito!
Neste verão, um senhor decidiu criar uma tendência de colocar as pedras umas em cima das outras e o cenário fica muito giro. Não fica?
8 – PRAIA DO HOMEM DO LEME
Como chegar: STCP – 1M, STCP – 200, STCP – 202, STCP – 203, STCP – 500
A Homem do Leme é uma das maiores praias do Porto, com uma extensão de areal de 374 metros. Tem também uma esplanada e, ao lado, uma estrutura fixa que funciona como restaurante e café. Também é muito procurada por famílias porque tem um grande parque infantil (na verdade são dois unidos), que os mais pequenos adoram.
O nome da praia está relacionado com a estátua de bronze que está no meio dos jardins e das árvores da Avenida de Montevideu. A estátua (com autoria de Américo Gomes (1934), que apresenta um homem agarrado ferozmente ao leme, presta homenagem aos pescadores – de recordar que até finais do século XIX esta era uma zona de pescadores! E aqui desagua, canalizada, a Ribeira de Nevogilde.
De cada vez que se refere o nome desta praia lembro-me (sempre!) da música dos Xutos & Pontapés com aqueles acordes iniciais, que me fazem arrepiar. E vocês?
9 – PRAIA DO CASTELO DO QUEIJO
Como chegar: STCP – 1M, STCP – 200, STCP – 202, STCP – 203, STCP – 205, STCP – 500, STCP – 502
A Praia do Castelo do Queijo tem o nome devido ao Forte De São Francisco Xavier que ali está ao lado. Aliás, o Castelo do Queijo tem esse nome porque, diziam os antigos, que estava assente em rochas que faziam recordar um queijo redondo… Se visitar o forte, dentro das guaritas, tem vista para o mar e para as praias vizinhas. A praia tem uma extensão de 140 metros de areal e tem muitas rochas. Desagua aqui (canalizada) a Ribeira do Aldoar.
10 – PRAIA INTERNACIONAL
Como chegar: STCP – 1M, STCP – 200, STCP – 202, STCP – 203, STCP – 205, STCP – 500, STCP – 502
A Praia Internacional surgiu há relativamente poucos anos, depois das obras na beira-mar, junto do Castelo do Queijo e aquando da construção do Edifício Transparente. Muitos ainda se recordam, certamente, que ali passava uma estrada e que a mesma foi recuada e deu-se espaço para o mar e o areal, fazendo parte do projeto da frente marítima do Parque da Cidade do Porto.
O Edifício Transparente tem diversos bares e restaurantes e casas de banho de apoio. Esta é a praia que faz fronteira com a cidade vizinha: Matosinhos. Na Praia Internacional desaguam a Ribeira da Riguinha ou do Couto e a Ribeira de Carcavelos.