Em Amarante, em cima da ponte de S. Gonçalo perco-me a olhar para o rio Tâmega. Gosto de sítios assim, pequenos mas que transmitem grandiosidade. E é assim o centro de Amarante, cidade que pertence ao distrito do Porto.
Ao lado da histórica ponte estão os imponentes edifícios da Igreja e Convento de São Gonçalo. Mais à frente o Museu Amadeo de Souza-Cardoso e as ruas do centro histórico prontas a serem descobertas. Tudo fica perto e visitar Amarante é um bom programa para um dia de passeio – fica a pouco mais de meia hora de viagem da cidade do Porto.
Para quem gosta de apreciar a arquitetura antiga, em Amarante, principalmente no centro histórico, encontram-se inúmeros exemplos do românico e ainda muitos edifícios da Idade Média.
O frade dominicano S. Gonçalo marcou a sua passagem em Amarante de tal forma que o mosteiro principal tem o seu nome e também a ponte que terá mandado construir. São dois dos maiores pontos de interesse da cidade.
Ao passear junto do convento, principalmente ao fim de semana, vai reparar nas barracas dos vendedores dos doces de S. Gonçalo que, por terem um aspeto fálico, são sempre motivo de curiosidade e de grandes gargalhadas. O nome dos doces também ajuda… chamam-se popularmente “quilhõezinhos de S. Gonçalo”.
A tradição manda que, nas festas de S. Gonçalo, em junho, os rapazes ofereçam às raparigas que querem conquistar. Assim era antigamente, hoje em dia já não é bem assim.
Mas, segundo a lenda, quem quer arranjar noivo tem de tocar no túmulo de S. Gonçalo, vai daí… que se assuma o santo como casamenteiro… mas das mulheres mais velhas.
“São Gonçalo de Amarante,
Casamenteiro das velhas.
Porque não casais as novas,
Que mal vos fizeram elas?”
O QUE VISITAR EM AMARANTE:
– Centro histórico de Amarante
Caminhe pelas ruas antigas do centro, veja o casario típico e a história que a cidade conta. Nalgumas paredes de casas encontra mesmo inscrições das cheias do rio Tâmega, com as datas e a marcação da altura até onde chegaram. Passeie também junto ao rio.
– Ponte de São Gonçalo
É Monumento Nacional desde 1910. Está sobre o rio Tâmega e conta a história que São Gonçalo terá, em 1250, mandado construir esta travessia. Em 1763, com as cheias, a ponte desmoronou-se e em 1782 foi iniciada a sua reconstrução. Foi aberta de novo ao trânsito em 1790.
– Convento e Igreja de S. Gonçalo
Mandada construir em 1540, sobressai nela a Varanda dos Reis (onde estão as estátuas de D. João III, D. Sebastião, D. Henrique e D. Filipe I) e o claustro principal de dois andares. A construção foi apoiada pelo rei D. João III e sua mulher, a Rainha D. Catarina. A Igreja e o Convento foram concluídos durante a época de Filipe I, antes de 1600.
No interior pode ver o órgão de tubos e o túmulo de S. Gonçalo (junto ao altar). Está também a imagem de S. Gonçalo que conserva uma tradição: se puxar a corda da cintura pedindo três desejos, eles serão concretizados…
– Mais duas igrejas que pode visitar: Igreja de S. Pedro e Igreja de S. Domingos
– Museu Amadeo de Souza-Cardoso
Fica no Convento de S. Gonçalo desde 1947 e expõe obras de artistas e escritores naturais de Amarante como, por exemplo, António Carneiro, Acácio Lino, Teixeira de Pascoaes, Agustina Bessa Luís e, claro, Amadeo de Souza-Cardoso.
O museu reúne sobretudo obras de pintura e escultura de Arte Portuguesa Moderna mas, além da exposição permanente, são organizadas exposições temporárias ou temáticas com arte dos séculos XIX e XX.
– Solar Magalhães
Hoje em ruínas, foi em tempos a residência de uma abastada família da região. O edifício original data do século XVIII, tendo sido incendiado nas segundas invasões francesas já no século XIX. É tido como um símbolo de resistência perante os invasores.
– Café São Gonçalo
Foi o local de muitas tertúlias e está associado ao nome de Teixeira de Pascoaes. Uma ligação tão forte que mereceu uma estátua do autor, natural de Amarante, no meio do espaço deste café tradicional. Passe por lá!
PASSEAR / DIVERSÕES
– Ecopista da Linha do Tâmega: fica entre as estações de Amarante e Chapa, com uma extensão de 9,3 km. Pode fazer caminhadas ou ir de bicicleta.
– Piscinas Municipais de Amarante: estão junto ao rio Tâmega, no Parque Ribeirinho, e funcionam todo o ano. Pertencem à área do Parque Florestal de Amarante. Informações: 255 420 235
– Campo de Golfe: fica a cerca de 6Km de Amarante. Tem 18 buracos para um par de 68, com 5.030 metros de distância. Morada: Quinta da Deveza, Fregim. Telefone: 255 446 060. Mais informações aqui.
