Na Índia “é tudo diferente. O ritmo das pessoas, dos carros, do trânsito. Respira-se um ar que não é nosso, e que não conseguimos reconhecer em mais lado nenhum”. É assim que Jorge Carvalho, 36 anos, descreve a sua viagem à Índia. O desenhador, escultor e músico português visitou as cidades de Delhi, Pushkar, Agra, Calcutá, Varanasi e Jaipur.
Pode também ver este vídeo, feito pelo nosso entrevistado, sobre a sua viagem à Índia.
– Como é o povo desse país?
Os indianos são muito simpáticos. Creio que a sua disponibilidade em ajudar (e é mesmo necessário uma mão amiga, de vez em quando) é genuína. Podemos sentir que têm uma alegria subjacente em tudo o que fazem. Acredito que têm uma ingenuidade muito própria, no melhor sentido. São puros na forma como vivem o seu dia a dia, como veneram o seu deus à sua maneira, como sabem receber alguém.
– Restaurantes sugeridos
O restaurante que acho que deve ficar mencionado para a posterioridade é o Karim´s em Delhi, o restaurante do último imperador Mongol. Em Varanasi comem-se umas lassis excelentes no Blue Lassi.
– Existem zonas que devo evitar, principalmente à noite?
Em cidades mais pequenas como Pushkar não há zonas a evitar, antes pelo contrário. Em cidades maiores como Jaipur, Delhi ou mesmo Calcutá, nas zonas onde estive nunca fiquei com má impressão, embora sejam cidades maiores e mais “ocidentais”. Ainda assim, como em todas as grandes cidades, as probabilidades de encontrar um pouco de tudo, aumentam. Em cidades como Varanasi, o melhor que se pode fazer, é perdermo-nos, porque tudo é interessante e muito diferente.
– Comida: o que comer típico?
Quanto a comidas, bem… cheese nan ou garlic nan está em todo o lado como guarnição, em qualquer prato. Existe ainda o papad, um pão estaladiço. Toda a gente bebe o seu chai, tanto ou mais do que nós, em cafés. Recomendo os pratos com galinha, como o chicken tikka, ou ainda o palak paneer (esparregado com queijo).
– Museu que temos mesmo que visitar
Em Delhi, o Templo Akshardam; em Agra, o Taj Mahal e o Forte de Agra; em Jaipur, o Cinema Raj Mandir e o Palácio Hawa Mahal; em Varanasi, o Golden Temple e os Ghats junto ao rio Ganges; em Calcutá, o Kolkata Race Course (não é um museu, mas é viciante).
– Qual é o melhor meio para andar na cidade? De carro alugado, mota, bicicleta, transportes públicos…?
A melhor forma de nos deslocarmos dentro das cidades regra geral, é de riquexó (e enfrentar o trânsito com coragem) ou mesmo a pé. Para distâncias maiores, pode-se alugar um táxi, apanhar uma camioneta, ou viver a aventura ao embarcar num comboio indiano.
– Souvenirs – o que temos mesmo de comprar?
As sedas em Varanasi são obrigatórias. Em Jaipur podem-se comprar pedras preciosas. No meu caso, porque sou fanático por música, aproveitei a estadia em Calcutá para me encher de livros e de instrumentos musicais que também são obrigatórios.
– Alguma história mais marcante?
No dia em que entrei no Golden Temple, em Varanasi, pensei que tinha acabado de entrar num filme do Indiana Jones. Não dá para descrever a sensação de estar descalço, numa multidão de gente, que se aperta num espaço tão reduzido, com um cheiro carregado e húmido. O chão está molhado e coberto com flores e leite derramado, que são usados como oferta a Shiva Linga. É um templo de pedra, muito antigo, com pequenas salas cerimoniais dispersas num claustro, onde co-habitam macacos, que nos tentam roubar o que quer que seja. E sempre com um som de fundo, das pessoas a falar, dos guardas a tentar manter uma qualquer ordem na maré das pessoas, dos sacerdotes, da música, dos sinos que são tocados constantemente
– Em que companhias voaste?
Na TAP até Londres e de Londres para Delhi, na Virgin Atlantic Delhi.
Para Londres, na Virgin Atlantic e de Londres para Portugal, na British Airways.
Fotos: DR Jorge Carvalho