Programas/guia /roteiro para descobrir Vila Pouca de Aguiar

Posso dizer-vos que tudo começou com o descobrir o nosso interior… no interior de Portugal. Fiz o meu retiro, em 2019, com a Nature Roots e este ano fui experimentar um dos seus programas em Vila Pouca de Aguiar. Nesta vila, do distrito de Vila real, na região de Trás-os-Montes, no norte de Portugal, esta empresa promove vários programas que vão ao encontro da natureza, da história e da cultura locais. Alguns dos programas incluem também a vertente de retiro e desenvolvimento pessoal… e são um verdadeiro descobrir do interior de cada um de nós, no interior de Portugal. Fui, então, a uma terra que tem três tesouros geológicos, saídos do Vale de Aguiar: o granito – que é a maior força de economia e Vila Pouca de Aguiar é conhecida como Capital do Granito – o ouro e a água mineral.

Durante três dias, fui explorar o concelho de Vila Pouca de Aguiar, com caminhadas, visitas a castelos, provas gastronómicas e descobrir pontes que, em breve, vão ficar submersas. A Nature Roots promove o Turismo de Natureza, através da organização de Retiros e Experiências na Natureza, na região do Alto Tâmega e Trás os Montes: com Caminhadas, Yoga, Meditação, Psicologia, Alimentação Saudável com produtos locais e partilha com os habitantes locais. Todos os programas podem ser personalizados, consoante os vossos gostos e o número de dias que querem passar na região.

Há toda uma mística em redor da Estrada Nacional 2 (EN2), que liga Faro a Chaves e, para chegar ao primeiro ponto do meu programa, Pedras Salgadas, percorremos parte da EN2 com a a ciclovia cheia de ciclistas, que se exercitam e passeiam por ali, no caminho por onde já houve uma linha de comboio. A antiga estação de comboios também lá está, em Pedras Salgadas, a provar essa existência. Ao quilómetro 30 está Pedras Salgadas e um Posto de Turismo onde pode ir buscar a informação que necessita para as visitas.

Páro o carro na avenida principal, onde no final da mesma espreitam já as árvores do Parque de Pedras Salgadas. Fiquei duas noites na Casa Fontes. É um alojamento com mais de 50 anos de história e que continua na terceira geração. João está na receção e a mãe, Maria Luísa, é quem nos dá a provar as iguarias regionais. Ambos perpetuam o sonho da matriarca (avó e mãe, respetivamente) que há precisamente 50 anos, feitos em janeiro de 2020, comprou o que era uma simples pensão e, agora, nos últimos oito anos foi transformado num moderno Bikotel.
Tem bicicletas para os hóspedes (grátis) e aluga para quem é de fora. Quem passa ali na Nacional 2 e quer dormir por Pedras Salgadas, antes de seguir caminho, tem neste alojamento um local para cuidar da sua bicicleta.

A Casa Fontes tem uma esplanada, uma sala de eventos, e um restaurante onde servem a gastronomia regional. Provei lá uma sopa de cenoura com mel (e gengibre) e um arroz de cogumelos… que estavam divinais. É o local perfeito para ficar alojado em Pedras Salgadas.

O almoço deste primeiro dia, no centro de Pedras Salgadas, foi num restaurante que já é uma instituição: o Conde (telefone: +351 259 433 000), que fica quase em frente à antiga estação de comboios. O bacalhau grelhado, na brasa, já cheirava ao longe, mas diz quem é cliente habitual que não há prato que não seja bom… assim, provei a carne com cogumelos. Na sobremesa, deliciei-me com a afamada mousse de chocolate.

É impossível passar aqui e não se recordar o esplendor que já foi o Parque de Pedras Salgadas. Actualmente tem os balneários e spa, uma cafeteira/restaurante e uma livraria. Vale a pena passear , conhecer as fontes antigas e passear por entre as grandes árvores. O Casino parece saído do “The Great Gatsby” e ainda acolhe eventos privados, mas há muitos outros edifícios que estão à espera da merecida reconstrução.

Como disse, é impossível falar-se das Pedras Salgadas e não recordar os tempos áureos das termas. Contam-me que até ao 25 de Abril (de 1974) existiam 1500 camas em Pedras Salgadas, mais do que na cidade do Porto… provando que havia uma grande corrida para os tratamentos nas termas. Hoje, combate-se a sazonalidade e tenta-se que mais pessoas visitem esta bonita vila durante todo o ano.

É a partir desta visita no parque de Pedras Salgadas que faço parte do Caminho Interior de Santiago e cuja etapa vai até Vidago. Fizemos só até ao parque de merendas de Sabroso de Aguiar – onde tem uma nascente de água gaseificada – e dei a volta para regressar ao alojamento.

Nesta região, o Caminho de Santiago percorre o Vale de Aguiar, junto aos rios Corgo e Avelames. Neste percursos, de contacto profundo com a natureza as serras do Alvão e da Padrela são a nossa companhia. Este caminho coincide com uma via medieval, atravessando o Parque Termal de Pedras Salgadas, assim como a antiga Estrada Régia, que ligava o país de norte a sul.

O Caminho Interior de Santiago estende-se por 205 Km, atravessando por diferentes municípios em Portugal: Viseu, Castro Daire, Lamego, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar e Chaves. Atravessa a fronteira em Vilarelho da Raia, percorrendo 180 Km da Via da Prata, em território espanhol, até alcançar Santiago de Compostela.

