No norte de Portugal, concelho dos Arcos de Valdevez, os espigueiros da vila de Soajo são altaneiros e uma das maiores atrações desta região. A aldeia é uma das mais típicas do país, cheia de ruas estreitas e casas que foram recuperadas, para promover o turismo de habitação e de forma a combater a desertificação.
A Eira Comunitária do Soajo é composta por 24 espigueiros. Imponentes, estão situados no cimo de pedras gigantes (lajes de granito) com vista para a serra e montes. Um dos mais antigos é datado de 1782, ou seja, mostram uma longa história e longevidade – mas, mesmo assim, os mais antigos estão em excelente estado de conservação.
Os espigueiros eram (e ainda são) utilizados para secar o milho. Ficam em sítios altos e estão colocados em cima de pedras, ainda mais altas… porquê? Para que os animais não comessem os cereais e para que a chuva e o chão molhado não lhes estragassem o sustento. Aliás, as rodas, também de pedra, que estão no cimo de cada “perna” dos espigueiros serviam para os roedores não conseguirem subir para os mesmos… engenhoso, não é? E duradouro!
As paredes dos espigueiros têm pequenos rasgos para o ar circular entre as espigas que vão ficando empilhadas no interior e, no cimo, têm uma pequena cruz que mostra a devoção das populações e o pedido de proteção divina para os seus cultivos, que eram o seu sustento. Ainda hoje alguns destes espigueiros são usados pela comunidade local.
Ainda que a primeira paragem seja nos espigueiros, a aldeia de Soajo é um local muito pacato que merece ser visitada – ou até ficar lá instalada numa das muitas casas de turismo rural. Muitas das ruas estão renovadas, assim como as casas, que aguardam os turistas que vêm visitar esta área da Serra da Peneda.
Nas casas recuperadas conseguiram manter a traça antiga, algo que é muito apreciado por quem aqui fica, fazendo uma viagem no tempo. Nos campos que rodeiam o centro da aldeia, a vida continua… e vai ver muitos agricultores a trabalhar e os pastores com o seu gado.
No centro da aldeia procure a Padaria do Soajo (está numa rua por detrás da Igreja Matriz) onde vende o pão-de-ló de Soajo. Experimentei e gostei bastante. Se quiser, pode comer lá no café ou pode comprar uma caixa e levar consigo para casa.
Desde 1983 que o conjunto de espigueiros do Soajo está classificado como Imóvel de Interesse Público pelo IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico).
A Porta do Mezio fica a cerca de 10 minutos de carro do centro de Soajo e é também um local com atividades e onde pode ter mais informações sobre o que visitar. É uma das portas do Parque Nacional da Peneda-Gerês.
A aldeia de Soajo já foi, no início do século XVI e até meados do século XIX, vila e sede de concelho, e os achados de mamoas e antas (como o Santuário Rupestre do Gião) provam que a sua antiguidade é muito grande.
No passeio pela aldeia, vai encontrar muitos mais espigueiros, quase colados a casas e, no centro da praça está o Pelourinho do Soajo, classificado como Monumento Nacional, desde 1910. Não se sabe ao certo a sua origem mas pensa-se que terá surgido durante a época da Roma Antiga.
Mais à frente está a Igreja Matriz e, junto dos campos, vai apanhar parte da calçada medieval que ainda permanece como caminho.
Soajo tem uma feira – no primeiro domingo de cada mês, entre janeiro e setembro e, no primeiro dia de cada mês entre outubro e dezembro – que acaba por ser um momento de convívio entre os seus menos de mil habitantes.
Onde comer em Soajo?
Na aldeia do Soajo, o restaurante Saber ao Borralho está integrado numa casa com vista para os montes da Peneda Gerês e famosos espigueiros no fundo do vale.
Chegámos lá e não havia prato do dia: “faço-vos uma mista de carnes com desconto”. Assim foi. Carnes assadas na brasa, muito saborosas… mas, mesmo bom estava o arroz. Só o arroz era uma refeição, cheio de chouriças e legumes, cremoso e maravilhoso. Acabei a refeição tão satisfeita que nem quis sobremesa.
Alguns pratos só confecionam por encomenda e estão dependentes da época do ano. No outono, são servidos os rojões com castanhas; no inverno, as papas de sarrabulho e o cozido à portuguesa. E, na primavera, servem o arroz de paio com bacalhau frito.
No verão, há saladas na carta, assim como grelhados: posta barrosã, costeletão de novilho e costeletão barrosão. Pratos por encomenda: Leitão, Carne Cachena e Cabrito da serra (mínimo 8 -10 pessoas).
Que outros pratos pode comer no Saber ao Borralho:
– Entradas: pataniscas de bacalhau, presunto, broa frita, alheira com ovos mexidos, enchidos, moelas
– Peixe: bacalhau com broa e azeitonas (com batata à murro e legumes); bacalhau à casa (com presunto e cebolada de pimentos) – Carne: miminhos do lombo (com batata frita e legumes); costeletão de novilho (com batata frita e legumes); posta (com batata à murro e arroz de feijão); Bife à pimenta
Restaurante Saber ao Borralho
Morada: Rua 25 de Abril 1158, Arcos de Valdevez
Telefone: +351 258 577 296 / 933 204 718 / 963 708 986
Total da refeição: 17€ (2 pessoas e sobrou muita carne)
Horário: encerra à segunda e terça-feira, excepto feriados
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