Grutas Ajanta, Aurangabad, Maharashtra, Índia

Na Índia, depois de ter visitado as grutas Ellora, a descoberta de locais históricos continuou em Aurangabad, no estado de Maharashtra, com as grutas Ajanta. São 30 rochas escavadas, transformadas em incríveis templos, que terão tido os trabalhos efetuados entre o século II a.C. e IV d.C. Mais um local indiano que é Património da UNESCO e que não é tão conhecido pelos turistas estrangeiros.

Se, por fora, só conseguimos avistar os buracos nas rochas é quando chegamos perto – ou entramos nos templos – que vemos a grandiosidade destas obras. Pinturas ancestrais e estátuas, de diferentes dimensões, decoram todos este local que, na época de chuvas, tem uma queda de água a embelezar ainda mais o lugar e o caudal do rio (que quando visitei estava seco) fica tão grande que se fazem viagens de barco.

De forma panorâmica, pode avistar as grutas Ajanta, que são também Património da UNESCO e um dos locais mais antigos, inscritos como Património da Humanidade na Índia. Diz-se que foram monges budistas que se dedicaram a estes trabalhos de escultura e pintura, já que ficavam aqui protegidos (e retidos) durante a época das monções. São trabalhos pormenorizados, que conta a História do local e da Índia.

No total, são 30 rochas escavadas que, dizem os especialistas, representam fases distintas do Budismo, do II século a.C. até ao I século d.C., com esculturas e pinturas, mas que também significam uma fusão entre as fés budista e hindu. Dizem também os entendidos na matéria que as grutas com pinturas mais bonitas são a 1, a 2, a 9, a 10, a 16 e a 17, com imagens que mostram episódios da vida de Buda.

E como foram descobertas as grutas? Em 1810, as tropas britânicas estavam estacionadas na área onde as grutas estão situadas e, sem querer, foram os soldados que as descobriram numa exploração de terreno, junto do rio. O primeiro templo a ser descoberto (que agora tem o número 10) foi limpo e começaram a revelar os achados… e assim nasceram as Ajanta Caves, abertas ao público bastante tempo mais tarde.

A gruta número 1 é uma espécie de antigo mosteiro, com uma sala amplas, e tem no centro a imagem de Buda, em posição de oração. A entrada, junto da porta, e os pilares estão ornamentados e o teto está pintado com formas geométricas e temas florais e animais. As paredes estão pintadas com contos Jataka (uma série de 547 histórias populares, anteriores ao nascimento de Buda) e cenas relacionadas com a vida de Buda, assim como pinturas com Padmapani e Vajrapani.

No exterior, tenha cuidado com alguns dos macacos. Os animais estão habituados aos visitantes mas também estão habituados a roubar-lhes comida. Basta sentirem o cheiro dentro dos sacos para atacarem. Quando ouvir alguns berros… significa que o gang dos macacos já anda a aprontar novamente.

Tenha em conta que vai levar uma manhã inteira para ver todas as grutas Ajanta. Há sempre tanto para fotografar e cada gruta é diferente e a vista é fantástica. E também os próprios indianos vão mostrar-se muito interessados em tirar fotos consigo: primeiro vem um e quando reparar tem a família toda a querer tirar fotos e selfies.

A última gruta – tem outras além desta, mas não é permitido passar – tem uma porta mais ornamentada do que as outras. E, se não olhássemos para cima, nem percebíamos que tinha sido escavada na rocha. Por dentro, está profusamente decorada com pinturas e estátuas variadas… e uma delas bem grande, com Buda deitado.

Apesar de as grutas terem cerca de dois mil anos, sabe-se que as estátuas de Buda foram acrescentadas somente 600 anos mais tarde. Aliás, em vida, Buda opunha-se à ideia de se venerar a sua imagem. Mas, após a sua morte, os fiéis que queriam fazer a adoração, criaram a sua imagem de forma a espalhar os seus ensinamentos e fé, pelo mundo todo.

INFORMAÇÕES

Ajanta Caves, Aurangabad, Maharashtra, Índia
Horário: 09h00-15h30

Como chegar?
Este tour fez parte da viagem no comboio Deccan Odyssey. Chegamos à estação de Jalgaon ao início da manhã e se, até aqui, tínhamos bons transportes, o autocarro que leva os visitantes às Ajantas Caves é decrépito e que parece que se vai partir todo no caminho de terra. Talvez por isso mesmo esteja assim desgastado… Mas, não se preocupe, a viagem é curta.

Chegámos ao centro do visitante, onde tem casas de banho, lojas e cafés e aguarda-nos uma grande subida. Para quem tem dificuldades, estão a postos cadeiras prontas a serem carregadas e a ajudarem quem não aguenta o esforço físico

Notas:

– os sapatos deverão ficar à porta dos templos, por isso, vá preparado com calçado que seja fácil de tirar e pôr rapidamente e repetidas vezes.

– não é permitido fotografar com flash nem fazer vídeos no interior dos templos. Então, como tenho eu vídeos? Nós tínhamos permissões especiais para o fazer, da parte do Ministério do Turismo.