Em 2011, a jornalista portuguesa Patrícia visitou o Laos, conhecendo a capital, Vienciana, e Luang Prabang. Estas são as suas dicas e sugestões para quem quer visitar estas cidades.
– Qual foi a primeira impressão quando chegou àquele país?
Viajei de comboio, durante a noite, a partir de Banguecoque, que é uma metrópole gigantesca. Por isso, o contraste ao chegar ao Laos foi enorme. No meu diário de viagem, apontei que a capital do Laos, me parecia, à primeira vista, “muito relaxada”.
E é isso mesmo, apesar de o Laos já estar muito longe do país sem carros e sem ATM. Já havia vários carros na rua e todos novos, como se tivessem acabado de chegar. E isto já foi em 2011. Acho que se continuar a esse ritmo, o Laos, pelo menos nas maiores cidades, vai mudar rapidamente.
– Como é o povo desse país?
Honestamente, depois de ouvir tantas descrições sobre a sua simpatia, esperava um pouco mais. No Vietname, por exemplo, achei as pessoas muito mais simpáticas. Mas também não tenho nenhuma razão de queixa. Foi só uma impressão, se calhar provocada por expectativas demasiado altas.
– Restaurantes sugeridos
Por todo o lado há comida de rua e muita com bom aspecto. Portanto, quem quiser arriscar, é mesmo por aí que pode ficar, porque os preços são muito convidativos.
Não me recordo de nenhum restaurante em particular, mas comi sempre bem. Em Luang Prabang, na rua principal, a Sisavangvong, não faltam belas opções. Para quem tiver saudades dos sabores ocidentais, a Pastelaria Escandinava tem muffins recheados e há também algumas cafetarias ao estilo francês cheias de coisas boas.
– O que comer típico?
O mais típico que vai encontrar será sempre no mercado. Grelha-se peixe na hora, por exemplo.
– Sugestão de hotéis
Em Vienciana ficámos no Inter City Boutique Hotel. Um hotel muito bonito, com uma localização excelente e internet disponível. Tinha optado por marcar o hotel em Luang Prabang quando me encontrasse no Laos, mas não foi a melhor das opções, porque todas as sugestões que levava comigo não tinham quartos disponíveis.
Acabei por passar a primeira noite no Ramayana Boutique Hotel & Spa, um hotel do mesmo grupo daquele em que ficara em Vienciana e que era lindíssimo, com um belo pequeno-almoço, mas mais caro do que aquilo que eu queria pagar.
As restantes quatro noites fiquei num sítio bem mais acessível, a Phousi Guesthouse, com o pequeno-almoço servido no pátio ao ar livre, e mesmo no centro. Contudo, quando cheguei a Luang Prabang percebi que se não tivesse marcado nada com antecedência, não teria tido dificuldade em encontrar sítio para dormir – a oferta de alojamento é muita e variada.
Tudo depende se quer perder uma parte do dia, a carregar a mochila às costas, enquanto procura da melhor opção. Hoje, teria marcado o hotel em Luang Prabang também com mais antecedência.
– Quer mais sugestões de hotéis em Vienciana (ou Vientiane)? Clique aqui.
– Verifique os hotéis em Luang Prabang, clique aqui.
– Qual é a melhor zona para ficar num hotel ?
Fiquei sempre no centro, em ambas as cidades muito perto do mercado de rua, e aconselho. Pode ser um pouco mais caro, mas há preços variados e muitas opções.
– Há alguma zona mais insegura?
Que me tenha apercebido, não. O Laos é um país muito seguro, pelo menos nestas cidades.
– Locais que temos mesmo que visitar
Em Vienciana, o monumento mais famoso e mais sagrado é o Pha That Luang, uma delícia dourada. Depois há o Patuxai, uma espécie de Arco do Triunfo local. O mercado noturno junto ao rio é imperdível, mas também é divertido visitar o Talat Sao, o Mercado da Manhã.
Em Luang Prabang, há templos para todos os gostos, mas em Vienciana gostei de visitar o Wat Si Saket, que se diz ser o mais antigo da cidade e tem as diversas paredes do complexo cobertas de nichos com pequenos budas.
Nas imediações de Vienciana há o excêntrico Buda Parque, com enormes imagens de Buda e de deuses hindus, numa amálgama divertida, no meio do verde.
