Publicado em Setembro 30, 2013

Vinhos da Bairrada: onde a Baga é rainha

Centro/ Portugal [ Anadia/ Bairrada ]

Há uns tempos, vi um filme sobre como se tornaram conhecidos mundialmente os vinhos produzidos na região de Napa Valley, na Califórnia, nos Estados Unidos da América.

O filme explicava a forma como se conseguiram destacar estes vinhos, que eram quase proscritos pelos enófilos, e como, em 1976, fizeram parte de uma prova cega em França.

Vinhos da Bairrada

Vinhos da Bairrada

Na altura, os especialistas só se rendiam aos néctares franceses e pouco mais mas, porque estavam numa prova cega, e não sabiam o que estavam a provar, deram pontuação máxima aos vinhos de Napa Valley. A partir daí, passaram a olhar de forma diferente para os vinhos em todo o mundo. Há que dar uma chance a todos.

Vinhos da Bairrada

Vinhos da Bairrada

Grosso modo, conto esta história porque os vinhos da Bairrada e a conhecida casta Baga foram também durante muito tempo considerados menores. Acredito que a Bairrada foi durante muito tempo uma espécie de Napa Valley, ainda que em menor escala. 

Atualmente já não é assim, mas foi preciso muito trabalho dos produtores até aqui se chegar. Parece-me que, até pelos vinhos e espumantes que se produzem e que são cada vez mais de qualidade inegável, a região da Bairrada já mostrou que se inova de dentro para fora.

Vinhos da Bairrada

Vinhos da Bairrada

A região tem produtores destacados, tem características únicas nos solos e clima – terrenos propícios para produzir tanto tintos, brancos como espumantes e ter a possibilidade de as suas uvas serem vindimadas em diferentes alturas; as uvas verdes são aproveitadas para o espumante, por exemplo –  e consegue mostrar vinhos e espumantes que são verdadeiras delícias.

Nem preciso de ser eu a dizê-lo. Dizem os enólogos e enófilos, gente que sabe do que fala, e que esteve presente no 1º Encontro com o Vinho e Sabores, que decorreu este mês na Anadia.

Vinhos da Bairrada

Vinhos da Bairrada

Para chegar a cada vez mais consumidores, o marketing da Região da Bairrada aposta cada vez mais na comunicação. São atualmente apresentados produtos mais apetecíveis – dirigidos inclusive ao público feminino e mais jovem – com caixas, garrafas e rótulos que cativam.

A Região da Bairrada modernizou-se, mudou, continua a mudar, e  isso vê-se sem serem necessárias profundas análises de especialistas da área. Já encontraram um caminho, agora é só seguir em frente.

PARA VISITAR NA REGIÃO DA BAIRRADA

QUINTA DO ENCONTRO

Quinta do Encontro

Quinta do Encontro

Quinta do Encontro

Quinta do Encontro

É dos sítios que tem mesmo de visitar em S. Lourenço do Bairro, Anadia. O edifício principal (adega) é uma obra de arquitetura, da autoria de Pedro Mateus, com  pormenores fantásticos, tanto no exterior como no interior.

Quinta do encontro

Quinta do encontro

No piso superior, tem uma sala que serve provas de vinhos, mas também para refeições (com a gastronomia local revisitada e muito saborosa) com vista para as vinhas. Um local soberbo para desfrutar o que de melhor a região lhe pode dar.

Quinta do encontro

Quinta do encontro

A Quinta do Encontro tem visitas guiadas (3 vezes ao dia de terça a domingo) e provas de vinho, ques são também imperdíveis, para provar e levar para casa (loja junto da entrada). Os menus de degustação com provas de vinhos a partir de 35€ e menu do dia a partir de 12,50€.

Quinta do encontro

Quinta do encontro

QUINTA DAS BÁGEIRAS

Quinta das Bágeiras

Quinta das Bágeiras

Fica na Fogueira, Sangalhos, e tem Mário Sérgio Nuno à frente do negócio de família (vai na terceira geração) na Quinta das Bágeirasiras.

Já ganhou prémios de Jovem Agricultor e, em 2011, a revista americana Wine&Spirits incluiu esta quinta entre as 100 melhores adegas do mundo.

