Manati Lodge: um hotel de selva, na Amazónia

Sabemos que gostamos muito de um sítio quando ainda lá estamos e já só pensamos em voltar, para ficarmos mais tempo. Foi assim no Manati Lodge, na minha visita à Amazónia, no Brasil. Este hotel de selva, situado num dos braços do Rio Negro, a cerca de 40 minutos (numa viagem de carro e barco) da cidade de Manaus, no Estado do Amazonas.

Portanto, quando voltar à Amazónia é lá que quero voltar a ficar. O transfer leva-nos do centro de Manaus (do meu hotel), atravessando a ponte do Rio Negro e parando, num café de beira de estrada, para entrar num barco que irá navegar durante mais de 20 minutos até chegar ao Manati Lodge. A viagem em si já é parte da experiência! “Rasgámos” o leito do rio com o barco e fazemos curvas por entre a vegetação, qual “carro de corrida” a comer as curvas “asfaltadas” de plantas que cresceu nestas águas profundas.

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Aqui, a “estrada” é feita de água e ladeada pela maior floresta tropical do mundo: a Amazónia! Passamos por casas flutuantes e por muitos moradores das zonas ribeirinhas que usam o barco como meio de transporte. Pensei muitas vezes que não seria fácil decorar o caminho, de tantas vezes que viramos e cruzamos vegetação, que está mergulhada no rio, e tive a certeza disso quando por nós passaram turistas em jet sky totalmente perdidos, a pedirem indicações para voltarem a achar a abertura do lago Acajatuba.

Depois da viagem de barco, chegamos ao ancoradouro e vimos as casas de madeira que são o alojamento do Manati Lodge. Também é aqui que está o restaurante e o “redário” (local com várias redes) que acabei por estrear porque estavam a montar quando lá fui. É o lugar mais especial da casa, com as redes a convidarem a sonecas imersivas na floresta. Tem chalés e quartos privados com casa de banho.

Fiquei num chalé, bastante espaçoso. Tinha uma casa de casal e outra de solteiro (pensado também para famílias), uns cadeirões muito confortáveis, um área de closet/armário e um chuveiro enorme, com luz natural. No exterior tem duas redes para relaxar e nos embalar, com o cantar de pássaros, e borboletas que nos rodeiam. No chalé, temos roupão de banho, produtos de higiene (sabonete, champô e condicionador) e secador de cabelo, além do minibar e do cofre. A decoração de cestas amazónicas, na parede, e os candeeiros bonitos de verga em todo o lado, são apontamentos que se misturam bem com a paisagem que nos envolve. A carta de boas-vindas, escrita à mão, é outro dos mimos para os hóspedes. “Aqui nos perdemos, nos encontramos, nos damos conta que não precisamos de muito para viver”, dizem na carta.

No ancoradouro, onde paramos o barco, o Manati Lodge tem um flutuário para quem quiser nadar e apanhar sol e também canoas que pode usar gratuitamente.

Fiquei só uma noite no Manati Lodge mas foi o suficiente para me apaixonar por este sítios e pelas suas gentes. Gente simples que adora receber os seus hóspedes e quer tornar as nossas experiências verdadeiramente únicas. Eles estão habituados também a quem fica só uma noite e têm programação para esses e para os que ficam mais tempo.

No meu caso, cheguei ainda a meio da manhã e pude desfrutar do espaço antes do almoço ser servido. Depois de um belo repasto, de tarde, saímos para um passeio de barco, seguindo o trajeto de um braço do rio Negro, pelos igapós e igarapés (linguagem dos índios Tupi).

Estava uma tarde linda de sol e assim ficou durante uma hora. De repente, as nuvens aproximaram-se rapidamente e começou a chover e a cair uma trovoada. A chuva caía quente, com pingas grossas, e acabamos por ir ao banho do rio vestidos, porque ficamos completamente encharcados. Estávamos molhados e estávamos…

Numa das casas flutuantes fomos nadar e esperamos que a trovoada fosse para longe. Aqui vive gente que está habituada ao subir e descer dos rios. A marca nas árvores é impressionante. “Em junho, a água sobe até àquela linha que se vê nos troncos”, dizem-nos. Quase só resta a copa das árvores à mostra, quando os rios da Amazónia enchem. È verdadeiramente impressionante!

E com as paragens, durante o passeio, vêm as histórias locais. A árvore Taubarana tem uma casca que, dizem os locais, alivia o stress, ainda que, confessa o nosso guia… não saber o que é isso do stress. Ele assobia e chama os pássaros que lhe respondem. È uma comunhão com a natureza que nós, meninos da cidade, não conseguimos sequer compreender.