– Parque Aquático de Amarante: só está aberto durante os meses mais quentes, de maio a setembro. Com vista para o rio Tâmega este é o maior parque aquático de montanha da Península Ibérica e tem várias diversões: piscinas, escorregas, tubos e pistas múltiplas – para crianças e adultos. Site oficial do Parque Aquático de Amarante.
FESTAS DE AMARANTE
São várias as festas em Amarante mas destacam-se as que são em honra de S. Gonçalo, celebradas no primeiro fim de semana de junho. Os bombos saem à rua e há animação de manhã à noite durante três dias (começa na sexta-feira).
No sábado à noite tem lugar o fogo de artifício por cima do rio e concertos. No domingo acontece a procissão que termina com o lançamento de cravos da Varanda dos Reis.
GASTRONOMIA
Nesta zona as carnes como a vitela e o cabrito, assados no forno, estão em destaque em quase todas as ementas de restaurantes tradicionais – assim como o bacalhau.
A doçaria de Amarante é imperdível. Prove lá e traga-a consigo. A doçaria conventual, que teve origem no Convento de Santa Clara, é de fazer crescer água na boca com papos d’anjo, lérias, foguetes e brisas do Tâmega. existem várias confeitarias especializadas nos doces, mas há uma, junto à Ponte S. Gonçalo, que me faz gastar uma fortuna em doces de ovos: a Confeitaria da Ponte.
Numa caminhada pela Rua 31 de Janeiro – onde vai ver as placas que assinalam até onde foi a água nas várias cheias que a cidade teve – vai descobrir uma loja recente com… pipocas de vários sabores, a Fol – Gourmet Popcorn. Além do comércio tradicional, destacam-se a Adega Kilowatt (onde se diz que se come das “melhores sandes de presunto do mundo” (disse-me um local); a Gardénia, com flores e jarras lindíssimas; a Confeitaria Tinoca; e com outras tascas, tabernas e padarias.
E é nessa rua 31 de Janeiro que, além da já referida Confeitaria da Ponte, está a Confeitaria Moinho. Nesta última está impressa e afixada a explicação dos Doces de São Gonçalo, que têm um aspeto fálico. “Os quilhõeszinhos (testículos) de São Gonçalo, são bolos de trigo, que se vendem na feira de São Gonçalo. (…) Já não se lhes liga superstição: as raparigas pedem que lhos comprem”.
É também imperdível uma passagem pela Padaria Pardal, que foi renovada há dois anos e está com uma decoração muito familiar e contemporânea. A vista das suas janelas, para o rio, é muito bonita e aproveite para provar um dos seus muitos doces. Há, claro, os de São Gonçalo mas também toda uma outra pastelaria moderna e que nos faz salivar nas montras.
Vizinha da Padaria Pardal é a Maria Amarantina (infelizmente estava fechada quando lá passei). Mas, só de ver a entrada, e espreitar para o interior, dá para perceber que é outra loja moderna, primorosamente decorada (tal como a Pardal), que vale a pena visitar e que é especializada em gelados, crepes (daí a Nutella na montra), cupcakes e alguns doces conventuais também.
RESTAURANTES: ONDE COMER EM AMARANTE
No centro histórico estão instalados alguns dos melhores restaurantes de Amarante – o Zé da Calçada é um deles, tendo um prato de bacalhau muito conhecido e com o nome do espaço. Difícil vai ser escolher.
Já fui ao restaurante Lusitana e gostámos muito também. Aliás, basta olhar para a fotografia abaixo para ficar com água na boca. E tem preços bastante acessíveis.
Se quiser experimentar um dos melhores restaurantes a nível nacional, com uma estrela Michelin, está ao lado da ponte de S. Gonçalo, o Largo do Paço da Casa da Calçada, com vista para o rio Tâmega. Mais informações aqui.
Mas, fora do centro, vale a pena ir ao restaurante Taberna do Coelho com comida maravilhosa. Nas entradas: tábuas com queijos, presunto e salpicão, e uma outra com salgadinhos e mais enchidos: bola de carne, rissóis, bolinhos de bacalhau, croquetes, pataniscas, verdes, azeitonas e chouriça assada com grelos salteados. E do forno sai o cheirinho da lenha, que faz toda a diferença no sabor da carne. O cabrito vinha acompanhado com (excepcionais) batatas asadas, arroz e legumes salteados.
ONDE DORMIR EM AMARANTE
Além da Pousada do Marão, São Gonçalo (na serra do Marão), aconselhámos a Casa da Calçada, mesmo no centro de Amarante, assim como o Hotel Navarras e o Des Arts Hostel and Suites. Também já fiquei alojada numa das casinhas de turismo rural da Aldeia do Tâmega, mesmo ao lado do Parque Aquático de Amarante.
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