A gastronomia é um dos pontos mais indicados pelos visitantes de todo o Portugal e a cidade do Porto não foge à regra. Tem diversos pratos locais característicos, e as influências do mar e de regiões nortenhas estão todas espelhadas no que comemos. E eu, “Tripeira” de gema, me confesso… achamos sempre que conhecemos muito bem a nossa cidade, mas basta um tour gastronómico para nos abrir os olhos…. e percebermos que “de nascer até morrer estamos sempre a aprender”! Este é um passeio para comer e aprender. Vamos?
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O cardápio de um Tour Gastronómico tem de começar, quase obrigatoriamente, com as Tripas à Moda do Porto, claro. Porque fiz o tour de manhã, não comemos este prato, mas fiquei a saber mais sobre a lenda e o porquê de nos chamarmos tripeiros. A Sara, guia da Oporto & Douro Moments, leva-nos à Estação de S. Bento para começar a fazer o enquadramento histórico… e que até está relacionado com um dos painéis de azulejos. Não vou desvendar muito, porque quando fizerem o tour vão perceber tudo o que aqui digo.
Acontece que nos chamamos “Tripeiros” porque, reza a lenda, antes de os barcos partirem para a conquista de Ceuta, em 1415, os populares tiveram de dar a melhor carne a quem ia nos barcos. Os portuenses fizeram esse sacrifício e, assim, as tripas foram a única parte dos animais que ficou para o povo comer. Diz-se também que essa é só uma lenda e poderão existir outras razões – quem desconhecia – e a guia vai explicar tudo isso.
A passagem pelo Mercado do Bolhão também tem um enquadramento da importância dos mercados para a vida na cidade. Ainda que o edifício do Bolhão esteja encerrado para obras, todo o comércio que lá existia, está num outro local à espera de ter casa uma nova e renovada (se calhar daqui a dois ano estará pronto). O Mercado Temporário do Bolhão está no Centro Comercial La Vie. Com o tour prova-se, primeiro, a famosa broa de Avintes. Uma delícia, diz quem nunca a provou e está comigo neste tour.
Seguem-se depois as provas das azeitonas, tremoços, fruta fresca da época (calharam-me uns figos maravilhosos, do Douro… que maravilha e que doçura) e descobrimos quais são os peixes que tradicionalmente mais se consomem em Portugal. O passeio dentro do mercado faz-se com as explicações: qual a diferença entre o talho e salsicharia? E explicam-se as carnes – porque comemos tudo dos porcos – inclusive as que são usadas na francesinha, outro prato típico da cidade, e as famosas alheiras.
As próximas paragens, do tour gastronómico, são para provas de enchidos, queijos e vinhos. Os enchidos, acompanhados por pães regionais, broa e folar, são de várias regiões, mas sobretudo do norte, como Vinhais, Chaves, Bragança e Mirandela, por exemplo. Nos néctares, primeiro junta-se um vinho tinto, depois, com os queijos, num outro local, um vinho verde. Portugal é um país pequeno mas tem mais de 250 castas nativas e uma grande variedade de vinhos espalhados por todo o país.
Uma das mais-valias deste tour gastronómico é a perfeita união entre a parte histórica (bem revelada pela guia) e a da comida, passeando pela Baixa e pelo centro histórico da cidade. Se conseguir aguentar até ao fim (porque é um tour com muitas provas!), poderá incluir a passagem por tradicionais pastelarias, para provar uma nata (ou pastel de nata), que serve para adoçar a boca.
Metemo-nos ao caminho, por ruas seculares da cidade, para descobrirmos as típicas tascas, onde há sempre algo para petiscar e a qualquer hora. Num tour gastronómico português é também quase obrigatório haver um petisco com bacalhau. Podiam ser os bolinhos de bacalhau, mas o dia era de pataniscas e foram essas que provámos. Mas, já o fizemos a dividir para conseguirmos comer o que vem a seguir. É um tour bastante comilão.
E, como já tinha referido, a francesinha não podia faltar. Cada vez são mais os locais que servem este petisco portuense, por isso, neste tour escolheram um lugar especial e diferente. A cafetaria/bar da Casa-Museu Guerra Junqueiro. Tem sala interior mas a esplanada estava muito convidativa quando lá fomos, num dia de verão. Claro que, no meio de um tour gastronómico, seria impossível comer uma francesinha inteira. Vem, por isso, meia francesinha com batata frita e o verdadeiro molho picante. Não muito picante, mas q.b.! Apetitoso. E, na mesma esplanada, estão outros clientes a provarem saladas, sanduíches, bruscheta, omeletes e crepes, que fazem parte da ementa deste espaço gastronómico de apoio ao museu (ou seja, tem o mesmo horário da Casa-Museu).
Continuámos o tour a percorrer as ruas que nos vão levar ao centro histórico e à Ribeira. Deste passeio também faz parte a abordagem à tradição conserveira portuguesa, patente sobretudo em cidades vizinhas do Porto como Matosinhos, Póvoa de Varzim e Vila do Conde. Já foi maior, com muitas fábricas, mas hoje em dia ganhou um lugar quase gourmet na cozinha portuguesa. Paramos para fazer provas de conservas, acompanhadas com vinho verde de Felgueiras.
Alguns minutos de conversa – e até compras de conservas para os participantes estrangeiros – e dirigimo-nos para o último local do tour, para ter contacto (e provar) com um produto tão consumido em Portugal: o azeite. Fica num espaço diferente, relaxante, e totalmente dedicado às oliveiras, às azeitonas e a utensílios ligados ao consumo do azeite. As provas de azeite têm técnicas especiais que são ensinadas aos participantes, de forma a poderem experimentar uma grande variedade e perceberem as diferenças entre eles. Um final perfeito para este Tour Gastronómico no Porto.