Em Luang Prabang não se pode perder o Palácio Real, a subida ao monte Phu Si, e os diversos templos – há, literalmente, um em cada esquina, mas o meu favorito é o Wat Xieng Thong. É preciso ir lá para perceber porquê…
Se optar por descer o rio até às grutas de Pak Ou, recheadas de imagens sagradas, preste atenção ao tempo – o rio pode ser gelado, se não estiver mesmo muito calor. Uma das opções que vai encontrar na cidade é fazer caminhadas e passeios de elefante a Norte da cidade. Vale a pena, mas tenha atenção ao que lhe dizem sobre o almoço.
O meu dia de passeio tinha almoço incluído, mas não perguntei em que condições e, depois de uma caminhada de cerca de três horas, percebi que o guia andava a carregar o almoço às costas o tempo todo, dentro dos habituais sacos plásticos da zona, guardados na mochila – a comida tinha um cheiro nada apetecível e não sabia bem. Conclusão, passei o dia praticamente sem comer, até regressar à cidade.
– Qual é o melhor meio para andar na cidade?
O melhor meio é sempre a pé e, em Luang Prabang, não precisa mesmo de andar de outra forma. Em Vienciana, há sempre um tuk-tuk a que recorrer. Acerte o preço antes de subir e não se esqueça de um lenço para proteger o rosto do pó e do fumo que vai sair, de certeza, do tubo de escape da motorizada.
– Souvenirs – o que temos mesmo de comprar? Sugestão de alguma loja?
Tudo, tudo! Ainda hoje fico com pena de tudo o que não comprei. O Laos tem artigos de artesanato lindíssimos e os melhores preços estão nos mercados de rua (e não, Luang Prabang não é mais barato que Vienciana).
Os vendedores não são muito de regatear, foram vários os que se recusaram a baixar os preços, mas estes não são caros e em alguns casos ainda se consegue negociar. Há roupa, calçado, sacos e carteiras, candeeiros, chás, cafés, lenços, gravuras, artigos em madeira… Enfim, é o paraíso das compras.
– Que companhias usar para chegar lá? Existem voos baratos onde?
O melhor, para os europeus, é voar para Banguecoque e de lá seguir no comboio noturno para a capital do Laos. Comprei o bilhete já em Banguecoque, com uns 3 dias de antecedência e já só consegui lugar em segunda classe, mas foi-se bem – fazem-nos a cama e há ventoinhas, para quem sentir calor.
Na altura, optei por comprar voo de regresso de Luang Prabang para Banguecoque, porque não estava a conseguir encontrar nada na internet, mas tenho a certeza que hoje não haveria problema em fazê-lo. De qualquer forma, comprei um voo em Banguecoque, para fazer a ligação Luang Praban-Banguecoque, com a Lao Airlines, que não é a companhia mais fiável do mundo, segundo dizem…
De tal modo que, no dia do regresso, chegada ao aeroporto, percebi que o voo, que devia sair às 10h30 tinha, afinal, partido mais cedo para Banguecoque, às 7h50… Ou foi o que nos disseram. Mas não houve problema – puseram-nos num voo da Bangkok Airways que deixou o Laos ao meio-dia e dez.
Só não pude usufruir do lanche a bordo, porque era uma “intrusa”. Conclusão: não é boa ideia marcar o voo de regresso do Laos a Banguecoque muito próximo da hora de sair da capital da Tailândia em direcção a casa… Dê margem suficiente (de preferência, um dia), para qualquer contratempo.
– Dinheiro, pagamentos e câmbios
O Laos, conforme dizia, já não é um país sem caixas multibanco, mas ainda é um país onde não é muito fácil levantar dinheiro. No hotel em Luang Prabang, não aceitavam pagamento com Visa, só em dinheiro e as únicas caixas multibanco que estavam disponiveis só permitiam levantar dinheiro com cartão de crédito, o que encareceu e muito o levantamento, por causa das comissões. Por isso, o mais aconselhável é levar dinheiro de casa ou levantar em Banguecoque, porque depois não terá dificuldade em trocá-lo.
Dica de viajante:
Os monges, a receberem “as almas”, ou as esmolas de comida. Algo que ainda acontece, ao nascer do dia, em Luang Prabang, e a que vale a pena assistir. Perguntem aos habitantes o dia a que acontece, as ruas em que passam e a que horas.