Quinta das Bágeiras

Quinta das Bágeiras

Além dos vinhos, e de provas, pode visitar as caves e aproveitar por trazer os néctares diretamente do produtor, assim como o vinagre (com embalagem muito moderna) da Quinta das Bágeiras. Tem 28 hectares de vinha e mais de 300 mil garrafas nas caves. Tem visitas ao museu, às caves, com provas a partir de 5 euros.

CAVES SÃO JOÃO

Caves São João

Caves São João

Em Avelãs de Caminho, Anadia, as Caves São João estão muito perto de celebrar o seu centenário. Surgiu em 1920 e tem lançado edições comemorativas de cada década do centenário.

São vinhos excecionais, apresentados com motivos de acontecimentos que ficaram marcados na história. É o caso da edição New York Times que assinala a Guerra dos Mundos, de Orson Welles, uma peça radiofónica que revolucionou a ideia que se tinha dos meios de comunicação social.

Caves São João

Caves São João

As Caves São João têm provas de vinhos e visitas guiadas às caves, com bolor no tecto, a fazerem lembrar castelos antigos abandonados. Nas caves estão 700 mil garrafas de colheitas antigas.

LUÍS PATO

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LUÍS PATO

 Mr. Baga

Mr. Baga

Com 65 anos, Luís Pato é um sexagenário com imagem de rebelde. É ele mesmo quem diz “Sou um rebelde”, enquanto mostra uma das tshirts que fazem parte do merchandising do Mr. Baga, tal como é conhecido lá fora, no mercado internacional dos vinhos.

Está entre os produtores que sempre defenderam a casta Baga e que levaram os vinhos lá para fora, de forma a mostrar o que se faz na região da Bairrada.

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Luís Pato Wingrower

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Luís Pato Wingrower

Se os vinhos da região são agora mais conhecidos, muito se deve ao trabalho deste produtor. Pode ir conhecer as caves, comprar  merchandising do Rebel Luís Pato e ainda almoçar na quinta – com sabores regionais.

ADEGA COOPERATIVA DE CANTANHEDE

Adega Cooperativa Cantanhede

Adega Cooperativa Cantanhede

É gigantesco o espaço onde está instalada a Adega Cooperativa de Cantanhede, que existe desde 1954.

Adega Cooperativa Cantanhede

Adega Cooperativa Cantanhede

As caves e adega têm visitas guiadas mediante marcação antecipada, com provas incluídas, para visitar as galerias abaixo da terra, onde estão armazenadas centenas de milhares de garrafas.

A Adega representa uma área, da Região Demarcada da Bairrada, com 1200 hectares e conta com cerca de 1400 viticultores, ou seja, é o maior produtor da região, com 25 a 30% da produção.

Adega Cooperativa Cantanhede

Adega Cooperativa Cantanhede

Recebe visitas às caves – a partir de 3 euros com prova – que têm cores diferentes nas arcadas, criando cenários fotográficos diferentes e que merecem de facto uma visita.

CAVES DO SOLAR DE SÃO DOMINGOS

CAVES DO SOLAR DE SÃO DOMINGOS

CAVES DO SOLAR DE SÃO DOMINGOS

CAVES DO SOLAR DE SÃO DOMINGOS

CAVES DO SOLAR DE SÃO DOMINGOS

Estas caves recebem, por ano, cerca de seis mil visitantes. É daqui que sai, entre outros conhecidos néctares, a tradicional aguardente bagaceira São Domingos feita há 76 anos, tantos quanto os da própria casa.

Organiza provas de vinhos e, na sala sala de refeições (muito confortável), serve almoços e jantares.

CAVES DO SOLAR DE SÃO DOMINGOS

CAVES DO SOLAR DE SÃO DOMINGOS

CAVES DO SOLAR DE SÃO DOMINGOS

CAVES DO SOLAR DE SÃO DOMINGOS

As galerias, escavadas nas rochas, com milhões de garrafas, merecem uma visita especial! Entra-se num submundo húmido, de bolor misturado com teias no teto, que lhes dá um ar antigo.

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