Na Índia, a cidade de Kolhapur, no estado de Maharashtra, tem muitos tesouros escondidos. Fui lá descobrir um palácio do século XIX, que em parte virou museu, um templo com mais de mil anos e assisti a um espetáculo ancestral de artes marciais. Vamos até lá?
Kolhapur é uma cidade histórica indiana e uma das mais antigas civilizações do país, datada do século XVII. A visita começou pelo Novo Palácio, com uma parte transformada em museu – um bonito palácio octagonal feito de basalto e areia, datado do século XIX (1872) – e outra parte continua habitável pelos descendentes do que seria a família real desta região.
O Museu tem inúmeras fotografias, documentos, móveis e até animais empalhados que fizeram parte da história de quem aqui viveu. Os sapatos têm de ficar à porta e não pode fotografar o interior. Assim sendo, o jardim tornou-se num ótimo local para tirar fotografias e o palácio dá um ar de Downtown Abbey, ao estilo indiano.
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De seguida, fomos visitar o Museu da Câmara Municipal, que está situado num edifício neo-gótico, com telhados piramidais e um lago na sua frente. Nos anos de 1945-46, escavações deixaram descobrir, nas margens do rio Panchaganga, vários achados arqueológicos que teriam vindo de Roma, de um comerciante italiano, e que aqui foram guardados. Neste edifício, que foi construído entre 1872 e 1876, estão também inúmeras estátuas, pinturas e acessórios cheios de histórias para contar.
Este museu está aberto das 10h30 às 13h00 e das 13h30 às 15h30. Encerra às segundas-feiras e feriados. Entrada: 3 rupias (adultos) e 1 rupia para crianças – também não se pode fotografar no interior e tem de deixar os sapatos na entrada.
Depois da visita aos museus, estamos no centro da cidade a explorar uma das formas de artesanato mais conhecidas de Kolhapur. Não é difícil perceber qual é, já que são dezenas de lojas com as sandálias e sapatos de pele, penduradas nas portas. As Kolhapur Chappals são famosas mundialmente e são divididas em várias variedades, tendo em comum o facto de serem muito finas e leves. Existem as “senapati” que são feitas de forma a fazerem barulho – serviam para os soldados afugentarem cobras, em locais mais rurais. Hoje em dia, são usadas pelos agricultores.
Depois de experimentar várias sandálias – mas acabei por não trazer nenhuma comigo – aproveitei para parar na rua e pedir uma saca com uma fatia de melancia fresca (estava em cima de um cubo gigante de gelo) para me refrescar. Adoro melancia e nestes países é muito comum vender-se assim a fruta na rua, em barraquinhas. Custou 20 rupias, ou seja, cerca de 0,25€.
Éramos um grupo grande, que foi presenteado com as Pheta, ou seja, turbantes laranja. E, para todo o lado onde fôssemos, éramos ainda mais notados do que o normal. Parámos para fazer fotografias com os locais e alguns até nos colocam os bebés nos colos, para a foto de “família”, com os estrangeiros “importantes”. Quem usa a “pheta” é alguém “respeitável” e uma forma de dar as boas-vindas aos visitantes. O pano para fazer o turbante pode ter entre 3,5 a 6 metros de comprimento e um metro de largura.
Chegados à hora do chá (com bebidas e comida locais), prepararam uma surpresa para nós no The Pavillion Hotels: uma apresentação do folclore local, Lavanya Sandhya, com música e dança. Foi um momento muito bonito, que mostrou as tradições locais através da música e dança.
A próxima visita leva-nos numa viagem no tempo: fomos conhecer o templo Shri Mahalakshmi, com 1300 anos de história – também chamado de Shakti Pethas – um lugar associado à Deusa Lakshmi, que seria companheira (Shakti) de Lord Vishnu.
Não se pode levar máquina fotográfica para o interior do templo, mas pode tirar fotos com o telemóvel – porquê? Não querem que sejam tiradas fotos profissionais. No interior, há diversas lojas e até uma banca com jogo, tipo lotaria. No exterior há também muitas lojas, sendo este um local de peregrinação, por causa do templo, onde vêm muitos visitantes. Os visitantes deixam flores à sua Deusa e oferecem bolinhas doces, de fruta e açúcar, que segundo a tradição servem para dar sorte. Sabem bem!
No pátio, em redor do templo, os locais insistem em tirar fotografias connosco e eu aproveito para ir pedindo para tirar fotografias aos coloridos saris das senhoras. Há um grupo de quase 30 mulheres, liderado por um guia homem. Ele pede-nos para tirar uma fotografia com o grupo. Foi uma animação!
Depois da visita ao templo, pudemos ver um espetáculo de artes marciais ancestrais chamado “Mardani Khel”, que traduzido literalmente significa “jogos masculinos”, mas tinha pelo menos uma presença feminina. Durante uma hora, fomos brindados com várias demonstrações de artes, para dominar as lutas com paus, espadas e até acrobacias com fogo. E, apesar de as apresentações serem feitas por adultos, estão também a passar estas técnicas aos mais novos, que seguem atentamente o que os mais velhos fazem.
Há um truque espetacular, com uma espada, que consiste em cortar pequenos limões e estes estão muito perto da cara de um dos participantes… o público assiste, de boca aberta! De seguida, um número ainda mais perigoso, com uma pontinha de uma folha verde, pousada na garganta dos participantes… e o homem que maneja a espada vai cortá-los… sem cortar ninguém! São apresentações que arrancam as palmas de todos os que estão a assistir a este espetáculo, que vai sendo acompanhado por uma música frenética de tambores alegres e, de vez em quando, o toque de uma corneta, como que a anunciar os combates. Foi um dia, em Kolhapur, repleto de história.