O português João Gomes é jornalista e mudou-se para Macau em 1997. Desde então que vive lá, casou e teve uma filha.
Apesar de estar a fazer as malas para, em janeiro de 2014, deixar o território e embarcar numa volta ao mundo, com a família (mulher e filha), em veleiro, deixa-nos aqui as suas dicas e sugestões sobre Macau.
A volta ao mundo em veleiro pode ser seguida no site Sailing Dee ou na página do Facebook Sailing Dee.
Este texto faz parte da rubrica “A cidade vista por dentro” do site Viaje Comigo. Mais do que sugestões de viagens, estas dicas são especiais porque são dadas por quem vive ou já viveu nas referidas cidades.
– Restaurantes em Macau
Para comida portuguesa, aconselho o Restaurante O Santos, na mais famosa rua de restaurantes de Macau (na realidade fica na ilha da Taipa!), a Rua do Cunha. O Santos é uma “instituição” e um marco incontornável da gastronomia portuguesa local.
Não aconselho prato nenhum em particular porque todos eles são aceitáveis e, o mais importante, é mesmo a experiência de ser recebido pelo Santos!
Para comida Tailandesa (sou casado com uma excelente senhora da Tailândia), recomendo o Kruatek (este mesmo em Macau!), um dos restaurantes mais antigos de comida do antigo Sião em Macau e que todos conhecem, especialmente os que aqui vivem há mais tempo que, certamente, se recordam das noitadas ali passadas quando ainda tinham música ao vivo e ainda não existiam as discotecas e oferta de hoje!
Para comida Chinesa, aconselho o restaurante do novo hotel Grand Lisboa. Chama-se Noodles Corner e está aberto 24 Horas, nada que enganar!
Para comida Macaense, típica local e uma mistura de sabores, aconselho dois locais. O primeiro, uma espécie de cantina que já mudou de lugar diversas vezes mas que os clientes teimam em não deixar fechar, é o Riquexó, junto ao edifício Hoi Fu. Todos sabem onde fica o Hoi Fu, caso não conheçam o Riquexó! O segundo, é o restaurante do meu amigo Dillon, na famosa Avenida da Praia Grande, onde se come o melhor minchi (prato típico macaense composto de carne picada e batata frita aos cubos) de Macau!
Quanto a custos, o restaurante Português (como todos os de comida Portuguesa em Macau) é caro! O Tailandês, o Chinês e os Macaenses, são mais em conta.
Agora, para quem estiver mesmo com pouco dinheiro, há uma outra opcão que, aliás, uso regularmente, e que se chama CIDADE. É um restaurante típico para a camada trabalhadora desta cidade, um pouco difícil de localizar, mas de comida boa se não se importarem de ter uma sala com mais de 100 pessoas a comer ao mesmo tempo e, muitas vezes, terem de partilhar a mesa!
É de uma família local (portuguesa de origem paquistanesa) e há sempre alguém que fala português por ali. O mais difícil é mesmo encontrá-lo… mas como tudo o que é difícil, sabe sempre melhor. Fica uma dica, fica de frente para o Mercado de São Lourenço!
– Bares/discotecas ou cafés tradicionais que aconselhas
Esta cidade que anda sempre a 100 à hora, por isso, o que ontem era moda hoje já fechou as portas!
De tradicional (se é que há algo tradicional em Macau com casas a fechar e a abrir todos os dias) saliento as ruelas da Almeida Ribeiro onde em dias de bom tempo se pode saborear petiscos e doces locais à noite. Não é preciso saber falar ou ler chinês, basta apontar para o que os outros comem!
Para uns copos, além das milhares de opções que os hotéis e casinos oferecem, destaco o China Rouge no hotel/resort Galaxy e a zona de bares que nasceu da iniciativa de um jovem Português e que até hoje ainda é conhecida por Docas! Fica na zona ribeirinha de Macau e tem dezenas de bares e restaurantes.
– Hotéis aconselhados / Onde dormir
Macau tem a maior densidade de hotéis de 5 estrelas por metro quadrado do mundo. Tem o maior hotel do mundo em termos de quartos. Apenas tem hotéis de 5 e 4 estrelas (e mesmo o de 4 é considerado como de 5!), pelo que é difícil aconselhar algo bom e barato!