A meio do caminho fizemos um desvio e fui até à Quinta do Lameiro, que tem cavalos e fica também no sentido do centro hípico de Vila Pouca de Aguiar. A Quinta do Lameiro tem um café numa cabana linda, com vista para os cavalos, que parece saído do “Dallas”. Podem passear a cavalo, dar de comer, escovar, pôr os póneis a pastar, etc. São inúmeras as atividades que podem ser feitas neste espaço mágico.

Acabei por não visitar o Centro Hípico de Pedras Salgadas mas sei que tem um picadeiro coberto e um picadeiro descoberto – com botes para os cavalos e hipódromo ao ar livre, com bancadas, restaurante, bar. etc. É na pista de relva natural que se realizam concursos de Saltos de Obstáculos, sendo que aqui se realiza um importante concurso internacional desse género. O centro hípico desenvolve também aulas para iniciantes (para quem nunca andou a cavalo;, para equitação desportiva; e terapias assistidas com cavalos.

Morada: Bairro das Romanas, Pedras Salgadas
Telefone: +351 259 433 139

A dormida foi na Casa Fontes que nos ajudou a explorar, na manhã seguinte – depois de um pequeno-almoço muito bom, com sumo de laranja natural e bolo e compotas caseiras – um trilho na serra da Padrela, Bornes de Aguiar, até às Fragas de Poio… com vista para toda a Pedras Salgadas. Local perfeito para uma bonita e revigorante caminhada.

O almoço foi de piquenique para sair direta a descobrir onde era a Ponte de Arame, que vai desaparecer com a construção da barragem do Alto Tâmega. Esta é a ligação entre as aldeias de Monteiros, do lado de Vila Pouca de Aguiar, e de Veral, do lado de Boticas. São 2 km desde o centro de Monteiros, a pé, até chegar à ponte, e depois o regresso é sempre a subir, custa mais um bocadinho mas é muito bonito de fazer.

Apesar do forte vento que se fazia sentir, naquele dia, fui até ao topo do monte para conhecer a vista a partir da Senhora do Minhéu. Dá para levar o carro até lá acima, mesmo sendo uma estrada de terra batida.

A última paragem, antes do jantar, foi no Castelo de Aguiar da Pena… que tem uma vista de cortar a respiração para o Vale de Aguiar: em frente, do lado direito, o Alvão e à esquerda a serra da Padrela. Insere-se na categoria de castelo “roqueiro” – é uma fortificação anterior à nacionalidade – que tem como base as rochas gigantes graníticas, que fazem aliás parte do percurso para se chegar ao topo. A sua origem não é certa, mas sabe-se que o Castelo esteve em funcionamento até inícios do século XVI – com remodelações no século XIV.

O jantar estava marcado para um sítio especial, em Telões, dentro da Casa de Telões, recebidas pela D. Mimi, como é conhecida Maria das Dores Machado – faz parte das Tabernas do Alto Tâmega. Toda a sua vida dava uma história e é isso que a anfitriã gosta de fazer: contar histórias a quem vai jantar a sua casa. Uma delas é do seu próprio parto. Foi feito naquela casa, com o pai médico, e a mãe a segurar a vela enquanto o pai cortava o cordão umbilical. E este não é só um espaço de gastronomia em que os produtos são (quase) todos caseiros. Tem animais, na quinta atrás da casa, e legumes e frutos. Provei o bacalhau à Telões, que é uma receita da casa. Nas entradas, tinha ovos mexidos (caseiros), camarões, e peixinhos da horta (bons, como nunca comi). O bacalhau com cama de puré e gratinado é uma especialidade. À sobremesa o pudim francês, frutos vermelhos e ananás compõe uma refeição que, com toda a envolvência, nos faz sentir em casa.

Depois deste dia em cheio voltei à Casa Fontes, para descansar. De manhã, fui conhecer o centro de Vila Pouca de Aguiar e acabei por almoçar no centro no restaurante Nascente do Corgo (telefone: +351 259 417 294). O peru no forno, com batatas assadas, e legumes salteados estava divinal e, na sobremesa, sugeriram-me o famoso bolo de bolacha, que é um pedacinho do céu.

Pela tarde, o passeio foi no Complexo Mineiro do Ouro Romano de Tresminas. É uma visita de cerca de 2h30, que explora uma das minas subterrâneas e ficamos a saber mais sobre o que vamos visitar no Centro Interpretativo. Tresminas e Jales são dois complexos mineiros muito conhecidos, sendo que o segundo só parou de ser explorado no início dos anos 90.

A terminar o dia, a caminho de Vreia de Jales, fiz uma paragem em Campo de Jales (no Restaurante Jardim telefone: +351 259 458 085) para petiscos num lanche-ajantarado com muitos enchidos e queijos em cima da mesa. De barriga cheia, fui para Vreia de Jales, para pernoitar no Albergue Nossa Senhora da Assunção: que tem três quartos, albergando 8 a 10 pessoas (tem dois beliches e sofá-cama, além de dos quartos duplos). Tem cozinha equipada, para poder cozinhar, e está rodeada das casas de aldeia. Ao sábado vai a carrinha da fruta e legumes, se ouvir a buzina saia para a rua para comprar os mais frescos produtos; o pão é entregue todos os dias e o peixe à terça e à quinta-feira.

Percursos sinalizados nas imediações: PR5 Trilho da Vreia (início na aldeia vizinha de Cerdeira de Jales); PR13 Trilho de Jales (com início na aldeia vizinha de Alfarela de Jales)