O passeio seguiu pela noite fora, para fazer a focagem noturna, ou seja, com uma lanterna vamos vendo alguns animais da selva, como os jacarés. Quem sabe o que faz, como o nosso guia Wellington, aponta a lanterna e vêem-se os olhos dos jacarés a brilharem no escuro. Dá medo, confesso, sobretudo dos animais que não estamos a ver, como cobras (como a sucuri, que é a anaconda) ou aranhas gigantes que fazem da maior floresta tropical do mundo a sua casa. “Há quem venha caçar e pescar à noite e não volta mais…”, conta-nos o guia.

Esta é uma área de reserva desde 2010S, que preserva as comunidades ribeirinhas, onde muitas famílias vivem, nas casas flutuantes, ou em casas penduradas em estacas altas, para fugirem à subida dos rios.

No segundo dia, o programa inclui uma trilha, mas estava a chover tanto que tivemos de desistir. “Uma coisa é ir no barco a chover, outra é fazer uma trilha que fica muito escorregadia e também podem ficar cobras em poças e ser muito perigoso”, contou-nos o guia. Aproveitamos e ficar a relaxar no espaço com redes, virado para o lago.

RESTAURANTE DO MANATI LODGE

O Manati Lodge é um lugar especial e também a sua cozinha é muito caseira. A vista do restaurante é perfeita, para o rio, e a comida faz jus à gastronomia local.
Na primeira refeição comi o peixe tradicional, Pirarucu com arroz branco, farofa salteada e salada. Para a sobremesa, uma mousse de chocolate e doce de leite para adoçar a boca. À noite, ao jantar, foi servida carne de vaca estufada e podia escolher arroz ou massa para acompanhar, farofa e salada. Para a sobremesa, uma mousse de Cupuaçu.

Ainda estava nessas refeições e já me prometiam um “café da manhã (pequeno-almoço) cheio de coisas boas e gostosas”.
Como tinha um voo às três da tarde, não fiquei até ao final do programa de 1 noite/2 dias que inclui o almoço do segundo dia. No pequeno-almoço há sumo natural de abacaxi, uma salada de frutas tropicais, tucumã, batata doce e banana da terra frita (que chama de pau covão), queijos, fiambre e goiabada, assim como mel caseiro e tapioca feita com castanha da Amazónia. Uma delícia… acompanhada com o melhor pão de queijo que já comi. Também tem, nas bebidas, chás, café e leite.

O MEU PROGRAMA SUCURI – 2 DIAS 1 NOITE

Canoagem pelos igapós e igarapés – É em geral, a primeira atividade no hotel. O passeio é realizado em canoas regionais à remo. As canoas de madeira são os principais meios de locomoção dos ribeirinhos na região. Será uma excelente oportunidade para você aprender à manusear um remo, como um autêntico ribeirinho. Boas chances de ver animais como macacos e preguiças, além de espécies de pássaros como Martin Pescador, Socó, Japiim e Garças. Não se esqueça de seus binóculos! (Obs: Igapós somente nos meses de cheia entre maio e julho)

Focagem noturna – Esta é, sem dúvidas, uma das atividades mais aguardadas do programa. Ao cair da noite sairemos em canoa, guiados pelo foco da lanterna, onde o experiente guia nos levará para uma atmosfera de puro encanto e magia através dos sons de uma grande orquestra formada pelo coaxás de sapos, corujas, jacarés e vários outros animais de hábitos noturnos. Sem falar no céu estrelado onde é possível ver as constelações, os planetas e por vezes até estrelas cadentes (dependendo das condições climáticas, claro). Prepare o coração para uma dose extra de emoção.

Trilha interpretativa em floresta de igapó – A diversidade da flora amazônica poderá ser comprovada através de mais este passeio em uma de nossas trilhas na floresta alagável, ou floresta de igapó, à qual estão sujeitas à inundação em períodos de chuvas e regime de cheias dos rios. Esta mata possui características distintas de matas de terra firme. Nossos guias nativos e experientes, estão atentos ao menor movimento para que você não perca nenhum detalhe. Neste passeio é possível encontrar aves, macacos e preguiças, e quem sabe você não terá a chance de ver outros animais mais raros. Fique de olho para registrar momentos inesperados.

Consulte outros programas, para mais dias na selva, aqui.

INFORMAÇÕES

Manati Lodge
Morada: Lago do Acajatuba , SN, Zona Rural, Manacapuru – Amazonas, Brasil
Telefone: +55 92 99525-6792
E-mail: reservas@manatilodge.com
Tem uma zona de wifi mas o sinal não é muito forte.

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