Viver em São Paulo

A portuguesa Ana Caldas, de 31 anos, mudou-se há poucos meses para S. Paulo, no Brasil, onde vai ocupar o cargo de professora universitária.

Este texto faz parte da rubrica “A cidade vista por dentro”. Mais do que sugestões de viagens, estas dicas são especiais porque são dadas por quem vive ou já viveu nas referidas cidades.

– Como é S. Paulo?

São Paulo é enorme! Tem uma paisagem urbana que faz lembrar algumas cidades americanas, mas estende-se por uma área muito mais vasta. Subindo a um prédio alto, não conseguimos definir onde acabam os arranha-céus – o que é incrível…

Outra questão que se destaca é o trânsito. A cidade tem cerca de 17 milhões de habitantes, que se deslocam de várias formas pela cidade… E isso dá origem a um trânsito verdadeiramente alucinado – é sempre hora de ponta! Muito cuidado ao andar a pé. Nunca confiar que vão parar para deixar passar o peão – temos de esperar até que parem ou então passar num semáforo.

São Paulo tem muita vitalidade – isso sente-se de várias formas: na correria das pessoas (os paulistas trabalham muito e até tarde), no consumo nas lojas e nos restaurantes, na cultura… A cultura brasileira é fantástica (música, cinema, fotografia, teatro…) e a preços muito acessíveis. Em São Paulo o mote é “work hard, play hard”.

– Como são os paulistas?

Os paulistas são gente simpática, acolhedora e sem reservas aos estrangeiros – principalmente aos portugueses e italianos, duas das comunidades historicamente mais importantes na cidade. Em todo o lado encontra-se alguém com ascendência portuguesa – um avô de Coimbra, uma mãe de Aguiar da Beira..

– Restaurantes em S. Paulo

Ainda não tive tempo para conhecer muitos restaurantes, mas recomendo uma pizzaria – a 1900 na Vila Marina. A pizza (especialmente a massa) é óptima. Não é cara, tem um ambiente familiar agradável (serviço pode melhorar, mas as pizzas compensam).

– Comida típica paulista e sítios onde comê-la?

“Mercadão” – mercado municipal de São Paulo: aqui podemos encontrar dois dos snacks mais conhecidos de São Paulo: a sanduíche de mortadela e o pastel.

Para experimentar a mítica sanduíche de mortadela, o sítio mais conhecido é o Bar do Mané. A sanduíche tem uma quantidade obscena de mortadela de boa qualidade, “entalada” entre as duas metades de um pãozinho branco. Na verdade o pão está lá só para enfeitar… Como é o bar mais conhecido (e a qualidade da matéria-prima é boa), o preço é mais caro.

Em dias mais agitados (como aos sábados e à hora de almoço), pode valer a pena um desvio. Eu descobri um outro bar num dia desses, em que os bares do costume estavam a abarrotar. É modesto, mas encontrei lá funcionários das bancas vizinhas a almoçar, o que normalmente é um bom sinal.

Lanchonete G02, junto à saída 5. Aqui recomendo o pastel – o recheio é à escolha do freguês: carne, palmito, bacalhau… – o tamanho do pastel é muito mais razoável e, naturalmente, o preço também. Nas outras bancas o tamanho é exagerado e não dá bem para dividir com alguém porque o recheio cai todo se se abrir ao meio. Acompanhado de uma cerveja bem gelada (para quem gosta), é o bálsamo ideal depois de uma manhã de compras na 25 de Março, logo em frente ao Mercadão.

– Há alguma zona mais insegura?

A zona da Sé (no centro) e a zona junto à estação da Luz (onde fica o museu da língua portuguesa) são complicadas… Há imensos toxicodependentes e sem-abrigo nas ruas. Em S.P. é preciso andar vestido de forma discreta e sem ostentação. Cuidado com os telemóveis ou máquinas fotográficas caras. Mas nestas zonas essas preocupações são ainda mais importantes. Como dizem os brasileiros: “Tem que ficar esperto!”

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– Museu que temos mesmo que visitar em S. Paulo

Pinacoteca do Estado de São Paulo; Museu da Língua Portuguesa – os bilhetes dos museus costumam ser muito baratos.

– Onde vale mesmo a pena ir?

Vale a pena subir ao topo do edifício Santander, na zona da Bolsa de valores, de onde se tem uma das melhores vistas da cidade.

– Qual é o melhor meio para andar na cidade?

Os transportes públicos funcionam bem em S.P. – os autocarros são frequentes mas sofrem mais com os engarrafamentos. O metro é bom e seguro, mas fica muito cheio nas horas de ponta. Qualquer uma das opções é boa e, caso a pessoa se mantenha pela cidade, segura. Nunca fui para os arredores nem andei depois das 20h, por isso não sei como será. O táxi também é bom e não fica muito caro. Desaconselho vivamente o aluguer de carros – o trânsito é caótico e o estacionamento é caríssimo.

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