É dos locais mais caros para se dormir no mundo mas, mesmo assim, ainda é possível encontrar algo mais em conta se não nos importarmos de ficar mais afastados das zonas centrais. Na zona da Avenida Almeida Ribeiro existem algumas opções como o Hotel Central ou a Albergaria San Va.
Mas, se quiserem mesmo uma experiência única, abram os cordões à bolsa e fiquem na Pousada de Santiago, construída num antigo forte Português, ou no novo Banyan Tree onde cada quarto tem piscina interior!
Obtenha mais informações sobre outros hotéis em Macau.
– Qual é a melhor zona para ficar e que zonas devemos evitar, principalmente à noite?
Macau é, sinceramente, das cidades mais seguras a nível mundial. Podemos andar por todo o lado, sózinhos ou acompanhados, durante o dia ou da noite, sem que sejamos importunados. Parece um pouco irrealista mas é verdade. No entanto, existe crime em Macau, claro.
As melhores zonas para se ficar em hotel são as centrais mas, claro, isso traz inconvenientes a nível de gastos. A opção de se ficar mais afastado resolve-se facilmente com o recurso aos transportes públicos que funcionam 24 horas e que são muito baratos.
– Comida: o que comer – o que é típico daí?
Como referi acima nas sugestões de restaurantes: comida Chinesa do sul da China existe aqui em abundância. Não vou mencionar pratos, olhem para o que os outros comem (comam com os olhos) e peçam o mesmo sem vergonha de apontar! Acreditem que os chineses fazem o mesmo nos restaurantes portugueses!
Não deixem de experimentar a comida Macaense, algo que começa a rarear por falta de quem queira continuar a tradição. Local macaense, provem o Minchi, o Bolo Menino, o Tacho, a Casquinha, entre outras.
– Tirando os monumentos que estão em todos os guias e são muito conhecidos… Que outros locais menos conhecidos que temos mesmo de visitar?
Em Macau, se quiserem deixar de lado as atrações turísticas, andem a pé… peguem na máquina fotográfica e andem a pé na zona do Bazar (zona chinesa da cidade de ruas pequenas e estreitas) e olhem pelas portas abertas para pátios interiores. Tomem atenção aos pormenores e surpreendam-se.
Outra zona a desfrutar a pé é a antiga zona católica, a Penha que também vale a pena perder-se a pé. De resto, visitem as estruturas militares do Monte da Guia, vale pela experiência. E, se tiverem oportunidade, vejam Macau a partir da água num barco, à noite é uma visão imperdível, existem alguns barcos que fazem pequenos cruzeiros com jantar no Porto Interior.
– Qual é o melhor meio para andar na cidade? De carro alugado, mota, bicicleta, transportes públicos…?
A melhor forma de conhecer Macau é mesmo a pé! Macau é pequeno e se o tempo ajudar, anda-se bem a pé. Os autocarros funcionam também bem e cobrem todo o território, além de serem baratos e frequentes. Evitem os táxis, caros, rudes e pouco fiáveis!
O PROJETO SAILING DEE de JOÃO GOMES E FAMÍLIA
Uma família luso-tailandesa vai levar a cabo uma aventura, visitar todos os países e territórios que falam Português num veleiro. A tripulação será composta pelo casal, a sua filha e o cão de estimação e tencionam, acima de tudo, celebrar os cinco séculos da ligação da Europa à Ásia por mar pelos Navegadores Portugueses.
Uma viagem pelos nove países e territórios que têm o Português como língua oficial, com data de partida prevista para Janeiro de 2014 na República Dominicana.
O percurso irá incluir a cidade de Malaca na Malásia, Goa, Damão e Diu, na Índia, Moçambique, Angola, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Portugal, Brasil, Timor Leste e Macau, na China.
Ao mesmo tempo, a intenção de celebrar os 500 anos da maior conquista dos marinheiros portugueses, também querem promover as boas relações entre as pessoas em todo o mundo e fomentar o intercâmbio cultural.
No final do projeto, pretendem publicar um livro com as experiências ao longo da rota e produzir um vídeo sobre a língua Portuguesa e um diário de viagem em vídeo para posterior emissão nos canais de televisão.